terça-feira, 27 de novembro de 2012

Reparação - Capítulo 26


–O bebê já tem um pai... E pelo que eu sei, tem uma tia também.

–Uma tia?

–Sim. - Tom respondeu - Mônica é a tia do bebê. O irmão da Mônica, João, é o namorado de Raquel e o pai da criança que ela espera.

–Como é que é? – Laíssa se levantou da cama num movimento brusco – Tom, esta dizendo que Mônica sabia que essa criança não.... Filha de uma puta... Juro, eu vou matá-la com minhas próprias mãos e não esperarei nem mais um minuto para acabar com ela.

–Laíssa, calma!

– Calma? – Laíssa olhou para Tom com ódio - Essa mulher não sabe o monstro que ela criou dentro de mim! Você vem ou não comigo?

–Você esta louca! Não vai sair a essa hora e com o meu bebê na barriga para brigar com aquela vadia. – Tom a segurou pelos ombros a impedindo de passar. – Amanhã vou com você a casa dela se quiser. – ele a abraçou com força – mas hoje você não sai daqui.

–Tom, ela precisa ouvir o que...

–Sim, ela vai ouvir. – os dedos acariciavam os cabelos da morena – Mas não hoje! – ele beijou o topo de sua cabeça. – Hoje vamos nos deitar e dormir... Nada de sacanagem. Você precisa dormir e relaxar.

–O que eu fiz a você, o que eu te julguei... Céus vou matar essa maldita!! – Laíssa afundou o rosto no peito de Tom e começou a soluçar. – Eu fiz tanta coisa errada pensando que você tinha me traído. Fiz tanta coisa sem pensar pensando que você havia dormido com outra mulher.

–Errado quanto? – Tom a abraçou mais forte.

–Não a esse ponto... mas eu estava cega de ódio, com sede de vingança e vulnerável... Eu poderia ter feito uma grande burrada, eu poderia ter acabado realmente com o nosso casamento.

–Sei que não fez. – ele a apertou em seus braços quando ouviu os soluços dela. – não chore, Lala.

–Não sei se eu odeio mais a mim ou a Mônica.
–Lala... Não faça isso, acabou!
–Eu me odeio tanto.
–Não faça isso. Pare... Estamos aqui juntos, não é isso o que importa?

Mas o pedido aumentou mais os soluços, Laíssa abraçou o marido e se deixou chorar, ele não disse nada apenas a deixou se acalmar, depois secou suas lágrimas e a pegou no colo e a levou para cama, onde a deitou e segurando em seus braços a fez descansar e logo em seguida dormir, só depois que ouviu a respiração profunda dela que ele conseguiu dormir.

...


No outro dia de manhã, ela acordou, mais leve, muito mais aliviada, abriu apenas um olho devagar e passou a mão onde o marido dormia, não o encontrou, conseguiu abrir os olhos e se deparou com uma imensa bandeja de café da manhã na pequena mesa do quarto, o barulho do chuveiro a fez sorrir, lembrou que ele não trabalharia por um mês e que seria apenas dela e de seus filhos.


–Acordou? – a voz rouca veio da porta do banheiro.

–Sim. – os olhos dela passearam na toalha branca rodeada na cintura do marido. – acordei com uma excelente visão.

–Mas não temos tempo, esquecemos da consulta ao obstetra.

A morena deu um pulo na cama, e andou para o banheiro quase que correndo.

–Esqueci.

–Temos um tempo, tome o seu banho e o seu café, vou aprontar os meninos para o colégio.
–E Mônica?
–Esqueça essa diaba, teremos todo o tempo do mundo para ela.
–Mas...
–Sem mas Lala, vai se atrasar para ouvir a primeira vez o coraçãozinho do nosso bebê.


Laíssa correu para o banheiro fechando a porta do banheiro e Tom a do quarto.

...





Uma hora depois, ela estava na sala de espera do Dr. Paulo, preencheu a ficha na recepção e aguardou com ansiedade a hora de ser atendida. Laíssa não conseguia conter o temor de que houvesse algo errado com a gravidez devido a todo o nervoso que havia passado. Mais uma vez pensou em Mônica, fechou os olhos e tentou se acalmar pelo bem do seu bebê.

Laíssa se virou e correu os olhos para as cadeiras vazias, procurando uma vaga foi quando o seu olhar parou na pequena mulher que estava a sua frente, não podia ser, ela falava alegremente no celular e não percebia a sua expressão de assustada.

Era Raquel com a barriga enorme, no mesmo consultório médico que ela.

Por mais que ela nunca tinha sido amante do marido, ela fez parte, entrou na sua casa, na cama dela, aquela mulher quase havia destruído a vida dela. E será que ela sabia daquela farsa? Ela era namorada do irmão de Mônica, o que ela sabia de toda aquela mentira? Qual era a porção de culpa naquilo tudo? Inocente como Tom ou tão culpada quanto Mônica?

–Senhora, esta tudo bem? - a recepcionista perguntou a ela.
–S-sim... esta! – Laíssa respondeu ainda olhando para Raquel.

Tom não estava com ela, a deixou na porta do consultório e foi levar os gêmeos para o colégio, será que ele chegaria a tempo de ver Raquel no consultório? Qual seria a reação do marido em ver Raquel e ela juntas?

Pare de ser burra Laíssa ela não é nada do seu marido. Nada!


A recepcionista chamou o nome de Raquel, que passou por ela, sorriu feliz e sumiu no enorme corredor. Não passavam no mesmo médico, Laíssa passava no Dr.Paulo e Raquel com o Dr. Pedro, os obstetras eram irmãos.

Sentou em uma cadeira, pegou uma revista e começou a folhear, passava as páginas mas não prestava atenção em nada, não lia nada e não ouvia nada, pensou no quebra cabeça Mônica/Raquel e tentou encaixar muitas das peças, sem sucesso.

Dr. Paulo abriu a porta do consultório e sorriu ao vê-la.

– Entre, Sra. Kaulitz. Como tem passado? – o médico perguntou dando lhe um beijo sem sua bochecha.

Laíssa não conseguia relaxar. Brincava com a alça da bolsa e sentia um suor frio nas mãos.

– Seu marido está aí também? - ele olhou para a sala vazia.

–Não, mas deve estar chegando. - informei.

–Vou pedir para a Verônica te ajudar e te deitar para o ultrassom, assim temos tempo do seu marido chegar.

–Ótimo. – respondi ao doutor que sorriu abrindo a porta de uma pequena sala e indicando para que ela entrasse. - Vou pedir para a Verônica te ajudar e te arrumar para o ultrassom, assim temos tempo do seu marido chegar.

Laíssa entrou na sala e logo em seguida, a assistente também e a deitou na maca com cuidado, levantou sua camisa, pegou um frasco branco e despejou um gel líquido transparente e gelado em sua barriga, ela ligou o monitor e nesse momento alguém bateu na porta, Verônica abriu a porta e a morena ouviu a voz inconfundível do marido.

–Sou o marido de Laíssa e o pai do bebê.
–Sim, por favor, já preparei sua esposa e vou chamar o doutor. – ela se virou e saiu da sala os deixando sozinho.

–Tudo bem? – Laíssa perguntou quando Tom se aproximou e pegou a mão da esposa.
–Estou nervoso. – Tom sorriu.
– Por que viu alguém? – apergunta saiu dos lábios de Laíssa sem que ela quisesse.
–Não... Ainda não, mas vou ver daqui a pouco, nosso filho ou nosso filha.
–Hum...
–O que foi? – Tom perguntou se aproximando. – Esta tudo bem? Você que parece nervosa!

–Sim. Sim... estou bem sim! Talvez um pouco nervosa.

–Já fizemos isso lembra? – Tom disse carinhoso e gentil beijando o topo da cabeça da esposa. – Será que vamos ter surpresas agradáveis como no último ultrasom?


–Estão prontos? – Dr.Paulo entrou na sala e cumprimentou Tom, depois se sentou em frente do monitor e ligou o aparelho do ultrasom, colocando na barriga de Laíssa. –Vamos lá ver como esta esse bebê . – o aparelho foi deslizando sobre a barriga da morena e quando um barulho de “tu- tu” encheu a sala, tudo se transformou, tudo coloriu, tudo explodiu e emoção tomou conta deles e outras preocupações foram deixadas de lado.

–O coração do bebê!

Quando o médico disse, Laíssa e Tom se olharam, ela mordeu os lábios e não pode segurar o choro, a alegria de ouvir aquele som maravilhoso, o coração de um bebê, o fruto do amor com Tom.
Tom olhou para cima, para o teto da sala, tentando inutilmente segurar o choro mas não conseguiu, elas caíram por seu rosto bem desenhado. Quando as lágrimas grossas chegaram em seu queixo, Laíssa ergueu a mão e com um dedo as enxugou.

Ele segurou sua mão e a beijou.


– É um bebê, ele tem dois meses e esta tudo muito bem. – o médico olhou para os dois com um sorriso imenso. – Não posso ver o sexo ainda.

Tom apertou a mão de Laissa com força, deixando mais lágrimas rolar, depois sorriu para a esposa enxugando as lágrimas com as costas da outra mão.

O médico se levantou, deu uma toalha para ela e disse:

–Tom ajude sua esposa se limpar e nos vemos no meu consultório, quero prescrever alguns exames e o ácido fólico. – o Doutor abriu a porta e antes de sair disse :

–Parabéns papai e mamãe!


Quando ele saiu, Tom a ajudou a se levantar, pegando a toalha das mãos dela e limpando sua barriga devagar, ficou ali por alguns segundos, como se tivesse todo o tempo do mundo.

–Vai gastar minha pele desse jeito. – Laíssa sorriu - Estou bem limpa.
–Isso é... Sua barriga... Nosso bebê... Isso é maravilhoso.

Laíssa se levantou da maca, arrumou os cabelos e a camisa, Tom a ajudou a descer da maca e quando estava de pé, ele a olhou com um sorriso lindo nos lábios, a segurou pela cintura e aproximou seus corpos e a beijou na boca com paixão.

–Obrigado por mais esse anjinho. – ele disse quase sem fôlego depois que separar os lábios. – Já disse o quanto eu te amo e o quanto me faz feliz?
–Não hoje!
–Eu te amo e hoje sou o homem mais feliz desse mundo.

Laíssa sorriu, não disse nada, não precisou de palavras para expressar o quanto o amava também e o quanto estava feliz e livre de todas as amarguras e traumas do passado.

Ela segurou o rosto do marido com as duas mãos e o trouxe para perto lhe dando um outro beijo, mais suave e mais terno. Tom se deixou beijar, se deixou ficar envolvido pelos braços, mãos, língua e coração da esposa que ele por pouco não havia perdido.





...


Depois de vinte minutos saíram do consultório, não foram para casa, seguiram para uma loja de bebê onde Tom comprou algumas, não comprou todo o enxoval, mesmo sem saber o sexo, do bebê.


Mais tarde, quando chegaram em casa, Bill estava na cozinha fazendo o almoço. O tio já havia buscado os sobrinhos que jogavam vídeo game na sala de estar. Laíssa colocou a mesa e Tom conversava com o irmão sobre a nova loja que seria inaugurada em Curitiba.

Almoçaram e os gêmeos se trancaram no escritório para uma reunião, como Tom disse que iam demorar, Laíssa decidiu pegar os filhos, uma cesta de piquenique e seguir para o parque do Ibirapuera.


O sol estava queimando, o céu azul claro e o dia maravilhoso. Eles pararam perto de uma enorme árvore, Laíssa estendeu um pano grande e colorido que sempre levava dentro do carro para piqueniques com os filhos, e sentou na sombra, cruzando as pernas e observando os filhos enquanto brincava de bola.

Ligou para Tom para ver se estava tudo bem e quando abriu a bolsa e colocou o aparelho na bolsa, uma enorme sombra se fez, levantou a cabeça sorrindo achando que era a mãe, que sempre fazia aquele tipo de surpresa.

Mas não era.

–Matt? – ela franziu a testa.
–Oi, Lala. - ele disse sorrindo.

Laíssa odiava que outra pessoa lhe chamasse daquela forma, só Tom podia.

– Matt, o que faz aqui?
–Estava passando e...
–Esta me seguindo? – a ficha caiu rapidamente, pensou nas vezes que ele a encontrava em lugares que ela freqüentava.
–E se eu falar que estou? – ele se aproximou e se ajoelhou perto dela fazendo os pêlos da nuca de Laíssa se arrepiar.


–Eu pensei que já havíamos conversado e finalizado a nossa situação? – Ela se levantou bruscamente se afastando.
–Por que ainda está com aquele egoísta? - ele perguntou nervoso ainda ajoelhado, seus olhos estavam vermelhos, como se não tivesse dormindo por dias. – Por que esta com ele depois que tudo o que ele te fez?

– Não temos mais nada a dizer. – ela respondeu olhando para os filhos, com medo.
– Por que esta fazendo isso comigo, Lala?
–Não me chame assim.
–Eu vim te ver, Lala. – ele repetiu como se não tivesse ouvido nada do que ela havia dito.


Aquele na sua frente não era aquele Matt, não aquele que bateu no seu carro, que lhe ajudou com o emprego, o doce, o compreensível, o meigo. Aquele na sua frente era um outro Matt, transtornado e agressivo, olhou para os filhos que jogava futebol e deu dois passos para onde eles estavam como auto proteção.

–Não me abandone, Laíssa! - ele disse dando um passo em sua direção.

–Matt, já disse que errei com você, que me ajudou muito, mas somos apenas amigos. Gosto muito de você e é apenas isso que tenho a oferecer.
– Eu quero o seu amor... Quero que me ame como homem, como o seu homem.
–Matt...
–Preciso de você, Laíssa! – ele deu um passo em sua direção, ela deu um para trás encostando na grande arvóre. – Preciso dos seus beijos, do seu corpo... largue tudo e venha comigo.

–Oh, Matt eu sinto tanto. – Laíssa mordeu os lábios para não deixar as lágrimas correrem, na verdade sentia muito mesmo, de verdade. Jamais queria ter deixado aquilo ter chegado naquele nível. Precisava ir embora daquele lugar antes que ele descobrisse que estava grávida e tornasse as coisas mais difíceis entre eles.

O grito de Mateus a trouxe a realidade.


– Diego... cuidado com a barriga da mamãe. - Mateus correu até próximo a Laíssa e abaixou para pegar a bola. - Esqueceu que ali tem um nenezinho? Se a bola pegar nela vai machucar o nosso irmãozinho.
–Ou irmãzinha - Diego disse olhando com um sorriso iluminado para a mãe.

Quando o filho se afastou com a bola, ela baixou a cabeça e fechou os olhos, não teve coragem de encarar Matt. O silêncio caiu sobre eles por alguns instantes e Laíssa só voltou ao olhá-lo, quando ele disse:

–Não pode ser Laíssa. Não... - o rosto de Matt se tornou mais sombrio e frio - Como deixou isso acontecer. Como pode deixar que aquele homem te engravidar.

– Matt... eu...

– Creio que você, sendo tão romântica e boba, nem sequer considerou a possibilidade de um aborto - ele murmurou encostando seu corpo no de Laíssa.


–Aborto? - Oh Céus preciso sair daqui, urgente. Laíssa se desesperou.

–Quer continuar sendo uma parasita sem vida própria? Cadê aquela mulher maravilhosa que queria sua independência? Onde aquele verme a escondeu? Você não quer essa vida e eu posso te oferecer uma vida muito diferente do que ele

–Matt, preciso ir embora.

–Pare de fugir da verdade Laíssa, não percebe que é cômodo demais o lugar que ele a mantém. Eu sempre te valorizei sempre te dei a atenção que realmente merecia. - os olhos de Matt se encheram de lágrimas e o coração de Laíssa apertou - E o jogo que fez comigo esse tempo que estava magoada com ele? Meu Deus, nunca tive a menor chance com você, não é?

–Não... Desculpe Matt!

–É só isso que sobrou para mim... Desculpas e mais desculpas. Odeio essas desculpas, seu marido, você e esse bebê.

–Preciso ir agora! – ela olhou para Mateus e Diego e ia os chamar, mas antes disso Matt a segurou pelos braços com força.

–Ah, não! Não pense que vai me descartar assim tão fácil. – puxou-a para junto de seu corpo e beijou-a com violência. – Quero você! Quero você pelo menos uma vez... – e com fúria mordeu o lábio inferior dela, fazendo-a gritar.

–Matt...não ! – ela o empurrou com as mãos e lhe deu um tapa no rosto. Quando ele se afastou com a mão no rosto agredido, ela pegou os dois filhos e correu para o carro, ela ainda olhou para trás, ele estava parado olhando-a entrar no carro e sair do parque.


Quando chegou em casa, tremendo, colocou os filhos no banho e agradeceu pelos filhos não terem presenciado aquela cena horrível, passou pelo espelho do quarto e levou a mão ao lábio inferior, cortado pela brutalidade do beijo.

O marido ainda estava no escritório com Bill, então decidiu esfriar a cabeça, esquecer aquele episódio, foi até o quarto de bagunça e desceu uma caixa enorme, tirou tudo o que tinha dentro dela e começou a montar a árvore de natal com os filhos.


Ignorou o estômago que incomodava e a dor em seu lábio, sentia-se tão mal que resolveu tomar algo. Estavam todos na sala, tentando montar a árvore de Natal, quando Tom saiu do escritório. Um sorriso suavizou-lhe a expressão ao ver o esforço deles no meio dos galhos.
–Vejo que ainda sou necessário para uns pequenos serviços por aqui - ele brincou, fazendo três rostos se virarem para ele. – quem me der um beijo ganha sorvete após o jantar.

Os gêmeos abandonaram Laíssa e correram para o pai. Bill correu para ajudar a segurar a árvore. Tom despencou no chão, sufocado pelos gêmeos que riam e gritavam em cima do pai. Laíssa sorriu ao ver a guerra no chão da sala. E foi então que enxergou, que sua família estava de volta.

–Eu me rendo! - Tom gritou brincando. - Ajude-me, Lala! Socorro!

Com cuidado, para não cair em cima deles, ela pegou Mateus em um braço e, com o outro, puxou Diego. Ele levantou-se e beijou-a na boca e quando a morena gemeu de dor e se afastou colocando o dedo nos lábios, Tom segurou o seu queixo e franzindo a grossas sobrancelhas perguntou.

–Que diabo é isso em seu lábio, Laíssa?

Postado por: Grasiele

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