domingo, 17 de junho de 2012

The Neighbour - Capítulo 40

Luiza

Nem bem abriu a porta e logo fez valer aquela tradição de casamento, me carregando nos braços. E confesso que o meu maior medo era que ele acidentalmente fizesse que nem o Ashton Kutcher naquele filme, “Recém-casados”. Depois que o ajudei, trancando a porta, percebi que não tinha a menor intenção de me soltar. Perguntei:

- Vou ficar aqui o tempo inteiro? 

- Claro que não! - Respondeu, dando um sorriso maroto. - Só vou te soltar quando chegarmos ao quarto. 

E assim que estávamos lá, me pôs sobre a cama, com a maior delicadeza possível, como se eu fosse uma boneca de porcelana frágil. Em seguida, se sentou ao meu lado e, brincando com meus dedos, para variar, perguntou:

- Sabia que ainda não caiu minha ficha?

Sorri fraco. 

- Nem eu. - Respondi. - Se para você já é estranho... Imagina para mim? Eu, que só sonhava em sair do Brasil e não tinha como. E olha onde eu estou! 

Sorriu daquele jeito tímido e fofo que eu amava. Não resisti e, ajoelhando sobre o colchão, depois de descalçar as melissas, me aproximei dele e o beijei, passando os braços em volta do seu pescoço. Obviamente, não demorou muito para que ficasse mais intenso e estivéssemos cada vez mais... Ansiosos. Ele tentou me fazer sentar no seu colo, mas, por causa da quantidade de panos, foi complicadíssimo. Então, perdendo minha paciência, me separei dele e levantei, virando de costas e pedindo: 

- Abre os botões para mim, por favor? Tô ficando histérica com esse vestido. Tá me apertando... 

Ouvi sua risada baixinha e começou a abrir cada um dos botões. Assim que o vestido ficou mais folgado, o tirei e, respirando aliviada. Quando olhei para trás, notei que ele estava simplesmente me comendo, entenda como quiser, com o olhar. Só para provoca-lo, levei as mãos até o fecho do sutiã branco com detalhes de renda preta que fazia 
conjunto com a calcinha. 

- Experimenta abrir esse sutiã para ver o que te acontece... - Disse, me olhando fixamente. Arqueei a sobrancelha e dei um meio sorriso, abrindo a peça. 

- Ops! - Fingi inocência. - Desculpe, mas sou tão curiosa quanto um gato. Quero saber o que está planejando fazer comigo, Bill... 

- Vem cá então que eu te mostro. 

Mordendo o lábio e sorrindo marota, neguei com a cabeça, o olhando fixamente. 

- Só quando estivermos em pé de igualdade. Ou seja... Você estiver usando só as boxers. 

Rapidamente, começou a se despir. De maneira ansiosa começou a desfazer o nó da gravata, a atirando em um canto qualquer. Em seguida, o colete que usava por baixo do paletó teve o mesmo destino. O tempo inteiro me fixava intensamente. O observei abrir cada botão e, quando tirou a camisa, perguntou:

- Satisfeita? 

- Não. Falta a calça. 

Rindo daquele jeito meio descarado igual ao do Tom, se levantou da cama e, me olhando fixamente, abriu o botão e desabotoou a calça, baixando o zíper logo em seguida. Cruzei os braços e ele, me olhando, perguntou:

- E você vai ficar assim?

- Estou pensando no seu caso... - Respondi. - Preciso de mais... Estímulos. 

Ainda dando o sorriso torto e mordendo o lábio inferior, tirou a calça e, depois de dar o mesmo destino das outras peças, sorri de uma maneira que tinha certeza que não era nem um pouco inocente e tirei o sutiã, tomando o cuidado de atirá-lo no meio da pilha que as suas roupas haviam formado em um canto. E ao mesmo tempo em que terminava de me despir, ele também o fazia. Lentamente, me aproximei e automaticamente, envolveu minha cintura com seus braços, me puxando para mais perto e me beijou de um jeito diferente, por incrível que pareça. Apesar dos pesares, me fez lembrar da primeira noite que passamos juntos, do jeito carinhoso, apaixonado, delicado e dedicado que havia me tratado. Acariciou minha cintura enquanto tratava de me guiar até a cama. Uma vez que a encontrou, me fez deitar sobre o colchão e ficou por cima de mim. Não contive um resmungo quando abandonou minha boca. Percebi que riu e, sabe-se lá como, consegui reclamar:

- Isso... Ri mesmo porque você não está na minha situação... 

- Ah é? Quem te disse? - Perguntou com aquela voz rouca que por si só, já fazia AQUELE estrago. Ia responder quando ele, sendo a peste que era, moveu o quadril contra o meu, permitindo que eu sentisse que estava excitado. Começou a beijar meu pescoço daquele jeito irresistivelmente delicioso, não deixando nenhum milímetro de pele passar ileso. Ao mesmo tempo, resmungava coisas como “Gostosa”. Logo, senti seus lábios tocando delicadamente o meu colo, partindo na direção dos seios em seguida. Assim que sua língua morna tocou o mamilo esquerdo, me controlei para não gemer e me concentrei apenas em embrenhar meus dedos nos seus cabelos, os puxando com a firmeza necessária; Nem com muita força, mas também, sem ser fraco demais. Sem que me desse conta, arqueei as costas enquanto ele passava a sugar e morder de leve o bico. Nessa hora, não me contive e cravei minhas unhas no seu ombro. Passados alguns minutos, fez os mesmos estímulos no outro seio por mais algum tempo e, quando eu não estava mais aguentando, começou a beijar minha barriga, indo cada vez mais na direção sul. Começou a deslizar uma das mãos sobre minha coxa, mal encostando as pontas dos dedos na minha pele, o que só fazia me torturar ainda mais. Mas o pior mesmo era quando quase encostava na minha virilha e depois voltava. Se não estivesse tão atenta àquilo que sentia, teria o xingado.

Afastou minhas pernas e cravei minhas unhas no seu ombro assim que a bolinha do seu piercing da língua começou a brincar com meu clitóris. Não bastasse isso, ainda me estimulou com dois dedos. Passados alguns poucos minutos, já não estava mais aguentando e praticamente implorando para que ele não parasse. E ainda bem que foi até o fim. Depois que tive aquela sensação boa que sempre dava o ar da graça nessas horas, não consegui mais me segurar. E só então, ele se endireitou e ficou por cima de mim. Me beijou e, aproveitando a oportunidade, fiz a provocação costumeira: Deixei minha mão que ainda estava pousada sobre seu ombro deslizar pelo seu peito, barriga até chegar onde eu queria. Percebi que ficou um pouco desatento enquanto entendia o que estava acontecendo. Aproveitei para deixar minha mão livre ir se juntar à outra, só que para dar atenção à outra parte do corpo dele, que já tinha interrompido o beijo e ofegava cada vez mais, conforme eu aumentava a velocidade com que o masturbava. Quando estava prestes a não conseguir mais se controlar, me pediu, com aquela voz rouca e baixa que 
sempre me causava arrepios: 

- 
Liebe... Para. 

Estranhei o pedido, mas mesmo assim, obedeci. Fez com que colocasse minhas pernas em torno do seu quadril e, me fixando, encostou sua testa à minha e, enquanto me beijava, o sentia deslizando lentamente para dentro de mim. Naquela hora, não me contive e o abracei. E como resposta, ouvi um “
ich liebe dich” meio ofegante, sexy e rouco bem próximo à minha orelha. Respondi, do mesmo jeito:

- 
Ich liebe dich auch, Bill. Desde o primeiro até o último dia. 

Acariciou meu rosto e logo em seguida, me beijou. Conforme o beijo ia aumentando de intensidade, a velocidade com que ele se movia também. Não demorou muito para que atingíssemos o clímax e ele se largasse ao meu lado, ainda respirando forte. Me puxou para mais perto, me segurando pela cintura e beijando meu pescoço. Não sei quanto tempo ficamos ali, já que não demorei a pegar no sono. Só sei que não queria ter acordado. 

Bill

- Liebe...– Eu a chamava, mas ela só resmungava. - Liebe... Se você não acordar agora, eu juro que te pego de jeito e te enfio na banheira com água gelada. 

- Isso é injusto... Usar e abusar de chantagem... E justo você! - Resmungou, enquanto levantava da cama, ainda zonza de sono. 

- Eu sei. Mas a gente tem que ir. 

- Ó mundo cruel! - Resmungou em português mesmo, me fazendo rir enquanto a observava ir, enrolada no lençol, até o banheiro. Terminei de arrumar pouquíssimas coisas que tinha deixado para fora da mala quando ouvi o celular dela tocando. Avisei e me disse para atender. Não tive nenhuma surpresa ao ver que era meu irmão e, quando atendi, disse, naquela empolgação pela qual eu sabia muito bem o motivo:

- 
Liebe? Você é a melhor amiga do universo! Passei a noite inteira com a Lilian. E sim. Aconteceu. Te serei eternamente grato por ter insistido comigo para correr atrás dela. E acho que meu irmão não merecia outra garota a não ser você. 

Não contive um sorriso ao notar que estava feliz. 

- 
Luiza? Está aí?

- No banho. - Respondi.

- 
Ah... Oi. – Disse. Sua falta de graça era evidente, o que deixava tudo ainda mais engraçado. 

- Quer dizer então que você e a Lilian estão juntos?

- 
É. Graças à Iza. E aí? Como foi a lua-de-mel de vocês?

– Ainda não foi. 

- 
Tá de sacanagem! 

– Não. A gente ainda nem viajou... A Iza está no banho e eu estava terminando de colocar algumas coisas na mala. 

- 
Se não aconteceu... O que vocês ficaram fazendo a noite inteira?

– Ficamos no bufê com seis amigos bêbados, sendo que um deles era meu irmão. 

- 
Ah... Mas a gente não estava impedindo vocês dois de irem para a casa e terem a primeira noite de casados. 

- Tem certeza? Vocês beberam tanto que teve uma hora que achamos que íamos ter de passar nossa noite de núpcias cuidando de vocês. 

- 
Tá. Me desculpe então. 

Rindo, concordei e conversei com ele por mais alguns minutos, até que me dissesse que a Lilian havia acordado e eu ouvisse a Iza me chamando. Desligamos e, assim que entrei no quarto, ela já estava quase totalmente vestida. Perguntou:

- Quem era?

- O Tom. Está satisfeitíssimo por sua causa. 

- Como assim? - Perguntou, curiosa.

- Ele passou a noite com a Lilian. Quando atendi, achou que eu era você e desandou a falar, inclusive que eu não merecia outra garota a não ser você. 

- Ai que fofo. - Disse, sorrindo. - Mas é sério que finalmente rolou? 

- Ele estava muito feliz. Então... É. Rolou. 

- Depois eu ligo para ele. - Disse, vestindo a calça jeans. A observei e, quando ela percebeu isso, deu um sorriso e perguntei:

- Eu estava pensando numa coisa... Onde a gente vai morar?

- Por mim... Tanto faz se aqui ou lá. 

- E... Se a gente mudasse para outro lugar? Vendesse os dois apartamentos e comprasse... Sei lá, uma casa? 

- Tá. Mas com uma condição. 

- Qual? 

- Que seja, no máximo, a cinco quilômetros de distância do nosso cupido. 

Sorri e concordei. 

Assim que estava tudo pronto, fomos até o aeroporto e de lá, para as Maldivas. 

No final do quinto dia, estávamos andando à beira-mar de mãos dadas e observando o sol se pondo. Num dado momento, não me contive e a abracei apertado. Senti seus braços envolvendo minha cintura e encostando a cabeça no meu peito. Depois de alguns minutos, a soltei e, segurando sua mão, a guiei até a água, mas só até onde as ondas chegavam na areia. Ficamos ali, andando lado a lado e conversando sobre várias coisas, inclusive sobre a nossa futura nova casa. 

E assim, aproveitamos cada dia que passamos ali, sendo que em alguns deles nem saíamos direito da cama. 

Quando voltamos, tivemos duas surpresas. A primeira era que meu irmão e a Lilian estavam juntos para valer. E a outra é que um dos vizinhos dele tinha se mudado e, obviamente, comprei a casa, sem a Iza saber, já que queria fazer uma surpresa para ela. Apenas tinha dito que consegui um lugar para nós dois, mas não disse onde era exatamente. Como esperado, ficou ansiosa, me perguntando e insistindo a cada cinco minutos para que eu contasse, mas não cedi. Nem mesmo quando ameaçou não se mudar comigo. Nessa hora, não resisti e a provoquei:

- Me diz uma coisa. Se você não vier comigo... Vai ficar aonde, sendo que este apartamento já foi vendido?

Me olhou surpresa e questionou:

- Como assim já foi vendido?

- A Elise encontrou alguém para comprar. E me pareceu uma boa pessoa. 

- E... Quem é essa pessoa? 

- Uma moça. Um pouco mais nova que a gente. Aliás... É bem parecida com você, inclusive na personalidade. 

- Ah é assim, seu safado? - Perguntou, brincando e me batendo com uma camiseta. - Reparou em tudo na menina, não é? Se bobear, até viu se ela estava usando minissaia. 

- Jeans. Não preta. 

Me encarou, com sobrancelha arqueada e mãos na cintura. Por esse último detalhe, tinha certeza absoluta que aquilo não ia prestar. Mesmo.

- Você reparou até na minissaia da menina? 

Falei? 

- Reparei, porque era curta demais. Indecente mesmo. 

Ainda arqueando a sobrancelha, decidiu mudar de tática e me ignorar. 

- Está com ciúmes?

- Não. Só... Não gosto de descobrir que você olha para as outras meninas de minissaia, por mais que isso faça parte do seu instinto masculino.

- Você não olha para os outros caras? 

- Olho, mas é diferente. 

- Ah é? Me explica então a diferença.

- Eu não fico olhando para os caras e admirando a bunda deles, por exemplo. Mesmo porque, só tem um único que eu faço isso, que é você, meu marido. 

A olhei, assimilando o que tinha dito. 

- O que foi? - Perguntou.

- Quer dizer que você fica admirando minha bunda?

Deu um estalo impaciente com a língua, rindo, e falei, passando meus braços ao redor da sua cintura:

- Mas de duas coisas você pode ter certeza absoluta. A primeira é que eu te amo. E a segunda... Você é quem fica bem de minissaia. 

- Isso... Puxa bastante o saco, vai... 

- Você também não é fácil, hein?

- Mas você me ama justamente por isso, não é?

- E quem é que te disse que eu te amo?

- Você mesmo, há poucos minutos quando me disse que eu podia ter certeza de duas coisas. 

- E não é que você não é tão distraída assim? - A provoquei. 

- Hã? O que foi que você disse? - Perguntou, brincando. - Ok. Assunto sério agora. O que você achou da menina, tirando a aparência? 

- Parece ser uma menina bem... Comportada. Quer dizer, do tipo que não mexe com substâncias ilícitas, não dá festas aos finais de semana... 

- Melhor assim. Imagina se a criatura consegue matar a, agora, ex-última moradora recente por causa daquelas músicas eletrônicas?

- Ia ser complicado... 

Depois de algum tempo, ajudei a terminar de arrumar as suas coisas e, quando estávamos passando pelo hall de entrada, o porteiro conversava com um cara alto, loiro e cheio de piercings e tatuagens. 

- Bill... Vai vender seu apartamento também ou só o da Luiza? - O porteiro perguntou, assim que nos viu. O cara se virou e era assustadoramente parecido comigo. Tanto que podia até dizer que era um trigêmeo perdido meu e do Tom. 

- Os dois, para falar a verdade. Tem alguém interessado? 

- Eu estava, na realidade. - O cara disse. - Estou me mudando para cá por causa da faculdade e ainda não achei um lugar para ficar. 

- Ah sim. Bom, se te interessar mesmo... A gente pode conversar. - Respondi. 

- Claro. Ah! Aqui... Esse é meu telefone, caso queira me dar preferência. - O cara disse, me estendendo um pedaço de folha de caderno. Agradeci enquanto guardava seu número no bolso da calça. O cara nos olhava fixamente e eu sabia que não ia demorar muito para que eles nos reconhecesse. Por isso, agradeci mentalmente por termos sido salvos pelo gongo, literalmente, já que o celular da Iza começou a tocar uma música do Eminem naquela altura. Até hoje achava ótima a escolha do toque dela para identificar o meu irmão. 

Passados alguns minutos e já longe do nosso prédio, a ajudei a sair do carro e, depois de tirar seu óculos de sol e coloca-lo na gola da minha camiseta, tampei seus olhos. Obviamente, ela não gostou, mas me deixou guia-la. Assim que destranquei a porta, perguntou:

- Até quando vou ficar sem ver? 

- Só por mais alguns minutos. - Falei, enquanto a fazia avançar. A levei até a 
área da piscina, que tinha um jardim a circundando, algumas espreguiçadeiras e até uma mesa com um guarda-sol. Pus minhas duas mãos sobre sua cintura e, antes disso, avisei, com a boca próxima ao seu ouvido:

- Espero que esteja preparada... 

Assim que viu a piscina, deu um sorriso contagiante e falei:

- Não se preocupa que a gente não demora a estrear essa piscina... 

Me olhou, com sobrancelha arqueada e, pegando sua mão, continuei mostrando cada cômodo da casa, recomeçando pela 
cozinha, que era em estilo moderno, decorada nas cores marrom e branca. O fogão ficava sobre a bancada e o forno era embutido na parede. Em seguida, fomos para a sala de estar. Tinham dois sofás em formato de L que ficavam próximos à televisão de LCD. A decoração sóbria em branco, prata, verde e marrom, ainda que fosse rústica, tinha um toque moderno. Sobre a mesa de centro, um vaso com flores e velas brancas. Perto da janela, ainda haviam duas poltronas cor de creme e outro sofá cinza. Atrás deste, um bufê* com dois abajures. A sala de jantar, por outro lado, era mais discreta: A mesa era de madeira e as cadeiras eram brancas. Havia um painel e a iluminação era por conta de algumas lâmpadas pequenas no teto e um lustre bem... Diferente. Mostrei cada cômodo e, quando chegamos àquele que seria nosso quarto... 

- Eu jurava que ia encontrar uma decoração... Mais escura. 

As únicas coisas escuras ali eram a televisão e um detalhe da namoradeira aos pés da cama. De resto, tudo ali era branco: A cama, os lençóis, uma cômoda sob a televisão, uma cadeira com um banco debaixo da janela, os criados-mudos, abajures... O lustre parecia uma aranha. 

Assim que terminamos o “
tour” pela casa, perguntei: 

- E então? 

- E então o que? 

- O que você achou? 

- É... Uma casa muito bonita. Mas... Por que estamos aqui? 

Entreguei a chave para ela e disse:

- Por que essa é nossa casa, Sra. Kaulitz. 

Olhou para o molho de chaves nas mãos e, com aquela carinha de desconfiada, disse: 

- E eu sou ruiva natural. Conta outra, Bill... 

- Eu estou falando sério! Comprei essa casa para nós dois. E o Tom mora aqui do lado, conforme você me pediu. 

Olhou ao redor e disse, com aquela expressão marota:

- Troca essa roupa por uma de banho. Daqui a pouco me encontra aqui. 

Meio sem entender, concordei e, assim que a vi descendo as escadas e usando 
um biquínilistrado de rosa escuro, rosa claro, roxo e verde; A calcinha tinha uma espécie de cinto rosa com quadrados nas mesmas cores das listras. Sem falar que usava o seu Wayfarerinseparável. 

- Nossa... - Sibilei, assim que passou por mim.

- Cuidado que em boca fechada... Não entra mosquito, viu? - Perguntou, passando a mão sob meu queixo e dando aquele sorriso torto. 

No final daquela tarde, estávamos na cozinha, nos entupindo de brigadeiro e falando besteira quando, de repente, me ocorreu uma coisa. 

- Você ainda está tomando os contraceptivos? - Perguntei. 

- Por que?

- Só... De curiosidade mesmo. - Respondi, num tom de voz indiferente. 

- Sei... Mas, caso ainda seja só de curiosidade... A cartela já está no final e tem uma pausa. 

- Ah é? Interessante... 

- Não tem nem dois meses que a gente casou e já tá querendo arrumar menino? - Perguntou, naquele tom de brincadeira. 

- E por que não? E nem adianta vir com aquela conversinha de que quer esperar até estar estabilizada e tal. 

Abriu a boca e me encarava com expressão de surpresa. 

- Sabe por que você está falando isso? Não é você que vai engordar um absurdo, não é seu corpo que vai modificar, não é sua barriga que vai crescer, suas costas não vão doer, seus pés não vão ficar inchados e principalmente, você não vai sentir uma dor igualável a quebrar vinte e dois ossos ao mesmo tempo enquanto uma criança sai de você! - Disse tudo isso sem parar para respirar. 

- Você tem razão. Mas... Imagina uma menininha idêntica à mim ou um menininho igual à você correndo pela casa. Não seria bom? 

- Olha... Eu sempre ouvi dizer que era instinto maternal... Não paternal. 

- Isso nos casais comuns. E olha para nós... 

- É. Verdade. - Disse, resignada, sorrindo. - Mas, já que você quer tanto... Não tem por que não ir tentando... 

Preciso dizer que meu sorriso foi o maior possível?

E assim, o tempo foi passando, nós continuamos tentando fazer um filho e, ainda que houvessem algumas discussões, vez ou outra, ainda sim, passávamos mais tempo em paz do que brigando. 

Meu irmão estava namorando a Lilian, para a surpresa de todo mundo e só se falava nos dois. Depois de uma entrevista, a Iza comentou uma coisa que me deixou cismado e assim que tive oportunidade, parei para prestar atenção ao Tom. Durante uma entrevista, sempre que falavam na Lilian e ele ia responder, eu sentia o quanto estava feliz. E olhar para ele era totalmente desnecessário, já que seus olhos brilhavam. Sinal clássico de quem estava apaixonado. E justo ele, que sempre foi avesso à esse tipo de coisa...

E caso esteja se perguntando... A Sofia foi passar uma temporada na Suíça. Descobri que estava namorando o filho de um magnata e estava muito feliz. E a Iza, quando soube, ficou feliz por ela, apesar de tudo. E tal atitude me surpreendeu. Quer dizer, eu esperava outra atitude dela, dadas as circunstâncias, mas quando a ouvir falar “Que bom!” com aquela animação toda... É que tive certeza que não poderia ter escolhido outra mulher para ser minha esposa.

Porém, nada foi tão curioso quanto o dia que fomos até o antigo prédio, para buscar as correspondências. O cara que comprou meu prédio, Wilhlem, estava chegando com umas sacolas de compras de supermercado e falando com um cara que lembrava muito o Tom. Entreouvimos a conversa dos dois e o Wilhlem dizia:

- Você não viu como ela me tratou. Essa garota é o capeta de saia! 

- Você está exagerando. E ela não me pareceu tão má assim.
- Por que você não viu o jeito dessa menina! Escuta o que eu estou te falando! Ela é diabólica. Não vou nem me surpreender se ela for que nem a Megan Fox naquele filme e literalmente comer os caras depois de seduzi-los!

- Cara, não viaja! - O outro disse. Olhei para a Iza, que fazia uma expressão que era um misto de curiosidade e outra coisa que eu não sabia bem o que era. Logo, a Louise, que era a garota que estava morando no apartamento da Iza, apareceu, gritando enquanto pedia para segurarem a porta do elevador. Olhei para a minha esposa e perguntei:

- Só eu que estou tendo essa sensação de déjà vu? 

Sorrindo, a Iza foi andando até eles e disse:

- Só um aviso... Daqui a... Quase dois anos, não se esqueçam de nos convidar para o casamento de vocês. 

Os dois olharam para ela, como se fosse uma alienígena. E foi realmente engraçado ver a expressão de descrença deles. 

Quando chegamos em casa, no final da tarde, percebi que ela estava mais quieta. Perguntei:

- Aconteceu alguma coisa? 

Mordendo o lábio inferior e com um jeito de incerteza, ela se sentou no sofá e me indicando um lugar ao seu lado. Assim que o fiz, me disse:

- Eu... Não sei direito como te falar. 

- Falar o que? Iza, o que houve? 

Depois de um suspiro pesado, voltou a me fixar e disse:

- Eu... Vou ser direta. Já tem um tempo que... Apareceu uma pessoa na minha vida. 

Tentando me controlar, concordei com a cabeça em silêncio. 

- Eu conheço o cara, pelo menos?

Por um mínimo instante, tive a impressão que quis rir. Não sabia que era tão sádica assim. Ainda mais depois de todo esse tempo. 

- Não. E... Para ser sincera... Nem eu conheço. Acho que daqui a uns... Sete meses mais ou menos é que vamos conhecê-lo. Ou conhece-la. Só vai dar para saber daqui a dois meses. 

A olhei, surpreso. 

- Espera aí... Tá querendo dizer que...?

Pegou minha mão e a pôs sobre a própria barriga. Não me contive e a beijei do jeito mais apaixonado. Quando nos separamos, disse, rindo fraco:

- Pelo menos alguma coisa tinha que ser normal nesse relacionamento... 

Ainda sorrindo, a abracei. 

- E quem vai contar para o futuro titio cupido? - Perguntei, fazendo-a rir. 

- Nós dois. Afinal de contas... Fomos ajudados por ele ao mesmo tempo, não é?

Concordei. 

É como dizem... Com um irmão como o Tom, quem é que precisa de cupido? 
FIM
Postado por: Alessandra | Fonte: x

The Neighbour - Capítulo 39

Bill

Um dia antes da cerimônia do casamento, fui até a casa da minha mãe, que estava aflita com alguma coisa. Assim que ela desligou o telefone por um minuto, perguntei:

- O que houve?

Meio incerta se deveria continuar ou não, acabou decidindo me contar:

- O vestido da Luiza estava lá no ateliê. E amanheceu em pedaços. 

- Sofia?

Concordou. 

- Mas... Não tem um vestido de reserva?

- Estou tentando encontrar. Não sei o que vai ser se não conseguir. Bom, o que eu quero é que você não conte nada para a Luiza. 

Assenti. 

- Supondo que... Você não consiga. O que vai fazer?

- Não tenho nem ideia. 

Estava pensando sobre o que havia me dito e perguntei:

- Como a Sofia conseguiu entrar no ateliê?

- Não sei. A Sylvie me disse que ela estava bem nesses últimos dias. 

- Só pode ser ciúmes. - Concluí. 

- Eu não consigo entender como é que ela ficou desse jeito! Era para ter aceitado o fim do namoro de vocês numa boa, ainda mais que você não a traiu quando ainda estavam juntos!

- Ah, mãe... Ela já não estava bem. 

- Vem cá. Será que não era melhor cuidar para que ela evite se aproximar da Luiza? Quer dizer, eu acho que é melhor. 

- Está falando de uma daquelas medidas restritivas?

- Sim. Mas só para prevenir, sabe? 

Concordei. 

- Acho que, de início, o melhor é colocar seguranças em todo o lugar. Daí, quando eu voltar da lua-de-mel, ligo para o advogado. 

Me olhou de um jeito engraçado e perguntei: 

- O que foi?

- Nada. Só estava pensando que... É estranho pensar que amanhã você vai se casar. Para mim sempre vai ser aquele menininho loirinho que sempre estava correndo por aí, brincando com o Tom... 

Sorri e perguntei:

- Nunca vai mudar, não é?

Negou, sorrindo também. 

- Por outro lado, fico feliz que tenha... Esbarrado em uma garota tão especial quanto a Luiza.

Rimos ao ouvi-la dizer aquilo. 

Antes de ir dormir, porém, me deu um beijo de boa noite e disse:

- Dorme bem, 
liebe. E não fica acordado até tarde, afinal, amanhã é o grande dia e você precisa estar descansado. 

Dei um sorriso fraco, sem mostrar os dentes. Naquela noite, assim que deitei a cabeça sobre o travesseiro é que a ficha caiu: Eu ia me casar com a Luiza. A garota maluca do supermercado. E quer saber? Não estava nem um pouco arrependido da minha decisão. 

Luiza

O grande dia tinha chegado e parecia um zumbi, tamanha era minha ansiedade. Mal tinha conseguido dormir a noite inteira, o que significava que a Natalie estava tendo um trabalhão daqueles para não me deixar com cara de morta-viva e sim, de uma noiva. Noiva... Essa palavra ecoava na minha cabeça, junto à casamento e o nome do Bill. Verdade fosse dita, eu estava realmente ansiosa para ver como ele ia ficar de terno. Ia ser muito difícil olhar para ele e não babar durante toda a cerimônia. 

Uma vez que 
a maquiagem, bem light mesmo, combinando com o horário de final de tarde estava pronta, foi a vez de fazer o penteado. Basicamente, a cabeleireira prendeu duas mechas do cabelo na parte de trás da minha cabeça, pôs a franja para trás e tentou fazer alguns cachos largos nas pontas. Porém, quando se tem um cabelo naturalmente escorrido e pesado como o meu, obviamente, não vai dar certo. Tanto que depois, ela até perdeu a paciência e simplesmente fez as pontas viradas para dentro, numa escova. Ao mesmo tempo, uma manicure fazia as minhas unhas e um fotógrafo registrava tudo. Esse último detalhe foi exigência única e exclusivamente minha. Logo que estava pronta, ouvi umas batidas na porta do quarto e a Simone entrou, trazendo o vestido. O meu coração quase despencou até meu dedo mindinho do pé esquerdo. Disse:

- Olha, tivemos um pequeno acidente com o outro, mas por sorte, eu já tinha mandado fazer esse, justamente para o caso de acontecer algum imprevisto. E vou te falar. Foi complicado não deixar transparecer isso para o Bill. 

Ri do que ela falou e, depois que abriu aquela capa protetora, meu queixo foi fazer companhia para o meu coração. A saia d
o novo vestido era mais armada e o corpete era todo brocado. Ainda havia uma espécie de xale, feito com um pedaço de tecido como o da saia. Era absolutamente lindo. E ela mesma me ajudou a coloca-lo. Quando viu qual sapato eu tinha escolhido, disfarçou uma risada e falei:

- Simone, a culpa não é nem sua e muito menos minha que seu filho mede quase dois metros e eu míseros 1.65m! 

- Não vai ficar sacrificada demais em cima desse salto?

- Nada! - Respondi, fazendo um gesto displicente com a mão enquanto ela terminava de fechar o zíper. Assim que me olhei no espelho, ela me disse: 

- Você é e está linda. 

Sorri, toda sem jeito e, justamente nessa hora, bateram na porta. O Tom espichou a cabeça para dentro do quarto e, de queixo caído, pediu para falar rapidinho comigo. Assim que ficamos a sós, me disse:

- Olha, se quiser desistir e casar comigo, eu aceito, viu?

Dei um tapa de leve no seu ombro e falei:

- Fez um excelente trabalho, cupido. 

- E sem a fralda!

- E sem a fralda! - Repeti, com bem mais entonação e rindo. 

- Me promete uma coisa?

O olhei, indicando para continuar. 

- Faz meu irmão tão feliz quanto ele está agora, sim? E principalmente: Seja feliz, por mais que isso seja meio difícil, já que é o Bill e não eu. 

- Menos, Tom... Bem menos. 

- Mas falando sério... Você sabe que eu te amo, né?

- Sei. E é recíproco. 

Me abraçou forte e, quando me soltou, percebi uma coisa. 

- Ô meu Deus! Se já está assim agora... - Falei, voltando a abraça-lo, só que pela cintura.

- Assim como?

- Chorando feito uma manteiga derretida. 

- Eu não estou chorando, só... 

- Entrou um cisco no olho?

- Não. Um cílio mesmo. 

- Tá. Você finge que convence e eu finjo que acredito. Ainda mais que eu acho absurda essa história de que homem não tem que chorar. 

Ia responder, porém, mais uma vez, alguém bateu na porta. Garanto que daqui a pouco nem porta tem mais. 

Dali a alguns minutos, o carro parava em frente ao lugar onde seria a cerimônia (Que na realidade, era uma benção, já que eu não tinha feito primeira comunhão) e um dos meus tios me perguntava:

- Pronta?

Engoli em seco e concordei, respirando fundo. 

Assim que entramos, meu tio foi se juntar à esposa e as organizadoras estavam doidas, tentando manter todo mundo alinhado. Quer dizer, antes que você comece a se perguntar o motivo de tudo isso, eu explico. Considerando que a noiva é uma legítima nativa de Aquário... Obviamente não seria 100% tradicional. Depois de muita conversa, convencemos os padrinhos a entrarem de um jeito diferente... 

Desde que vi os vídeos de casamento onde os padrinhos e os noivos entravam dançando que fiquei cismada com aquilo. E, no dia que estava ouvindo Lady Gaga, descobri que 
Marry the night seria perfeita para o momento. Logo, cada um foi entrando, imitando mesmo o vídeoque promovia o casamento do príncipe William com a duquesa Katherine Middleton. Por um espacinho pequeno, via cada um dançando enquanto passava pelo caminho até chegar ao seu lugar, perto do padre. Obviamente, o Georg fez graça, me lembrando de um passo que fez no vídeo do making of de Automatic. E eu, escondidinha num canto, quase chorava de rir com cada um. A Elise e a Hannah entraram juntas e, no meio do caminho, fizeram aquelepassinho clássico de tango. Acho que não vi um único convidado sério, até mesmo o padre disfarçava o riso. No final, quando eu era a única que estava faltando, as organizadoras me guiaram para o começo da passagem, indicada por um tapete vermelho. Respirei fundo e comecei a andar lentamente, como se fosse a marcha nupcial tocando ao invés de Lady Gaga. Como estava em uma parte antes do refrão, só esperei até que ela cantasse para ir andandocomo a própria fez em Born this way. E, no meio do caminho, improvisei uma dança, rindo da minha própria palhaçada, como sempre. Assim que toda a farra acabou, os convidados se sentaram e o padre começou a celebração. Fez um breve discurso sobre o amor e juro que por muito pouco mesmo não desabei quando veio aquela famosa pergunta de “Você aceita este homem como seu legítimo esposo, prometendo amá-lo e respeitá-lo até o último de seus dias?”. Estava tão nervosa que só consegui concordar com a cabeça, fazendo todo mundo rir baixo; Só a visão do Bill de terno preto, camisa branca e gravata (Sem ser a borboleta) prata já era o suficiente para me deixar inquieta.

Benção dada, o famoso “Pode beijar a noiva” e o beijo dados... Fomos até uma parte da casa que tinha um salão de festas, totalmente 
decorado como havíamos combinado, em tom de creme. As mesas eram adornadas com vasos compridos e rosas brancas e comportavam até oito pessoas. E foi para esse salão que a maioria dos convidados foi, enquanto tirávamos fotos com a família, alguns amigos mais chegados... Quando foi a vez de tirarmos a primeira, que era com os pais, não nego que mais que nunca, senti muito a falta do meu pai. E assim que minha mãe, a Simone e o Gordon foram até o salão, o Bill percebeu que tinha algo errado e perguntou:

- O que foi, 
liebe?

Sem dizer nada, o abracei e não fossem os meninos terem chegado, com toda a certeza do mundo, teria começado a chorar ali mesmo. 

Uma vez que as fotos terminaram, lá fomos nós cumprimentar cada um dos convidados. Só que, obviamente, cada um foi para um canto e estava tão... Desnorteada que, sem querer, cumprimentei três pessoas mais de uma vez. Quando finalmente achei o Bill, percebi que estava falando com o pai dele. Quer dizer, sabia que tinha mandado o convite, mas também sabia que ele não esperava que o Jörg viesse. Justo na hora que o Bill começou a olhar ao meu redor, o Tom simplesmente se materializou do meu lado, me assustando com o grito de “Minha cunhada!” e dei um tapa daqueles no seu ombro. 

- Ai! O que eu fiz?

- Me assustou. 

- E estava tão concentrada assim por que...?

Na hora, vi que o Bill estava andando na nossa direção e então, o Tom viu o que tinha acontecido, fechando um pouco a cara. Perguntei:

- Pelo visto... Ele quer me conhecer. 

- Exatamente. - Respondeu, muito sem-graça. Peguei na sua mão e o puxei até seu pai. Fomos apresentados e ele se mostrou gentil, apesar de um pouco distante. Logo, uma das organizadoras apareceu, avisando da valsa. Tive que controlar o riso ao ver a manha do Bill e falei:

- Anda... Deixa de ser mole, porque já tem gente me atazanando, vulgo Tom, para a gente abrir logo a pista. 

Resmungou mais um pouco, mas foi dançar. Para minha surpresa, que estava acostumada a sempre ouvi-lo dizer que não dançava quando estava sóbrio e tal, até que se saiu um belo pé-de-valsa. E assim que a música acabou, logo em seguida, começou a tocar “
Your body is a wonderland” e, não acreditando naquilo, comecei a rir enquanto ainda dançávamos. 

- Não acredito nisso!

- Por que não? Afinal de contas, essa era a música que estava tocando quando a gente se beijou pela primeira vez. 

- Era?

- Era. E achou mesmo que eu me esqueceria? Fiquei com essa praga, como você costuma dizer, na cabeça por semanas! 

Sorri de novo e ele, aproximando a boca do meu ouvido, começou a cantá-la com aquela voz rouca que sempre me fazia arrepiar. É. Definitivamente, ele me conhecia muito bem. 

Bill

Finalmente pudemos nos sentar à mesa com as nossas mães, o Gordon e os avós. As nossas mães conversavam animadas em italiano, já que a mãe da Iza não falava nem inglês e muito menos alemão. Daí, minha mãe simplesmente começou a ter aulas e o problema estava resolvido. Enquanto eu conversava com minha avó, a Iza falava com o Gordon a respeito de alguma coisa que, por causa das conversas que ecoavam pelo salão, não conseguia entender direito o que era. 

Depois de comermos alguma coisa, apertei de leve sua mão e, quando me olhou, indiquei a pista de dança e me olhou desconfiada. 

- O que houve? - Perguntou. 

- Quero dançar com você. 

Deu de ombros, arqueando a sobrancelha direita e, depois de avisarmos aonde íamos, fomos andando até lá e, justo quando íamos dançar, a música parou. Olhamos para a cabine do DJ e lá estavam meu irmão e o Georg, brigando por um microfone. Assim que o Tom o conseguiu, disse: 

- Queria pedir a atenção de todo mundo... Gente, silêncio, por favor... 

Aos poucos, todo mundo o olhou e meu irmão falou: 

- Em primeiro lugar, quero me apresentar para quem ainda não me conhece. Sou Tom, o irmão do noivo e cupido dos dois. 

A Iza deu um meio sorriso e ele continuou:

- E eu, junto de alguns amigos dos dois, sejam em comum ou não, fizemos uma breve homenagem aos dois. Pode soltar. 

De repente, começou a passar um vídeo feito com várias fotos nossas, desde as do nascimento mesmo, até as últimas feitas, no casamento mesmo. A Iza cantava baixo 
a músicaque servia de trilha sonora. Havia algumas fotos realmente engraçadas que faziam algumas pessoas rirem, inclusive nós. E quando menos esperei, apareceu o vídeo daquele show onde havia cantado 1000 Oceans olhando para ela. E sabe-se lá como, alguém conseguiu filmar seu rosto, mostrando a sua expressão de encantada. Aproximei a boca do seu ouvido e perguntei, percebendo que tinha se arrepiado:

- Revivendo a emoção daquele dia?

Me olhou e não resisti; A abracei apertado por trás e beijei a base do seu pescoço, fazendo com que se arrepiasse ainda mais. Assim que o vídeo acabou, acenderam um holofote sobre nós e, enquanto todo mundo aplaudia, fiz com que se virasse de frente para mim e a beijei de maneira comportada, afinal de contas, as nossas famílias estavam ali. Inclusive a mãe dela. 

A festa acabou virando a madrugada. Foi uma daquelas festas tradicionais, onde o pessoal, talvez por causa da bebida, se solta mais e dana a pagar mico. Em um minuto que me distraí, me despedindo de alguns amigos, um dos meus primos caçulas de seis anos tirou a Iza para dançar. Quando me virei, não teve como não rir. Ainda mais que ele batia na altura do estômago dela e tinha até passado a mão em torno da cintura dela, que sorria. E numa hora que foi tentar fazer com que ela rodopiasse, a Iza, como sempre, encontrou uma solução mais prática: Segurou a mãozinha dele e o girou. Depois que um dos primos dela apareceu, o chamando para irem brincar, ele saiu pulando porque tinha ganhado um beijo da noiva. Quando ela me viu, veio andando na minha direção e rindo. Assim que a abracei, perguntou:

- Pelo visto... Viu tudo, não é?

- É. Vi. E foi engraçado, principalmente a parte que ele tentou te fazer rodopiar. 

Riu junto comigo e roubei um selinho demorado. 

Assim que só nós quatro da banda, a Iza e as respectivas namoradas dos meus amigos e a Lilian ficamos em um canto mais reservado do salão, a Elise disse: 

- Bill, abençoada seja sua esposa!

- Por quê? - A Iza perguntou. 

- Na boa... Quem mais pensaria tanto nas 
bff’s quanto você? Liebe, muito obrigada por esses chinelinhos! - Disse, fazendo todo mundo ali rir. 

- Elise... Achou mesmo que eu seria capaz de deixar vocês sofrendo em cima do salto? - A Iza perguntou. 

- Ah, não sei... Você é imprevisível! - Respondeu, brincando. E a Iza entrou no espírito: Pôs a mão no peito, fez expressão de choque e disse: 

- Elise, estou abismada! Assim você me ofende! 

As duas riram em menos de cinco segundos e nosso pensamento coletivo foi que as duas não eram normais. Quer dizer, por mais que estivéssemos acostumados às maluquices das duas, ainda sim tinha hora que eram imprevisíveis. 

Assim que os primeiros raios de sol despontaram no horizonte, ainda estávamos onde tinha sido a cerimônia e a festa, só que um pouco mais afastados dali. Havíamos nos sentado sobre uma colina e decidimos passar os primeiros momentos de casados daquele jeito: Só abraçados, um curtindo a presença do outro... 

Brincava com seus dedos de forma distraída e observava 
a aliança fina de ouro branco, junto ao seu anel de noivado. Notando que eu estava pensativo, perguntou:

- O que foi?

Sem dizer nada, neguei com a cabeça e a abracei como se fosse a última coisa que fizesse na minha vida. 

- Eu te amo muito. - Falei, a apertando. 

- Eu também. E sabe que pode confiar em mim, não é? Para qualquer coisa que for. 

- Sei. 

- Então? Que tal me contar o que houve para te deixar preocupado tão de repente?

- Sei lá. Só... Uma sensação ruim de perda. 

- Ô 
liebe... Não pensa nisso. 

- Não sai do meu lado. Jura isso para mim. 

- Eu não vou. - Falou, sorrindo. - Depois que custei tanto para chegar até aqui, até parece que vou te deixar! 

Falou de um jeito meio emburrado e ao mesmo tempo fofo e não teve como não rir. Roubei um selinho demorado e, depois que nos separamos, mordeu o lábio e, visivelmente sem jeito, começou a desfazer o nó da minha gravata. Perguntei:

- Está tentando recuperar o tempo perdido?

- Fala da nossa noite de núpcias que não aconteceu? É... Talvez. - Respondeu, sorrindo, marota. - Mas sendo honesta... Me admira muito que tenha conseguido ficar a noite inteira com essa gravata apertando seu pescoço. 

- E você em cima de um salto. 

Se aquilo era possível, seu sorriso se tornou ainda mais maroto. Puxou a barra da saia do vestido, revelando que estava descalça. 

- Deveria ter imaginado. 

- Assim como deveria ter imaginado que eu não fiquei de pé no chão o tempo inteiro. 

- Como assim? 

Mordeu o lábio inferior, tímida, e levantou a saia mais uma vez, mostrando 
um par de chinelos brancos com tachas; Obviamente, um par de melissas. 

- Como sempre... Me surpreendendo. - Resmunguei.

Arqueou a sobrancelha, dando um meio sorriso. Perguntou, pegando minha mão:

- A gente ainda tem uma lua-de-mel inteira pela frente. Tem certeza que vai querer ficar aqui até a hora do voo e me obrigar a andar pelo saguão do aeroporto com esse vestido? Aí sim que vamos atrair atenção e não teremos sossego. 

- E o que você me sugere, Senhora Kaulitz? 

- Irmos para o seu apartamento, tomarmos um bom banho juntos, descansarmos um pouco até a hora de sairmos. 

- Gostei, principalmente da parte do banho.

Tomei um belo tapa no ombro por causa daquilo. E assim, nos levantamos e fomos até o prédio. Assim que chegamos, o porteiro nos olhou e sorriu. Repetimos o gesto e logo depois, fomos até o elevador. Ficamos ali em silêncio e, antes de chegarmos ao nosso andar, avisei:

- Agora que estamos casados e não tem mais nada impedindo... Vou confiscar seus contraceptivos, não estou dando a mínima para sua TPM e vou ser bonzinho. Vou te deixar escolher a posição que facilite. 

- Wow! Calma aí. Em primeiro lugar. Está preparado para ter de me aguentar durante nove meses, tendo as piores oscilações de humor, não querendo saber de sexo, chorando sem motivo nenhum e, no instante seguinte, rindo como se você tivesse me contado a piada mais engraçada de todas? 

- Estou. 

Me olhava, com uma expressão indecifrável. Logo, um dos cantos da sua boca se curvou para cima e respondeu:

- Acho melhor a gente começar, então... 

E, assim que as portas se abriram, andou rebolando até o corredor. Vendo que eu a olhava estático, perguntou:

- Vai ficar aí, só me olhando?

Postado por: Alessandra

The Neighbour - Capítulo 38

Luiza

Assim que as portas do elevador se abriram, tive uma surpresa. Arregalamos os olhos, eu surpresa por ele estar parado ali na minha frente e o Bill, por causa da quantidade de coisas que estava carregando. Me ajudou a levar as coisas e, enquanto eu trancava a porta, perguntei para ele: 

- Bill... Por que está me esperando aqui?

- Me deu saudade. 

Me fez sentar no seu colo e fiquei perdida nos meus pensamentos até que me chamou e tive que responder o que estava se passando pela minha cabeça. 

- Ah, não é nada demais. Só... Estava pensando em algumas coisas. 

- Como, por exemplo?

Mordi o lábio inferior. 

- Coisas totalmente aleatórias e que não têm nada a ver uma com a outra. 

Me deu aquela olhada e falei, suspirando:

- Um programa que eu assistia quando era pequena, a Carmem Miranda e as coisas que ganhei no chá. Te falei que uma coisa não tinha nada a ver com a outra... 

- Notei. - Disse, rindo. - Mas... Que tipo de coisa você ganhou? - Perguntou, fazendo aquela cara maliciosa.

- Pode deixar porque, quando você menos esperar, vai descobrir... - Respondi, fazendo uma expressão idêntica à dele. 

- Ah, Luiza! - Reclamou. Já disse o quanto amava ouvir meu nome ser pronunciado por ele? 

- B. - Respondi, no mesmo tom, fazendo-o rir e dando um jeito de fugir dos seus braços. 

- Não senhora! Volta aqui. - Disse, se levantando e vindo atrás de mim. Daí para uma corrida feito duas crianças por todo o apartamento foi um pulo. Quando finalmente conseguiu me derrubar sobre a cama, nós dois ríamos e, quando menos esperei, me olhou e perguntou: - Sabia que eu te amo muito? 

Fiz cara de pensativa e respondi:

- Não... Sabia que me amava. Só não tinha uma noção do quanto... 

Mordeu minha bochecha e protestei, batendo no seu braço:

- Ai, seu canibal! 

- Olha... Se for olhar de um determinado ângulo... - Começou a dizer e na mesma hora, eu soube que aí vinha! Tanto que, tomou aquele tapa estalado na bunda. - Ô fixação!

Rindo e só de despeito, a apertei, vendo sua expressão de surpresa. 

- Não vai sossegar, não é?

Neguei com a cabeça, ainda mantendo meu sorriso, e disse: 

- Tá bom. Você quem pediu. 

Um sorriso maldoso brincou em seus lábios e, logo, segurou meus pulsos acima da cabeça, amarrando-os com um lenço que nem sabia de onde tinha tirado e, enquanto me debatia e tentava me soltar, implorava para que me soltasse, obviamente, sem sucesso. De repente, suas mãos foram para cima da minha cintura e a apertaram daquele jeito que ele sabia que me desarmava. Em seguida, se inclinou na minha direção, se debruçando em cima de mim e me beijou da maneira mais... Sexy imaginável. E quando menos esperei... Sem separar nossas bocas, senti suas mãos contornando minha cintura até chegarem à barriga e, em seguida, descerem na direção do botão da minha jeans. O abriu e, logo, sentia a calça passando pelas minhas pernas e, uma vez livre da peça, a atirou em um canto qualquer do quarto. Depois, foi a vez da minha calcinha. Tentei interromper o beijo para protestar, só que era impossível. Ainda mais que ele me tocou. Como sempre, fazia círculos com a ponta do dedo sobre meu clitóris e, em poucos instantes, já estava naquele estado, arfando, com as costas arqueadas, tendo aquela sensação inexplicavelmente boa que sempre tomava conta de cada célula do meu corpo quando ou ele ou eu mesma me tocava. Já que não tinha outro jeito, desisti de tentar me soltar e me render. Do nada, parou com tudo e resmunguei, fazendo-o rir e, quase imediatamente, subiu a barra da minha camiseta, expondo minha barriga e começou a beijar cada milímetro da minha pele, cada vez mais indo na direção do meu baixo-ventre. Nem bem senti a bolinha do seu piercing da língua e a campainha tocou, me fazendo quase gritar um palavrão. Quer dizer, eu não evitei o grito, mas sim, o palavrão em si; Geralmente, evitava ficar falando na frente do Bill. Obviamente, nem sempre dava certo. Tanto que, na primeira vez, ele até arregalou os olhos de surpresa. Pedi: 

- 
Liebe, me solta, bitte?

- E te deixar ir ver quem é nesse estado? Nem pensar. Eu vou, dou um jeitinho de dispensar a pessoa e já volto. Enquanto isso... Se recupera aí. 

Sabe aquela hora que você quer xingar a criatura de filho de uma... Moça pouco séria, como diria minha avó, só que a moça em questão (Um poço de seriedade, diga-se de passagem e sem ironia ou sarcasmo algum) era minha futura sogra e não merecia ser xingada por uma cachorrada que um dos rebentos dela tinha feito. Antes que ele pudesse sair, perguntei: 

- E a sua situação tá melhor, por um acaso? Não se esqueça que, ao contrário de mim, a excitação em você é visível...

- É justamente por isso que eu quero atender. Para a pessoa ver que está atrapalhando. 

- Me solta, pelo menos, para que eu me recomponha... Vai que a pessoa quer falar comigo?

Suspirou e atendeu ao meu pedido. A campainha tocou de novo e ele resmungou:

- Essa pessoa deve estar muito necessitada de sexo para estar empatando-foda desse jeito. 

Bati no seu ombro, rindo, enquanto vestia a calcinha. Antes de sair, roubou um selinho demorado e foi ver quem era. Assim que voltou, estava um pouco carrancudo e perguntei:

- O que foi? 

- Era a vizinha nova. Não contente em nos atrapalhar, queria porque queria falar com você, me passou uma descompostura e ainda por cima, ficou olhando fixamente para o meu pênis. 

Tentei me controlar para não rir, mas quem disse que consegui?

- Isso... Ri mesmo. Não foi você quem ficou excitada e a vizinha ficou te encarando. - Resmungou. 

- Acontece, 
Herr[1] Kaulitz, que você foi cruel comigo o suficiente para quase me deixar aqui só de camiseta e amarrada. Pelo menos, você ficou livre. 

- Bom você ter tocado no assunto... 

Arregalei os olhos e, em um movimento rápido, saí correndo e sendo seguida pelo Bill. No meio do caminho, a Vivi pulou na nossa frente. Tentei frear, mas como ele estava atrás de mim, só deu tempo para eu dar um grito, a Vivi sair correndo e, logo depois, o Bill cair em cima de mim e nós dois desabarmos. 

- Machucou, 
liebe? - Perguntou, enquanto me ajudava a levantar. 

- Foram só os sustos. - Respondi, dando um sorriso sem mostrar os dentes. 

Naquela noite, acabou dormindo ali comigo. No dia seguinte, deixamos para olhar o que estava faltando. E conforme havíamos previsto, aquele bando de 
paparazzi apareceu e veio aquela costumeira chuva de flashes. E antes que pudesse me controlar, acenei para os fotógrafos, sendo simpática, por mais que eles me irritassem com toda aquela invasão de privacidade. 

Quando estávamos parados no sinal, o Bill perguntou:

- Por que você sempre faz questão de ser simpática, mesmo que eles te encham? 

- Simplesmente porque não custa nada ser gentil! Acho que é muito pior quando você fecha a cara. Aí que eles pegam no pé mesmo. - Respondi. - Lembro é daquele programa que te falei que costumava ver pela televisão lá em Belo Horizonte, 
o CQC... 

- Ah, sei.

- Pois é. Teve um dia que mandaram um dos repórteres para Los Angeles, fingir que era
paparazzo[2]. E eles encontraram a Jessica Alba, que simplesmente saiu andando, ignorando todos eles e ela estava de cara fechada. Achei aquilo horrível. Eu sei que eles enchem o saco, mas não custa, né?

Concordou, dando um meio sorriso. Logo, fomos buscar o Tom e em seguida, resolver os últimos pepinos, como o bufê, o lugar onde teria a festa...

Enquanto esperávamos o Bill ir buscar os ternos, fiquei esperando no carro com o Tom. De repente, algo pareceu despertar a curiosidade do meu futuro cunhado, que perguntou:

- Já usou as coisas que ganhou das meninas?

- Ainda não. Estou deixando para a lua-de-mel.

- Nessas horas é que eu agradeço por meu irmão ser o noivo. Não eu. A impressão que eu tenho é a de que, quando você quer, consegue ser uma sádica de mão cheia. 

Concordei, dando um meio sorriso. Logo, fomos até a casa de uma brasileira que trabalhava como doceira e fazia 
bem-casados. E eu tinha que confessar que estava divertido planejar esse casamento, que seria 50% tradicionalmente brasileiro e os outros 50%, alemão. Aliás... Eu não era a única. 

Quando fui fazer a última prova do vestido, o Tom foi comigo e com a Simone, sob o juramento que não contaria nada para o Bill. Assim que saí da cabine, 
a cara que o Tom fez foi... Realmente engraçada. Como a Simone tinha ido olhar alguns outros modelos, perguntei para ele: 

- E aí? O que você achou? 

- Você tá linda. 

Sorri, tímida. O escolhido era 
um tomara-que-caia, cheio de flores na parte de cima e espalhadas pela saia armada, tipo de princesa mesmo. 

Enquanto me ajudava a tirar o vestido, a Simone perguntou:

- Muito nervosa?

- Surpreendentemente... Não. Claro que tem uma pontinha de ansiedade e tal, mas estou até estranhando minha calma. Acho que toda a agitação acabou indo para o Bill. 

Rindo de um jeito que me fez lembrar dos gêmeos, concordou. 

Assim que cheguei em casa, lá estava ele, com aquela carinha de sapeca que aprontou alguma. 

- O que foi? - Perguntei, sentindo a Vivi se esfregar na minha perna, como sempre, enquanto eu trancava a porta.

- Tenho uma péssima e uma excelente notícia. Qual vai primeiro?

- A péssima, né?

- Não vai rolar com aquele salão que a gente tinha fechado. Teve um problema hidráulico sério e por isso, a dona me ligou, desmarcando e se desculpando. Disse que vai nos reembolsar.

Me sentei numa poltrona ao lado da janela e perguntei:

- E a excelente notícia?

- Lembra daquele outro salão que você cismou?

- Ai... Não fala! - Pedi, já fazendo a voz histericamente aguda. 

- Tá bom. Já que você pediu... Não vou falar que consegui alugar o salão. 

Só quando vi a expressão de surpresa dele é que me dei conta que tinha dito um palavrão. No instante seguinte, já estava sentada no seu colo, com uma perna de cada lado do seu corpo e o enchendo de beijos enquanto ria. 

Passada a empolgação, alguns minutos depois, estávamos deitados no sofá, como sempre, ele brincava com os meus dedos. A diferença era que, naquela vez, era da mão esquerda. Pedi, vendo-o fixar principalmente meu dedo anelar:

- Se você não se manifestar em cinco minutos, vou assumir que está pensando no falecimento da pobre coitada da bezerra. 

Deu aquele sorriso de lado e respondeu:

- Só estava... Tentando imaginar a aliança no seu dedo. Vai ficar perfeita. 

- Falando nisso... Obrigada pelo agrado. - Falei, beijando sua bochecha. 

- De nada. Além disso... A troco de quê eu te obrigaria a usar a aliança de ouro, sendo que você não gosta?

Dei um sorriso tímido, daqueles que não mostram os dentes. 

- Estou com um pouco de medo. - Confessei, pensativa. 

- Medo de quê?

- De sermos apressados demais, de não dar certo, de não conseguir ser uma boa esposa... 

- Se arrependeu, é isso?

- Claro que não! Se estivesse arrependida, jamais teria deixado chegar tão longe. E se eu aceitei seu pedido foi por uma razão. Ou não?

- Que razão é essa? 

- Preciso mesmo dizer? - Questionei, o olhando e fazendo questão de mostrar expressão de impaciente. 

- Claro!

- Eu te amo. Esse motivo por si só é suficiente ou precisa de outro?

- Fala de novo, só para eu ser totalmente convencido. 

- Bill, você é muito besta. - O provoquei, vendo-o fazer cara de indignado. - Mas mesmo assim... Eu te amo. Muito. 

- Eu também, Luzinha. - Disse o apelido em português. O olhei, surpresa. 

- De onde você tirou isso?

- Ah... Bom... - Disse, todo sem jeito; Pelo visto, tinha aprontado. 

- Eu só vou ficar brava se você não me contar. 

- É que eu falei com uma amiga sua, que deixou escapar o apelido. 

- Que amiga?

- Daniela. Tem uma irmã com o apelido curto. 

- Você falou com elas? - Perguntei, não contendo a curiosidade. Concordou e devolveu a pergunta:

- Não deveria? Foi a irmã dela quem ligou. Você não estava, atendi e ela pediu para te avisar. E eu me esqueci. Não fica brava comigo. 

- Tranquilo. - Respondi. - Mas e aí? Como foi a conversa?

- Ela não acreditou que era eu. 

... E continuou contando o caso. Depois daquela, sabia muito bem o que faria. 

Na manhã seguinte, enquanto tomávamos o café da manhã numa Starbucks perto de casa, perguntei, não conseguindo conter a curiosidade:

- Bill... Tem uma coisa que eu queria te perguntar já tem certo tempo, mas com toda essa confusão de preparar o casamento e tal, acabei me esquecendo. 

- Que coisa?

- Pelos meus cálculos, o... Seu filho com a Sofia já deveria ter nascido. - Falei, sentindo um certo desconforto ao pronunciar aquelas palavras. E isso não passou despercebido. 

- É. Já nasceu sim. 

Tinha certeza absoluta de que não estava esperando pela minha reação. Ainda mais porque estava estampado no seu rosto. 

- E até hoje você não foi ver seu filho por quê? 

- Lembra daquele dia do camarim em Paris? Que a gente estava conversando, daí eu saí?

Concordei. 

- E o que isso tem a ver? 

- O irmão da Sofia me ligou. Disse que, no dia que ela entrou em trabalho de parto, naquele dia mesmo, um cara com quem ela estava ficando antes de toda aquela confusão que acabou nos separando, apareceu lá no hospital, dizendo que o filho era dele e tal. Ninguém acreditou, mas a própria Sofia confessou que o bebê era dele. Não meu. 

- Por isso você voltou tão eufórico! - Concluí. Ele concordou, sorrindo. 

- Tem só uma mulher com quem eu quero ter filhos e ela está sentada na minha frente, usando
um vestido cor-de-rosa, meia-calça e sapatos pretos, tomando uma bebida de caramelo e comendo muffins de mirtilo. 

Sorri toda besta depois daquela. 

Enquanto andávamos pela rua, vimos um 
paparazzo e, por instinto, fiz algo que nem o fotógrafo esperava: Sorri e acenei para ele. Tirou umas duas fotos e depois foi andando, sem mais nem menos. 

Quando chegamos em casa, ele perguntou:

- Eu estava pensando... Sabia que a gente esqueceu de um detalhe muito importante?

- Que detalhe? 

- A lua-de-mel. Para onde quer ir?

Pensei por um instante e respondi, dando um sorriso malicioso:

- Maldivas. 

Retribuiu o sorriso e perguntou:

- Só?

- Ah... Para início de conversa tá bom. Quer dizer, tem praia, que eu adoro, mesmo sem saber nadar. 

Quando vi 
a cara que fez, dei um tapa estalado no seu ombro, reclamando:

- Mas que coisa! Não dá nem para falar nada que você já pensa besteira!

- Você de biquíni não é besteira. Aliás... Me deixa reformular a frase. Você sem o biquíni não é besteira. 

Revirei os olhos, fazendo-o rir. 

- Sossega teu facho senão te deixo na abstinência sexual até a gente voltar.

- Teria coragem?

- Se tive coragem de bater em ladrão... Por que não teria?

A cara de medo dele foi fofa. Controlando meu impulso de apertar suas bochechas e enchê-lo de beijos, me resignei a segurar uma gargalhada e fazer cara de séria, o que o fez rir:

- Portanto, se o senhor quiser ter uma lua-de-mel propriamente dita... Comporte-se. 

Fez aquela cara de menino comportado, concordando e, depois de dar 
uma mordida no lábio inferior e sorrir, disse: 

- Se eu me comportar mal... - Olhei para ele, que ainda dava o meio sorriso, e eu só conseguia pensar: “Aí vem!” - Pode... Me castigar. 

Falei?

- Você não presta, Kaulitz. - Resmunguei, fazendo-o rir.

Postado por: Alessandra

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