segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Love And Hate - Capítulo 1 - Bem-vinda à Hamburgo

(Contado pela 3º pessoa)

      Duda acaba de sair do avião. Ficou parada alguns segundos, olhou para os lados, abriu sua bolsa e pegou seu celular. Colocou os fones de ouvido, e começou a ouvir músicas. Deu uma bagunçada no cabelo, e caminhou em direção as cadeiras do aeroporto. Se sentou, e ficou aguardando que seu pai chegasse para buscá-la. Os minutos passavam, e nada. Ela cruzou as pernas, em seguida os braços. Mexeu mais uma vez no cabelo. Começou a balançar o pé, ansiosa. Cansada de ficar esperando, resolveu se levantar para sair dali, quando dá de cara com seu pai.

           - Desculpe a demora. – disse John. - Tive que acertar algumas coisas de trabalho.
           - Tá. – responde Duda, insatisfeita.
           - Como foi a viajem? – os dois caminhavam para a saída.
           - Cansativa.
           - E a sua mãe?
           - Está ótima.
           - Gostou de ter voltado?
           - Quer mesmo que eu responda?

      Eles entraram no carro, e seguiram por dez minutos até chegarem a casa. John estacionou, e desceu para pegar as malas. Duda carregava sua mochila nas costas, e foi logo entrando em casa, enquanto trocava a música do celular. Subiu as escadas, passou por um corredor, e entrou pro quarto. Em seguida, sua madrasta aparece.

           - Gostou do quarto? – pergunta Carol.
           - Que droga de cor é essa?
           - Pensei que fosse gostar.
           - Odeio rosa!
           - Eu gosto de rosa.
           - E daí? O quarto é meu, e não tinha direito nenhum de mudar a cor!
           - Só estava tentando te agradar.
           - Me agradaria muito mais se tivesse deixado tudo como estava!
           - Desculpa.
           - Pedir desculpas por acaso faz a cor voltar ao normal?
           - O que está acontecendo aqui? – pergunta John.
           - A sua esposa mudou a cor das paredes. – diz Duda.
           - E você não gostou?
           - Olha bem pra mim, pai. Vê se eu to com cara de alguém que gostou da cor.
           - Podemos dar um jeito. – disse Carol.
           - Se tocar mais uma vez no meu espaço...
           - Você vai fazer o quê? – pergunta John, a interrompendo.
           - Quero que fique bem longe daqui, ok? – disse Duda. – Será que agora posso ficar sozinha, ou vão querer me impedir disso também?
           - A Carol e eu estamos saindo pro trabalho, e se precisar de alguma coisa é só ligar. O número está na porta da geladeira.

      Os dois saíram do quarto, deixando a sozinha. Duda começou a desfazer suas malas. Depois de tudo arrumado, deitou-se na cama, e ficou ouvindo música por um bom tempo. Se levantou, e foi até sua escrivaninha. Se sentou, abriu a gaveta que era trancada com chave, pegou seu caderno de desenho, e um lápis. O desenho aos poucos começara a surgir. Desenhar era uma das melhores coisas que ela sabia fazer, além de tocar piano.

      Já passava das 16h00, e agora Duda estava deitada no sofá, abraçada a uma almofada, e assistindo um filme de terror. Carol chega, trazendo algumas sacolas de compras.

           - Comprei isso pra você. – disse Carol, lhe entregando um pacote.
           - Acha mesmo que irá me comprar com um presente? – diz Duda.
           - Não estou tentando te comprar. Só pensei que quisesse algo.
           - Um-hum. – Duda pega o pacote. – Obrigada.
           - Não vai abrir?

      Duda abre, e se depara com um vestido, cor lilás.

           - Um vestido? – pergunta Duda.
           - Não gostou?
           - É... um-hum.
           - Posso te pedir uma coisa?
           - Eu sabia que por trás disso havia mais alguma coisa.
           - Só queria pedir que usasse o vestido amanhã no jantar que iremos oferecer aos nossos amigos.
           - Está brincando comigo, não é?
           - Não. Por favor, Duda. Esse jantar é importante.
           - Ta legal.

      Na tarde seguinte, mesmo sem precisar, Duda ajudava a cozinheira Anne a preparar o cardápio do jantar. Aproveitou para fazer a torta de pêssego que ela e sua mãe sempre faziam juntas. Era como uma tradição. Carol aparece na cozinha.

           - O que está fazendo? – pergunta Carol.
           - Torta de pêssego. – responde Duda.
           - Quem lhe deu permissão pra fazer isso?
           - E preciso de uma?
           - O jantar começará em uma hora. Vá para o seu quarto agora, e se arrume.
           - Vou terminar a torta.
           - Vá agora, Duda! – disse com a voz um pouco alterada.
           - Quem você pensa que é? Se situa Carol, você não é a minha mãe!

      Com raiva, a garota largou tudo, e foi pro quarto. Mais tarde, quando saiu do banho, ela se deparou com o vestido lilás em cima da sua cama. O pegou e colocou dentro do guarda-roupa. Escolheu algo confortável, e de seu gosto. Pôs-se em frente ao espelho, secou os cabelos, deixando-os soltos. Fez uma leve maquiagem, passou seu perfume favorito, e já estava pronta.

      Os convidados aos poucos iam chegando. Duda desceu as escadas, e ficou parada no final dela, vendo aquele bando de gente, todos arrumadinhos. Carol vinha da sala de jantar, e viu a roupa que a garota usava.

           - Que roupa é essa? – pergunta ela.
           - Ah, essa daqui? Foi a primeira que encontrei ao abrir o guarda-roupa.
           - Porque não está com o vestido?
           - Não gostei dele.
           - Está querendo me provocar, não é?
           - Eu? Claro que não. – responde ela, sinicamente.
           - Suba e troque de roupa.
           - Nem pensar. Ficarei com esta aqui.

      Carol a fuzilou com o olhar, mas não respondeu mais nada, por conta dos convidados. Horas depois, o jantar foi servido. Todos conversavam sobre a empresa que o John trabalhava, e Duda era a única que não se interessava pelo assunto.    

           - Você nem tocou no prato. – disse John a Duda, sussurrando.
           - Estou sem fome. – responde ela.
           - Se continuar com essa cara de enterro, as pessoas começarão a perguntar. – disse Carol.
           - Problema deles. – diz Duda.
           - Porque você não estampa um sorriso no rosto, e começa a fingir que está gostando. – sugere Carol.
           - Porque não estou gostando. – responde ela.
           - Então se retire. – disse John.

      Duda colocou o lenço em cima da mesa, e se levantou. O garçom vinha trazendo um carrinho com todas as sobremesas.

           - Cadê a torta de pêssego da mamãe? – pergunta ela.
           - Dei um jeito de despachar aquilo pros cachorros. – responde Carol.
           - Você fez o quê?
           - Nem morta que eu deixaria meus convidados comer aquilo.
           - Sua...
           - Duda, - interrompe seu pai. – escolha qualquer outra, e vá pro seu quarto.

      Com certeza se seu pai não tivesse interrompido, a Duda teria falado alguns palavrões a Carol. Ela pegou a primeira que avistou, e se retirou, indo para a cozinha. Colocou a sobremesa em cima do balcão, e começou a chorar. Naquele momento, desejava mais do que tudo, estar ao lado da sua mãe.

Postado por: Grasiele

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