segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Love And Hate - Capítulo 5 - Mexendo com a cabeça dele

(Contado pela Duda)

      O sol estava se pondo, e continuávamos ensaiando. Resolvemos fazer o último antes de cada um ir pra sua casa.

     JULIETA — Sem se mexer, o santo exalça o voto.
     ROMEU — Então fica quietinha: eis o devoto. Em tua boca me limpo dos pecados.


      Tá legal, eu confesso que fiquei admirada com o Bill. Ele parecia tão... tão inspirado e profundo em suas palavras. E agora sei por que aquela garota parecia estar se derretendo por ele.

           - As garotas só podem se derreter por ti mesmo. – sorri. - Você é cheio de charme.
           - Olha, - ele deu um pequeno murro na mesa. – eu só to lendo as falas, ok?
           - Não precisa ficar bravo. Te fiz um elogio, e poderia pelos menos dizer “obrigado”.
           - Dispenso seus elogios.
           - Como você é chato, hein?!
           - Você que me irrita!
           - Quer saber, pra mim já chega de ensaio! – disse, me levantando.
           - Aonde vai? Ainda não acabamos!
           - Acabamos sim!

      É impossível ficar perto dele sem brigarmos. Se continuarmos assim – o que eu tenho certeza -, esse trabalho não sairá nada que preste. E se eu tirar nota baixa, o matarei.

       Estava parada em frente ao colégio, esperando pelo meu pai – que por sinal estava demorando muito. Acho que me esqueci de avisá-lo. -, quando Bill pára seu carro.

           - Entre. – disse ele.
           - Não, obrigada. – respondi.
           - Se não entrar, ficará ai esperando seu pai até amanhã, pois tenho certeza que não avisou ninguém que viria pra cá.
           - Tenho duas pernas, e posso ir andando.
           - Deixa de ser marrenta e entra logo!
           - Pode ir embora! Não preciso de você!
           - Quer que eu vá até ai e te obrigue a entrar?

      Mais que garoto insistente e chato! Bufei, e caminhei em direção ao carro. Abri a porta, e entrei. Coloquei o cinto de segurança, e ele deu partida. Em poucos minutos já estávamos em casa.

           - Pronto. – disse ele, parando o carro. – Está entregue.

      Após isso, o silêncio tomou conta. Eu não fazia idéia do que dizer. Sei que deveria agradecê-lo. Mas não iria dar esse gostinho.

           - Tá legal. – disse ele. – Não precisa me agradecer.
           - Ainda bem. Porque eu não iria fazer isso mesmo.

      Sai do carro, e fui pra casa. Assim que entrei, fui recebida por um pai que se dizia preocupado, e bravo.

           - Posso saber onde você passou a tarde inteira? – pergunta ele.
           - Estava preocupado?
           - Claro que estava!
           - Que milagre! Deve ter sido por isso que o meu dia foi tão ruim. Nunca se importou comigo, então não me venha falar nisso agora! – lhe dei as costas, e subi as escadas.
           - Duda! Duda volte aqui, eu ainda não acabei!

      Não lhe dei ouvidos. Entrei no quarto e tranquei a porta. Só assim pra ter certeza de que ninguém me atormentaria. Meu pai batia na porta como se quisesse quebrá-la, e eu fingia que não estava acontecendo nada, até que ele se cansou e foi embora.

      A única coisa que eu fazia que realmente me acalmava e me fazia esquecer o mundo, era desenhar. Meus problemas sempre desapareciam quando eu pegava o caderno de desenho e o lápis. Foi o que fiz. Me sentei na escrivaninha, e comecei a desenhar. Estava tão cansada, que acabei pegando no sono ali mesmo. Fui acordar na manhã seguinte com o barulho infernal do despertador. Preciso jogá-lo fora e comprar algo que tenha um som descente.

      Fui pro banheiro e fiz minha higiene matinal. Retornei ao quarto e me arrumei. Quando terminei, desci até a cozinha para tomar meu café da manhã. Como sempre, meu pai me levou até o colégio. Minhas costas estavam doendo por ter dormido naquela posição, meus braços estavam doendo, minhas pernas, minha cabeça... Ou seja, eu passaria aquela manhã sentindo dores pelo corpo, e tendo que encarar um idiota.

–--
(Contado pela 3º pessoa)

           - E como foi o ensaio? – pergunta Tom, enquanto os dois tomavam café da manhã.
           - Horrível. – respondeu Bill. – Acredita que ela interferiu até no meu “quase” encontro com a Mandy?! Disse que ela tinha o segundo dedo do pé maior que o dedão.
           - Sério? – ele deu gargalhadas.
           - E ainda tive que dar carona pra ela.
           - Estou começando a imaginar como será o final disso tudo.
           - Da pior forma possivel!

      Terminaram a refeição e foram juntos pro colégio. Bill foi pra sua sala. No corredor, Duda “lutava” com o armário, tentando abri-lo. Ela havia esquecido a chave, e achava que dando socos, resolveria o problema.

           - Mais que droga! – disse ela. – O meu dia não poderia ser mais perfeito!

      Naquele momento, o Tom passava por ali. A primeira coisa que ele reparou na garota, foi o seu bumbum. Ele parou ao lado dela, e lhe ofereceu ajuda.

           - Está precisando de ajuda ai? – pergunta ele.
           - Sabe como abrir essa droga?
           - Com a chave. – ele riu.
           - Ah, não me diga! Cara, se você não tivesse me contado, eu não teria descoberto!
           - Já tentou usar um clipe ou um grampo?
           - Tem algum dos dois ai?

      Ele abre a mochila, e procura um pouco. Segundos depois a entrega. Duda abre o armário e descobre que...

           - Opa. – diz ela. – Acho que errei de armário. – Tom riu.

      Os dois caminham um pouco, e ela finalmente encontra o seu. O abre da mesma forma que o primeiro. Duda havia esquecido seu livro de história em casa, então jogou Tom na parede, da mesma forma que os policiais fazem, abriu a mochila dele...

           - To pegando seu livro emprestado. – disse ela.
           - Sem problemas. Mas poderia ser um pouco mais delicada. – ele se vira.
           - E desde quando você gosta de delicadeza? Aposto que prefere algo mais selvagem. – ela pisca, em seguida beija sua própria mão e direciona a mesma até a boca do Tom. Depois vai pra sala.

      A professora já estava dando sua aula, quando a espevitada da Duda chega fazendo barulho.

           - Foi mal, gata! – diz Duda a professora. – Ficarei em silêncio.

      Ela se senta em seu lugar, e acompanha a aula. O Tom como sempre estava matando aquele horário pra ficar no refeitório com os amigos. Quando o sinal toca, Duda foi atrás do Tom para entregar o livro. Acabou o encontrando num dos corredores que dava acesso ao refeitório. Ele estava próximo a uma máquina de refrigerantes.

           - Deixa que eu pago! – disse Duda, se aproximando e tirando o dinheiro do bolso.
           - Valeu.
           - Aqui está o livro. – ela o entregou. – Obrigada.
           - Sempre que precisar de algo – ele deu um meio sorriso malicioso -, é só me avisar.
           - Avisarei com certeza. – ela retribui o sorriso. – A gente se esbarra por ai.

–--
(Contado pelo Bill)

      Na saída, fui direto pro estacionamento. Nem esperei o Tom, pois sabia que ele ficaria pra aproveitar os amigos um pouco mais. Estava cruzando os dedos para que a Duda não estivesse me esperando novamente. Entrei no carro, e girei a chave.

           - Espera! – gritou Duda, entrando na frente do mesmo, e colocando suas mãos como se quisesse pará-lo. Freei imediatamente.
           - Você é doida? – coloquei a cabeça pro lado de fora da janela. – Tá querendo morrer?!
           - Você me odeia tanto assim pra querer me matar?
           - Não cansa de me atormentar não?
           - Não. – responde. – Iremos ensaiar hoje?
           - Deveríamos, não é?
           - No lugar de sempre e no mesmo horário. – disse ela, se retirando.
           - E não se atrase! – gritei.

      Cheguei a casa, tomei um banho, almocei, e me sentei na sala em frente a televisão e comecei a assistir um programa que no momento não me recordo o nome. Instantes depois, o Tom aparece, cantarolando.

           - Que felicidade é essa? – perguntei.
           - Não posso cantar? – pergunta ele, se sentando no outro sofá.
           - Foi mal.
           - Sabe que... a Duda não é chata.
           - Já experimentou ficar um segundo perto dela?
           - Ela usou meu livro na aula de história, e desenhou umas caveirinhas nele. Tem até o nome dela aqui. – ele me mostra.
           - Tom, eu sou seu irmão, e digo pro seu próprio bem: fique longe da Duda.
           - Não sei por que a odeia. Ela foi tão legal comigo, e provou que tem pegada!
           - Vocês ficaram? – perguntei incrédulo.
           - Ainda não. Mas a qualquer momento a pegarei.
           - Boa sorte.

      Ah não! A Duda está começando a fazer a cabeça do meu irmão. O quê que essa garota tem? Ele não poderia simplesmente se interessar por outra? Só espero que isso não vire um namoro, pois não agüentaria ter que vê-la aqui em casa. Seria a pior coisa do mundo! Tenho pena dele, mas não posso fazer nada. O Tom já é bem crescidinho e sabe o que fazer. E talvez ficar com ela e quebrar a cara seja uma boa lição, para primeiro observar com quem está lhe dando.

Postado por: Grasiele

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