Laíssa não disse nada, deixou ser colocada na cama e quando Tom se
aproximou para arrumar seu travesseiro em suas costas, ela tossiu, ele
se afastou e a olhou incrédulo.
–Que cheiro é esse? - ele
perguntou segurando suas bochechas com raiva, cheirando seu hálito. –
Laíssa, desde quando esta bebendo whisky?
–
Bebi por engano. – ela o olhou, vendo o seu olhar de acusação, voltou a
se defender - Devia acreditar em mim, estou dizendo a verdade.
– Por que acreditaria em você, quando nunca acreditou em mim. – ele jogou nela, seco e rancoroso.
– Por que eu sempre digo a verdade! - A frustração borbulhava dentro dela.
– Oh, sim! - ele bateu a mão na testa fingindo se lembrar de algo - Esqueci, sou eu sempre que minto para você, não é?
Inesperademente
ele se aproximou e sentou ao seu lado, colocou seu pé machucado em seu
colo, passando as pontas do dedos nele, murmurrou quase inaudivalmente.
–Eu nunca menti para você, Laíssa!
Ela
o olhou e puxou o pé de seu toque. Mas ele não deixou. As pontas dos
dedos massagearam o tornozelo dela. Aquela gentileza a deixava
desconcertada e ... excitada.
–Esta doendo? - ele perguntou preocupado. -Vou cuidar desse corte.
Tom a estava tratando como a uma criança, como sempre.
– Tom por Deus foi um corte pequeno, nem precisava tudo isso!
–
Não gosto de brigar com você. – sua voz era baixa e seus olhos estavam
fixos no corte em seu pé – Mas quando te vi com Mônica e aqueles dois
brutamontes e um deles com as mãos em sua cintura. – ele suspirou com
dificuldade - Sabe Laíssa eu já não tenho nenhuma razão para mimá-la
como fazia antes. – ele segurou seu tornozelo quando ela tentou puxar a
perna - Na verdade minha vontade é deita-la sobre meu colo, levantar sua
saia e lhe dar umas palmadas.
O centro de sua feminilidade
se contraiu, cada célula do corpo gritou de exaltação, aquilo seria
gostoso. Laíssa tentou afastar a imagem erótica e se arrumando na cama
disse:
– Você a mercê dos meus caprichos? Parece que tem
alguma coisa invertida nessa história. – ela tentou puxar o pé mais uma
vez, em vão, ele segurou mais forte seus dedos em volta do tornozelo da
esposa.
– Eu a tratava como uma deusa, sim. Fazia todas as suas
vontades. Deveria tê-la tratado na base de palmadas, assim talvez não
estivessemos agora como dois estranhos, tentando ignorar a presença um
do outro.
–E a culpa é de quem, meu querido? - sua voz era baixa, mas a troca de olhares eram fulminantes entre eles.
–Você
mudou! - a calma que ele tentava manter estava no seu limite - deixou
nossos filhos com a sua mãe, não avisou para ir beber uisque com uma
mulher de valores duvidosos e seus machos. – a voz de Tom subiu ficando
mais agressivo.
–Já disse que Mônica me deu sem querer a bebida.
–
Mônica, Mônica, Mônica. – ele repetiu o nome soltando o pé dela. -
sempre essa vagab... essa mulherzinha entre nós. - Tom levantou da cama
perdendo o controle. – Não percebe o inferno que ela transformou a nossa
vida? - ele começou a andar de um lado para o outro. - Ela sempre foi
uma mulher promiscua e esta te levando para o mesmo caminho, foi aquele
idiota amiguinho dela que te trouxe para casa naquele dia?
–
Foi. – Laíssa mentiu, jamais admitiria que foi outro homem. Se Tom
soubesse que Ian não era o primeiro a estar ao seu lado, com segundas
intenções, ele surtaria. - Foi apenas uma carona e um jantar, sem
maldade.
–Você foi negligente com os nossos
filhos, graças a essa mulher! – ele voltou os olhos para a esposa,
acusando mais uma vez a amiga.
–Não exagere, Tom!
– Eu não estou exagerando, apenas me preocupo se o futuro dos meus filhos esta em perigo.
– Eles também são meus filhos. E ninguém aqui está com o futuro ameaçado.
–Isso
quem deve decidir sou eu, por que ultimamente esta deixando muito a
desejar como mãe. - Tom olhou para Laíssa com um olhar desafiador.
–Como ousa...
–Como ousa o quê? - Tom segurou o braço de Laíssa a levantando com força da cama, fazendo a cambalear.
– Como ousa jogar na minha cara que não estou sendo uma boa mãe?
–E
esta? - Tom a trouxe para perto de seu corpo - Você ligou para sua mãe
para avisar que estava fazendo orgia na casa da sua grande amiga? Ligou
preocupada com os nossos filhos?
–Eu tenho muito juízo. Apenas esqueci dessa vez. – ela se defendeu.
– Por que estava bebendo uísque, grande juízo! – Tom disse cinico apertando os dedos na pele morena de Laíssa.
– Esta me machucando. - ela tentou se soltar.
–E vou te machucar muito mais se eu te pegar novamente com aquele imbecil.
– Meu comportamento sempre foi exemplar. O mesmo não posso dizer do seu!
– Não me venha com essa. Quantas vezes esqueci nossos filhos, Laíssa?
– Esta exagerando, se excedendo e me machucando! – ela gritou com os olhos marejados.
–Eu? Eu me excedendo? Essa
é muito boa. - Ele a soltou - Se tudo isso não tivesse acontecido sabe
lá onde você iria terminar essa sua bebedeira, fazendo troca de casais
na casa da santa da Mônica... Porra Laíssa, hoje a tarde fizemos amor e a
noite já estava nos braços de outro homem.
– Shhh... Fale
baixo! - Laíssa foi até a porta e a fechou - Chega, eu já disse que
tomei essa merda de uísque por engano, por que esta me julgando dessa
forma tão cruel? – ela disse, com a voz baixa para não chamar a atenção
dos filhos.
–Talvez para faze-la sentir da mesma forma que
eu me senti quando você me julgou! – Tom avançou e a prendeucontra a
parede, colando seu corpo no dela. – Julgou-me sem direito de defesa -
Laíssa levantou o queixo e viu a dor em seus olhos – Quero que sinta
como é ser crucificado quando se é inocente. – Ele desceu os olhos para a
boca da esposa quase a beijando. - E olha quem nos colocou nessa
situação, sua querida amiga Mônica.
Laíssa
se viu pressionada com tanta força contra o corpo sólido que sentiu
cada contorno, cada músculo,cada respiração de Tom. Ergueu o olhar para
encontrar o dele e prendeu a respiração conforme ele abaixou mais a
cabeça.
Ele a observou com os olhos fechados,
esperando o beijo. Tom a segurou firme pelos ombros e a jogou na cama
com brutalidade, caminhou em direção a porta do quarto, para ele a
conversa tinha acabado.
–Isso não vai mais acontecer.
Tom parou na porta, com a mão na maçaneta, ao ouvir a confissão da esposa.
–Nunca mais esquecerei nossos filhos. – ela disse mais uma vez.
–É bom mesmo, por que da próxima vez, eu levo os meninos para morar comigo.
–
Não pode estar falando sério?! - Laíssa mal podia respirar direito, seu
coração apertou. Todos os músculos dela paralisaram - Esta louco!
– Faça novamente isso! – ele se virou e disse, frio feito uma pedra de gelo.
– Só por cima do meu cadaver!
–Então, faça outra vez! – ele ordenou.
–Não pode me ameaçar, Tom!
–
Estou dizendo para você fazer isso novamente para ver o que vai
acontecer! — A voz e a postura do corpo de Tom eram ameaçadoras. Ele se
aproximou e ergueu o braço e passou a mão carinhosamente pelo rosto de
Laíssa - E isso... não é uma ameaça.
– Não me toque. - Ela o empurrou e se afastou. - Não vai conseguir tirar os meninos de mim.
–
Papai! – Diego abriu a porta do quarto, antes que Tom pudesse dizer
mais alguma coisa, o garotinho entrou correndo se jogando nos braços do
pai – Veja Mateus! – o pequeno gritou - Papai voltou de viagem e vai
dormir aqui em casa.
Mateus entrou no quarto gritando também:
– É o papai! - ele se jogou nos braços do pai também - É o papai quem está aqui!
–Agora ele vai poder contar estórias para nós a noite, não é mamãe?
A
cena encheou os olhos de Laíssa de lágrimas. Os filhos abraçados com
Tom. Os quatro olhinhos felizes olhando para ela, aguardando a resposta.
–Desçam
com a sua avô para tomar um copo com chocolate, antes de dormirem. –
Tom beijou, abraçou e ainda brincou um pouco com os filhos, depois
Laíssa ajudou os filhos a descerem a escada, quando retornou ao quarto,
ele estava sentado na cama com a cabeça baixa e as mãos cobrindo os
olhos.
Aquilo cortou seu coração. Como aquilo
havia chegado naquele ponto. Como sua vida tinha se tornado aquele
tsunami de sentimentos e brigas. Os filhos chorando de saudades do pai e
ela sozinha todas as noites perguntando-se onde ele estaria, se com
outra mulher.
“Mônica” - essa foi a única resposta em sua mente.
– Já jantou? - Laíssa perguntou mais calma ao marido - quer comer algo?
Tom levantou a cabeça descendo seus olhos para os seus seios e depois para o meio de suas pernas.
– Pare com isso. - ela o advetiu com a voz trêmula - estou dizendo comer “comida.”
Não
culpava aquele idiota por babar pela esposa, ela era linda e muito
deliciosa, quando o viu com as mãos na cintura delicada de Laíssa,
queria lhe quebrar todos os membros, se não fosse Bill segurá-lo tinha
voado nos pescoço dele e lhe jogado pra fora do restaurante.
–Não, eu consegui comer alguma coisa, antes do seu incidente, vou descer esperar os meninos tomarem o leite e vou embora.
–Quer dormir... na sala? – Laíssa perguntou. – Pelos meninos.
–Melhor não. – ele respondeu seco.
–Pode esperar eles dormirem pelo menos?
–Claro. – ele, por fim, sorriu e antes de se virar e sair do quarto, ele disse:
–
Você não pode continuar cega. Você precisa crescer e abrir esses olhos.
Precisa saber que existem pessoas que são capazes de fazer qualquer
coisa para atingirem seus objetivos... Qualquer coisa!
As
atitudes de Mônica vieram nitidas na mente dela e não saiu durante os
dois dias seguintes, até ela se materializar na porta de sua casa com um
sorriso gigante nos lábios, Laíssa olhou pela janela e não atendeu,
fingiu não estar em casa.
E como imaginado,
seu celular tocou mais tarde naquele dia. Ela pensou em não atender, mas
ficou com medo de Mônica voltar a sua porta.
–Oi, Mônica. – ela disse ao atender.
–Fui na sua casa hoje de manhã. Queria saber se estava melhor.
–Eu fiquei a manhã toda fora. – Laíssa mentiu sem dor no coração. – Estou bem melhor.
–Naquele dia não consegui dizer o que eu gostaria de dizer.
– e sem dó e nem piedade ela foi soltando a bomba - Damon disse que viu Raquel e o que mais chamou a atenção foi a barriguinha saliente, sabe... uma barriguinha...
– Mônica o que esta tentando dizer?
–Parece que Raquel esta grávida.
– Não! - ela sorriu achando aquilo engraçado - Tom nunca faria isso comigo!
– Não? Você tem certeza?
– Sim, eu tenho! – Laíssa disse segura de si, desligando o telefone ouvindo a risada debochada de Mônica do outro lado da linha.
O celular voltou a tocar, ela deixou tocar, tocar e tocar.
Ele parou. Voltando a tocar logo em seguida. Conhecendo Mônica ela não desistiria.
– Mônica, já não deu o seu recado? – Laíssa gritou ao atender a ligação novamente. – O que você quer, me vez sangrar?
–Nossa...acho que não liguei em boa hora.
–Matt?
–Sim, essa Mônica deve ter lhe dado um recado muito ruim para ter te deixado dessa forma.
–Ruim? Muito longe disso!
–Posso ajudar? Pelo menos cuidar de você, se chegar a sangrar?
–Não, obrigad... Esta em São Paulo? – Laíssa perguntou olhando para o relógio de parede.
–Sim!
–Pode me fazer um favor?
–Todos que quiser.
–Esteja aqui em casa em um segundo, por favor!
E Laíssa finalizou a ligação, segura do seu próximo passo.
Postado por: Grasiele
terça-feira, 27 de novembro de 2012
Reparação - Capítulo 16
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