(Contado pela Duda)
- Tenho certeza que é por isso que ela não tem amigos! Ninguém quer ter alguém como ela por perto! Aposto que nem os pais dela devem agüentar.
O sangue me subiu pra cabeça, meu mundo desabou, e fiquei morrendo de raiva. Me aproximei rapidamente, segurei no ombro do Bill, o fazendo se virar para mim. E assim que ele ficou de frente, lhe dei um soco.
Tá legal, isso não aconteceu. Bem que eu queria que tivesse acontecido. Eu teria descarregado toda minha raiva! O Tom ficou completamente mudo.
- O que foi? – pergunta Bill.
Me arrependo de não ter dado um soco nele. Mas não consegui. Minha voz naquele momento parecia ter desaparecido. Senti meus olhos começarem a se encher de lágrimas, e tirei forças de não sei aonde para dizer:
- Muito obrigada, Bill.
Ele se virou rapidamente, e pensa numa pessoa que mudou de cor? O Bill já é branco, e quase ficou transparente! Me retirei ali da sala, e fiquei vagando sem rumo pelo colégio. Acabei encontrando um corredor vazio, onde me sentei, e desabei a chorar.
–--
(Contado pela 3º pessoa)
Os irmãos continuaram na sala...
- Porque não me avisou que ela estava atrás de mim? – pergunta Bill.
- Eu tentei. Mas você é meio lesado e não percebeu os sinais. – responde ele. - Deveria ir atrás dela.
- Acha mesmo?
- Um-hum.
- Ah, ela não deve ter ficado tão abalada assim.
- Você quem sabe.
Tom pegou sua mochila e saiu. Alguns minutos pensando ali na sala, e Bill pegou suas coisas e foi pra casa. Tom resolveu ficar, pra poder sair com alguns de seus colegas. Duda, que estava no chão do corredor, abriu sua mochila, pegou seu celular e começou a discar os números. Como ainda chorava, preferiu colocar no viva-voz.
- Alô?
- Mãe, por favor, vem me buscar.
- Duda? Filha, você está chorando?
- Eu não agüento mais ficar aqui! Esse lugar é horrível!
Tom passava pelo local, que estava silencioso, e acabou parando para ouvir a conversa.
- O papai continua casado com aquela mulher, e ele nem se importa mais comigo! Pra completar, reencontrei o Kaulitz! Não tenho nenhum amigo, e todos devem me odiar! Por favor, mãe me tira daqui! Eu quero ir pra casa.
- Primeiro, fique calma. Olha querida, eu não posso te buscar agora.
- Não me deixe aqui! Isso é tortura!
- Ainda hoje irei conversar com meu advogado, e verei o que posso fazer.
- Só não demore muito.
- Prometo que tentarei marcar uma audiência com o juiz o quanto antes, ok?
- Um-hum.
- Querida, agora eu preciso desligar. Mais tarde te ligarei.
- Ok.
- Promete que ficará bem?
- Vou tentar.
- Eu te amo muito, filha.
- Também te amo.
Duda secou suas lágrimas, guardou o celular, e se levantou. Tom saiu dali antes que ela pudesse vê-lo. Ele desistiu de sair com os amigos, e foi direto pra casa.
- Bill, você tem que pedir desculpas a Duda. – disse Tom.
- Por quê?
- Ouvi uma conversa dela com a mãe, e ela chorava muito. É sério, aquilo que você falou, a machucou demais.
- Eu não vou pedir desculpas! Ela que não deveria estar lá escutando nossa conversa!
- Deixa de ser cabeça dura! A garota estava suplicando pra mãe vir buscá-la.
- Perfeito! Assim ela vai embora e me deixa em paz!
Na manhã seguinte, Bill ficou parado em frente à entrada do colégio, esperando pela Duda. Ele havia pensando durante a noite, e decidiu pedir desculpas. Assim que a viu descer do carro, caminhou até ela.
- A gente pode conversa? – pergunta ele.
Ela nem se deu o trabalho de parar para ouvi-lo. Seguiu seu caminho. Bill viu que aquilo seria mais difícil do que pensara, e foi atrás dela. Teve que correr um pouco para alcançá-la.
- Duda! – gritou Bill. – Duda, espera!
Quando a alcançou, segurou em seu braço para fazê-la parar.
- O que quer? – pergunta ela, se desvencilhando. – Dizer novamente que sou a garota mais irritante? Jogar na minha cara que não tenho amigos, e que nem os meus pais me agüentam? Obrigada, mas não estou nem um pouco a fim de ouvir isso de novo!
- Não! Me desculpa. Eu... eu não deveria ter dito aquilo.
- É um pouco tarde pra isso, não acha?
- Foi por impulso! Eu estava com raiva!
- Não precisa perder seu tempo me pedindo desculpas. Sei que não está sendo sincero.
Ela lhe deu as costas e continuou andando. Sem sucesso, Bill vai pro refeitório, e se senta na mesma mesa em que Tom se encontrava.
- E ai, falou com ela?
- Tentei. Mas não deu muito certo.
- E vai desistir?
- O que mais posso fazer? Agora é que ela me odeia mesmo!
- A Débora vai dar uma festa, e ela quer que estejamos presentes. Ela me entregou esse convite aqui. – ele mostra o convite. – Você vai?
- Não tenho nada melhor pra fazer. Quando será?
- Hoje é sexta-feira, então será hoje.
- Ok. Eu vou pra sala, que a aula já vai começar. Você não vem?
- É aula de matemática, não é?
- Um-hum.
- Odeio matemática. Prefiro ficar aqui.
Durante a aula... A professora estava dando um assunto novo, mas Bill não conseguia se concentrar. Na verdade, ele não estava nem prestando atenção.
(Flashback)
- O que quer? Dizer novamente que sou a garota mais irritante? Jogar na minha cara que não tenho amigo, e que nem os meus pais me agüentam? Obrigada, mas não estou nem um pouco a fim de ouvir isso de novo!
- Não precisa perder seu tempo me pedindo desculpas.
(/Flashback)
- Bill. – chamava a professora.
- Desculpa. – disse ele.
- Está tudo bem?
Ele olha pra Duda, que desvia o olhar.
- Sim. – responde.
- Então preste atenção.
Mais tarde, quando o sinal toca, Duda vai pra casa. Ela chega calada, e quando já estava subindo as escadas, seu pai a chama.
- Que carinha é essa? – pergunta John.
- A única que tenho. – responde.
- Andou chorando? – pergunta Carol, se aproximando dali.
- Isso não é da sua conta! – responde ela.
- Não vão começar a brigar agora, não é? – diz John.
- Ô pai, eu não to com cabeça pra ficar aqui ouvindo os seus discursos, e muito menos a voz dessa daí. Então, vou pro meu quarto.
- Chegou isso daqui pra você. – ele mostrou um envelope rosa.
- O que é isso? – pergunta ela.
- Descobrirá quando abrir. – responde Carol.
- Isso é algum tipo de brincadeira? Porque se for...
- Estava no correio. – diz John.
Duda pega o pequeno envelope, e o abre.
- O que tem ai? – pergunta John.
- É um convite pra uma festa. – responde.
- Que tipo de festa?
- Não sei. Mas descobrirei quando chegar lá. – ela guarda o convite na mochila. – Vou pro quarto.
Subiu as escadas, entrou no quarto e trancou a porta. Jogou a mochila no chão, e caminhou em direção a sua estante onde estava o som. O ligou, e estava passando a música “I’m With You – Avril Lavigne”. Se aproximou da cama, se sentou e ficou olhando pro carpete roxo. Se deitou, desta vez fitou o teto. Dos seus olhos começaram a escorrer algumas lágrimas, que ela enxugava, mas que insistiam em escorrer pelo rosto.
Se levantou dali, abriu sua mochila e pegou seu caderno de desenho, e o estojo. Foi até a escrivaninha, e começou a desenhar. As lágrimas ainda caiam.
(Flashback)
- Não tem como agüentá-la.
(/Flashback)
Duda enxugou as lágrimas que molharam o caderno, e com a cabeça um pouco baixa, disse:
- Eu te odeio Kaulitz.
Postado por: Grasiele
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