terça-feira, 27 de novembro de 2012

Reparação - Capítulo 1


Nada é como parece ser. Não julgue, não se precipite, não ache. O que pode ser, não é! E o que não deveria ser... É!

–Um emprego? Para quê?

Ele abaixou o jornal que lia todas as manhãs durante o café e a olhou com
desdém.

– Ora . . . Para ter alguma coisa para fazer! – Ela simplesmente respondeu.


A resposta do marido foi aspera:

– Não! – Tom disse abaixando os olhos para o jornal novamente.

–Por quê? - a esposa perguntou tentando não alterar o tom de voz.

– Entre outras coisas, você só poderia trabalhar meio período, ou vai deixar alguém tomando conta de Diego e de Mateus quando saírem da escola? – Tom fechou o jornal e o colocou na mesa.

–Eu quero trabalhar, Tom - Laíssa disse levantando da cadeira, retirando a louça utilizada no desjejum e colocando na pia com raiva.

– Tudo isso apenas para combater seu tédio?

– Não é apenas tédio! - ela disse quase desistindo de argumentar – Eu quero ser útil... Que mal há nisso?

– Emprego do que você pretende conseguir? - Tom perguntou em seu sotaque alemão que sempre que ficava nervoso, prevalecia.

– Não sei, parei meu curso de aeromoça. Parei para me casar e ter filhos.


Laíssa havia parado o grande sonho no primeiro ano, pois engravidou com dezenove anos. Enquanto Tom crescia anualmente em sua loja de instrumento musical, ela caia cada dia mais na rotina maçante de dona de casa.

–Eu só tenho 23 anos.

– E eu vinte e sete! - Tom deu de ombros - Esta me culpando de algo, Lala?

–Não. – ela por fim disse, bufando sabendo que não sairia nada produtivo daquela discussão.

–Por que para engravidar você sabe que precisamos de duas pessoas e você me garantiu que tomava pílula.

–E tomava para regular minha... Você sabe.

–Lala, estou atrasado para abrir a loja, hoje vou chegar um pouco mais tarde, com a inauguração da loja no Rio de Janeiro se aproximando...

–Tudo bem! – Laíssa interrompeu o marido – esqueça o que eu disse.

– Não! – Tom respondeu ao ver o rosto triste da esposa, segurou o rosto de Laissa entre as mãos e a beijou devagar. – Se algo esta te incomodando, voltaremos a conversar. – ele sorriu - No fim de semana podemos deixar as crianças com a sua mãe e fazer um programa, só nos dois.

Laíssa retribuiu o sorriso e quando Tom inclinou a cabeça, se deixou beijar, depois viu o marido sair pela porta atrasado como sempre.

Quando ouviu o barulho do carro se afastar, subiu para o seu quarto, se trocou, pegou a bolsa e seguiu em direção a garagem, entrou no seu Eco Sport que havia ganhado de Tom no seu aniversário de 23anos e iniciou sua rotina de dona de casa, o supermercado e depois pegaria os gêmeos na escolinha.

Laíssa estava há dois semáforos para entrar no estacionamento do supermercado, quando o sinal ficou vermelho, olhou para as pessoas que passavam a sua frente, na faixa de pedestre, seu olhar desviou o foco e desceu para a sua aliança, na mão esquerda, ela brilhava, era linda e enorme.

Na época do casamento, ela optara por uma aliança linda, mas muito discreta. Tom virou os olhos e pediu a atendente da loja a mais grossa, teve certeza que aquela atitude era para afastar os “urubus” que insistiam em olhar, paquerar e bajular a morena, que além de um belo rosto, tinha um corpo de atrair... Muitos “urubus”.

Tom sempre fora muito ciumento. Excessivamente ciumento.

Laíssa conhecera Tom quando acabará de completar dezessete anos, ele tinha vinte um, vivia no Brasil há dez anos com o pai e o irmão gêmeo, Bill Kaulitz, a mãe e padrasto moravam na Alemanha.
Tom fora seu primeiro e único namorado. Não sabia nada sobre os homens, sobre a vida ou sobre o sexo, sempre foi muito tímida e não tinha muito jeito para namoros.

Até que apareceu Tom.

Conhecera Tom em um bar noturno de São Paulo em que ele tocava guitarra e tinha uma banda formada com mais dois amigos, naquela noite acompanhada de três amigas do colégio, que se divertiram com seu medo de ser barrada na porta por ser a única menor de idade.

– Pára de ser boba, Laíssa - elas disseram puxando seu braço para uma mesa, perto do palco onde a banda já se apresentava. - Se perguntarem sua idade é só mentir como fazemos sempre.

As amigas fizeram-na decorar uma nova data do seu nascimento, beber um pouco de cerveja e então, começara a relaxar e seguiu com as amigas para frente do palco, do lado onde Tom tocava guitarra.

Para sua surpresa e felicidade ele a notara no primeiro instante em que trocaram o primeiro olhar. Por todo show, Tom não tirou os olhos de Laíssa e quando o show terminou, ela e as amigas sentaram se em uma mesa, não demorando muito para ele vir chamá-la para conversar em um canto do bar.

Quando o ritmo da música ficou mais lento, Tom tirou-a para dançar. Ainda conseguia lembrar a timidez que sentiu quando ele a tocou, sua masculinidade despertando sensações adolescentes, por pouco não saiu correndo feito uma idiota.

Dançaram muito tempo em silêncio, por fim ele perguntou rouco perto de seu ouvido:
–Qual é seu nome?
–Laíssa.
–Oi, Laíssa, sou Tom - ele se apresentou e passou a mão na pele nua das costas, entre a saia e a mini blusa, puxando o seu corpo para mais perto e provocando uma inesperada sensação de arrepio.
No final da noite, ele não tentou beijá-la, nem a convidou para ir embora sem esperar as amigas. Anotou seu telefone e prometeu ligar, ela sabia que ele jamais ligaria, não daria bola para ela, uma adolescente boboca, sendo que tinha muitas garotas mais velhas, ao pé do palco, prontas para fazer tudo o que ele desejasse.

Viviane, sua amiga e freqüentadora assídua do bar sempre falava dele e da sua fama de conquistador, mulherengo e de homem que não se prendia a ninguém.

Mas, o que nem Viviane e nem Laíssa, imaginava era que após dois dias do encontro no bar, Tom ligou convidando-a para sair.

No primeiro encontro, ele levou-a apenas para jantar fora em um restaurante em bairro chique de São Paulo, onde Laíssa falou sobre si e de sua família. Ela contou que tinha vontade de ser aeromoça. Tom perguntou sua idade e quando ela respondeu, ele a olhou chocado.
– Sei que pareço ter mais. – ela o olhou não escondendo a vergonha.
–Posso ser considerado um pedófilo. – Tom sorriu não disfarçando sua surpresa com a idade.
–Prometo não dar queixa. – Laíssa tentou amenizar seu constrangimento.
–Prometo não fazer nada para que isso aconteça. – ele ergueu as duas mãos e sorriu, deixando aquela preocupação de lado e curtindo a noite ao lado dela.

Depois do jantar, a deixou em casa com um beijo demorado de boa-noite deixando as pernas de Laíssa trêmulas e mole feito gelatina. Senão fosse a luz da sala de sua casa ter acendido, ela permaneceria naquele carro e seria tentada a fazer uma besteira.

Quando Tom telefonou na semana seguinte, foram ao cinema, mas não conseguiram assistir nem um terço do filme, para falar a verdade, nem sabia qual era o nome do filme.
No meio da sessão, já estavam consumidos por uma paixão violenta, até que ele afastou-a e pediu que saíssem do cinema.
Foram para o carro de Tom e seguiram para um a lanchonete perto da casa de Laíssa, dessa vez quem mais falou foi ele.
Contou de sua ambição de ter sua própria loja de instrumentos musicais, de como se dava muito bem com o irmão gêmeo, de como sentia falta da companhia dele e contou que veio para o Brasil há mais de dez anos para morar com o pai, pois não se dava bem com o padrasto.

Na hora da despedida, ao chegarem à porta da casa dela, estavam a ponto de explodir com o desejo que os envolvia. Laíssa poderia ir ao apartamento de Tom, mas mesmo com seu corpo pedindo exatamente aquilo, era muito cedo e queria esperar mais um pouco, tinha certeza que chegaria a hora certa.
E chegou.
Depois de duas semanas saindo, finalmente o controle foi para o espaço e em vez de irem ao cinema ver outro filme sem nome, foram para o apartamento de Tom e fizeram amor.

Laíssa chorou nos braços de Tom, ele fora paciente, romântico e maravilhoso em sua primeira vez, já a segunda, a coisa andou mais rápido e cheia de explosão.

Depois dessa noite, tudo se perdeu. O ficar junto de Tom e Laíssa eram fazer amor no apartamento de Tom. A tarde inteira, as vezes o dia inteiro, se amavam sem fronteira, sem medida e sem precauções.

Apenas um mês mais tarde quando Tom voltou de uma viagem de uma semana na Alemanha para visitar sua mãe e Bill, Laíssa o esperava sentada chorando na porta de seu apartamento.
–O que está fazendo aqui? - Tom perguntará com uma voz de preocupação - Esta chorando?
– Preciso falar com você. – ela disse levantando, sem abraçá-lo ou cumprimentá-lo.
– Entre – Tom apenas disse abrindo a porta deixando que ela passasse e entrasse na ampla sala de seu apartamento.
–Vamos ter um filho!

E foi assim, rápido, duro e seco, que ela havia lhe dado a notícia.

Ele não se moveu ou disse qualquer coisa, apenas se aproximou dela e com a mão acariciou seu cabelo e depois seu rosto enxugando suas lágrimas.

–Não chore, minha querida – ele disse me abraçando fortemente fazendo carinho em seus cabelos – Esse bebê será amado por nós!

Errado Tom, esses bebês, por que depois de duas semanas, descobriram que iam ter gêmeos.


...


A buzina do carro, que estava trás do seu, assustou-a e a trouxe de volta para o presente, para sua realidade.

Laíssa acelerou e logo em seguida, parou.

Seu carro parou de andar e apenas sentiu a forte batida atrás do seu Eco Sport , ela abriu a porta do carro e desceu, quando viu o dono do carro em pé olhando para a batida, ela foi logo dizendo:

– Sinto muito! Foi minha culpa! Meu carro parou!

O estranho a olhou sorriu e logo em seguida respondeu com um tom divertido na voz:

– Isso é óbvio. – ele tirou os óculos escuros - Nunca pensaria que fez algo assim de propósito.

– De propósito?

– Somente para poder me conhecer. – ele sorriu ao ver meu embaraço.

–Te conhecer? – Laíssa corou muito mais quando percebeu que ele se divertia as suas custas.


Ela se aproximou e olhou para os dois carros, colocando as mãos na cintura, os olhos do estranho notaram a aliança de ouro em sua mão e fechou o sorriso e totalmente sem graça, tentou se desculpar:

–Desculpe o meu senso de humor. – ele virou e apontou para o carro. - Bom, o que faremos a respeito disso?

– Podemos trocar nossos cartões. – eu respondi - Vou arcar com todas as despesas necessárias.

– Eu acredito em você. – ele disse – Mas, não precisa, cuide do seu prejuízo que eu cuido do meu.

–Não...

– Por favor, você não teve culpa alguma. – o desconhecido estendeu o braço e ofereceu a mão – Matt!

–Laíssa! – ela também sorriu e segurou sua mão em um cumprimento. – Obrigado por ter aceitado assim tão bem.

Mais uma vez ele sorriu deixando a mostra seus dentes bem feitos e bem alinhados.


– Não sou acostumado a discutir com mulheres bonitas. Mesmo com as casadas.

–Preciso ir, Matt - Laíssa disse estendendo mais uma vez a mão a ele – Obrigado mais uma vez e desculpas pelo transtorno.


Seguiu até o seu carro, abriu a porta, entrou ligando seu carro, pelo retrovisor pode ver, Matt fazendo uma careta e batendo fortemente no volante, Laíssa tirou o cinto de segurança, abriu a porta novamente e andou em direção ao Focus vermelho de Matt.


–Tudo bem? – Laíssa perguntou a ele.

–Hum... Não! – ele a olhou – Meu carro não esta funcionando.

–Matt eu sinto muito. – ela fez uma careta.

–Laíssa tudo bem. – ele saiu do carro - vou chamar o seguro, afinal pago uma nota a eles.

–Posso ajudar em alguma coisa?

–Acho que pode. – ele olhou para o outro lado da rua. – pode tomar um café comigo enquanto aguardo o guincho.

–E...eu...

–É apenas um café, não estou pedindo nada a mais.

–Vou estacionar meu carro. Você vai deixar o seu aqui? – Laíssa perguntou vendo que ele trancava seu carro.

–Sim, ainda bem que não esta na pista do meio. A rua não é tão movimentada. Não vai atrapalhar ninguém. – Matt explicou.

Matt seguiu para a calçada enquanto Laíssa estacionava o carro no outro lado da rua,
ele abriu a porta da cafeteria para ela e os entraram e sentaram-se em uma mesa afastada,
pediram apenas um café para cada e quando esperavam começaram a conversar.

–Então, você é casada? - ele colocou os cotovelos na mesa e cruzou seus dedos olhando para ela, sentada sem jeito a sua frente - É mãe ?

– Sim, de gêmeos, eles têm 4 anos.

– Tem um emprego, também?

–Não... Pensei a esse respeito hoje , mas. . .

– Mas seu marido não aprova?

– Não é exatamente assim.

– O que você faz com seu tempo livre? – ele perguntou quando a garçonete trouxe as xícaras com os cafés.

–Muitas coisas.

–Seu marido é muito esperto.

–É? – ela perguntou sem entender.

–Se eu tivesse alguém como você, também manteria presa dentro de casa.

–Ele não me mantém presa, somos felizes...assim.

–Parabéns a vocês – ele disse levando a xícara aos lábios e sorvendo o líquido, olhando para ela de uma forma constrangedora.

–Eu preciso ir, tenho que pegar meus filhos na escola.

–Nem tomou um gole do seu café.
De uma só vez, Laíssa bebeu a pequena quantidade de café que havia na xícara.

–Você tem meu telefone, se mudar de idéia, se quiser que eu arque com algum gasto, pode ligar.
–Eu ligarei. – Matt disse sério olhando fixamente para os lábios de Laíssa. – mas talvez não por isso.
–Então, tchau. – Ela sorriu sem jeito e virou saindo da cafeteria apressada, atravessando a rua correndo e entrando em seu carro, sem olhar para os lados, dando partida rapidamente.


Que grande loucura” ela pensou, enquanto dirigia para pegar os filhos na escola.

Tomar café com um estranho e conversou sobre sua infância, seus filhos e marido.

E se alguém tivesse visto-a e contasse para Tom? Ela era ciumenta, mas Tom era ciumento em um nível elevado, sempre foi nítido o imenso amor que sentia por Laíssa. Nunca se esqueceu de suas cenas de ciúmes que ele protagonizará quando viu rapazes no supermercado olharem para as pernas de Laíssa e outro quando um ex-amigo de colegial se aproximou, sendo simpático.

–Dá próxima vez, avise seu amigo para ser menos carinhoso ou quebro os braços dele e não poderá abraçar mais ninguém.

Atrasou-se para pegar Diego e Mateus, o mais novo, Mateus já estava com os olhinhos brilhando, Laíssa o abraçou com força e depois, os colocou o cinto de segurança.

Em dez minutos chegaram em casa, os meninos correram para a sala tirando os tênis e deitando no sofá para jogar vídeo game, Laissa entrou em casa e colocou as compras em cima da mesa, começou a fazer o almoço e logo em seguida sentou com os filhos para alimentá-los, mas tarde os três dormiram na enorme de casal, e quando a noite estava caindo, deu banho e o jantar para os dois e antes das nove horas colocou os na cama.

–Não quero dormir agora, quero esperar o papai. – Diego resmungou.

–Ele vai demorar. – Laíssa respondeu carinhosa.

–E daí, quero esperar mesmo assim. – ele insistiu fazendo um bico de choro.

–Prometo que quando papai chegar peço para ele subir e dar um beijo em você e outro no Mateus.
–Obaaaaaa! - Mateus gritou do outro lado, na outra cama. – Di, pare de chorar, você não ouviu a mamãe?

Laíssa sorriu para os filhos ligando a televisão e sentando um pouco em cada cama, até pegarem no sono profundo.


Desceu para sala para esperar por Tom, quando se esparramou no sofá e começou relaxar, o telefone tocou, resmungou e esticou o braço, alcançou o aparelho e atendeu.

–Alô?

Laíssa? - a pessoa do outro lado perguntou - É a Mônica.

–Oi, Mônica? - ela respondeu a sua melhor amiga.

As crianças estão dormindo?– Mônica perguntou. - Esta um silêncio.

Mônica era uma publicitária, uma executiva bem sucedida, não tinha tempo a perder com marido e nem com filhos, por isso vivia sozinha. Uma vida completamente diferente da amiga. Era sua melhor amiga, a única com quem ainda mantinha contato depois de deixar o colégio.

–Estão dormindo, estou esperando Tom chegar.

Tom ainda não chegou?– Laíssa percebeu a desaprovação no tom de voz da amiga e sorriu. Mônica e Tom não se “topavam” desde sempre.

–Não, aproveita para xingá-lo a vontade que ele não pode se defender. – Laíssa brincou com Mônica.

Só que dessa vez, Mônica não sorriu e um silêncio estranho pesou do outro lado da linha.

–Alguma coisa errada, Mônica?

Olha Laíssa, sou muito sua amiga, mas você tem todo o direito de saber.

– Diego! – Laíssa gritou para o filho que estava com a mão no pote de bolacha. –Mônica fique ai, espere que eu já venho.

Deu duas bolachas para o filho, pegou o no colo, o colocou no pequeno sofá e ligou a televisão num desenho animado para distraí-lo enquanto voltava ao telefone com a amiga.

–Ainda está aí Mô? – Laíssa perguntou.

Por que você não arruma alguém para cuidar dessas crianças? – a amiga esbravejou.

–Eu tenho uma ajudante mas, não fica a noite.

Arrume uma babá – Mônica gritou do outro lado da linha. – você quer lidar com casa, supermercado, filhos e marido, tudo sozinha. Pare de bancar a cinderela e trate de abrir os olhos, de acordar pra vida. – houve uma pausa e logo em seguida a pergunta chave - Onde está o Tom?

–Esta trabalhando até mais tarde.

Nos últimos meses, ele tem trabalhado muitas vezes além do expediente, não é mesmo?

–Sim. Está muito ocupado com a expansão da nova loja no Rio de Janeiro.

Sei... Desculpe Lala... Não posso mais esconder, afinal você é minha amiga, não ele. Já é hora de alguém contar o que está acontecendo bem debaixo do seu nariz!

–O que esta acontecendo debaixo do meu nariz?

Está fazendo papel de idiota. Tom não fica trabalhando até tarde. – e depois de uma pausa, ela despejou:

Ele está tendo um caso!

As palavras de Mônica soaram tão forte e dolorida, que Laíssa pensou que fosse cair, suas pernas amoleceram e ela sentou na cadeira que havia ao lado do telefone.

–O quê?
Eu sinto muitíssimo, Laíssa. - Mônica percebeu o choque da amiga - Só estou contando porque me certifiquei antes se era verdade. Meu namorado trabalha no mesmo prédio que essa... essa vadia e cruzei com os dois saindo de lá, ela pendurada em Tom, ele estava tão entretido, que nem me viu.

Um frio percorreu o corpo de Laíssa, que ficou nauseada, teve a certeza que desmaiaria, suava e suas mãos tremiam que mal conseguia segurar o aparelho.


–Não pode ser... – Laíssa estava fora dela, mas mesmo assim perguntou - Qual o nome dela?

Raquel, é secretaria do contador das lojas de instrumentos. – Mônica revelou - Mas Laíssa ela...


Não... Não...Não. Ela não queria e não podia ouvir mais nada.

–Preciso desligar Mônica, depois... Depois nos falamos.

Desligou a ligação, pegou o filho no colo que dormia no sofá, levou-o para o seu quarto, o cobriu e lhe deu um beijo no topo da testa.

Sentindo-se mal, saiu do quarto e desceu para a sala de estar, apagou as luzes e sentou no pequeno sofá para esperar pelo marido.

Não demorou muito.


O som da chave na porta. Laíssa olhou o relógio, onze horas. Então, caminhou até a porta para encontrá-lo. Tom estava de costas e ela percebeu que quando ouviu seus passos, ele demorou a virar e encará-la.

Ele não podia ficar parado, de costas, para a porta por muito tempo.

Tom se virou devagar e encarou-a profundamente.

Depois, desviou o olhar pela sala e viu o telefone quebrado no chão.
Seu olhar voltou para o seu e sem coragem para sustentá-lo, desviou o olhar.

Sim, ele estava me traindo!

Postado por: Grasiele

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