terça-feira, 27 de novembro de 2012

Reparação - Capítulo 16

 Laíssa não disse nada, deixou ser colocada na cama e quando Tom se aproximou para arrumar seu travesseiro em suas costas, ela tossiu, ele se afastou e a olhou incrédulo.

–Que cheiro é esse? - ele perguntou segurando suas bochechas com raiva, cheirando seu hálito. – Laíssa, desde quando esta bebendo whisky?

– Bebi por engano. – ela o olhou, vendo o seu olhar de acusação, voltou a se defender - Devia acreditar em mim, estou dizendo a verdade.
– Por que acreditaria em você, quando nunca acreditou em mim. – ele jogou nela, seco e rancoroso.
– Por que eu sempre digo a verdade! - A frustração borbulhava dentro dela.
– Oh, sim! - ele bateu a mão na testa fingindo se lembrar de algo - Esqueci, sou eu sempre que minto para você, não é?

Inesperademente ele se aproximou e sentou ao seu lado, colocou seu pé machucado em seu colo, passando as pontas do dedos nele, murmurrou quase inaudivalmente.

–Eu nunca menti para você, Laíssa!

Ela o olhou e puxou o pé de seu toque. Mas ele não deixou. As pontas dos dedos massagearam o tornozelo dela. Aquela gentileza a deixava desconcertada e ... excitada.

–Esta doendo? - ele perguntou preocupado. -Vou cuidar desse corte.

Tom a estava tratando como a uma criança, como sempre.

– Tom por Deus foi um corte pequeno, nem precisava tudo isso!

– Não gosto de brigar com você. – sua voz era baixa e seus olhos estavam fixos no corte em seu pé – Mas quando te vi com Mônica e aqueles dois brutamontes e um deles com as mãos em sua cintura. – ele suspirou com dificuldade - Sabe Laíssa eu já não tenho nenhuma razão para mimá-la como fazia antes. – ele segurou seu tornozelo quando ela tentou puxar a perna - Na verdade minha vontade é deita-la sobre meu colo, levantar sua saia e lhe dar umas palmadas.

O centro de sua feminilidade se contraiu, cada célula do corpo gritou de exaltação, aquilo seria gostoso. Laíssa tentou afastar a imagem erótica e se arrumando na cama disse:
– Você a mercê dos meus caprichos? Parece que tem alguma coisa invertida nessa história. – ela tentou puxar o pé mais uma vez, em vão, ele segurou mais forte seus dedos em volta do tornozelo da esposa.
– Eu a tratava como uma deusa, sim. Fazia todas as suas vontades. Deveria tê-la tratado na base de palmadas, assim talvez não estivessemos agora como dois estranhos, tentando ignorar a presença um do outro.

–E a culpa é de quem, meu querido? - sua voz era baixa, mas a troca de olhares eram fulminantes entre eles.

–Você mudou! - a calma que ele tentava manter estava no seu limite - deixou nossos filhos com a sua mãe, não avisou para ir beber uisque com uma mulher de valores duvidosos e seus machos. – a voz de Tom subiu ficando mais agressivo.

–Já disse que Mônica me deu sem querer a bebida.

– Mônica, Mônica, Mônica. – ele repetiu o nome soltando o pé dela. - sempre essa vagab... essa mulherzinha entre nós. - Tom levantou da cama perdendo o controle. – Não percebe o inferno que ela transformou a nossa vida? - ele começou a andar de um lado para o outro. - Ela sempre foi uma mulher promiscua e esta te levando para o mesmo caminho, foi aquele idiota amiguinho dela que te trouxe para casa naquele dia?

– Foi. – Laíssa mentiu, jamais admitiria que foi outro homem. Se Tom soubesse que Ian não era o primeiro a estar ao seu lado, com segundas intenções, ele surtaria. - Foi apenas uma carona e um jantar, sem maldade.

–Você foi negligente com os nossos filhos, graças a essa mulher! – ele voltou os olhos para a esposa, acusando mais uma vez a amiga.


–Não exagere, Tom!


– Eu não estou exagerando, apenas me preocupo se o futuro dos meus filhos esta em perigo.

– Eles também são meus filhos. E ninguém aqui está com o futuro ameaçado.

–Isso quem deve decidir sou eu, por que ultimamente esta deixando muito a desejar como mãe. - Tom olhou para Laíssa com um olhar desafiador.

–Como ousa...

–Como ousa o quê? - Tom segurou o braço de Laíssa a levantando com força da cama, fazendo a cambalear.

– Como ousa jogar na minha cara que não estou sendo uma boa mãe?

–E esta? - Tom a trouxe para perto de seu corpo - Você ligou para sua mãe para avisar que estava fazendo orgia na casa da sua grande amiga? Ligou preocupada com os nossos filhos?

–Eu tenho muito juízo. Apenas esqueci dessa vez. – ela se defendeu.

– Por que estava bebendo uísque, grande juízo! – Tom disse cinico apertando os dedos na pele morena de Laíssa.

– Esta me machucando. - ela tentou se soltar.

–E vou te machucar muito mais se eu te pegar novamente com aquele imbecil.

– Meu comportamento sempre foi exemplar. O mesmo não posso dizer do seu!

– Não me venha com essa. Quantas vezes esqueci nossos filhos, Laíssa?

– Esta exagerando, se excedendo e me machucando! – ela gritou com os olhos marejados.

Eu? Eu me excedendo? Essa é muito boa. - Ele a soltou - Se tudo isso não tivesse acontecido sabe lá onde você iria terminar essa sua bebedeira, fazendo troca de casais na casa da santa da Mônica... Porra Laíssa, hoje a tarde fizemos amor e a noite já estava nos braços de outro homem.

– Shhh... Fale baixo! - Laíssa foi até a porta e a fechou - Chega, eu já disse que tomei essa merda de uísque por engano, por que esta me julgando dessa forma tão cruel? – ela disse, com a voz baixa para não chamar a atenção dos filhos.

–Talvez para faze-la sentir da mesma forma que eu me senti quando você me julgou! – Tom avançou e a prendeucontra a parede, colando seu corpo no dela. – Julgou-me sem direito de defesa - Laíssa levantou o queixo e viu a dor em seus olhos – Quero que sinta como é ser crucificado quando se é inocente. – Ele desceu os olhos para a boca da esposa quase a beijando. - E olha quem nos colocou nessa situação, sua querida amiga Mônica.

Laíssa se viu pressionada com tanta força contra o corpo sólido que sentiu cada contorno, cada músculo,cada respiração de Tom. Ergueu o olhar para encontrar o dele e prendeu a respiração conforme ele abaixou mais a cabeça.

Ele a observou com os olhos fechados, esperando o beijo. Tom a segurou firme pelos ombros e a jogou na cama com brutalidade, caminhou em direção a porta do quarto, para ele a conversa tinha acabado.

–Isso não vai mais acontecer.

Tom parou na porta, com a mão na maçaneta, ao ouvir a confissão da esposa.

–Nunca mais esquecerei nossos filhos. – ela disse mais uma vez.

–É bom mesmo, por que da próxima vez, eu levo os meninos para morar comigo.

– Não pode estar falando sério?! - Laíssa mal podia respirar direito, seu coração apertou. Todos os músculos dela paralisaram - Esta louco!

– Faça novamente isso! – ele se virou e disse, frio feito uma pedra de gelo.

– Só por cima do meu cadaver!

–Então, faça outra vez! – ele ordenou.

–Não pode me ameaçar, Tom!

– Estou dizendo para você fazer isso novamente para ver o que vai acontecer! — A voz e a postura do corpo de Tom eram ameaçadoras. Ele se aproximou e ergueu o braço e passou a mão carinhosamente pelo rosto de Laíssa - E isso... não é uma ameaça.


– Não me toque. - Ela o empurrou e se afastou. - Não vai conseguir tirar os meninos de mim.

– Papai! – Diego abriu a porta do quarto, antes que Tom pudesse dizer mais alguma coisa, o garotinho entrou correndo se jogando nos braços do pai – Veja Mateus! – o pequeno gritou - Papai voltou de viagem e vai dormir aqui em casa.

Mateus entrou no quarto gritando também:

– É o papai! - ele se jogou nos braços do pai também - É o papai quem está aqui!

–Agora ele vai poder contar estórias para nós a noite, não é mamãe?

A cena encheou os olhos de Laíssa de lágrimas. Os filhos abraçados com Tom. Os quatro olhinhos felizes olhando para ela, aguardando a resposta.

–Desçam com a sua avô para tomar um copo com chocolate, antes de dormirem. – Tom beijou, abraçou e ainda brincou um pouco com os filhos, depois Laíssa ajudou os filhos a descerem a escada, quando retornou ao quarto, ele estava sentado na cama com a cabeça baixa e as mãos cobrindo os olhos.

Aquilo cortou seu coração. Como aquilo havia chegado naquele ponto. Como sua vida tinha se tornado aquele tsunami de sentimentos e brigas. Os filhos chorando de saudades do pai e ela sozinha todas as noites perguntando-se onde ele estaria, se com outra mulher.

Mônica” - essa foi a única resposta em sua mente.

– Já jantou? - Laíssa perguntou mais calma ao marido - quer comer algo?

Tom levantou a cabeça descendo seus olhos para os seus seios e depois para o meio de suas pernas.

– Pare com isso. - ela o advetiu com a voz trêmula - estou dizendo comer “comida.”

Não culpava aquele idiota por babar pela esposa, ela era linda e muito deliciosa, quando o viu com as mãos na cintura delicada de Laíssa, queria lhe quebrar todos os membros, se não fosse Bill segurá-lo tinha voado nos pescoço dele e lhe jogado pra fora do restaurante.

–Não, eu consegui comer alguma coisa, antes do seu incidente, vou descer esperar os meninos tomarem o leite e vou embora.

–Quer dormir... na sala? – Laíssa perguntou. – Pelos meninos.

–Melhor não. – ele respondeu seco.

–Pode esperar eles dormirem pelo menos?

–Claro. – ele, por fim, sorriu e antes de se virar e sair do quarto, ele disse:

– Você não pode continuar cega. Você precisa crescer e abrir esses olhos. Precisa saber que existem pessoas que são capazes de fazer qualquer coisa para atingirem seus objetivos... Qualquer coisa!

As atitudes de Mônica vieram nitidas na mente dela e não saiu durante os dois dias seguintes, até ela se materializar na porta de sua casa com um sorriso gigante nos lábios, Laíssa olhou pela janela e não atendeu, fingiu não estar em casa.

E como imaginado, seu celular tocou mais tarde naquele dia. Ela pensou em não atender, mas ficou com medo de Mônica voltar a sua porta.

–Oi, Mônica. – ela disse ao atender.

Fui na sua casa hoje de manhã. Queria saber se estava melhor.

–Eu fiquei a manhã toda fora. – Laíssa mentiu sem dor no coração. – Estou bem melhor.

Naquele dia não consegui dizer o que eu gostaria de dizer.
– e sem dó e nem piedade ela foi soltando a bomba - Damon disse que viu Raquel e o que mais chamou a atenção foi a barriguinha saliente, sabe... uma barriguinha...

– Mônica o que esta tentando dizer?

Parece que Raquel esta grávida.

– Não! - ela sorriu achando aquilo engraçado - Tom nunca faria isso comigo!


Não? Você tem certeza?


– Sim, eu tenho! – Laíssa disse segura de si, desligando o telefone ouvindo a risada debochada de Mônica do outro lado da linha.


O celular voltou a tocar, ela deixou tocar, tocar e tocar.


Ele parou. Voltando a tocar logo em seguida. Conhecendo Mônica ela não desistiria.


– Mônica, já não deu o seu recado? – Laíssa gritou ao atender a ligação novamente. – O que você quer, me vez sangrar?

Nossa...acho que não liguei em boa hora.

Matt?

–Sim, essa Mônica deve ter lhe dado um recado muito ruim para ter te deixado dessa forma.

–Ruim? Muito longe disso!

Posso ajudar? Pelo menos cuidar de você, se chegar a sangrar?

–Não, obrigad... Esta em São Paulo? – Laíssa perguntou olhando para o relógio de parede.

Sim!

Pode me fazer um favor?

Todos que quiser.

–Esteja aqui em casa em um segundo, por favor!




E Laíssa finalizou a ligação, segura do seu próximo passo.

Postado por: Grasiele

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