terça-feira, 27 de novembro de 2012

Reparação - Capítulo 12


Na segunda-feira, Laíssa estava empolgada com o novo trabalho, mas seu coração estava apertado, seu corpo moído e seus olhos inchados de tanto chorar, não conseguiu dormir a noite inteira, revirou em sua cama e levantava toda hora que ouvia o barulho de algum carro, esperando que fosse Tom, voltando para casa.
Quando amanheceu, tomou o café da manhã calada, levou os gêmeos para a escola e depois seguiu para o lugar onde Matt havia indicado, estacionou o carro e dirigiu-se ao setor reservado para a equipe da loja.

–Nossa, quando eu acho que você não pode ficar mais bonita, você fica. – Matt sorriu correndo os olhos pelo corpo de Laíssa, que estava com um vestido verde musgo, um sapato preto salto agulha, uma maquiagem leve e uma escova bem feita.
–Obrigada, Matt! – ela sorriu.
–A maquiagem ajudou bastante. – ele disse e vendo que ela franzia a testa sem entender, ele continuou. – Esteve chorando.

Laíssa baixou o olhar, ele se aproximou e tocou seu rosto com delicadeza levantando seu queixo, seus olhares se cruzaram, e por um momento ninguém disse nada.

–Ele foi embora. – ele disse por fim.

Laíssa confirmou com a cabeça, desviando os olhos.

–Vamos começar a trabalhar, quem sabe assim você consegue esquecer por um momento tudo isso.


Matt a tocou na cintura e a levou para o back stage, no primeiro momento ficou insegura, muito mais quando viu Érika, a assistente de Matt, que os pegou no escritório, mas o sorriso gentil e doce da loira, que ela lhe deu foi suficiente para quebrar um pouco do gelo.
No decorrer das horas, Laíssa foi se acalmando e a felicidade tomou o lugar do nervosismo e da tristeza. Não ficou sozinha nem por um minuto, o entre e sai de modelos e pessoas foi suficiente para entreter-la e a levar para longe.

Longe de TOM.



O primeiro dia de desfile havia terminado e os pés de Laíssa estavam esmagados e doloridos, quando o espaço reservado para a loja ficou vazio, ela se sentou tirando os sapatos, fazendo uma careta doída.
–Hum... esses sapatos são lindos, mas pela sua cara de dor. – Matt entrou e brincou ao ver Laíssa massageando seus próprios pés.
–Sim, judiaram de mim. – ela devolveu brincando.
–Deixe me ver - ele disse sentando ao lado dela e pegando seus pés colocando em suas pernas, fazendo com que o vestido de Laíssa subisse entre as coxas, deixando-as amostra.
– Eu devo estar louco mesmo? – Matt disse passando a língua pelos lábios com os olhos fixos nas coxas da morena.
–Por quê? – Laíssa perguntou sem entender a observação de Matt.
–Desejar uma mulher casada. – Matt percebeu o incomodo dela. – Ou ex-casada...
–Matt eu...
–Eu sei Laíssa, você ama seu maldito marido, ama seus filhos lindos e mesmo separada acha que se me der uma merda de chance o estará traindo.
Laíssa o olhou assustada, ele percebeu que havia se excedido e balançou acabeça, suspirando alto.
–Desculpe! – ele fechou os olhos e ao abrí-los novamente ela pode ver todo seu desejo reprimido - Não consigo mais trabalhar, dormir, comer ou fazer qualquer coisa, não consigo pensar em nada a não ser em beija-la e fazer amor com você. – Eu não aguento mais.

Laíssa tirou seus pés de cima do colo de Matt e se levantou em um salto.

–Eu fui errada, passei algo para você – Laíssa começou a falar – passei a impressão que queria ter um caso com você.
–Não, mesmo que ficasse calada, eu já a desejaria. – Matt se aproximou de Laíssa, e ela sentiu sua respiração quente em seu rosto. – Acho que me apaixonei por você.
–Isso é um erro, acabei de sair de um casamento e não sei se quero mais complicações.
–Isso já esta complicado demais, pelo menos pra mim. – Matt disse baixando a cabeça e quase tocando seus lábios nos dela.
–Acho melhor eu não aparecer mais por aqui. – ela disse dando um passo para trás.
–Não. – ele segurou seu braço para que ela não se afastasse mais - Não faça isso! – Matt suavizou seu aperto e depois a soltou. – Tenho que viver com isso, sou bem grandinho.
–Eu gosto muito de você. – ela tentou acalma-lo, tocando seu braço. – Mas tudo esta confuso dentro da minha mente e um novo envolvimento apenas me deixaria mais perdida.
Matt levantou a mão e com os dedos acariciou seu rosto, ela fechou os olhos ao receber a carícia. Seus dedos correram para o seu pescoço onde ele a massageou com força. Laíssa mordeu seu lábio inferior para não deixar escapar um gemido.
–O problema todo é esse... eu também gosto de você, gosto até demais e isso esta tirando o meu juízo. – ele desceu a mão segurando forte em sua cintura. – Mas prometo que não vou forçar nada e nem te deixar mais confusa, afinal estou aqui para ajudar, não é mesmo?

Ela apenas o olhou, sem dizer nada. Depois deixou um sorriso escapar de seus lábios.

– Você gosta de arroz, feijão, bife e batata frita? – ele se afastou e pegou sua jaqueta da cadeira e a vestiu.
– O quê? Ah, sim, adoro! – ela respondeu ainda atordoada.
– Estava pensando em comer em um restaurante ótimo que tem aqui perto.
– Parece ótimo para mim.
– Então vamos. – ele deixou que ela passasse na frente e depois a acompanhou até o pequeno restaurante.
Laíssa comeu com apetite.
–Não tinha idéia de como estava faminta. – ela sorriu para ele.
–Você foi muito bem hoje, recebeu muitos elogios.
–Estava nervosa.
–Você foi muito bem. – ele segurou suas mãos - Sente-se melhor agora?
– Melhor. – ela olhou para suas mãos presas as de Matt.
–O trabalho hoje ajudou a esquecer, não é?
–Sim. – Laíssa puxou as mãos e colocou-as sobre as pernas. – Eu preciso seguir... – sua voz embargou – ... minha vida.
– Quando precisar, estarei aqui.
Eles ficaram em silêncio por um instante, e depois olhando-o com sinceridade falou:
– Obrigado.
– Só quero que saiba que eu me preocupo muito com você. – a voz de Matt era baixa e rouca. - Tem meus números, ligue sempre que precisar de um ombro para chorar.
–E eu agradeço muito por tudo o que tem feito por mim. – ela agradeceu mais uma vez - Você é um ótimo amigo.
–Isso é um belo chute no meu saco. – Matt sorriu, fazendo Laíssa sorrir também. – Você sabe que tudo que eu menos quero, é ser seu amigo. – o sorriso morreu em seus lábios carnudos – mas me contento com esse cargo... Por enquanto.

Matt chamou o garçom e pagou a conta, sem tentar corteja-la, a acompanhou até o seu carro.

– Dirija com cuidado. - Ele pôs as chaves em sua mão e fechou a porta suavemente.





Nos outros dois dias o desfile foi um tremendo sucesso, Laíssa foi cortejada por diversos homens, menos por Matt, que se manteve distante, um cavalheiro e muito profissional, na verdade ela preferia dessa forma.

Pelo menos até seus pensamentos entrar nos eixos e ela conseguir resolver o que faria realmente de sua vida. Tudo era muito recente e por mais que tentava arrancar aquele vazio de sua alma, não conseguia. Sempre que os filhos diziam algo sobre o pai, suas lágrimas ardiam em seus olhos.

Tom ligava sempre a noite, como haviam mentido para os filhos, dizendo que ele havia viajado, não houve choro, não dos meninos, em compensação, ela sempre que entrava no quarto do casal, olhava para o armário vazio e tarde da noite quando não sentia o cheiro de Tom e nem o peso do seu corpo no dela, o pranto vinha intenso e solitário.
Sim, foi ela que havia colocado ele para fora, mas infelizmente ser humanos, ainda não vinham com um botão de liga e desliga, não podia deixar de pensar que eles haviam vivido uma linda história de amor e que tudo estava acabado de uma forma tão dolorida.

Havia momentos que achava que não conseguiria suportar tamanha tristeza.

Sua mãe era outra barra de suporte nessa mudança brusca em sua vida. Miranda chegava em casa antes dela, fazia o jantar e entretia as crianças, sempre perguntando do seu trabalho e do seu dia, ela se sentia bem e útil, e seu ego pouco a pouco foi aumentando.

Estava jantando com os gêmeos quando o telefone tocou.

Como sempre seu coração parou, na expectativa de ouvir a voz de Tom.

Laíssa foi atender na extensão da sala, porque a televisão na cozinha estava com o som muito alto.
–Alô?
–Alô, eu gostaria de falar com o Sr.Tom Kaulitz. – a voz melosa feminina pediu.
–Ele não esta. - Laíssa respondeu - Quer deixar recado?
–Sim, diga que seu visto e passaporte já foram liberados.

Visto e passaporte? Tom sairia do país?

–Darei o recado – ela respondeu simpática e antes de desligar perguntou – E o seu nome qual é?

– É Raquel.

Postado por: Grasiele

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivos do Blog