terça-feira, 27 de novembro de 2012

Reparação - Capítulo 13


– Sua vagabu... – E ouviu a maldita ligação ser interrompida. – Além de vadia ladra de marido é uma medrosa. – a morena gritou olhando para o aparelho do telefone sem fio.

Laíssa cega de raiva colocou o telefone na base com força, e o aparelho não se encaixava, tentou encaixar por mais duas vezes, não conseguiu então o atirou na parede com raiva praguejando todos os xingamentos que Tom havia ensinado a ela, em alemão.

Nesse mesmo instante, a campainha tocou.

–A porta esta aberta. – ela gritou ainda com raiva, achando que fosse sua mãe.

Tom entrou pela porta.

Laíssa fechou os olhos, estava furiosa, desejou que ele tivesse chegado um minuto antes, por que era naquela testa gigante que ia jogar o aparelho.

–Boa noite. – ele disse baixo.
–Só se for para você. – Laíssa disse enfurecida.
–O que houve? –Tom perguntou olhando para mulher, com o rosto vermelho em chama.
–Raquel acabou de ligar – ela disse tentando manter-se calma – pediu para você ligar.

Tom contraiu o maxilar, não disse absolutamente nada, viu a esposa dar meia volta e sair da sala, em direção a cozinha, onde bateu inúmeras portas de armários e xingou em português, não só a outra mulher, mas a ele principalmente.

Ele se manteve longe, até o ódio dela passar.

Laíssa brincou um pouco com os filhos antes do jantar, beijou-os com carinho e subiu para o seu quarto para não avançar nele na frente dos gêmeos, foi Tom que os alimentou e os colocou nas camas.

Mais tarde, ela desceu para fazer um chá e tomar um remédio para dor de cabeça.

–Quero me desculpar com você - Tom disse quando entrou na cozinha, ela se virou, olhando-o com desprezo. - Ela já havia sido instruída para nunca ligar aqui.
–Não tem importância. – ela disse inexpressiva
–É lógico que tem! – ele disse elevando a voz. - Rodrigo avisou a ela que se precisasse falar comigo coisas da contabilidade, era para outra pessoa entrar em contato.
–Eu já disse, não tem importância. – Laíssa respondeu mais uma vez sem ao menos virar para olhar para Tom.
– Eu prometi a você que nunca mais a magoaria! – ele disse sentando na cadeira - Ela era a única pessoa que ainda estava no escritório quando chegou uma informação urgente por email. Eu precisava ser avisado o mais depressa possível, você entende?

“Não. Não entendo merda alguma!” – ela pensou, mas não falou.

–Que isso não se repita, por favor. – foi à forma que Laíssa finalizou a conversa. – peça a ela para ligar para a sua nova casa.

– Pare com isso, Laíssa - Tom pediu – Você sabe que nunca mais falei com essa mulher.

–Os meninos estão no quarto? – ela o ignorou.
–Sim. Dormindo. – ele apenas disse.
– Onde esta morando? - ela se arrependeu da pergunta.
–Num hotel!
–Ela sabe que esta... Solteiro?
–Não estou solteiro. – ele levantou a mão esquerda mostrando a aliança em seu dedo.
–Vai viajar? A sua amiga disse algo sobre passaporte e visto. – Laíssa sorriu debochada – Ela vai viajar com você? – ela arregalou os olhos e abrindo um sorriso cínico perguntou:
– Não me diga que vão viajar em lua de mel!

– Meu Deus, isto não pode continuar assim. Precisa entender que eu nunca mais vi e nem olhei para essa fulana. – Ele se levantou e a segurou pelo braço bruscamente. – eu ia viajar para Los Angeles para comprar alguns instrumentos, nem vou mais, não estou com cabeça mais para nada.
–Coitada. – Laíssa o provocou - Raquel vai ficar triste que desistiu da viagem. – ela o tentou se soltar, ele a trouxe mais para perto de seu corpo.
–Quantas vezes será preciso eu dizer que a única mulher que eu amo é você.
–Nenhuma, por que eu não acredito.
– Não seja tola - ele segurou-a pelo pulso. - Isto é ridículo, está agindo como criança! Uma criança tola e teimosa.

O tapa foi forte, barulhento e dolorido.

–Você me obrigou a...
–Você pode me dar milhares de tapas. – Tom passava a mão na marca vermelha em seu rosto que ardia, sentiu um arranhão em sua face direita, a unha dela o havia machucado – não mudarei minhas opiniões, esta agindo como uma criança tola e teimosa que eu... – sua voz falhou e ficou embargada de emoção – que eu sinto falta da...sua boca, do seus beijos, dos seus abraços, dos seus gemidos. – Tom se aproximou e quase uniu seus lábios carnudos com a da esposa – Sinto sua falta, meu amor.

Podia sentir o pulsar em seu pescoço. O cheiro delicioso dele em suas narinas. Engoliu uma vez e depois duas vezes, e afastou-se lentamente, como se tivesse acabado de travar uma batalha épica com si mesmo.

–Pois, eu não! – ela disse tentando parecer segura em suas palavras – Você não faz falta alguma. - ela provocou se afastando segurando uma cadeira para tentar manter uma distancia segura. - Não será difícil encontrar um novo homem.

O rosto de Tom ficou pálido.

Odiava imaginar a esposa nas mãos de outro homem, aquilo já era demais.

–Você sabe que eu recebi várias cantadas em meu novo emprego, fui convidada para muitas festas e muitas delas, particulares.

Ele se aproximou com raiva derrubando a cadeira que ela usava para se manter afastada dele.

–Que inferno! Pare de tentar me agredir, Laíssa! Nem parece você, com esse prazer todo em magoar as pessoas! – ele a sacudiu pelos ombros violentamente.

Não parecia mesmo.

Era engraçado como a natureza das pessoas podia mudar de um dia para o outro. Sempre fora gentil e agora sentia um impulso incontrolável de ferir, principalmente ele!

–Por que esta agindo dessa forma? – Tom perguntou com a voz fraca.
–Não sei com certeza, mas acho que quero te ver sangrar. - ela respondeu o encarando.

Com um sorriso triste, ele levou a mão ao arranhão em seu rosto e disse:
–Já comecei.
–Ainda não é o suficiente. - ela disse com os olhos fixos nos dele.
–Ah... Depois que isso tudo terminar e você ver realmente a grande burrada em que esta se metendo, talvez seja eu que não queira mais aceitar suas desculpas.


Tom apertou seus ombros e a empurrou, fazendo-a colidir com a parede áspera e dura, furioso e fora de si, ele saiu da casa deixando-a num turbilhão de emoções. Extremamente magoada.

Qualquer que fosse o relacionamento com ele: brigando, fazendo amor ou até o ignorando, cada vez que ele se afastava só conseguia sentir ódio.

Ela sentia ódio dele, de Raquel, de Mônica e principalmente: Dela mesma.

...

O último dia de evento foi muito puxado e corrido. Mas um enorme sucesso, o evento demorou um pouco mais para terminar, já passava das 19 horas quando Laíssa sentou no enorme sofá do espaço da loja, tirou o sapato e se deitou, muito cansada.
–Fim de expediente – Matt entrou na sala.
–Vou sentir falta disso tudo. – Laíssa disse sentando-se no sofá. – Voltei a ser desempregada.
Matt sorriu e logo em seguida disse.
–Agora que ganhou sua autoconfiança novamente, nada a impedirá de buscar outras coisas.
Ela o encarou fixamente.
– Você tem muita confiança em mim.
– Sim, eu tenho. Você é incrível.
Ela levantou-se do sofá e seguiu até a janela da ampla sala, dando as costas para ele. Sua visão ficou embaçada, mordeu o lábio inferior e levou a mão até os olhos.
Matt se aproximou por trás e tocou-lhe o ombro com carinho.
– O que foi Laíssa?
Ela havia tentado segurar a respiração e conter as lágrimas, mas ao toque dele e o tom de sua voz, soltou um soluço alto e abaixando a cabeça, começou a chorar descontroladamente.
–Laíssa?
Ele a fez virar-se com suas mãos cobrindo-lhe os ombros. Ela soluçou novamente e as lágrimas começaram a rolar pelo rosto. Matt encostou seu rosto nos cabelos dela e a acariciou com ternura.
Depois de algum tempo, os soluços diminuíram e Laíssa murmurou:
–Desculpa. . . eu perdi o totalmente o controle. . . acho que é a TPM.
–Está tudo bem, minha querida.

Como se ela não pesasse quase nada. Ele a pegou nos braços, embora ela relutasse, e sentou-se no sofá, aninhando-a no colo como um bebê. As lágrimas correram durante um longo tempo.
Ele acariciava seus cabelos e murmurava palavras de conforto. Laíssa soltou um profundo suspiro e Matt a segurou pelo queixo.
– Sente-se melhor?
– Sim, obrigada. – ela disse olhando para ele - Devo estar horrível, com a cara toda borrada.

– Não, não está. Você está linda. Como sempre esteve. - ele disse com a voz rouca. – Vamos te levo para casa.

Entraram no carro de Matt e ela não conseguiu relaxar. Ela ensinou o trajeto da casa e quando virou a esquina, respirou aliviada.

–Chegamos. – ela apontou para a casa - É aquela branca e verde, com... – ela hesitou - com o Maserati preto na frente.

Tom estava em casa.

O que ele esta fazendo a essa hora em casa! - Seu coração voltou a bater descompassado novamente. Sentiu um arrepio que não era de frio.

– Obrigada pela carona - ela disse sorrindo. –Obrigada mais uma vez. Essa semana foi ótima.

–Voltaremos a nos ver, pode ter certeza. – ele sorriu e com a mão acariciou o rosto da morena, quando ele debruçou para lhe dar um beijo, Laíssa abriu a porta se despedindo apressadamente, saiu do carro em direção a sua casa.

Antes de entrar, viu a cortina da sala se mexer, era Tom, com certeza, tinha visto os dois dentro do carro.

Pegou sua chave na bolsa, deslizando-a pela fechadura sentindo um frio na espinha, sem saber se era medo ou culpa, ela apertou a testa na madeira grossa da porta, abriu-a e entrando na casa.

Postado por: Grasiele

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivos do Blog