segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Love And Hate - Capítulo 6 - Lugar certo, hora errada

(Contado pela 3º pessoa)

      Mais um ensaio foi marcado, e desta vez quem chegou atrasado foi o Bill. Ele teve alguns imprevistos e acabou chegando cinco minutos mais tarde.

           - Chegou atrasado. – disse Duda.
           - Desculpa. Tive um imprevisto. – responde.
           - Ok. Vamos começar logo.
           - Paramos em que parte mesmo?
           - Acho que foi na...
           - Cena do beijo. – ele completa.

      Os dois ficam em silêncio.

           - Nem pensar que irei te beijar! – disse Duda.
           - E quem disse que eu seria capaz de fazer isso? Nem que eu tivesse maluco!
           - Tá doidinho querendo, que eu sei.
           - Podemos começar a ensaiar ou não?

      Algumas horas ensaiando, e finalmente terminaram. Os dois pareciam cansados, e ansiosos, pois a apresentação seria na manhã seguinte. E por mais incrível que pareça – e realmente é -, Bill e Duda não discutiram num só momento durante aquele ensaio.

      No dia seguinte, os alunos do colégio começaram a se dirigir ao auditório onde tudo aconteceria. No camarim, os preparativos, os alunos nervosos, outros nem tanto. Bill repassava o texto para não correr o risco de esquecer algo, enquanto a Duda se empanturrava de comida.

           - Poderia estar repassando o texto. – diz Bill.
           - Pra quê? Já decorei tudo! – responde ela.
           - Meninos, meninos, se preparem! As apresentações começarão em cinco minutos. E a primeira será... – o rapaz olha num papel. – Sonho de uma noite de verão.

      As apresentações estavam sendo bem aplaudidas pelos alunos que assistiam, e isso fazia com que o nervosismo nos bastidores só aumentasse. Ninguém queria correr o risco de errar, falar besteira, ou até fazer outras coisas que não é necessário comentar.

           - Muito bem. – o rapaz retornou. – A última apresentação será... – olha no papel. – Romeu e Julieta.

      Os dois se aprontaram próximos a entrada do palco, e antes que pudesse colocar o pé no mesmo...

           - Boa sorte. – disse Duda.
           - O que disse? – pergunta Bill, incrédulo.
           - Lhe desejei boa sorte.
           - Pra você também.

      Eles entraram e logo começaram... No decorrer da peça...

    ROMEU — (a Julieta) – Se minha mão profana o relicário em remissão aceito a penitência: meu lábio, peregrino solitário, demonstrará, com sobra, reverência.      JULIETA — Ofendeis vossa mão, bom peregrino, que se mostrou devota e reverente. Nas mãos dos santos pega o paladino. Esse é o beijo mais santo e conveniente.      
    ROMEU — Os santos e os devotos não têm boca?      
    JULIETA — Sim, peregrino, só para orações.      
    ROMEU — Deixai, então, ó santa! que esta boca mostre o caminho certo aos corações.      
    JULIETA — Sem se mexer, o santo exalça o voto.      
   ROMEU — Então fica quietinha: eis o devoto. Em tua boca me limpo dos pecados. 

      Todos que estavam na platéia ficaram calados, e olhando atentamente para o palco, esperando que um beijo surgisse. Bill e Duda estavam próximos o suficiente para que isso acontecesse. Seus olhares se encontraram, e quando uma aproximação começou a ser feita...

           - Beija logo! – alguém gritou.
           - Beija! Beija! – começaram a gritar.

      Aquela gritaria fez com que Duda e Bill se afastassem um do outro. Ela, sem graça e com suas bochechas coradas, se retira do palco e volta ao camarim. Ele, que havia ficado ali sozinho, resolve seguir os passos dela e também sai. A apresentação foi interrompida.

           - Voltem pro palco agora e continuem! – disse o professor.
           - Não vou beijá-lo! – disse Duda.
           - E nem eu quero que isso aconteça! – disse Bill. – Não pode nos obrigar a fazer isso!
           - Ok. Mas a nota será diminuída.

      O professor se retira. Os dois ficam lá parados sem saber o que dizer, até que Bill resolve quebrar aquele silêncio.

           - Eu vou trocar de roupa no outro camarim.
           - Isso, vai mesmo!

      Ele se retira, e ela começa a se trocar.

–--
(Contado pelo Bill)

      Acabou! Finalmente acabou essa tortura! O pessoal desse colégio parece não bater muito bem da cabeça. Só poderiam estar brincando comigo quando pediram pra eu beijá-la. Nem morto que faria algo assim! A Duda seria a última garota por quem me interessaria. A última que beijaria. A última que eu faria qualquer coisa! Dela, agora eu quero distância!

      O melhor a fazer é comemorar o término de tudo. E muito! Fui ao refeitório e me sentei numa das mesas. Pedi um sanduíche e uma latinha de coca-cola. Acho que esse é o melhor dia da minha vida! Me livrei da irritante, e de quebra consegui minha nota. Fechei os olhos por um instante, pra ter certeza de que tudo acabou mesmo. Nada poderia estragar esse momento.

           - E ai Kaulitz?!

      Acho que fiquei tempo demais com a Duda. Estou até ouvindo a voz dela em minha mente. Preciso procurar um médico o mais rápido possivel, antes que isso piore. Pensei.

           - Vai fazer o quê essa tarde?

      Isso parece tão real.

           - Ei! – ela estala os dedos.

      Não. Isso infelizmente não é fruto da minha imaginação.

           - O combinado não era conversarmos somente durante o trabalho? – disse.
           - Sim. Mas não tinha ninguém mais interessante pra conversar, então vim aqui falar contigo. Você serve.
           - Porque não procura o Tom?
           - Ah, o seu irmão é até gatinho... sensual... tem belos olhos... um abdômen de dar inveja... – ela parecia estar sonhando acordada. – Mas não faz o meu tipo.
           - Já sei! – disse. – O colégio é enorme, e deveria sair a procura do “garoto ideal”. Pode me deixar em paz agora?
           - É assim que você trata as pessoas que te ajudam a ganhar nota?
           - O quê?
           - Graças a mim que conseguiu tirar uma boa nota!
           - Só me faltava essa. – revirei os olhos.
           - Vai sentir falta da minha companhia, não vai?
           - Nem um pouco.
           - Pode confessar. Prometo não contar pra ninguém. – ela beijou os dedos na forma de X.
           - Dá o fora garota!
           - Acho que a apresentação te fez ficar irritado. Mas nada que um bom suco de maracujá não resolva.
           - A única coisa que preciso, é que você fique bem longe!
           - Eu ficaria, se não fosse pela sua fraqueza. Você que não consegue ficar um minuto sem mim.
           - Além de irritante, é convencida.
           - Confessa ai que você adora isso tudo.
           - Quer saber? Me deixe em paz! Vá ver se estou na esquina! Procure outro pra irritar! Faça qualquer coisa. Só não se aproxime de mim, ou dirija qualquer palavra! Você é irritante, convencida, chata, e nos odiamos! Não precisamos ficar mais nenhum segundo juntos! Quer fazer o favor de esquecer que eu existo?!

      Explodi. Acho que exagerei. Ela me olhava um pouco assustada. Talvez ficou surpresa, pois sou sempre calmo. Mas hoje não deu pra segurar. Deveria até ter dito mais coisas. Mas tinha muita gente ali, e ficaram olhando, calados.     

–--
(Contado pela 3º pessoa)

      Sim, ela ficou muito assustada ao ouvir todas aquelas coisas. Se levantou dali, e saiu. Não tinha nenhum lugar interessante ou alguém para conversar, então resolveu pegar seu caderno de matérias e desenhar. Ficou entretida nisso por um tempo, até uma pontinha de culpa começar a atormentar sua mente. Alguma coisa lhe dizia que deveria pedir desculpas ao Bill, mesmo sabendo que aquilo poderia não mudar absolutamente nada o que sentem um pelo outro.

      Ela arrumou suas coisas na mochila, e foi encontrar o Bill, que estava numa sala conversando com o Tom. Duda ficou de fora da mesma, escutando a conversa dos dois.

           - Às vezes dá vontade de matá-la, sabe? – disse Bill. – Ela não deveria nem ter voltado! Não faz idéia do quanto me deixa irritado. Mas aposto que só retornou pra infernizar minha vida! Não tem como agüentá-la.
           - Deveriam conversar e resolver essa história. – disse Tom. – Não podem ficar brigando sempre.
           - Não tem como conversar com aquela garota! Você não a conhece tão bem quanto eu. A Duda não escuta o que as pessoas falam. Ela só sabe... me irritar.

      Tom riu, e nesse momento a Duda apareceu na porta para se defender. Como o Bill estava de costas, continuou o que estava dizendo.

           - Tenho certeza que é por isso que ela não tem amigos! – Tom ao vê-la ali parada, começou a fazer sinais para tentar fazê-lo parar. – Ninguém quer ter alguém como ela por perto! Aposto que nem os pais dela devem agüentar.

Postado por: Grasiele

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