(Contado pela Duda)
Estava dormindo tranquilamente, e até sonhando com algo que aparentemente era bom, quando fui acordada pelo despertador que fazia um barulho estranho. Era acostumada a acordar pela minha mãe, que sempre me dava um beijo no rosto. Mas como estou aqui, acho que não devo esperar por isso. Desliguei o despertador, e me levantei. Caminhei em direção ao banheiro, mas como ainda estava com um pouco de sono, dei de cara com a parede. Depois disso não tinha nem como não ficar completamente acordada. Segui meu caminho, fiz minha higiene matinal, tirei minhas roupas, liguei o chuveiro e deixei que a água quentinha percorresse meu corpo. Minutos depois voltei para o quarto enrolada numa toalha branca que havia achado numa das gavetas do banheiro. Abri o guarda-roupa, e escolhi as primeiras peças que vi.
Estava vestida com uma calça jeans skinny, uma blusa branca com a frase “Girls Just Wanna Have Fun”, e all star. Me pus em frente ao espelho, e sequei meu cabelo, o deixando solto. Passei um pouco de máscara nos cílios, lápis de olho, e blush. Antes de sair do quarto, dei uma bagunçada no cabelo, peguei minha mochila, meu celular com os fones já preparados, e ai sim sai.
Cheguei a cozinha, e meu pai já estava tomando seu café, acompanhado pela Carol. Não disse uma palavra se quer, somente me sentei e comecei a fazer minha refeição. Ele olhou para seu relógio.
- Termine o seu café, que irei te levar no colégio. – disse ele.
Fiquei calada. Terminei de tomar o suco de laranja, e fui até o banheiro para mais uma vez fazer higiene bucal. Sai de casa, eles já estavam dentro do carro. Pus a mochila sobre minhas pernas, coloquei os fones de ouvido, e comecei a ouvir “Know Your Enemy – Green Day”, no volume máximo. Fiquei ouvindo música durante o percurso inteiro.
Desci do carro, e caminhei em direção a entrada do colégio. Fui direto a direção para saber onde seria minha sala. Uma moça baixinha, um pouco gorda, de cabelos negros, usando óculos enormes, e de aparelho nos dentes, me atendeu.
- Posso ajudar? – pergunta ela, educadamente.
- Sou nova no colégio, e queria saber onde é a minha sala. – disse.
- Você é a...?
- Eduarda Drummond.
Ela procurou algo em seu computador, em seguida me levou até a sala. O professor já havia iniciado sua aula, quando foi interrompido pela moça.
- Com licença professor Daniel. – disse ela.
- Sim?
- Esta é a nova aluna.
- Seja bem vinda.
- Obrigada. – disse.
- Pode se sentar ali. – disse ele, apontando para a única carteira vazia.
Caminhei até lá, e senti vontade de perguntar o que tanto olhavam. Os alunos não tiravam os olhos de mim, e me senti um alienígena. A moça conversou um pouco com o professor, e logo se retirou. Ele mais uma vez me deu as boas vindas.
- Pode se apresentar para a turma? – pergunta ele.
- Sou Eduarda Drummond. – disse. – Mas podem me chamar de Duda
O sinal tocou, e vários alunos saíram da sala. Outros ficaram conversando. Liguei meu celular, e fiquei ouvindo música. Uma garota ruiva se sentou em minha frente e começou a puxar assunto.
- Sou Dakota. – disse ela.
- Oi. – disse, tirando os fones de ouvido.
- Você é filha da famosa estilista Amanda Drummond, não é?
- Sim.
- Eu adoro as roupas que ela faz! São simplesmente incríveis!
- Se você está dizendo, não é?
- Como é ter uma mãe famosa?
- Você por acaso é jornalista?
- Não.
- Que bom. Olha, me desculpa pela grosseria, mas não to a fim conversar.
- Tudo bem.
Ela se retirou. Ouvi dois alunos conversando, e disseram que aquele horário seria vago, e ficar dentro da sala não seria tão legal. Me levantei e fui conhecer o colégio, já que não tinha nada melhor pra fazer.
Uns idiotas passaram correndo, e um deles esbarrou em mim.
- Vai esbarrar na sua mãe, seu imbecil! – gritei.
Provavelmente não me escutaram. Mas aqueles que estavam passando pelo local, com certeza ouviram muito bem, e ficaram me olhando estranhamente.
- Tá olhando o quê? – perguntei a uma loirinha com cara de patricinha.
- N-Nada. – ela gaguejou.
Segui meu caminho. Estava dobrando um dos corredores, quando bato de frente com alguém. Aquele primeiro dia não estava sendo o melhor.
- Me desculpa. – disse o garoto.
- Olha pra frente da próxima vez! – disse.
- Duda? Tá fazendo o quê aqui?
- Não é da sua conta! – disse após perceber quem era o garoto.
- Continua a mesma garota irritante, não é?
- E você continua o mesmo chato!
- O que faz aqui?
- Já disse que não é da sua conta!
- Deixa de ser ignorante garota!
- Escuta aqui, não lhe devo satisfações!
- Como você é marrenta!
- Vai pra merda, Bill!
Disse o empurrando um pouco, e me retirei. Ainda não estava acreditando que o encontrei aqui. Só pode ser uma brincadeira de muito mau gosto. Ah já sei! Isso é um reality show. Deve ter câmeras espalhadas pelo colégio. Só pode ser! Porque eu tinha que estar matriculada no mesmo colégio que ele? É alguma praga do destino! E que destino cruel!
Postado por: Grasiele
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