segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Love And Hate - Capítulo 10 - Saindo com o Tom

(Contado pela 3º pessoa)

      A segunda-feira chegou. Duda acabara de se arrumar, e foi até a cozinha para tomar seu café da manhã. Carol estava sentada na mesa, enquanto seu pai preparava tudo.

           - Cadê a Anna? – pergunta Duda.
           - Está de folga. – responde John.
           - E porque não coloca essa mulher pra preparar o café? Pelo menos ela serviria pra alguma coisa. – coloca sua mochila na cadeira e fica em pé.
           - Já vai começar? – diz John.
           - Não tem problema, meu amor. – diz Carol a John. – Já me acostumei com as ofensas dela.
           - Bom, essa manhã comeremos torradas com pasta de amendoim. – disse John.
           - Acho que vou comer no caminho pro colégio. – disse Duda.
           - Por quê? – pergunta Carol.
           - Odeio torradas com pasta de amendoim. – responde.
           - Desde quando? – pergunta John.
           - Desde que nasci. – responde. – Mas é claro que você não sabe disso, não é?

      Duda pegou sua mochila, e saiu pro colégio. Chegou minutos depois. Ela entrou ouvindo música. Foi até seu armário, o abriu e pegou o livro de ciências. Ao fechar o mesmo, se deparou com o Tom.

           - Nossa, me assustou. – disse ela.
           - Sou tão feio assim? – perguntou ele.
           - Muito pelo contrário. – começaram a caminhar.
           - Vai fazer alguma coisa essa noite?
           - Por quê? Tá querendo sair comigo?
           - Talvez.
           - Sei.
           - Então, estará livre?
           - Não sei. Mas acho que pra você, eu abrirei uma exceção.
           - Ok.
           - Passa lá em casa?
           - Claro. Que horas?
           - Pode ser as sete?
           - Um-hum. – ele olha as horas no celular. – Agora vou indo. Não vou assistir a essa aula.

–--
(Contado pela Duda)

      As horas iam passando, e quando me dei conta, já era 17h45. Fui correndo pro banheiro pra tomar meu banho. Sai quinze minutos depois. Pus um roupão, e sequei meus cabelos numa toalha branca. Abri o guarda-roupa pra escolher algo.

           - O que devo vestir pra sair com o Tom? – me perguntei.

      Experimentei algumas coisas. Mas nada parecia cair bem. Por fim, acabei optando por uma saia jeans, e uma blusa fininha e de tecido leve e com decote fechado na frente. O destaque da peça estava nas costas, com detalhes em “pérolas” prateadas. Nos pés, coloquei uma ankle boot. Fiz uma maquiagem mais caprichada do que de costume. Mas nada que ficasse pesado. Meu cabelo ficou solto, como sempre.

      Olhei novamente no relógio, e vi que já era 18h57. Passei meu perfume favorito em pontos estratégicos, e desci até a sala. Apenas meu pai estava presente. Ele lia um livro, e na mesinha próxima ao sofá, tinha uma xícara de café.

           - Vai sair? – pergunta ele.

      Não. Me arrumei toda pra ficar dentro de casa, fingindo ser uma cantora famosa e dando a louca no quarto.

           - Sim. – respondi.
           - Não volte muito tarde.
           - Estarei em boas mãos. – disse. – E que mãos. – sussurrei.

      A campainha tocou. Me levantei do sofá, e dei um beijo no rosto do meu pai.

           - Vê se não toma muito café. – disse.

      Sempre que ele exagera na cafeína, começa a rir feito louco. É estranho, eu sei. Abri a porta, e o Tom estava simplesmente... inacreditável, indescritível. Ele me deu um beijo no rosto, e fomos até seu carro. Foi cavalheiro e abriu a porta pra eu poder entrar.

      Eu não fazia idéia de onde estávamos indo. Mas eu nem me importava com isso. Conversávamos normalmente, até minha curiosidade bater.

           - Onde estamos indo? – perguntei.
           - Ainda estou pensando num lugar legal. Mas primeiro preciso passar na casa de um amigo e pegar uns DVDs que ele pegou emprestado e não devolveu. Se importa?
           - Não.

      A casa do tal colega parecia não querer chegar, e comecei a pensar que ele não sabia onde era.

           - Você sabe o endereço do seu amigo, não é?
           - Sei sim. Relaxa, eu não tô te seqüestrando não.
           - Não seria uma má idéia ser seqüestrada por você. – ele olhou pra mim e deu um sorrisinho malicioso.
           - Não dá idéia, se não farei mesmo.
           - Só não peça resgate.

      Mais alguns minutos, e finalmente chegamos. Ele saiu do carro, e perguntou se eu não queria acompanhá-lo. Pensei um pouco, e fui. Afinal, ficar esperando não é muito a minha praia. Ele tirou do bolso uma chave, e abriu a porta da casa.

           - Tem a chave da casa do seu amigo?
           - É que ele está viajando, e disse pra eu vir pegar. – respondeu.

      Não sei por que, mas acho que ai tem coisa. Entramos, e ele disse pra eu ficar a vontade. Me sentei no sofá branco que estava na sala, e fiquei esperando. Tom começou a procurar os DVDs pelas prateleiras da enorme estante que estava ali no local. Abaixou-se para procurar na parte de baixo. Eu já não estava mais agüentando ficar ali parada. Me levantei e me aproximei dele para oferecer ajuda.

           - Precisa de uma ajudinha ai?

      Ele estava abaixado, e da mesma forma se virou. Ao invés dos seus olhos fitarem os meus, eles foram diretamente direcionados as minhas pernas.

           - Gostou foi? – perguntei, e rir.
           - E muito. – ele se levantou. – Também gostei do seu perfume. Posso senti-lo mais de perto?
           - Aposto que fala isso para todas.
           - Só pra especiais, como você. Mas ainda não me respondeu. Posso ou não?
           - Um-hum.

      Tom passou uma de suas mãos pela minha cintura, e me puxou para perto dele. Afastou meu cabelo, e o escutei aspirar profundamente. Em seguida, seus lábios gelados tocaram meu pescoço, me fazendo arrepiar. Ele olhou pra mim, e notei sua malicia.

–--
(Contado pela 3º pessoa)

      Duda deu um meio sorriso, o que foi bastante para Tom. Ele se inclinou sobre ela. Sentiu-lhe o hálito doce quando prendeu os lábios dela entre os seus. Depois deslizou sua língua pelo pescoço dela. Ele se afastou um pouco e apagou as luzes do aposento. Voltou, e lhe beijou mais uma vez. Foi direcionando-a para o sofá. Quando ela estufou os seios em sua direção, ele deslizou a mão sob a fina camiseta e acariciou aquela pele macia e quente. Ansioso por conhecer o que faltava, tirou-lhe a camiseta e a jogou para o lado. Seu sutiã era clarinho, e ele percorreu as bordas da peça com a ponta dos dedos antes de encher as mãos com o volume, sentindo a rija ponta dos mamilos.

      Tom se descontrolou. Ele abriu o fecho frontal do sutiã. Seus lábios foram em cheio para os mamilos, que logo envolveu com a boca. Enquanto sugava, deslocou o corpo e o estendeu sobre ela, caindo entre suas pernas. Duda acolheu o peso dele com um suspiro gutural. Ergueu-se e arrancou a roupa, em seguida tirou a saia dela. Quando se inclinou, os seios dela se encontraram a parede pétrea de seu peito.

      Queria beijá-la outra vez, mas estava excitado demais para conseguir ser delicado e suave; assim sendo, continuou descendo. Quando chegou à tira elástica da calcinha dela, deslizou-a pelas pernas. Colocou a mão entre as coxas dela: estava tão úmida e quente que ele rugiu. Por mais alucinado que estivesse, entretanto, precisava prová-la antes de penetrá-la. As mãos de Duda o agarravam pelo cabelo enquanto direcionava para o local exato ao qual ele já estava indo. Tom beijou sua pele mais terna, atraindo-a para sua boca, e ela atingiu o clímax repetidas vezes até que ele não pôde mais se conter: recuou, livrou-se das calças e a cobriu com seu corpo. Ela envolveu os quadris dele com as pernas, e ele chiou ao sentir o calor na extremidade do membro. Usou o que lhe restava de forças para erguer a cabeça e olhá-la.

           - Não pare. – sussurrou ela. – Quero sentir você dentro de mim.

      Tom deixou a cabeça cair no perfumado ninho de seu pescoço. Devagar, recuou o quadril. A ponta de seu pênis deslizou com perfeição, e ele mergulhou no corpo dela com uma poderosa arremetida. Deixou escapar um suspiro. Eles chegaram ao ápice no mesmo instante.

xxx

      Mais tarde, Duda é levada para casa, e eles se despedem com um beijo. Tom chega em casa, e vai direto pra cozinha.

           - Acordado há essa hora? – pergunta a Bill.
           - Perdi o sono, e vim beber um pouco de água. – responde. – E você, onde estava?
           - Dando uma volta com a Duda.
           - Sério? E resistiu a ficar perto dela?
           - Infelizmente não.
           - Eu avisei! Disse que ela era irritante. – ele bebeu um pouco da água.
           - A gente transou.

      Bill se engasgou.

           - Vocês fizeram o quê? – perguntou ele, incrédulo.

Postado por: Grasiele

Love And Hate - Capítulo 9 - Manhã seguinte

(Contado pelo Bill)

           - Eu vou... te levar pra casa. – disse.
           - Não quero voltar pra lá! Eu quero...
           - Se acha que irei te deixar beber, está muito...
           - Me beija?
           - O quê? – perguntei incrédulo.
           - Você é surdo ou o quê? – ela me deu um leve empurrão, se afastando um pouco.

      Ta legal, ela está bêbada e não faz idéia do que está falando.

           - Vai ficar ai parado ou vai me beijar?
           - Não está falando sério, não é?
           - Por acaso estou com cara de quem está brincando? Ô Bia, me beija logo!
           - É Bill!

      Sinceramente ela não parecia estar brincando. Mas ela estava bêbada! E eu não sou maluco de beijá-la. A Duda se aproximou.

           - Eu sei que você quer. Não adianta mentir.

      Fiquei sem reação.

           - Tá legal. – ela bateu palma. – Feche os olhos. – colocou sua mão sobre meus olhos. – Eu vou te beijar, e você vai gamar. Eita, isso rimou. – começou a rir.

      Eu estava com medo. Sim, muito medo. O que essa maluca pensa que está fazendo? Fiquei ali parado, mas deveria ter afastado-a de mim antes que pudesse fazer qualquer coisa. Senti que ela tirou sua mão dos meus olhos, e abri os mesmos. Cadê a Duda de novo? Olhei pro chão, e ela estava caída.

           - Duda, você está bem? – perguntei.

      Não sei se ela estava dormindo ou se havia desmaiado. Só sei que a peguei no colo, e a levei até o carro. A coloquei sentada no banco do passageiro, e pus o cinto de segurança. Fechei a porta, e dei a volta. Entrei no carro, e dirigi até minha casa.

      Uns cinco minutos depois, estacionei na garagem. A peguei novamente, e fui levando-a até a entrada da casa. Com muito trabalho consegui abrir a porta, e depois fechá-la. Subi as escadas com medo de que pudesse cair com ela. O quarto do Tom estava trancado, então o jeito seria colocá-la no meu. A deitei na cama, e a cobri com o lençol.

      Já estava saindo, quando me virei para olhá-la. Uma mecha de seu cabelo cobria seu rosto. Voltei até lá, e coloquei a mesma atrás de sua orelha. Ela tinha um leve sorriso nos lábios. Apaguei a luz, e sai do quarto, fechando a porta.

–--
(Contado pela Duda)

      Acordei com o meu celular tocando, e o Sol batendo em meu rosto. Abri os olhos devagar, e notei que estava num lugar desconhecido. Me sentei na cama, e minha cabeça parecia querer explodir de tanta dor. O celular continuava tocando. E o atendi.

           - Alô, minha vida é sem graça. – disse.
           - Gostaria de falar com Aline.
           - Quem é essa?
           - De quem é este número?
           - É meu.
           - E quem é você?
           - Com certeza não sou a Aline.
           - Desculpa.

      Meu dia não poderia começar melhor. Me levantei, e vi que no local havia duas portas. Caminhei até uma delas, e era um banheiro. Lavei meu rosto, minha boca, e fiz um coque no cabelo.

      Sai do quarto, e me deparei com um corredor não muito grande. Eu não sabia pra onde seguir. Resolvi ir pro lado esquerdo. Desci as escadas, e cheguei à sala. A casa estava silenciosa, quando ouvi um ruído vindo de outro cômodo. Fui até lá, e era a cozinha. Tom estava sentado na mesa, tomando café da manhã. Bill estava de costas, e parecia estar preparando alguma coisa.

           - Bela casa. – disse. Tom quase se engasgou, e o Bill se assustou e se virou rapidamente.
           - Pensei que fosse dormir até mais tarde. – disse Bill.
           - O quê que eu tô fazendo aqui? – perguntei.
           - Bom dia gatinha. – disse Tom. – Olha pessoal, eu vou terminar meu café lá no quarto. – disse pegando algumas coisas e se retirando.
           - Não se lembra de nada?
           - Nadinha. – respondi. – Não vai dizer que você e eu...
           - Claro que não!
           - Ainda bem.
           - Você bebeu demais ontem, e acabou desmaiando. Não sabia se era uma boa idéia te levar pra sua casa, então a trouxe pra cá.
           - Isso significa que ficarei te devendo um favor.
           - Não está me devendo nada.
           - Deveria ter me deixado lá. Outra pessoa poderia ter me ajudado.
           - E você acha que eu sou tão mau assim?
           - Acho. – ia me retirar. – Ah, e da próxima vez, não me ajude! Não quero que tenha trabalho comigo.

–--
(Contado pela 3º pessoa)

      Bill bem que tentou fazê-la comer algo antes de ir embora, mas a Duda não quis. Ela preferiu ir pra casa. Assim que ouviu a porta bater, Tom desceu até a cozinha novamente.

           - Ela já foi embora? – pergunta Tom.
           - Já.
           - E como foi a noite?
           - Acho que a pior de todas.
           - O que aconteceu?
           - Como você viu, ela estava completamente bêbada. Acredita que até um beijo ela me pediu?
           - Então vocês...
           - Não. Ela desmaiou antes que pudesse acontecer algo. Fiquei preocupado e achei melhor trazê-la pra cá. Ela dormiu no meu quarto.
           - E ela... não disse nada que fosse comprometedor?
           - A única coisa que me deixou “intrigado” foi quando ela disse que havia prometido a si mesma que não iria mais chorar por mim.
           - Como assim?
           - Não faço idéia.
           - Bom, eu vou ver um pouco de TV, vem comigo?
           - Vou arrumar algumas coisas no quarto.

      Bill foi pro quarto, e trancou a porta. Notou que a cama estava desarrumada, e se aproximou para deixar tudo no lugar. Ajeitou o lençol, e quando pegou o travesseiro, pôde sentir o perfume que ficara nele. Seu travesseiro agora estava com o cheiro da Duda. Um perfume agradável, e bom de sentir.

(Flashback)

           - Se acha que irei te deixar beber, está muito...
           - Me beija?

(/Flashback)

      Um leve sorriso estava formado no rosto do Bill. Ele colocou o travesseiro no lugar, e foi pro banheiro. Tomou seu banho, se arrumou, e se juntou ao Tom.

      Enquanto isso, a Duda chegava a casa.

           - Dormiu na casa de sua amiga? – pergunta Carol.
           - Não te interessa! – responde ela.
           - Como você é mal educada, garota!
           - Querida, me deixe em paz!

      Duda subiu pro quarto, fechou a porta. Começou a tirar sua roupa, ficando apenas de soutien e calcinha. Foi pro banheiro e tomou um banho quente, lavando o cabelo. Saiu de lá, minutos depois. Abriu seu guarda-roupa e escolheu um vestido bem confortável. Se deitou na cama, e abraçou seu travesseiro.

(Flashback)

           - O quê?
           - Você é surdo ou o quê? Vai ficar ai parado ou vai me beijar?
           - Não está falando sério, não é?
           - Por acaso estou com cara de quem está brincando? Ô Bia, me beija logo!


(/Flashback)

      Ela riu. Minutos depois, estava dormindo.

Postado por: Grasiele

Love And Hate - Capítulo 8 - Babá

(Contado pela 3º pessoa)

      O relógio marcava 20h00, e a festa estava marcada para começar às 21h15. Duda tomou seu banho, passou desodorante, e fez uma maquiagem não muito pesada. Abriu seu guarda-roupa para escolher algo que lhe deixasse confortável. Acabou escolhendo um short jeans, não muito curto, uma t-shirt branca com a frase “Your Love Is A Lie”, e nos pés colocou um all star roxo. Secou os cabelos, e os deixou soltos.

      Assim que terminou de se arrumar, pegou as chaves de casa e as colocou no bolso de trás do short. Desceu as escadas, e viu que seu pai estava ali na sala com a Carol, então avisou que já estava de saída.

           - E que horas voltará? – pergunta John.
           - Talvez eu durma na casa de alguma amiga. – respondeu.

      Que amiga? Não foi o próprio Kaulitz que disse que eu não tenho nenhum amigo? Pensou ela.

           - Tenha cuidado. – recomenda John.
           - Ok.

      Duda havia chamado um táxi, e em poucos minutos chegou a festa. A rua estava tomada por carros. Ela entrou na casa, e foi até o barzinho. Pegou um coquetel de frutas, e caminhou até a área da piscina, onde o DJ estava. Ficou sentada numa cadeira só observando o pessoal dançar, e outros chegarem. Pôde ver de longe, os irmãos Kaulitz chegar. Por onde passavam, iam cumprimentando os amigos.

      Ela entregou o copo ao primeiro que passava por ali, e foi dançar. Tom a viu, e foi falar com ela.

           - Está sozinha? – pergunta ele.
           - Estava, até você chegar. – respondeu ela, com um sorriso.
           - Fico feliz em saber que recebeu o convite e veio.
           - Então foi você?
           - Sim. Sabia que precisava se divertir um pouco.
           - Obrigada.

      Os dois ficaram conversando e dançando juntos por um longo tempo. Ao contrário do Bill, que só ficou num cantinho conversando com alguns dos amigos.

–--
(Contado pelo Bill)

      Acho que eu não deveria ter vindo nessa festa. Queria ir pra casa, mas o Tom ficaria sozinho, e ele sempre bebe. Ou seja, não seria uma boa idéia deixar ele com a chave do carro. Tive que ficar ali por várias horas.

           - Você viu o Tom por ai? – perguntei a uma das meninas.
           - Ele estava aqui agorinha. – disse ela. – Mas acho que a Débora deve saber.
           - Valeu.

      Pra começo de conversa, quem é essa Débora? Sei que ela é a dona da casa, mas nunca a vi. E se isso já aconteceu, não me lembro. Sai perguntando a todo mundo onde estava a Débora. Assim que a encontrei, perguntei pelo Tom.

           - Você é a Débora? – perguntei.
           - Sim. E você é o Bill Kaulitz, certo?
           - Um-hum. Viu o Tom por ai?
           - Ele acabou de ir lá pra área da piscina, acompanhado por uma garota.

      Minha curiosidade falou mais alto, e me aproximei da enorme porta de vidro que dava acesso à piscina. Vi o Tom conversando com a Duda. Não ousei me aproximar, e talvez essa não fosse mesmo uma boa idéia. Quer que eu confesse algo? Sim, estou me sentindo mau por ter falado todas aquelas coisas a ela. Sei que peguei pesado. Mas quem nunca extrapolou quando estava com raiva? Quem nunca disse coisas de que se arrependeu depois? Irei pedir desculpas a ela. Só esperarei o momento certo pra isso.

–--
(Contado pela 3º pessoa)

      Horas mais tarde...

      Bill estava sentado no barzinho tomando um coquetel, quando Tom apareceu.

           - Bill, você precisa ver algo! – disse ele.
           - Ver o quê?
           - A Duda está em cima de uma mesa lá no jardim.
           - E daí?
           - Ela está fazendo Streep tease!
           - Fala sério?
           - Ela ainda não tirou nenhuma peça de roupa. Mas daqui a pouco vai começar a fazer isso! É melhor você impedi-la!
           - Não posso fazer nada!
           - Vai deixar aqueles idiotas babarem nela?
           - E porque você não faz isso?
           - Já tentei. Mas não deu muito certo.

      A insistência foi tanta, que Bill acabou concordando com o irmão, e foi até lá pra ver a cena. Duda dançava sensualmente em cima de uma mesa. Ela estava completamente bêbada.

           - Tá legal pessoal, o show acabou! É melhor voltarem a dançar. – disse Bill. – Vem Duda, desce daí! – ele a colocou em seu ombro, de forma que ela ficasse “dobrada” ao meio. – O show acabou! – ele concluiu, e se retirou com a garota.
           - Me solta. – dizia ela, bêbada.

–--
(Contado pelo Bill)

      A Duda não é tão pesada. Mas como estava beba, me deu um pouco de trabalho. Saímos da casa da Débora, e a levei até o outro lado da rua. Tinha alguns balanços, e a coloquei sentada num deles. Foi em vão. Logo ela se levanta, e para não correr o risco de deixá-la cair, também me levantei.

           - Eu já disse que você está sexy com essa roupa, Bia? – pergunta ela.
           - É Bill. – tentei corrigi-la, mas essa foi outra tentativa em vão.

      Logo ela começou a cantar. Se pelo menos fosse uma música legal. Porque todo bêbado é chato?

           - Foi bom te encontrar. Vamos tomar um bom porre pra comemorar. – ela cantava, soluçava, e dançava trocando as pernas. 

      Como ela canta mal, pelo menos quando está bêbada.

           - É melhor eu te levar pra casa. – disse, me aproximando.
           - Não! – disse ela. – É melhor a gente voltar pra festa e beber mais um pouquinho.
           - Você mal se agüenta em pé!
           - Então vamos dançar aqui mesmo! – ela soluçou.

      Duda se aproximou de mim, e passou seus braços em volta do meu pescoço. De longe dava pra sentir o cheiro de bebida que vinha dela, de perto então...

           - Você dança muito mal. – disse ela. – Eu sei dançar?!
           - Sabe, você sabe sim. – disse, virando meu rosto para não receber seu bafo de bebida.
           - Não vira o rosto! – ela segurou em meu rosto, e me fez encará-la. – Olha nos meus olhos e diga que eu sei dançar!

      Alguém pode me dar uma ajudinha? Eu estava começando a ficar embriagado só por estar perto dela. Dançamos um pouco, até ela se cansar. Duda estava um pouco tonta, e a coloquei sentada num dos balanços, novamente. Der repente começou a chorar.

           - O que foi? – perguntei.
           - Eu sabia que essa não era uma boa idéia. – disse ela, chorando e soluçando. – Prometi a mim mesma que não iria mais chorar por você! E agora tô sozinha nesse mundão. As pessoas são más!

      Fiquei confuso, e me senti culpado ao ouvi-la dizer aquilo. Achei que aquela poderia ser uma “boa” hora pra tentar pedir-lhe desculpas mais uma vez.

           - Duda, me desculpa. Eu não deveria ter dito todas aquelas coisas. Mesmo que eu estava com raiva, não poderia ter te magoado daquela forma...

      Olhei pro lado, e cadê a Duda? Ela havia caído do balanço. Me levantei rapidamente, e fui ajudá-la a se levantar. Ficamos de pé, um de frente pro outro.

           - Você é o Chuck? – perguntou ela.
           - Não, eu não sou o Chuck. – respondi.
           - E porque tem duas cabeças?
           - Ãhn?

      Ela começou a rir descontroladamente. Senti medo. Eu estava perto de uma psicopata e não sabia.

           - Você é tão sexy, Bia. – disse ela. – Eu te pegaria se não fosse tão idiota!
           - O quê que eu fiz pra merecer isso? – perguntei, olhando pro céu.
           - Você me odeia, não é?
           - N-Não...
           - Odeia sim! Eu sei disso.

      Duda quase caia novamente, e a segurei. Estávamos praticamente abraçados.

           - Bia...
           - É Bill. – disse.
           - Bia, cale a boca!
           - Eu vou... te levar pra casa.
           - Não quero voltar pra lá! Eu quero...
           - Se acha que irei te deixar beber, está muito...
           - Me beija?

Postado por: Grasiele

Love And Hate - Capítulo 7 - Convite

(Contado pela Duda)

           - Tenho certeza que é por isso que ela não tem amigos! Ninguém quer ter alguém como ela por perto! Aposto que nem os pais dela devem agüentar.

      O sangue me subiu pra cabeça, meu mundo desabou, e fiquei morrendo de raiva. Me aproximei rapidamente, segurei no ombro do Bill, o fazendo se virar para mim. E assim que ele ficou de frente, lhe dei um soco.

      Tá legal, isso não aconteceu. Bem que eu queria que tivesse acontecido. Eu teria descarregado toda minha raiva! O Tom ficou completamente mudo.

           - O que foi? – pergunta Bill.

      Me arrependo de não ter dado um soco nele. Mas não consegui. Minha voz naquele momento parecia ter desaparecido. Senti meus olhos começarem a se encher de lágrimas, e tirei forças de não sei aonde para dizer:

           - Muito obrigada, Bill.

      Ele se virou rapidamente, e pensa numa pessoa que mudou de cor? O Bill já é branco, e quase ficou transparente! Me retirei ali da sala, e fiquei vagando sem rumo pelo colégio. Acabei encontrando um corredor vazio, onde me sentei, e desabei a chorar.

–--
(Contado pela 3º pessoa)

      Os irmãos continuaram na sala...

           - Porque não me avisou que ela estava atrás de mim? – pergunta Bill.
           - Eu tentei. Mas você é meio lesado e não percebeu os sinais. – responde ele. - Deveria ir atrás dela.
           - Acha mesmo?
           - Um-hum.
           - Ah, ela não deve ter ficado tão abalada assim.
           - Você quem sabe.

      Tom pegou sua mochila e saiu. Alguns minutos pensando ali na sala, e Bill pegou suas coisas e foi pra casa. Tom resolveu ficar, pra poder sair com alguns de seus colegas. Duda, que estava no chão do corredor, abriu sua mochila, pegou seu celular e começou a discar os números. Como ainda chorava, preferiu colocar no viva-voz.

           - Alô?
           - Mãe, por favor, vem me buscar.
           - Duda? Filha, você está chorando?
           - Eu não agüento mais ficar aqui! Esse lugar é horrível!

      Tom passava pelo local, que estava silencioso, e acabou parando para ouvir a conversa.

           - O papai continua casado com aquela mulher, e ele nem se importa mais comigo! Pra completar, reencontrei o Kaulitz! Não tenho nenhum amigo, e todos devem me odiar! Por favor, mãe me tira daqui! Eu quero ir pra casa.
           - Primeiro, fique calma. Olha querida, eu não posso te buscar agora.
           - Não me deixe aqui! Isso é tortura!
           - Ainda hoje irei conversar com meu advogado, e verei o que posso fazer.
           - Só não demore muito.
           - Prometo que tentarei marcar uma audiência com o juiz o quanto antes, ok?
           - Um-hum.
           - Querida, agora eu preciso desligar. Mais tarde te ligarei.
           - Ok.
           - Promete que ficará bem?
           - Vou tentar.
           - Eu te amo muito, filha.
           - Também te amo.

      Duda secou suas lágrimas, guardou o celular, e se levantou. Tom saiu dali antes que ela pudesse vê-lo. Ele desistiu de sair com os amigos, e foi direto pra casa.

           - Bill, você tem que pedir desculpas a Duda. – disse Tom.
           - Por quê?
           - Ouvi uma conversa dela com a mãe, e ela chorava muito. É sério, aquilo que você falou, a machucou demais.
           - Eu não vou pedir desculpas! Ela que não deveria estar lá escutando nossa conversa!
           - Deixa de ser cabeça dura! A garota estava suplicando pra mãe vir buscá-la.
           - Perfeito! Assim ela vai embora e me deixa em paz!

      Na manhã seguinte, Bill ficou parado em frente à entrada do colégio, esperando pela Duda. Ele havia pensando durante a noite, e decidiu pedir desculpas. Assim que a viu descer do carro, caminhou até ela.

           - A gente pode conversa? – pergunta ele.

      Ela nem se deu o trabalho de parar para ouvi-lo. Seguiu seu caminho. Bill viu que aquilo seria mais difícil do que pensara, e foi atrás dela. Teve que correr um pouco para alcançá-la.

           - Duda! – gritou Bill. – Duda, espera!

      Quando a alcançou, segurou em seu braço para fazê-la parar.

           - O que quer? – pergunta ela, se desvencilhando. – Dizer novamente que sou a garota mais irritante? Jogar na minha cara que não tenho amigos, e que nem os meus pais me agüentam? Obrigada, mas não estou nem um pouco a fim de ouvir isso de novo!
           - Não! Me desculpa. Eu... eu não deveria ter dito aquilo.
           - É um pouco tarde pra isso, não acha?
           - Foi por impulso! Eu estava com raiva!
           - Não precisa perder seu tempo me pedindo desculpas. Sei que não está sendo sincero.

      Ela lhe deu as costas e continuou andando. Sem sucesso, Bill vai pro refeitório, e se senta na mesma mesa em que Tom se encontrava.

           - E ai, falou com ela?
           - Tentei. Mas não deu muito certo.
           - E vai desistir?
           - O que mais posso fazer? Agora é que ela me odeia mesmo!
           - A Débora vai dar uma festa, e ela quer que estejamos presentes. Ela me entregou esse convite aqui. – ele mostra o convite. – Você vai?
           - Não tenho nada melhor pra fazer. Quando será?
           - Hoje é sexta-feira, então será hoje.
           - Ok. Eu vou pra sala, que a aula já vai começar. Você não vem?
           - É aula de matemática, não é?
           - Um-hum.
           - Odeio matemática. Prefiro ficar aqui.

      Durante a aula... A professora estava dando um assunto novo, mas Bill não conseguia se concentrar. Na verdade, ele não estava nem prestando atenção.

(Flashback)

           - O que quer? Dizer novamente que sou a garota mais irritante? Jogar na minha cara que não tenho amigo, e que nem os meus pais me agüentam? Obrigada, mas não estou nem um pouco a fim de ouvir isso de novo!

           - Não precisa perder seu tempo me pedindo desculpas.

(/Flashback)

           - Bill. – chamava a professora.
           - Desculpa. – disse ele.
           - Está tudo bem?

      Ele olha pra Duda, que desvia o olhar.

           - Sim. – responde.
           - Então preste atenção.

      Mais tarde, quando o sinal toca, Duda vai pra casa. Ela chega calada, e quando já estava subindo as escadas, seu pai a chama.

           - Que carinha é essa? – pergunta John.
           - A única que tenho. – responde.
           - Andou chorando? – pergunta Carol, se aproximando dali.
           - Isso não é da sua conta! – responde ela.
           - Não vão começar a brigar agora, não é? – diz John.
           - Ô pai, eu não to com cabeça pra ficar aqui ouvindo os seus discursos, e muito menos a voz dessa daí. Então, vou pro meu quarto.
           - Chegou isso daqui pra você. – ele mostrou um envelope rosa.
           - O que é isso? – pergunta ela.
           - Descobrirá quando abrir. – responde Carol.
           - Isso é algum tipo de brincadeira? Porque se for...
           - Estava no correio. – diz John.

      Duda pega o pequeno envelope, e o abre.

           - O que tem ai? – pergunta John.
           - É um convite pra uma festa. – responde.
           - Que tipo de festa?
           - Não sei. Mas descobrirei quando chegar lá. – ela guarda o convite na mochila. – Vou pro quarto.

      Subiu as escadas, entrou no quarto e trancou a porta. Jogou a mochila no chão, e caminhou em direção a sua estante onde estava o som. O ligou, e estava passando a música “I’m With You – Avril Lavigne”. Se aproximou da cama, se sentou e ficou olhando pro carpete roxo. Se deitou, desta vez fitou o teto. Dos seus olhos começaram a escorrer algumas lágrimas, que ela enxugava, mas que insistiam em escorrer pelo rosto.

      Se levantou dali, abriu sua mochila e pegou seu caderno de desenho, e o estojo. Foi até a escrivaninha, e começou a desenhar. As lágrimas ainda caiam.


(Flashback)

          - Não tem como agüentá-la.

(/Flashback)


      Duda enxugou as lágrimas que molharam o caderno, e com a cabeça um pouco baixa, disse:

           - Eu te odeio Kaulitz.

Postado por: Grasiele

Love And Hate - Capítulo 6 - Lugar certo, hora errada

(Contado pela 3º pessoa)

      Mais um ensaio foi marcado, e desta vez quem chegou atrasado foi o Bill. Ele teve alguns imprevistos e acabou chegando cinco minutos mais tarde.

           - Chegou atrasado. – disse Duda.
           - Desculpa. Tive um imprevisto. – responde.
           - Ok. Vamos começar logo.
           - Paramos em que parte mesmo?
           - Acho que foi na...
           - Cena do beijo. – ele completa.

      Os dois ficam em silêncio.

           - Nem pensar que irei te beijar! – disse Duda.
           - E quem disse que eu seria capaz de fazer isso? Nem que eu tivesse maluco!
           - Tá doidinho querendo, que eu sei.
           - Podemos começar a ensaiar ou não?

      Algumas horas ensaiando, e finalmente terminaram. Os dois pareciam cansados, e ansiosos, pois a apresentação seria na manhã seguinte. E por mais incrível que pareça – e realmente é -, Bill e Duda não discutiram num só momento durante aquele ensaio.

      No dia seguinte, os alunos do colégio começaram a se dirigir ao auditório onde tudo aconteceria. No camarim, os preparativos, os alunos nervosos, outros nem tanto. Bill repassava o texto para não correr o risco de esquecer algo, enquanto a Duda se empanturrava de comida.

           - Poderia estar repassando o texto. – diz Bill.
           - Pra quê? Já decorei tudo! – responde ela.
           - Meninos, meninos, se preparem! As apresentações começarão em cinco minutos. E a primeira será... – o rapaz olha num papel. – Sonho de uma noite de verão.

      As apresentações estavam sendo bem aplaudidas pelos alunos que assistiam, e isso fazia com que o nervosismo nos bastidores só aumentasse. Ninguém queria correr o risco de errar, falar besteira, ou até fazer outras coisas que não é necessário comentar.

           - Muito bem. – o rapaz retornou. – A última apresentação será... – olha no papel. – Romeu e Julieta.

      Os dois se aprontaram próximos a entrada do palco, e antes que pudesse colocar o pé no mesmo...

           - Boa sorte. – disse Duda.
           - O que disse? – pergunta Bill, incrédulo.
           - Lhe desejei boa sorte.
           - Pra você também.

      Eles entraram e logo começaram... No decorrer da peça...

    ROMEU — (a Julieta) – Se minha mão profana o relicário em remissão aceito a penitência: meu lábio, peregrino solitário, demonstrará, com sobra, reverência.      JULIETA — Ofendeis vossa mão, bom peregrino, que se mostrou devota e reverente. Nas mãos dos santos pega o paladino. Esse é o beijo mais santo e conveniente.      
    ROMEU — Os santos e os devotos não têm boca?      
    JULIETA — Sim, peregrino, só para orações.      
    ROMEU — Deixai, então, ó santa! que esta boca mostre o caminho certo aos corações.      
    JULIETA — Sem se mexer, o santo exalça o voto.      
   ROMEU — Então fica quietinha: eis o devoto. Em tua boca me limpo dos pecados. 

      Todos que estavam na platéia ficaram calados, e olhando atentamente para o palco, esperando que um beijo surgisse. Bill e Duda estavam próximos o suficiente para que isso acontecesse. Seus olhares se encontraram, e quando uma aproximação começou a ser feita...

           - Beija logo! – alguém gritou.
           - Beija! Beija! – começaram a gritar.

      Aquela gritaria fez com que Duda e Bill se afastassem um do outro. Ela, sem graça e com suas bochechas coradas, se retira do palco e volta ao camarim. Ele, que havia ficado ali sozinho, resolve seguir os passos dela e também sai. A apresentação foi interrompida.

           - Voltem pro palco agora e continuem! – disse o professor.
           - Não vou beijá-lo! – disse Duda.
           - E nem eu quero que isso aconteça! – disse Bill. – Não pode nos obrigar a fazer isso!
           - Ok. Mas a nota será diminuída.

      O professor se retira. Os dois ficam lá parados sem saber o que dizer, até que Bill resolve quebrar aquele silêncio.

           - Eu vou trocar de roupa no outro camarim.
           - Isso, vai mesmo!

      Ele se retira, e ela começa a se trocar.

–--
(Contado pelo Bill)

      Acabou! Finalmente acabou essa tortura! O pessoal desse colégio parece não bater muito bem da cabeça. Só poderiam estar brincando comigo quando pediram pra eu beijá-la. Nem morto que faria algo assim! A Duda seria a última garota por quem me interessaria. A última que beijaria. A última que eu faria qualquer coisa! Dela, agora eu quero distância!

      O melhor a fazer é comemorar o término de tudo. E muito! Fui ao refeitório e me sentei numa das mesas. Pedi um sanduíche e uma latinha de coca-cola. Acho que esse é o melhor dia da minha vida! Me livrei da irritante, e de quebra consegui minha nota. Fechei os olhos por um instante, pra ter certeza de que tudo acabou mesmo. Nada poderia estragar esse momento.

           - E ai Kaulitz?!

      Acho que fiquei tempo demais com a Duda. Estou até ouvindo a voz dela em minha mente. Preciso procurar um médico o mais rápido possivel, antes que isso piore. Pensei.

           - Vai fazer o quê essa tarde?

      Isso parece tão real.

           - Ei! – ela estala os dedos.

      Não. Isso infelizmente não é fruto da minha imaginação.

           - O combinado não era conversarmos somente durante o trabalho? – disse.
           - Sim. Mas não tinha ninguém mais interessante pra conversar, então vim aqui falar contigo. Você serve.
           - Porque não procura o Tom?
           - Ah, o seu irmão é até gatinho... sensual... tem belos olhos... um abdômen de dar inveja... – ela parecia estar sonhando acordada. – Mas não faz o meu tipo.
           - Já sei! – disse. – O colégio é enorme, e deveria sair a procura do “garoto ideal”. Pode me deixar em paz agora?
           - É assim que você trata as pessoas que te ajudam a ganhar nota?
           - O quê?
           - Graças a mim que conseguiu tirar uma boa nota!
           - Só me faltava essa. – revirei os olhos.
           - Vai sentir falta da minha companhia, não vai?
           - Nem um pouco.
           - Pode confessar. Prometo não contar pra ninguém. – ela beijou os dedos na forma de X.
           - Dá o fora garota!
           - Acho que a apresentação te fez ficar irritado. Mas nada que um bom suco de maracujá não resolva.
           - A única coisa que preciso, é que você fique bem longe!
           - Eu ficaria, se não fosse pela sua fraqueza. Você que não consegue ficar um minuto sem mim.
           - Além de irritante, é convencida.
           - Confessa ai que você adora isso tudo.
           - Quer saber? Me deixe em paz! Vá ver se estou na esquina! Procure outro pra irritar! Faça qualquer coisa. Só não se aproxime de mim, ou dirija qualquer palavra! Você é irritante, convencida, chata, e nos odiamos! Não precisamos ficar mais nenhum segundo juntos! Quer fazer o favor de esquecer que eu existo?!

      Explodi. Acho que exagerei. Ela me olhava um pouco assustada. Talvez ficou surpresa, pois sou sempre calmo. Mas hoje não deu pra segurar. Deveria até ter dito mais coisas. Mas tinha muita gente ali, e ficaram olhando, calados.     

–--
(Contado pela 3º pessoa)

      Sim, ela ficou muito assustada ao ouvir todas aquelas coisas. Se levantou dali, e saiu. Não tinha nenhum lugar interessante ou alguém para conversar, então resolveu pegar seu caderno de matérias e desenhar. Ficou entretida nisso por um tempo, até uma pontinha de culpa começar a atormentar sua mente. Alguma coisa lhe dizia que deveria pedir desculpas ao Bill, mesmo sabendo que aquilo poderia não mudar absolutamente nada o que sentem um pelo outro.

      Ela arrumou suas coisas na mochila, e foi encontrar o Bill, que estava numa sala conversando com o Tom. Duda ficou de fora da mesma, escutando a conversa dos dois.

           - Às vezes dá vontade de matá-la, sabe? – disse Bill. – Ela não deveria nem ter voltado! Não faz idéia do quanto me deixa irritado. Mas aposto que só retornou pra infernizar minha vida! Não tem como agüentá-la.
           - Deveriam conversar e resolver essa história. – disse Tom. – Não podem ficar brigando sempre.
           - Não tem como conversar com aquela garota! Você não a conhece tão bem quanto eu. A Duda não escuta o que as pessoas falam. Ela só sabe... me irritar.

      Tom riu, e nesse momento a Duda apareceu na porta para se defender. Como o Bill estava de costas, continuou o que estava dizendo.

           - Tenho certeza que é por isso que ela não tem amigos! – Tom ao vê-la ali parada, começou a fazer sinais para tentar fazê-lo parar. – Ninguém quer ter alguém como ela por perto! Aposto que nem os pais dela devem agüentar.

Postado por: Grasiele

Love And Hate - Capítulo 5 - Mexendo com a cabeça dele

(Contado pela Duda)

      O sol estava se pondo, e continuávamos ensaiando. Resolvemos fazer o último antes de cada um ir pra sua casa.

     JULIETA — Sem se mexer, o santo exalça o voto.
     ROMEU — Então fica quietinha: eis o devoto. Em tua boca me limpo dos pecados.


      Tá legal, eu confesso que fiquei admirada com o Bill. Ele parecia tão... tão inspirado e profundo em suas palavras. E agora sei por que aquela garota parecia estar se derretendo por ele.

           - As garotas só podem se derreter por ti mesmo. – sorri. - Você é cheio de charme.
           - Olha, - ele deu um pequeno murro na mesa. – eu só to lendo as falas, ok?
           - Não precisa ficar bravo. Te fiz um elogio, e poderia pelos menos dizer “obrigado”.
           - Dispenso seus elogios.
           - Como você é chato, hein?!
           - Você que me irrita!
           - Quer saber, pra mim já chega de ensaio! – disse, me levantando.
           - Aonde vai? Ainda não acabamos!
           - Acabamos sim!

      É impossível ficar perto dele sem brigarmos. Se continuarmos assim – o que eu tenho certeza -, esse trabalho não sairá nada que preste. E se eu tirar nota baixa, o matarei.

       Estava parada em frente ao colégio, esperando pelo meu pai – que por sinal estava demorando muito. Acho que me esqueci de avisá-lo. -, quando Bill pára seu carro.

           - Entre. – disse ele.
           - Não, obrigada. – respondi.
           - Se não entrar, ficará ai esperando seu pai até amanhã, pois tenho certeza que não avisou ninguém que viria pra cá.
           - Tenho duas pernas, e posso ir andando.
           - Deixa de ser marrenta e entra logo!
           - Pode ir embora! Não preciso de você!
           - Quer que eu vá até ai e te obrigue a entrar?

      Mais que garoto insistente e chato! Bufei, e caminhei em direção ao carro. Abri a porta, e entrei. Coloquei o cinto de segurança, e ele deu partida. Em poucos minutos já estávamos em casa.

           - Pronto. – disse ele, parando o carro. – Está entregue.

      Após isso, o silêncio tomou conta. Eu não fazia idéia do que dizer. Sei que deveria agradecê-lo. Mas não iria dar esse gostinho.

           - Tá legal. – disse ele. – Não precisa me agradecer.
           - Ainda bem. Porque eu não iria fazer isso mesmo.

      Sai do carro, e fui pra casa. Assim que entrei, fui recebida por um pai que se dizia preocupado, e bravo.

           - Posso saber onde você passou a tarde inteira? – pergunta ele.
           - Estava preocupado?
           - Claro que estava!
           - Que milagre! Deve ter sido por isso que o meu dia foi tão ruim. Nunca se importou comigo, então não me venha falar nisso agora! – lhe dei as costas, e subi as escadas.
           - Duda! Duda volte aqui, eu ainda não acabei!

      Não lhe dei ouvidos. Entrei no quarto e tranquei a porta. Só assim pra ter certeza de que ninguém me atormentaria. Meu pai batia na porta como se quisesse quebrá-la, e eu fingia que não estava acontecendo nada, até que ele se cansou e foi embora.

      A única coisa que eu fazia que realmente me acalmava e me fazia esquecer o mundo, era desenhar. Meus problemas sempre desapareciam quando eu pegava o caderno de desenho e o lápis. Foi o que fiz. Me sentei na escrivaninha, e comecei a desenhar. Estava tão cansada, que acabei pegando no sono ali mesmo. Fui acordar na manhã seguinte com o barulho infernal do despertador. Preciso jogá-lo fora e comprar algo que tenha um som descente.

      Fui pro banheiro e fiz minha higiene matinal. Retornei ao quarto e me arrumei. Quando terminei, desci até a cozinha para tomar meu café da manhã. Como sempre, meu pai me levou até o colégio. Minhas costas estavam doendo por ter dormido naquela posição, meus braços estavam doendo, minhas pernas, minha cabeça... Ou seja, eu passaria aquela manhã sentindo dores pelo corpo, e tendo que encarar um idiota.

–--
(Contado pela 3º pessoa)

           - E como foi o ensaio? – pergunta Tom, enquanto os dois tomavam café da manhã.
           - Horrível. – respondeu Bill. – Acredita que ela interferiu até no meu “quase” encontro com a Mandy?! Disse que ela tinha o segundo dedo do pé maior que o dedão.
           - Sério? – ele deu gargalhadas.
           - E ainda tive que dar carona pra ela.
           - Estou começando a imaginar como será o final disso tudo.
           - Da pior forma possivel!

      Terminaram a refeição e foram juntos pro colégio. Bill foi pra sua sala. No corredor, Duda “lutava” com o armário, tentando abri-lo. Ela havia esquecido a chave, e achava que dando socos, resolveria o problema.

           - Mais que droga! – disse ela. – O meu dia não poderia ser mais perfeito!

      Naquele momento, o Tom passava por ali. A primeira coisa que ele reparou na garota, foi o seu bumbum. Ele parou ao lado dela, e lhe ofereceu ajuda.

           - Está precisando de ajuda ai? – pergunta ele.
           - Sabe como abrir essa droga?
           - Com a chave. – ele riu.
           - Ah, não me diga! Cara, se você não tivesse me contado, eu não teria descoberto!
           - Já tentou usar um clipe ou um grampo?
           - Tem algum dos dois ai?

      Ele abre a mochila, e procura um pouco. Segundos depois a entrega. Duda abre o armário e descobre que...

           - Opa. – diz ela. – Acho que errei de armário. – Tom riu.

      Os dois caminham um pouco, e ela finalmente encontra o seu. O abre da mesma forma que o primeiro. Duda havia esquecido seu livro de história em casa, então jogou Tom na parede, da mesma forma que os policiais fazem, abriu a mochila dele...

           - To pegando seu livro emprestado. – disse ela.
           - Sem problemas. Mas poderia ser um pouco mais delicada. – ele se vira.
           - E desde quando você gosta de delicadeza? Aposto que prefere algo mais selvagem. – ela pisca, em seguida beija sua própria mão e direciona a mesma até a boca do Tom. Depois vai pra sala.

      A professora já estava dando sua aula, quando a espevitada da Duda chega fazendo barulho.

           - Foi mal, gata! – diz Duda a professora. – Ficarei em silêncio.

      Ela se senta em seu lugar, e acompanha a aula. O Tom como sempre estava matando aquele horário pra ficar no refeitório com os amigos. Quando o sinal toca, Duda foi atrás do Tom para entregar o livro. Acabou o encontrando num dos corredores que dava acesso ao refeitório. Ele estava próximo a uma máquina de refrigerantes.

           - Deixa que eu pago! – disse Duda, se aproximando e tirando o dinheiro do bolso.
           - Valeu.
           - Aqui está o livro. – ela o entregou. – Obrigada.
           - Sempre que precisar de algo – ele deu um meio sorriso malicioso -, é só me avisar.
           - Avisarei com certeza. – ela retribui o sorriso. – A gente se esbarra por ai.

–--
(Contado pelo Bill)

      Na saída, fui direto pro estacionamento. Nem esperei o Tom, pois sabia que ele ficaria pra aproveitar os amigos um pouco mais. Estava cruzando os dedos para que a Duda não estivesse me esperando novamente. Entrei no carro, e girei a chave.

           - Espera! – gritou Duda, entrando na frente do mesmo, e colocando suas mãos como se quisesse pará-lo. Freei imediatamente.
           - Você é doida? – coloquei a cabeça pro lado de fora da janela. – Tá querendo morrer?!
           - Você me odeia tanto assim pra querer me matar?
           - Não cansa de me atormentar não?
           - Não. – responde. – Iremos ensaiar hoje?
           - Deveríamos, não é?
           - No lugar de sempre e no mesmo horário. – disse ela, se retirando.
           - E não se atrase! – gritei.

      Cheguei a casa, tomei um banho, almocei, e me sentei na sala em frente a televisão e comecei a assistir um programa que no momento não me recordo o nome. Instantes depois, o Tom aparece, cantarolando.

           - Que felicidade é essa? – perguntei.
           - Não posso cantar? – pergunta ele, se sentando no outro sofá.
           - Foi mal.
           - Sabe que... a Duda não é chata.
           - Já experimentou ficar um segundo perto dela?
           - Ela usou meu livro na aula de história, e desenhou umas caveirinhas nele. Tem até o nome dela aqui. – ele me mostra.
           - Tom, eu sou seu irmão, e digo pro seu próprio bem: fique longe da Duda.
           - Não sei por que a odeia. Ela foi tão legal comigo, e provou que tem pegada!
           - Vocês ficaram? – perguntei incrédulo.
           - Ainda não. Mas a qualquer momento a pegarei.
           - Boa sorte.

      Ah não! A Duda está começando a fazer a cabeça do meu irmão. O quê que essa garota tem? Ele não poderia simplesmente se interessar por outra? Só espero que isso não vire um namoro, pois não agüentaria ter que vê-la aqui em casa. Seria a pior coisa do mundo! Tenho pena dele, mas não posso fazer nada. O Tom já é bem crescidinho e sabe o que fazer. E talvez ficar com ela e quebrar a cara seja uma boa lição, para primeiro observar com quem está lhe dando.

Postado por: Grasiele

Love And Hate - Capítulo 4 - Ensaio

(Contado pelo Bill)

      Porque estão fazendo isso comigo? Porque me torturam tanto? Será que o meu sofrimento já não é suficiente? Tá legal, eu confesso que venho aprontando algumas coisas, mas precisava disso tudo? Minha dupla tinha que ser logo ela? Eu aceito ficar com o Ed – o braço torto -, qualquer um, menos a Duda!

      Quando o sinal tocou, ela saiu da sala, e tive ir atrás pra saber como ficariam as coisas.

           - Você me odeia, eu te odeio. E tudo continuará da mesma maneira. – disse ela, me dando as costas.
           - Mas, e o trabalho? – perguntei, segurando seu braço.
           - Se não quiser perder o braço, então é melhor me soltar.

      Me enganei quando pensei que ela poderia ter mudado. Acho que voltou ainda pior. Se isso for possivel.

           - Escuta, se pensa que gostei de ser escolhido pra ficar ao seu lado nesse trabalho, está muito enganada. – disse.
           - Que bom. Porque também não gostei.
           - Mas não posso perder os meus pontos por sua culpa!
           - Minha culpa?! Você é maluco ou o quê?
           - Só quero ganhar a minha nota!
           - Eu também!
           - Então faremos uma trégua?
           - Você e eu? – ela riu. – E desde quando acha que isso é possivel.
           - É, você tem razão. Mas então, o que faremos?
           - Ta legal. Só fala comigo se o assunto for o trabalho. A não ser, nem ouse dirigir qualquer tipo de palavra a mim. Ok?
           - Ok. E você faça o mesmo.

      Ficamos parados um em frente ao outro, sem saber o que fazer. Mas como a Duda tem aquele seu jeitinho educado...

           - Saia da minha frente. – disse ela.
           - Você que está em meu caminho. – disse.
           - Está falando comigo por quê? Que eu saiba isso não é sobre o trabalho.

      Se eu continuasse ali, com certeza iríamos brigar. Me afastei um pouco, lhe dando passagem. Duda deu um meio sorriso, passou por mim pegando levemente em meu queixo, e me jogando um beijo. Aquilo me irritou até o último fio de cabelo. Como ela consegue me tirar do sério?

      Voltei a sala, e Tom conversava com alguns colegas. Me sentei calado em minha cadeira, e ele logo veio falar comigo.

           - A Duda é muito gostosa. – disse ele.
           - Nem ouse se interessar por ela! – disse.
           - Que egoísmo é esse, Bill?
           - Só não quero que se envolva com alguém como ela!
           - Aposto que está dizendo isso só pra eu não pegá-la.
           - Vai por mim, a Duda não presta!

      Na saída, fui diretamente pro estacionamento. Queria sair daquele lugar o quanto antes. Coloquei a mão no bolso pra pegar a chave do carro, mas não a encontrei. Abri a mochila e fiquei procurando dentro, enquanto caminhava.

           - Está procurando isso aqui? – pergunta Duda, que estava rodando a chave do meu carro em seus dedos, e se encontrava sentada no capô.
           - O que está fazendo com minha chave? – perguntei, tomando-a de sua mão.
           - Por nada. – disse ela. – A encontrei no chão da sala, e de cara sabia que era sua, pois ainda tem esse chaveiro que te dei no dia do seu aniversário. – ela deu um meio sorriso. - Bonito carro.
           - Dá pra descer daí? – disse.

      Ela desceu, e ficou do outro lado. Abri a porta, e entrei. Não achei que ela fosse fazer o mesmo. Mas aprendi uma coisa: da Duda deve-se esperar qualquer coisa.

           - Você tem um bom gosto. – disse ela.
           - O que você quer?
           - E depois diz que a ignorante sou eu. Calma! Eu só quero conversar.
           - Fala logo, Duda, que eu não tenho tempo a perder com você.
           - O que fará essa tarde?
           - Pra quê quer saber?
           - Tô a fim de sair com você. Ir ao cinema, talvez até num motelzinho. – ela sorriu maliciosamente.
           - Está brincando, não é?
           - Claro que estou! Olha bem pra minha carinha de interessada em ter um encontro com você! – ela fez uma pequena pausa. – Mas bem que você iria adorar sair comigo, hein?
           - Não saio com pessoas irritantes.
           - Confessa que você adora essa “irritante” aqui.
           - Ô Duda, diz logo, que eu preciso ir pra casa.
           - Tá legal. Sei que odeia essa idéia tanto quanto eu. Mas precisamos nos encontrar pra ensaiar.
           - E quando faremos isso?
           - Não sei. Me diga você.
           - Hoje à tarde às 15h00, em minha casa?
           - Nem pensar! Não quero correr o risco de ser agarrada por você.
           - E porque eu faria essa loucura?
           - Porque eu sei que você me ama.
           - Desce do carro! – disse, ela ficou olhando pra mim. – Desce do carro agora!

      Ela sai e fecha a porta. Deu a volta, e se abaixou um pouco para falar comigo.

           - Me encontra às 15h00 no jardim da quadra de futebol.

      Depois disso, foi embora. Pude sentir meu sangue ferver dentro de mim. Nenhuma garota havia conseguido me fazer pirar. Mas a Duda consegue fazer qualquer coisa. Ela sabe ser chata, irritante, ignorante, marrenta... Como alguém consegue ser tudo isso de uma só vez?! Liguei o carro, e parti pra casa.

–--
(Contado pela Duda)

      Acho que é praticamente impossível ficar longe dele, já que somos uma “dupla” no trabalho. E sim, eu adoro provocá-lo. Sei que ele não agüenta muito tempo, e logo começa a revidar. Mas se quero passar no semestre e voltar a morar com minha mãe, preciso mudar esse meu jeito. Não posso deixar que as nossas brigas do passado, e as de agora atrapalhem isso.

      Cheguei em casa, e meu pai ainda não havia chegado do trabalho. A única pessoa que encontrei foi a Carol. Fui pro quarto pra tomar um banho, e assim que terminei, desci para almoçar. Tive que me sentar com a Carol, se não quisesse ficar com fome.

           - Como foi a aula? – pergunta ela.

      Fiquei calada, almoçando.

           - Está gostando do colégio?

      Eu estava me controlando pra não ter que dar uma boa resposta a ela. Não queria ser ignorante, sabendo muito bem que ela merecia.

           - A comida está boa?
           - Foi você quem fez? – perguntei.
           - Sim. – respondeu.
           - Nossa! Então acho que deveríamos dar uma festa para comemorar essa incrível descoberta! Carolina finalmente aprendeu a cozinhar, embora eu prefira a comida da minha mãe.
           - Engraçadinha.

      Quando terminei o almoço, meu pai chega. O cumprimento, e vou pro quarto. Não resisti em cair na cama e cochilar um pouco. Acabei perdendo a hora, e apareci no jardim da quadra às 15h20. Bill olhava no relógio e caminhava de um lado para outro.

           - Está atrasada! – disse ele, assim que me viu.
           - Eu juro que não sabia disso! – disse com cinismo.
           - Vamos começar logo.

      Caminhamos um pouco e como não encontramos nenhum lugar confortável, acabamos nos sentando nas raízes de uma enorme árvore. O cheiro das folhas e a sombra que elas faziam, estava uma maravilha, se não fosse pela má companhia. Começamos a estudar as falas dos personagens. Ficamos ensaiando por várias horas, até uma garota se aproximar, com um enorme sorriso nos lábios.

           - Oi Bill. – disse ela, com cara de boba.
           - Oi. – responde ele.
           - Estará livre essa noite? – pergunta ela.
           - Não, ele não estará livre! – respondi. – Não tá vendo que estamos ocupados?
           - Não liga pra ela não, Mandy. – diz Bill. – Eu ainda não tenho planos pra essa noite.
           - Como assim não tem planos? – perguntei. – Você prometeu que cuidaria da sua avó!
           - O quê? – pergunta ele, incrédulo.
           - Tudo bem, Bill. – diz ela. – Outro dia a gente marca de sair. E é melhor cuidar bem da sua avó.

      A garota se retira, e pude sentir que o Bill queria me matar.

           - Ficou maluca! Porque disse aquilo?!
           - Reparou bem naquela garota? O segundo dedo do pé dela é maior que o primeiro.
           - Você é completamente doida!
           - Deveria me agradecer. Te salvei de uma extraterrestre!

      Ele me fuzilou com o olhar. Mas assim que essa raiva passou, continuamos o ensaio.

Postado por: Grasiele

Love And Hate - Capítulo 3 - Maldito Sorteio

(Contado pelo Bill)

      Cheguei ao refeitório morrendo de raiva. Não dava pra aceitar que a Duda estava de volta. Esta garota é o cão em forma de gente, e além do mais, me odeia! Me sentei ao lado do Tom, que estava lanchando.

          - Eduarda Drummond está de volta. – disse.
          - Quem é essa? – pergunta ele, com a boca cheia.
          - A única garota que você não desejaria conhecer.
          - Ela é gostosa?
          - É uma praga que voltou pra atormentar minha vida!
          - Esperai. – ele largou o sanduíche, limpou os lábios com um guardanapo, e bebeu um gole do refrigerante. – Porque está tão nervoso? Vocês não se dão bem, é isso?
           - Se fosse apenas isso, poderia até dar um jeito. Mas somos inimigos mortais desde a quarta série!
           - Me conta a história?
           - Eu a atormentava em todas as aulas, e por isso nos tornamos inimigos. Ela me odiava, ou melhor, me odeia! Num dia ela não foi pro colégio, e fiquei sem vê-la por vários anos, até ela resolver voltar.
           - Ah, relaxa. O colégio é imenso, e vocês nem irão se cruzar.
           - Tomara. Porque dela, eu quero distância!

      Naquele dia, eu havia chegado atrasado por culpa do Tom, que dormiu além da conta. O sinal tocou. Peguei minha mochila e fui pra sala. Ele continuou lanchando. Me sentei numa cadeira quase no fundo da sala, e estava de cabeça baixa usando o celular, por isso nem percebi quem entrava ou saia. A professora chegou à sala. Fechei o caderno, e olhei para a porta. Duda estava parada, olhando exatamente em minha direção, me fuzilando com seus olhos azuis. Notei que hoje realmente não era o meu dia. Eu devo ter feito algo muito errado pra Deus estar me castigando desse jeito.

           - Srta. Drummond, não vai entrar? – pergunta a professora.

      Ela entrou, e se sentou praticamente ao meu lado. Minha ficha ainda não havia caído, e eu estava desejando muito que isso acontecesse. Queria que fosse algum tipo de pesadelo. E já estava começando a achar que era o pior pesadelo de todos.

–--
(Contado pela Duda)

      Sabia que voltar pra Hamburgo não seria a melhor coisa a se fazer. Principalmente após saber que passaria o restante do semestre ali ao lado do Kaulitz. Será que alguém pode me matar?

      Eu estava contando nos dedos os minutos que passavam, só para poder sair logo dessa sala. E aposto que quando o sinal de saída tocou, eu fui a primeira a me retirar. Entreguei a atividade pra professora, e fui correndo pra frente do colégio, esperar que meu pai aparecesse o mais rápido possivel. Onde ele está quando mais preciso? O carro dele parou em minha frente, abri a porta e entrei dizendo:

           - Quero sair desse colégio!
           - O quê? – pergunta ele.
           - Não gostei daqui.
           - Duda, esse é o melhor colégio da cidade.
           - Me coloque no pior, contrate professores particulares, sei lá. Mas me tire daqui!
           - Ficou maluca? Sabe quantas pessoas queriam estar em seu lugar?
           - Seja solidário, e doe a minha vaga pra alguém. Pronto! Fim de papo.
           - Você ficará nesse colégio até o fim do semestre, e acabou!
           - Mas...
           - Nem mais, nem menos. Já está decidido!

      É claro que fiquei me roendo de raiva! Eu não conseguiria resistir até o fim do semestre. Sabia que no final de tudo, um morreria. E com certeza não serei eu. O quê que eu vou fazer? Não posso agüentá-lo nem por um segundo! Não agüentei há cinco anos imagine agora!

      Cheguei em casa, e subi pro quarto pisando duro. Bati a porta com força, e joguei minha mochila pro lado. Me deitei na cama, e fiquei pensando numa solução para ficar o mais longe possivel dele.

      Na manhã seguinte, o despertador começou a tocar estranhamente novamente. Eu sabia que teria de enfrentá-lo, mas não queria. Peguei o travesseiro, e coloquei sobre minha cabeça, numa tentativa de ignorar o barulho do despertador. Fiquei daquele jeito por alguns minutos, até meu pai entrar no quarto e puxar o cobertor.

           - Acorde, se não irá chegar atrasada. – disse ele.

      Me levantei, sem dizer uma palavra a ele. Entrei no banheiro e fiz tudo que sempre fazia todos os dias. Uma hora depois, eu já estava em frente ao colégio, tentando criar coragem pra encarar. Antes de entrar, respirei fundo, e disse a mim mesma:

           - Distância! Mantenha a maior distância possivel dele. Se puder, nem o olhe!

      Respirei mais uma vez, e fiz questão de entrar com o pé direito. Talvez isso me trouxesse sorte.

      Segui até a sala, e me sentei no mesmo lugar que no dia anterior. Os alunos começaram a chegar, inclusive o Bill, acompanhado pelo seu irmão. Era aula de Artes, e o professor foi chegando e dizendo o que queria.

           - Não aceito nenhum tipo de conversa nas minhas aulas. – disse ele. – Se alguém ai tem celular, coloque no modo vibratório ou desligue. Caso contrário, o pegarei e só devolverei quando seus responsáveis vierem falar comigo. – ele coloca sua mochila em cima da mesa. – Hoje sortearemos os nomes para a peça teatral.
           - Que tipo de peça? – pergunta uma aluna.
           - A classe será dividida em duplas, e cada uma fará a apresentação de uma história famosa.
           - Tipo Shakespeare? – pergunta outro.
           - Exatamente. – responde ele.

      Achei essa história de fazer uma peça teatral a maior besteira. Será que esse professor não tinha uma idéia melhor não? Ele escreveu o nome de todos os alunos em pequenos papeis, assim como o nome das peças. Depois colocou os mesmos, em caixas separadas. Assim que tudo estava bem embaralhado, começou a tirar de dois em dois. Se caíssem duas meninas ou meninos, teriam que dar um jeito, mas se fosse um casal “normal”, estaria tudo bem.

      Os nomes foram saindo, e as duplas se formando. E cadê o meu nome que ainda não apareceu? Comecei a ficar preocupada. Temia que eu pudesse ficar com alguém indesejável. O professor tira um papelzinho.

           - A peça é Romeu e Julieta. E quem ficará com ela será... – ele enfia a mão na caixa, e tira um papel. – Bill. – enfia a mão de novo. – e Eduarda.

      O quê?! Será que agora tem alguém pra me matar? O que aconteceu com “eu quero distância dele”? Será que não ficou tão claro assim? Vou ter que repetir soletrando devagar para entenderem?

           - Bill, eu acho que você vai ter que fazer o papel do homem e da mulher nessa peça. – disse um aluno, e os outros começaram a rir.
           - E quando a gente parte pra violência, dizem que somos loucos. – disse.
           - Relaxa gatinha. – disse um garoto que estava do meu lado.
           - Me chama de gatinha de novo, e arrebento a sua cara.
           - Podem ficar quietos? – disse o professor. E todos se calaram. – Bem, acho que todas as duplas já foram formadas, não é? Espero que tenham gostado do seu parceiro...

      Ele só pode estar brincando, não é?

           -... E façam bom trabalho. – o professor concluiu.

Postado por: Grasiele

Love And Hate - Capítulo 2 - Reencontro nada agradável

(Contado pela Duda)

      Estava dormindo tranquilamente, e até sonhando com algo que aparentemente era bom, quando fui acordada pelo despertador que fazia um barulho estranho. Era acostumada a acordar pela minha mãe, que sempre me dava um beijo no rosto. Mas como estou aqui, acho que não devo esperar por isso. Desliguei o despertador, e me levantei. Caminhei em direção ao banheiro, mas como ainda estava com um pouco de sono, dei de cara com a parede. Depois disso não tinha nem como não ficar completamente acordada. Segui meu caminho, fiz minha higiene matinal, tirei minhas roupas, liguei o chuveiro e deixei que a água quentinha percorresse meu corpo. Minutos depois voltei para o quarto enrolada numa toalha branca que havia achado numa das gavetas do banheiro. Abri o guarda-roupa, e escolhi as primeiras peças que vi.

      Estava vestida com uma calça jeans skinny, uma blusa branca com a frase “Girls Just Wanna Have Fun”, e all star. Me pus em frente ao espelho, e sequei meu cabelo, o deixando solto. Passei um pouco de máscara nos cílios, lápis de olho, e blush. Antes de sair do quarto, dei uma bagunçada no cabelo, peguei minha mochila, meu celular com os fones já preparados, e ai sim sai.

      Cheguei a cozinha, e meu pai já estava tomando seu café, acompanhado pela Carol. Não disse uma palavra se quer, somente me sentei e comecei a fazer minha refeição. Ele olhou para seu relógio.

           - Termine o seu café, que irei te levar no colégio. – disse ele.

      Fiquei calada. Terminei de tomar o suco de laranja, e fui até o banheiro para mais uma vez fazer higiene bucal. Sai de casa, eles já estavam dentro do carro. Pus a mochila sobre minhas pernas, coloquei os fones de ouvido, e comecei a ouvir “Know Your Enemy – Green Day”, no volume máximo. Fiquei ouvindo música durante o percurso inteiro.

      Desci do carro, e caminhei em direção a entrada do colégio. Fui direto a direção para saber onde seria minha sala. Uma moça baixinha, um pouco gorda, de cabelos negros, usando óculos enormes, e de aparelho nos dentes, me atendeu.

           - Posso ajudar? – pergunta ela, educadamente.
           - Sou nova no colégio, e queria saber onde é a minha sala. – disse.
           - Você é a...?
           - Eduarda Drummond.

      Ela procurou algo em seu computador, em seguida me levou até a sala. O professor já havia iniciado sua aula, quando foi interrompido pela moça.

           - Com licença professor Daniel. – disse ela.
           - Sim?
           - Esta é a nova aluna.
           - Seja bem vinda.
           - Obrigada. – disse.
           - Pode se sentar ali. – disse ele, apontando para a única carteira vazia.

      Caminhei até lá, e senti vontade de perguntar o que tanto olhavam. Os alunos não tiravam os olhos de mim, e me senti um alienígena. A moça conversou um pouco com o professor, e logo se retirou. Ele mais uma vez me deu as boas vindas.

           - Pode se apresentar para a turma? – pergunta ele.
           - Sou Eduarda Drummond. – disse. – Mas podem me chamar de Duda

      O sinal tocou, e vários alunos saíram da sala. Outros ficaram conversando. Liguei meu celular, e fiquei ouvindo música. Uma garota ruiva se sentou em minha frente e começou a puxar assunto.

           - Sou Dakota. – disse ela.
           - Oi. – disse, tirando os fones de ouvido.
           - Você é filha da famosa estilista Amanda Drummond, não é?
           - Sim.
           - Eu adoro as roupas que ela faz! São simplesmente incríveis!
           - Se você está dizendo, não é?
           - Como é ter uma mãe famosa?
           - Você por acaso é jornalista?
           - Não.
           - Que bom. Olha, me desculpa pela grosseria, mas não to a fim conversar.
           - Tudo bem.

      Ela se retirou. Ouvi dois alunos conversando, e disseram que aquele horário seria vago, e ficar dentro da sala não seria tão legal. Me levantei e fui conhecer o colégio, já que não tinha nada melhor pra fazer.

      Uns idiotas passaram correndo, e um deles esbarrou em mim.

           - Vai esbarrar na sua mãe, seu imbecil! – gritei.

      Provavelmente não me escutaram. Mas aqueles que estavam passando pelo local, com certeza ouviram muito bem, e ficaram me olhando estranhamente.

           - Tá olhando o quê? – perguntei a uma loirinha com cara de patricinha.
           - N-Nada. – ela gaguejou.

      Segui meu caminho. Estava dobrando um dos corredores, quando bato de frente com alguém. Aquele primeiro dia não estava sendo o melhor.

           - Me desculpa. – disse o garoto.
           - Olha pra frente da próxima vez! – disse.
           - Duda? Tá fazendo o quê aqui?
           - Não é da sua conta! – disse após perceber quem era o garoto.
           - Continua a mesma garota irritante, não é?
           - E você continua o mesmo chato!
           - O que faz aqui?
           - Já disse que não é da sua conta!
           - Deixa de ser ignorante garota!
           - Escuta aqui, não lhe devo satisfações!
           - Como você é marrenta!
           - Vai pra merda, Bill!

      Disse o empurrando um pouco, e me retirei. Ainda não estava acreditando que o encontrei aqui. Só pode ser uma brincadeira de muito mau gosto. Ah já sei! Isso é um reality show. Deve ter câmeras espalhadas pelo colégio. Só pode ser! Porque eu tinha que estar matriculada no mesmo colégio que ele? É alguma praga do destino! E que destino cruel!

Postado por: Grasiele

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