segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Love And Hate - Capítulo 3 - Maldito Sorteio

(Contado pelo Bill)

      Cheguei ao refeitório morrendo de raiva. Não dava pra aceitar que a Duda estava de volta. Esta garota é o cão em forma de gente, e além do mais, me odeia! Me sentei ao lado do Tom, que estava lanchando.

          - Eduarda Drummond está de volta. – disse.
          - Quem é essa? – pergunta ele, com a boca cheia.
          - A única garota que você não desejaria conhecer.
          - Ela é gostosa?
          - É uma praga que voltou pra atormentar minha vida!
          - Esperai. – ele largou o sanduíche, limpou os lábios com um guardanapo, e bebeu um gole do refrigerante. – Porque está tão nervoso? Vocês não se dão bem, é isso?
           - Se fosse apenas isso, poderia até dar um jeito. Mas somos inimigos mortais desde a quarta série!
           - Me conta a história?
           - Eu a atormentava em todas as aulas, e por isso nos tornamos inimigos. Ela me odiava, ou melhor, me odeia! Num dia ela não foi pro colégio, e fiquei sem vê-la por vários anos, até ela resolver voltar.
           - Ah, relaxa. O colégio é imenso, e vocês nem irão se cruzar.
           - Tomara. Porque dela, eu quero distância!

      Naquele dia, eu havia chegado atrasado por culpa do Tom, que dormiu além da conta. O sinal tocou. Peguei minha mochila e fui pra sala. Ele continuou lanchando. Me sentei numa cadeira quase no fundo da sala, e estava de cabeça baixa usando o celular, por isso nem percebi quem entrava ou saia. A professora chegou à sala. Fechei o caderno, e olhei para a porta. Duda estava parada, olhando exatamente em minha direção, me fuzilando com seus olhos azuis. Notei que hoje realmente não era o meu dia. Eu devo ter feito algo muito errado pra Deus estar me castigando desse jeito.

           - Srta. Drummond, não vai entrar? – pergunta a professora.

      Ela entrou, e se sentou praticamente ao meu lado. Minha ficha ainda não havia caído, e eu estava desejando muito que isso acontecesse. Queria que fosse algum tipo de pesadelo. E já estava começando a achar que era o pior pesadelo de todos.

–--
(Contado pela Duda)

      Sabia que voltar pra Hamburgo não seria a melhor coisa a se fazer. Principalmente após saber que passaria o restante do semestre ali ao lado do Kaulitz. Será que alguém pode me matar?

      Eu estava contando nos dedos os minutos que passavam, só para poder sair logo dessa sala. E aposto que quando o sinal de saída tocou, eu fui a primeira a me retirar. Entreguei a atividade pra professora, e fui correndo pra frente do colégio, esperar que meu pai aparecesse o mais rápido possivel. Onde ele está quando mais preciso? O carro dele parou em minha frente, abri a porta e entrei dizendo:

           - Quero sair desse colégio!
           - O quê? – pergunta ele.
           - Não gostei daqui.
           - Duda, esse é o melhor colégio da cidade.
           - Me coloque no pior, contrate professores particulares, sei lá. Mas me tire daqui!
           - Ficou maluca? Sabe quantas pessoas queriam estar em seu lugar?
           - Seja solidário, e doe a minha vaga pra alguém. Pronto! Fim de papo.
           - Você ficará nesse colégio até o fim do semestre, e acabou!
           - Mas...
           - Nem mais, nem menos. Já está decidido!

      É claro que fiquei me roendo de raiva! Eu não conseguiria resistir até o fim do semestre. Sabia que no final de tudo, um morreria. E com certeza não serei eu. O quê que eu vou fazer? Não posso agüentá-lo nem por um segundo! Não agüentei há cinco anos imagine agora!

      Cheguei em casa, e subi pro quarto pisando duro. Bati a porta com força, e joguei minha mochila pro lado. Me deitei na cama, e fiquei pensando numa solução para ficar o mais longe possivel dele.

      Na manhã seguinte, o despertador começou a tocar estranhamente novamente. Eu sabia que teria de enfrentá-lo, mas não queria. Peguei o travesseiro, e coloquei sobre minha cabeça, numa tentativa de ignorar o barulho do despertador. Fiquei daquele jeito por alguns minutos, até meu pai entrar no quarto e puxar o cobertor.

           - Acorde, se não irá chegar atrasada. – disse ele.

      Me levantei, sem dizer uma palavra a ele. Entrei no banheiro e fiz tudo que sempre fazia todos os dias. Uma hora depois, eu já estava em frente ao colégio, tentando criar coragem pra encarar. Antes de entrar, respirei fundo, e disse a mim mesma:

           - Distância! Mantenha a maior distância possivel dele. Se puder, nem o olhe!

      Respirei mais uma vez, e fiz questão de entrar com o pé direito. Talvez isso me trouxesse sorte.

      Segui até a sala, e me sentei no mesmo lugar que no dia anterior. Os alunos começaram a chegar, inclusive o Bill, acompanhado pelo seu irmão. Era aula de Artes, e o professor foi chegando e dizendo o que queria.

           - Não aceito nenhum tipo de conversa nas minhas aulas. – disse ele. – Se alguém ai tem celular, coloque no modo vibratório ou desligue. Caso contrário, o pegarei e só devolverei quando seus responsáveis vierem falar comigo. – ele coloca sua mochila em cima da mesa. – Hoje sortearemos os nomes para a peça teatral.
           - Que tipo de peça? – pergunta uma aluna.
           - A classe será dividida em duplas, e cada uma fará a apresentação de uma história famosa.
           - Tipo Shakespeare? – pergunta outro.
           - Exatamente. – responde ele.

      Achei essa história de fazer uma peça teatral a maior besteira. Será que esse professor não tinha uma idéia melhor não? Ele escreveu o nome de todos os alunos em pequenos papeis, assim como o nome das peças. Depois colocou os mesmos, em caixas separadas. Assim que tudo estava bem embaralhado, começou a tirar de dois em dois. Se caíssem duas meninas ou meninos, teriam que dar um jeito, mas se fosse um casal “normal”, estaria tudo bem.

      Os nomes foram saindo, e as duplas se formando. E cadê o meu nome que ainda não apareceu? Comecei a ficar preocupada. Temia que eu pudesse ficar com alguém indesejável. O professor tira um papelzinho.

           - A peça é Romeu e Julieta. E quem ficará com ela será... – ele enfia a mão na caixa, e tira um papel. – Bill. – enfia a mão de novo. – e Eduarda.

      O quê?! Será que agora tem alguém pra me matar? O que aconteceu com “eu quero distância dele”? Será que não ficou tão claro assim? Vou ter que repetir soletrando devagar para entenderem?

           - Bill, eu acho que você vai ter que fazer o papel do homem e da mulher nessa peça. – disse um aluno, e os outros começaram a rir.
           - E quando a gente parte pra violência, dizem que somos loucos. – disse.
           - Relaxa gatinha. – disse um garoto que estava do meu lado.
           - Me chama de gatinha de novo, e arrebento a sua cara.
           - Podem ficar quietos? – disse o professor. E todos se calaram. – Bem, acho que todas as duplas já foram formadas, não é? Espero que tenham gostado do seu parceiro...

      Ele só pode estar brincando, não é?

           -... E façam bom trabalho. – o professor concluiu.

Postado por: Grasiele

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