terça-feira, 27 de novembro de 2012
Reparação - Capítulo 15
Depois de um minuto, foi o seu celular que tocou.
– Alô? - ela atendeu.
– Oi, Laíssa. - Era uma voz feminina. – Que vozinha triste é essa?
– Mônica?
–Sim, sou eu!
“Oh não! Lá vem mais bomba” - Laíssa pensou em desligar a ligação - “Onde havia um buraco gigante na terra, quando eu preciso de um para me esconder?”
–Oi, Mônica! - ela respirou e atendeu a amiga. - Qual é a fofoca do dia envolvendo o meu marido?
–Não ligo apenas para falar sobre desgraças. – a amiga disse– Sua voz esta triste!
–Estou um pouco triste... Acho. – Não havia contado a Mônica que Tom havia saído de casa.
–Por causa de Tom?
– Sim. – Laíssa apenas disse.
–Ele está em casa? – Mônica perguntou.
– Não. – Laíssa respondeu mais uma vez monossílaba.
–Pelo silêncio da casa, as crianças estão com a sua mãe.
–Sim, foram no Ibirapuera enquanto eu resolvia algumas coisas aqui em casa.
– Venha até minha casa– Mônica sugeriu - Estou me sentindo um pouco culpada por você estar nessa situação afinal fui eu que te coloquei nessa situação.
–Esqueça tudo isso, Mônica.
–Não... Se não vier aqui, irei até a sua casa.
Era tudo o que ela menos queria.
– Eu vou sair, hoje podemos nos ver outro dia?
–Tom te proibiu de vir aqui em casa? – A amiga disse num tom de voz áspero. – Esse traidor filho de uma puta.
–Mônica, por favor, não comece.
–A sua reação me preocupa. Você não deixou que Tom a seduzisse e fizesse esquecer tudo o que esse canalha te fez, deixou?
– Preciso desligar! - Laíssa disse tentando ainda ser amável com a amiga.
–Venha até minha casa é que eu preciso te contar algo.
–Conte agora, não preciso ir até ai e já é tarde.
–Laíssa, venha!– ela ordenou.
– Está bem. Estarei aí dentro de uns quinze minutos. - Ela ia pela curiosidade.
Trocou de roupa rapidamente, pegou sua bolsa e saiu para a casa de Mônica.
O apartamento de Mônica era o retrato dela. Pinturas abstratas vermelhas e pretas nas paredes brancas, mobília de desenho moderno, tapetes variados sobre o assoalho preto e branco. A figura, perua e extravagante dela era evidente no ambiente.
– Você parece cansada.
Laíssa desviou os olhos. Estava mesmo muito cansada, desde quando Tom havia saído de casa, não dormia mais.
– Vim aqui na esperança de que me desse uma força e você me diz que não estou bem?
– Eu não disse isso. Falei apenas que parecia cansada. - Mônica levou Laíssa para a sala de visitas e antes mesmo que se sentassem entregou-lhe um drinque.
– Diga-me, Laíssa, você e Tom não...
– Mônica! Por favor, não comece! E fale logo o que tem para falar, preciso ir embora, tenho dois filhos para dar o jantar e colocar na cama.
–E o inútil do seu marido, não te ajuda em nada?
–Por Deus Mônica! – aquilo já estava passando dos limites. – Vou embora, pois parece que não tem nada para falar.
–Não, espere! – Mônica se levantou apressada – Desculpe, é que a sua reação me preocupa. Você não deixou que Tom a seduzisse e a fizesse esquecer tudo o que ele aprontou com aquela vaca da Raquel?
– Não!
–Olha, tome sua bebida e relaxe, vamos mudar de assunto e depois eu te conto sobre o Tom. – Laíssa engoliu toda bebida de uma só vez. – Mônica... por que não me... avisou que era uísque? – ela levantou tossindo e engasgando - Você sabe que não bebo uísque.
–Eu esqueci.
A morena tossiu e colocou a mão na garganta tentando amenizar o calor que subiu em seu corpo. A bebida tomou conta de seu corpo e a fez ficar zonza.
– Passou? – Mônica disse estendendo-lhe um copo com água.
– Acho que sim.
–Mônica, não vamos jantar? - O homem alto e muito bem vestido entrou na sala de Mônica, parando de falar quando viu Laíssa. – Oi, morena.
Antes de responder, outro rapaz entrou na sala e parou ao lado de Mônica.
– Laíssa, esse é Ian - ela apontou o moreno alto de grandes olhos azuis, de cabelos negros e que olhava pretensioso para ela, depois abraçou o outro rapaz e disse:
– E esse é aqui é o meu namorado, Damon. – ela olhou para os dois e sorriu sem graça, ainda com lágrimas nos olhos por causa do uísque. - Ian adora uma mulher morena.
Laíssa se sentiu desconfortável com a olhada que o rapaz lhe deu, pareceu lhe desnudar.
– Podemos ir jantar agora? – Damon perguntou abraçando Mônica pela cintura. – Laíssa vai nos fazer companhia?
– Não. Não posso. – Ela respondeu colocando o copo na pequena mesa de centro.
– Vamos Morena é apenas um jantar. – Ian, o belo moreno de olhos azuis disse aproximando perigosamente – Seria um imenso prazer.
–Não eu... – ela baixou a cabeça e algo rodou. Era o efeito da bebida que estava fazendo efeito em suas veias.
–Vamos, não demoramos e chegará à sua casa em uma hora, ninguém sentirá saudade da super dona de casa. – Mônica a segurou pelo braço praticamente arrastando-a para fora de sua casa.
– Eu dirijo! - Ian disse segurando sua chave do carro. Ela ia responder que queria ir para casa, mas sua mente estava em câmera lenta. Estava se sentindo estranha e sonolenta. Não era acostumada a beber, muito menos uma bebida tão forte.
Ian a colocou no assento do passageiro, colocando o cinto de segurança, raspando as mãos de propósito em seus seios, a porta se fechou e apenas sentiu o carro andar.
–Esta tudo bem mesmo? – Ele perguntou quando chegaram ao restaurante – Parece pálida.
–Acho que preciso colocar algo no estomago. – ela murmurou, tentando sorrir amigavelmente
–Quer que eu a leve para casa, podemos pedir algo. – ele disse passando a mão em seu rosto.
–Obrigado, não será preciso.
–Juro que não sabia que Mônica tinha uma amiga tão linda.
Ela sorriu virando a cabeça para o rapaz fixando em seus olhos azuis intensos.
–Não perca seu tempo, sou complicada demais.
–Sim, percebi e confesso que isso me deixou mais intrigado em relação a você. – Aquele sorriso poderia matar qualquer mulher, menos ela. Estava tão enrola emocionalmente que se envolver com outra pessoa, seria assinar seu atestado de burrice.
Sorrindo ele desligou o carro e abrindo a porta do carro, Ian ajudou a descer e a se acomodar, já dentro do restaurante. Laíssa pediu algo leve para comer apenas água, comeu devagar e sentiu que aos poucos que voltava ao normal.
–Esta bem? – a voz estava em seu ouvido, próximo demais.
–Sim. – Laíssa respondeu tentando se afastar. – Depois que me alimentei, estou me sentindo bem melhor.
–Quer que eu te acompanhe ao toalete e te ajude em algo? – Mônica disse preocupada.
– Estou bem, e se não se importa vou embora.
–Se vai embora para fazer o jantar para o maridinho, esqueça.
–Mônica eu já pedi para parar.
–Eu parei. – Mônica disse sorrindo e olhando para o lado. – Olha quem esta aqui!
Laíssa acompanhou o olhar da amiga e arregalou os olhos quando viu Tom sentado jantando com Bill, no outro lado do restaurante.
–Droga! - Ela disse pegando sua bolsa, abrindo a rapidamente e jogando uma nota de cinquenta reais na mesa – Preciso ir embora, não quero que ele me veja com Ian e Damon.
–Ele pode sair com várias mulheres e ...
Laíssa olhou feio para Mônica e ela se calou.
–Não estamos fazendo nada demais, doçura. – Ian tocou sua mão e ela tirou rapidamente.
–Mônica, eu vou embora! – Laíssa disse decidida.
–Vou com você! – Mônica pegou a sua bolsa.
–Vamos todos. – Ian chamou o garçom e pagou a conta, devolvendo o dinheiro a Laíssa.
–Por favor, vamos sair discretos e sem fazer barulho. – A morena andou em passos rápidos até a saída do restaurante. A sorte era que o estabelecimento era enorme.
Quando estavam quase chegando à porta, um barulho estrondoso. E com o susto Laíssa parou e se virou para ver a cena infeliz.
Foi inevitável, seus olhares se cruzaram, Tom correu seu olhar e parou na mão enorme de Ian n a cintura fina da esposa. Sua boca se abriu, seus olhos se estreitaram e percebeu a mudança do rosto do marido. Possesso!
–Me desculpe, eu esbarrei. – Mônica disse baixo e depois virou para o garçom que havia derrubado a bandeja com vários copos.
–Seu pé! – Ian disse olhando para o pé de Laíssa que sangrava.
–Acho que um caco te atingiu. – o gerente do restaurante disse - Podemos cuidar disso.
–Não, eu cuido disso! – A voz autoritária e grossa falou atrás deles.
Todos os rostos se viraram e encontraram a cara fechada de Tom, com Bill ao seu lado.
–Bill, leve o meu carro eu vou com Laíssa. – Tom jogou a chave do carro e o irmão pegou no ar e se aproximou da esposa. – E você, meu amigo, se não quiser se machucar também tire essas patas da cintura da minha esposa.
– Tom, eu não sou mais sua esposa!
–Você a ouviu, eu acho melhor você se afastar, meu amigo! - Ian usou o mesmo tom de deboche com Tom.
–Você não acha porra alguma. Tire as mãos da minha mulher, se quiser continuar com os dez dedos ainda nelas.
Ian abriu a boca para responder, mas Tom usou o ombro largo pra afastá-lo e sem dar tempo para mais nada, segurou o cotovelo da esposa e a tirou da cena.
–Entre no carro! – a voz dele era uma ordem, ela obedeceu.
O caminho foi feito rápido e em silêncio, quando parou o carro, Laíssa abriu a porta e antes que pudesse dizer algo, Tom a pegou no colo e a levou para dentro da casa.
–Me larga, foi só um arranhão.
Tom a ignorou totalmente.
–O que houve? - Miranda perguntou assustada assim que o genro abriu a porta da casa.
–Um pequeno incidente. – ele respondeu sorrindo tentando tranquilizar a sogra.
–Onde esteve Laíssa? – a mãe lhe perguntou. – Estava preocupada.
–Estava com Mônica. – ela respondeu baixo.
–Não gosto dessa mulher. – Miranda disse brava enquanto via Tom subir com a filha no colo.
–Você podia pelo menos ouvir a sua mãe. – ele disse ainda com o semblante fechado.
–Monica é a minha única amiga, eu me afastei de todas quando engravidei.
–Você apenas engravidou, não pegou lepra, devia ter continuado com suas amigas. – Tom a advertiu.
–Todas elas queriam ir para cama com você. – ela respondeu com uma careta - Mônica pelo menos te odeia.
–Acredite, eu a odeio bem mais.
Laíssa não disse nada, deixou ser colocada na cama e quando Tom se aproximou para arrumar seu travesseiro em suas costas, ela tossiu, ele se afastou e a olhou incrédulo.
–Que cheiro é esse? - ele perguntou segurando suas bochechas com raiva, cheirando seu hálito. – Laíssa, desde quando esta bebendo uísque?
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