terça-feira, 27 de novembro de 2012

Reparação - Capítulo 8


– Diga-me apenas o nome dele? - O sorriso da esposa irritou-o - Com que você vem se encontrando? – ele deu dois longos passos alcançando-a e segurando em seus braços com força exigindo:


–Quero que me conte agora.


– Pare de agir como um lorde feudal.


Seus dedos apertaram em seus braços finos e Tom a trouxe para perto, seus corpos se encontraram brutalmente, e ele falou entre os dentes, sem um pingo de paciência:


–Existe outro homem, Laíssa?

Tom disse, e então, depois de um instan­te de silêncio, acrescentou:
– Produziu-se dessa forma para outro homem?
Laíssa fitou-o, desafiadora.
– E se foi?
Tom sentiu uma pontada de ciúme como se tivesse sido atingido por um tsunami.
– Está dormindo com ele? — perguntou Tom tentando não demonstrar como aquilo o machucava.
– Isso não é da sua conta.
– Então isso é vingança?
– Não, Tom... – Laíssa disse aproximando do marido com os olhos cheios de lágrimas - Isso é justiça.

–Papai... Papai – Mateus entrou na sala correndo e gritando com o carrinho de controle remoto que Laíssa havia comprado para ele. – Olha o que mamãe comprou pra mim.
–É lindo, filho! - Tom respondeu sem deixar de encarar a esposa, que se virou e limpou as lágrimas, antes que ela desmanchasse sua maquiagem. – depois vamos brincar com ele, agora é hora de dormir.
– Vou colocá-los para dormir – Miranda entrou na sala pegando Mateus no colo dando uma discreta olhada na filha. – Por que não vão jantar fora, podem ir tranquilos eu fico com eles.
–Mamãe não...
–Ótima ideia Miranda, se não for atrapalhar, nós agradeceríamos muito. – Tom sorriu para a sogra – não podemos desperdiçar toda essa produção.
–Não vou desperdiçar minha produção. – Laíssa virou pegou sua bolsa com raiva - Eu estou saindo. – Olhou para Tom com ódio - tenho um compromisso e não é com você.

A morena abriu a porta, como se fosse arrancá-la, e andou rápido até o seu carro.

–Laíssa.

Seus passos aumentaram quando ouviu Tom chamá-la, correu com dificuldade por causa dos saltos para o Eco Sport e deu a partida, com o marido batendo com força no vidro do carro.

–Lala, pare!

Ela deu ré, arrancou e cantou pneus quando deixou a garagem de sua casa, trocou de marcha e acelerou, olhou para o retrovisor e xingou em alemão, quando percebeu que o maserati esporte preto de Tom estava atrás dando farol alto.

Seu celular tocou dentro da bolsa, ela o pegou apenas com uma mão, olhou para o visor e o ligou na viva voz:
–Mãe!
–Nunca mais faça isso, Laíssa! – a voz de sua mãe estava num tom que nunca esteve.
–Desculpe, mãe!
–Graças a Deus os meninos estavam no quarto com a televisão alta, não presenciou essa cena lamentável que a senhora fez.
–Sinto muito. – ela disse baixo para mãe.
–Não faça nem uma besteira, pare em um acostamento e converse com seu marido, como dois adultos civilizados e se acha que esse casamento não tem mais volta, peça o divórcio, não vou deixar meus netos no meio dessa guerra. – houve um silêncio – Esta me ouvindo Laíssa?
–Sim, mãe! - ela disse depois de ouvir o grito de Miranda.
–Pare esse carro e não faça mais nenhuma besteira. – Foi à última ordem que ouviu da mãe.

Ela desligou o celular, no mesmo instante que o carro de Tom passou pelo dela e buzinou várias vezes, ela deu um murro no volante, deu seta e encostou.

–Maluca... nunca mais faça isso. – ele andou até a Eco Sport, ela saiu do seu carro, batendo a porta com raiva. – Quase matou sua mãe do coração.
–Já falei com ela. – a morena disse sem olhar para os olhos do marido.
–Onde estava indo?
–Quantas vezes terei que dizer que isso não é da sua conta. – ela não gritou, mas sua voz foi forte e decidida.
–Vamos entrar no carro e ir para um lugar mais tranquilo para conversarmos a sós.
–Tranquilo e a sós? Não vou para um motel com você. Pode esquecer! – Laíssa o olhou com desaprovação, dando as costas ao marido.
–Não precisa ser um motel – Tom se aproximou e baixou a voz – venha jantar comigo.
–Já disse que tenho um compromisso, e não é com você. – ela respondeu ainda de costas.
–Cancele.
–Você não manda em mim.
–Cancele, pelos nossos filhos. – ele diminuiu a voz e falou num termo menos autoritário. –Vamos conversar e tentar nos entender pelo bem dos nossos meninos.

Filho da puta! – Laíssa pensou, ele sabia jogar baixo e decidiu dar um basta na mentira.

– Pelos gêmeos. – Laíssa o olhou desconfiada, dando um passo para trás, tentando manter distância. - aonde vamos?
–Podemos ir a um restaurante na Avenida Faria Lima. – o marido sugeriu.
–Você já foi? – ela perguntou.
–Umas cinco vezes. – Tom respondeu, não querendo mentir para a esposa.
–Não quero, prefiro ir a um lugar que você nunca foi. – Laíssa exigiu, e Tom sabia o motivo.
–Nunca levei ninguém além de clientes nesse restaurante.
–Não quero ir nele. – ela disse seca.
–Tudo bem, escolha um, qualquer um que eu te levo. – ele por fim disse.
–Me segue. – ela o mediu, virou e entrou no Eco Sport, seguindo para o restaurante de sua escolha.
Laíssa seguiu para outro restaurante na Avenida Nove de Julho, um lugar aconchegante, com iluminação baixa, poucas pessoas e música ambiente. No início, ela se manteve arredia e distante, mas quando começou a beber vinho durante o jantar, ela foi relaxando e foi guardando as armas, conversaram civilizadamente e por algumas horas deixaram os problemas de lado.

Em um momento, ela correu os olhos pelo restaurante para encontrar o garçom para pedir a sobremesa, seus olhos arregalaram-se e ela os baixou rapidamente, disfarçou e seu olhar encontrou o olhar de Matt.

A luz estava fraca, talvez não fosse ele.

–O que vai pedir?
–Não, vou pedir nada. – ela mudou o tom e o jeito em tratá-lo, evitando olhar para onde Matt estava e tentando não demonstrar seu nervosismo.
–Mudou de idéia?
–Sim.
–O que houve? – o marido perguntou sem entender o motivo da sua mudança de humor.
–Nada.
–Laíssa...
–Preciso ir ao toalete. – ela levantou como um raio e abriu a porta em um empurrão e entrou na primeira cabine que encontrou, fechou a porta sentou no vaso sanitário e fechou os olhos.
–Droga! – ela disse baixo, a última coisa que ela queria nesse momento era que Matt conhecesse Tom, ou visse versa, estava com medo que ele se aproximasse e se apresentasse.
–Merda! – ela xingou. – Merda... Que merda!
–Se esta xingando por que acha que vou até a sua mesa e me apresentar ao seu marido – a voz disse do lado de fora – fique tranqüila.

Silêncio.

O barulho do trinco da porta da cabine que ela estava foi o primeiro a quebrar o silêncio.

Ela saiu do banheiro sem jeito e confusa.

–Obrigada por isso?

–Pelo que? – ele estava encostado na pia do lavatório, com os braços cruzados no peito, vestindo um terno impecável preto. Estupidamente perfeito.

–Você sabe muito bem. – ela sorriu por fim, respirando aliviada.

–Nunca faria isso, Laíssa.

Ela baixou os olhos e os levantou imediatamente lembrando onde ele estava.

–Esta no banheiro feminino, isso pode nos complicar muito mais.

–Não pude evitar, eu tinha que vir. – ele disse se aproximando, fazendo com que Laíssa desse dois passos para trás, encostando suas costas nuas na parede fria, arrepiando seus pêlos. – Nunca tive tanta inveja de um homem como tenho do seu marido. – ele deu mais um passo, a morena mais nenhum, não tinha mais para onde ir. – Você esta linda nesse vestido – ele cravou seus olhos nos dela e aproximou seu rosto – mas minha vontade é rasgá-lo inteiro e...
–Matt... – o nome dele saiu quase como um suspiro.
–Minha vontade é entrar em você, aqui nesse mármore frio. – ele colocou suas mãos grandes, uma de cada lado da cabeça de Laíssa, prendendo-a assim na parede. - Sem preliminares gentis... eu seria duro e rápido.

Ela olhou para ele, assustada e excitada ao mesmo tempo.

–Você gritaria meu nome quando goz...
–Matt, não! – ela o olhou respirando com dificuldade.

Ele aproximou mais o seu rosto, mas não a beijou, desviou e apenas encostou seus lábios no pescoço de Laíssa, fazendo-a fechar os olhos e parar de respirar.
–Esse seu cheiro é ... – ele esfregou sua excitação entre as coxas dela - ... Foda!

– Por favor, deixe-me ir! - sua voz saiu quase inaudível.

Ele a olhou tocou seu rosto com as pontas dos dedos e deu um passo para trás, dando espaço para que ela passasse e partisse, e foi o que ela fez, mas antes de sair, ele a chamou:

–Laíssa?
–Sim. – ela se virou para olhá-lo.
–Você sabe que chegará um dia que não a deixarei ir. – aquilo era uma afirmação.
Ela nada respondeu, apenas acenou afirmativo com a cabeça, abriu a porta do toalete e saiu em passos rápidos, largos e com a respiração falha.



–Esta tudo bem? – Tom se levantou quando ela se aproximou.
–Podemos ir embora? – ela o pegou pela mão puxando para fora do restaurante.
–Tudo bem? – Tom voltou a perguntar.
–Estou ótima, só acho que bebi demais. – ela respondeu trêmula.


O manobrista estacionou o maserati na frente do casal.
–Entre. – Tom gentil abriu a porta para a esposa entrar.
–Cadê o meu carro.
–Foi para casa. – o marido sorriu fechando a porta depois deu a volta no carro e deu a partida.

Seguiram calados, ela aos poucos foi acalmando e colocando seus pensamentos e sentimentos em seu devido lugar.

Longe de sua mente e de seu corpo.

No meio do caminho, Tom deu seta e entrou num dos melhores hotéis da cidade e estacionou o carro em uma vaga, na garagem subsolo.

–Essa não é a nossa casa. – Laíssa disse irônica. – O que esta planejando?
–Nada. – Tom respondeu com os olhos fixos no volante do carro, sem olhar para a esposa. - Gostaria de passar uma noite com você aqui. Queria uma noite apenas.
– Não! – ela gritou, tirou o cinto e saiu do carro.
–Laíssa! - Tom também saiu do carro cerrando os punhos socando o capô - Caramba... Estou aqui para dizer que eu errei que fui um fraco e que estou arrependido de ter pensando um dia em...

–Se quer uma noite especial comigo, começou errado.

–Lala - Ele se aproximou - você foi a única, primeira e última mulher que eu amei e quis em toda minha vida, eu fraquejei quando eu precisava de você e só tinha olhos para nossos filhos, eu sei que isso não é desculpa, não quero depositar a culpa em você, mas me sentia sozinho, quando vinha falar ou tentar pedir suas opiniões e você só queria saber dos meninos. – Tom respirou e se aproximou mais da esposa fazendo-a virar e encará-lo - Eu amo você demais. Consegue entender isso? Amo de todo meu coração, amo que chega a doer toda vez que respiro. Te amo loucamente, apaixonadamente, perdidamente.

A voz de Tom falhou e ele respirou fundo e continuou:

– Sempre amei, desde o primeiro momento que a vi naquele bar. Mesmo que não estivesse grávida eu a pediria em casamento, os gêmeos apenas adiantaram o que eu mais desejava. - Os olhos dele cheio de lágrimas demonstravam todo o seu sofrimento - Não posso viver sem você e gostaria que permanecesse comigo, ao meu lado ... Mas, se quiser o divórcio, não há nada que eu poderei fazer. - ele então tirou a aliança de casamento do dedo e estendeu o braço, abrindo a mão com a argola de ouro na palma, ele perguntou:

– Estou disposto a lhe dar o divórcio, você o quer?


Os olhos castanhos se arregalaram e olhou para a aliança na mão de Tom.

Laíssa ficou boquiaber­ta, sentiu o coração na garganta, mordeu o lábio inferior nervosa e depois de milésimos de segundos que pareceu uma eternidade, ela finalmente respondeu a ele.

Postado por: Grasiele

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