domingo, 17 de junho de 2012

The Neighbour - Capítulo 36

Tom

Quando voltamos para a casa, uns dias depois, estava passeando com meu cachorro em um parque quando, de repente, ouvi um grito atrás de mim. Me virei para olhar e uma menina me atropelou com a bicicleta. Caímos sobre o gramado e ela, morta de vergonha, não fazia outra coisa a não ser me pedir desculpas. Estava tão sem-graça que nem percebeu que estávamos na Alemanha, já que dizia “I’m sorry” com um sotaque estranho. Mas bonitinho. 

– Tudo bem. - Falei, assim que ela saiu de cima de mim e me ajudou a levantar. Dei uma olhada nela e tomei um susto: Era simplesmente uma das meninas mais lindas que já tinha visto. A sua pele era bronzeada, os cabelos eram castanhos, assim como os olhos, que eram grandes e ao mesmo tempo, levemente puxados. A boca era carnuda, mas um pouco diferente da Iza. Ergueu o olhar para mim e eu disse em inglês, apressado: - Sou Tom. 

– Lilian. - Respondeu, sorrindo. Só então, fui observá-la melhor: Era magra, mas ao mesmo tempo, era gostosa. E, por causa do short que usava, pude ver que era dona de um belo par de pernas. 

– Você... Não é daqui, é? - Perguntei, lembrando do sotaque dela. 

– Não. Sou de 
Derry, na Irlanda do Norte. Estou aqui em Hamburgo a trabalho. E você, pelo visto, também não é daqui... 

– Bom, exatamente de Hamburgo... Não sou. Mas nasci aqui na Alemanha. 

– Jura? Não parece... Quer dizer, até agora, só vi alemães de cabelos ou olhos claros. 

Sorri e perguntei:

– Vai ficar aqui até quando? 

– Descobri que bem mais tempo que o previsto. 

É óbvio demais dizer que me animei com aquilo? 

– Escuta... Não aceita um café? Daí você me conta exatamente o motivo de porque está trabalhando aqui em Hamburgo... 

– Como você é direto, hein? 

Dei de ombros, dando 
aquele sorriso malicioso que, segundo a Iza, era típico de Tom Kaulitz, enquanto eu brincava com o piercing do meu lábio. 

– É só uma xícara de café. Não tem nada de errado com isso, tem? 

– Não. - Disse, dando um sorriso torto. - OK. Você venceu. Vamos tomar o café.

Sorri, satisfeito enquanto ela ia buscar a bicicleta. 

Quando estávamos sentados a uma mesa da cafeteria mais próxima, descobri que ela era dona de um pub em Los Angeles. Tinha passado ali em frente por várias vezes, sempre me perguntando se deveria ou não entrar, mas, por uma coisa ou outra, sempre passava reto. Estava na Alemanha justamente por causa da Oktoberfest, para ver com os organizadores alguns contatos de fornecedores de algumas marcas daqui. Além disso, descobri que era quase quatro anos mais velha que eu. E estava solteira. 

Assim que ela foi ao banheiro, meu celular tocou e, não para minha surpresa, era a Luiza. A diferença é que eu sabia que ia me contar alguma coisa. Atendi e perguntei:

– O que foi, liebe? 

 Está ocupado?

– Não... Pode falar. - Disse. 

 Onde você está?

– Numa cafeteria perto do Stadtpark. Pode vir, já que eu estou vendo que é extraordinário.


Ouvi sua risada do outro lado da linha e, em poucos segundos, já estava ali. Perguntei:

– E então? O que foi? 

Sorrindo, me mostrou a mão, onde tinha 
um anel de prata com um único diamante em formato de coração. Olhei para aquela joia e perguntei:

– É... O que eu estou pensando? 

Concordou, sorrindo. Não resisti e a abracei. De repente, ela me afastou e, quando olhei para trás, a Lilian nos olhava, surpresa e, do nada, veio andando na nossa direção e, quando menos esperei, me deu um tapa e disse: 

– Deveria ter imaginado que você não prestava... 

E saiu de lá. Nem me dei conta que a Luiza tinha ido embora também. No instante seguinte, a Lilian voltou, tímida e perguntei:

– Ela te explicou tudo? 

Concordou, sem dizer nada. 

– Me desculpa? É que... Te vi a abraçando daquele jeito e acabei pensando coisa errada. 

– Tranquilo. Afinal de contas... Minha fama não é das melhores. 

– Por que? 

– Senta aí que é uma longa história. 

Fez o que pedi e, por fim, contei toda a verdade. Me ouviu atentamente e, no final, falou:

– Nossa... Eu realmente não imaginava quem você era. Quer dizer, já tinha ouvido falar na sua banda, mas nem associei o nome à pessoa. 

Ri do jeito que disse e, depois de me esticar sobre o encosto da cadeira, perguntei:

– Então você realmente não tem ninguém... 

– Não. 

– Me parece meio absurdo que uma mulher tão linda como você esteja solteira... 

– Mas estou. Sou daquele tipo bem feminista, sabe? 

– Ih... Viu aquela moça que saiu daqui, não é? Sempre diz que, só não queima o sutiã porque precisa dele. - Falei, fazendo-a rir. - Sério... Vocês duas iam se dar muito bem. 

– Ela me disse rapidamente que ia se casar com seu irmão... Sinceramente, admiro a coragem dela em fazer isso. 

– Também. Meu irmão é um idiota. 

Riu e continuei:

– Brincadeiras à parte... Gosto muito dela mesmo. Ainda mais que ela faz muito bem para o Bill. 

– Bill...?

– Meu irmão. 

Fez aquela cara de quem tinha entendido e continuamos a conversar ali pelo resto da tarde. Quando ofereci carona, bem que tentou recusar, sem sucesso. 

Assim que parei em frente ao seu prédio, fiz graça:

– Quando você quiser me atropelar de novo... Estou à sua disposição. Só... Pega leve. 

Rindo, concordou e pediu meu celular emprestado por um instante. Entreguei o aparelho para ela, que mexeu por alguns instantes e, quando me devolveu, disse: 

– Me avisa quando você estiver em Hamburgo, pois assim estarei preparada para... Esbarrarmos novamente. 

Sorri e, vendo que mantínhamos o olhar fixo um no outro, me atrevi a inclinar meu corpo na sua direção até que a distância entre nós fosse mínima. Pus minha mão sobre seu rosto, acariciando sua bochecha e vendo-a fechar os olhos e entreabrir a boca. Foi a minha deixa e aproveitei a oportunidade que tive para beijá-la. Fazia um carinho gostoso na minha nuca e parecia que minha boca se encaixava perfeitamente na sua, como se tivessem sido feitas para essa finalidade. Quando tinha começado a me excitar, ela mordeu meu lábio inferior, piorando ainda mais a minha situação. Por um motivo estranhamente inédito, não quis continuar. Parecia que tinha um sinal piscante na minha cabeça, me dizendo que o melhor era esperar a hora certa. Sendo assim, terminei o beijo com alguns selinhos demorados e pouco depois, a vi sair do carro e entrar no prédio. Naquele instante, só conseguia pensar em ir para um lugar específico que sabia onde poderia encontrar as pessoas em quem eu confiava para contar essa... Novidade. 

Dito e feito. Assim que toquei a campainha dos dois apartamentos, um de frente para o outro, esperei por alguns breves instantes até que abrissem a porta do da esquerda. Vi a Iza, ainda corada e a boca ainda mais carnuda e vermelha que de costume. Falei, entrando no apartamento como um foguete e já falando:

– Olha, eu não vou pedir desculpas porque eu sei que vocês não vão se importar muito, porque o que eu tenho para contar é bom o suficiente para que vocês dois esqueçam a minha interrupção. 

– Ei! Calma! - Disse, trancando a porta. Vi o Bill saindo do banheiro e, quando se sentou no sofá, depois de colocar uma almofada sobre o colo, e a Iza ficou ao seu lado. Perguntou: - E então? Onde é o fogo?

– Eu... Fui atropelado hoje de manhã enquanto estava passeando com meu cachorro no parque. 

– Ai... Era aquela menina da cafeteria? - A Iza quis saber, toda preocupada. Concordei, sorrindo. - Peraí! Não... Para tudo! Não me diz... Vocês já ficaram?

– É, Luzinha... Tá achando que só vocês que são surpreendentes? 

– Espera aí. Do que vocês estão falando? - O Bill quis saber. 

– Eu ia contar. Hoje de manhã fui atropelado por uma mulher que estava numa bicicleta. Estou bem, não se preocupe - Acrescentei, assim que vi sua expressão preocupada. - E como ela é linda e faz meu tipo... Não perdi a oportunidade de chama-la para irmos tomar uma xícara de café. A gente conversou a tarde inteira e, agora há pouco, fui deixa-la em casa e nos beijamos. Sei que foi muito arriscado, mas não consegui resistir. 

A Iza parecia um daqueles bonequinhos de desenhos japoneses, com olhos brilhantes e tinha um sorriso bobo nos lábios. Meu irmão me olhava, surpreso. 

– Não acredito... - Disse, depois de um minuto inteiro. 

– Na boa ela é... Incrível. 

A Iza fez um barulho que parecia com “Oun” e veio andando na minha direção e, depois de passar os braços em volta do meu pescoço, disse: 

– Bill, temos um apaixonado aqui... 

– Apaixonado? Iza, não viaja! - Reclamei, fazendo-a rir. - Mas... Ah, sei lá. A conheci hoje. Não dá nem para estar apaixonado! 

– Tom... Você está diante de duas pessoas que se apaixonaram uma pela outra no primeiro segundo que se viram. - O Bill falou. - Portanto, pode esquecer essa história de que não existe paixão à primeira vista. 

– Não era amor?

Obviamente, a Iza fez alguma cara muito engraçada que eu não consegui ver. Mas o pior mesmo foi que ele fez uma cara que era um poço de malícia. 

– Você quem falou em amor enquanto a gente conversava sobre paixão... - Disse. 

– Quê? Ah, mas... 

Bufei, exatamente como a Iza fazia quando estava irritada, somando um grunhido à essa conta. Os dois riram e a minha futura cunhada disse:

– Na boa. Faço questão de te ajudar a conquistar a... Como é o nome dela? 

– Lilian. 

– Pois é. A Lilian. Porque quem melhor que eu, que sou mulher, para te dar conselhos? Aliás... Descobriu o signo dela? 

– Falou que nasceu no dia 15 de junho. - Respondi, vendo-a morder o lábio inferior. Olhei rapidamente para a cara do Bill, que era a pior possível. Segurei o riso e a Iza, depois de um estalo com a língua, foi rapidamente até o quarto e, enquanto a esperávamos voltar, o Bill perguntou: 

– Ela te contou do casamento, não é?

Concordei. 

– Como você conseguiu? - Perguntei. - Até onde me lembro, ela era totalmente avessa à casamentos. 

Deu um sorriso que me fez entender tudo. 

– Foi depois de vocês...?

Concordou e o xinguei, fazendo com que risse. Mas, subitamente, ficou sério de novo. 

– Qual é a piada, hein? - Ouvi a Iza perguntar. 

– Proibida para futuras cunhadas com uma mente com uma pequena parte ainda inocente. - Falei. - O Georg que me contou outro dia. É pesada demais e envolve... Uma determinada parte da nossa anatomia. 

– Sinceramente, eu não consigo entender a sua obsessão com pênis, Tom. - Ela disse, se sentando do lado do Bill. E esse era um daqueles momentos que a resposta dela era tão boa, mas tão boa que simplesmente não dava para retrucar. 

– Enfim... Que signo que é o da Lilian, hein? - Perguntei, desviando o assunto. 

– Mais perfeita para você... Impossível! - Disse. - Geminiana, que combina muito bem com um virginiano. 

– Seu ascendente é gêmeos, não é, liebe? - Meu irmão inquiriu. 

– É. - Ela respondeu. - Mas enfim... Pode ir com fé que as chances de darem certo são altíssimas! 

– Olha lá, hein, Iza... Depois eu vou e acabo me estrepando... 

– Ô minha “nossinhora”! - Disse, em português mesmo. - Se eu estou te dizendo que vou te ajudar para conquista-la... Custa confiar em mim? 

Concordei, já que não tinha outro jeito. 

– Alguma sugestão para começo de conversa?- Perguntei. 

– Claro! - Disse, animada. - Ela te deu o telefone dela, não é? 

Concordei. 

– Espera dois dias, Daí, você liga, como quem não quer nada e joga a isca. 

– Que seria...? 

Parou para pensar por um minuto e respondeu:

– OK. Já tive uma ideia de como você pode fazer. Em primeiro lugar, manda um buquê de flores. E vai por mim que funciona. Claro que, salvo se ela for alérgica. 

– Acho que não é, porque a gente viu um cara dando um buquê para a namorada e ela ficou com aquela cara de babona, como você diz... 

Assentiu e continuou: 

– Daí, quando ela ligar para agradecer... Chama para ir ao cinema, por exemplo. É bom porque ela sabe que é um lugar público e você vai se comportar, não é? 

Concordei, meio a contragosto. 

– Nem adianta fazer essa cara porque você sabe que se for agarrá-la logo de cara, vai se assustar, mesmo que ela seja mais velha. 

E assim, continuamos conversando, até que, aproveitando um instante que meu irmão foi buscar alguma coisa no apartamento dele, confessei para a Iza:

– Ela me fez agir de maneira diferente. 

– Como assim? 

– Pela primeira vez na vida, eu não quis apressar as coisas entre nós, sabe?

– Sim. E esse é um ótimo sinal, grande pequeno Tom. - Disse, me fazendo rir do jeito que falou. 

– Sinal de quê?

– Amadurecimento e que está virando um homem de verdade, não mais um moleque que só quer dormir com uma garota diferente a cada noite, entende?

– Só por isso que é bom? 

– Quer mais um motivo? Tá. Você vai ter muito mais credibilidade com as mulheres. Deveria ir passar uma temporada na Itália. 

Atirei uma almofada nela, que ria. 

– Só você... - Falei e a vi dar um sorriso misterioso. - O que foi?

– Estou feliz por você. Finalmente achou uma menina que te endireitasse. 

– Não só uma, mas duas. Aliás... Quero conversar com você a respeito do convite para ser padrinho de vocês... 

– E quem disse que a gente vai te convidar?

– Não vão?

– Claro que não! 

– Para de graça, Iza. Eu sei que você e o Bill vão me chamar para ser padrinho de vocês. 

– Não vamos. 

– Vou ficar bravo com você se continuar com essa brincadeira sem-graça. 

Quando ela ia responder, meu irmão voltou e a Iza disse:

– Ele não está acreditando que a gente não vai convidá-lo para ser nosso padrinho.

– E não vamos. - O Bill afirmou, me surpreendendo. - A gente está é te intimando mesmo. 

Rimos e quase xinguei os dois. Mas, no final das contas, quando estava voltando para a casa, fiquei me lembrando do meu irmão e da Iza. E quer saber? Me saíram melhor que a encomenda, já que eu achei que só iam namorar e não casar quando comecei a executar meu plano de juntá-los. Mas estamos falando de uma nativa do signo de aquário, então, é o mínimo que poderia acontecer...

Postado por: Alessandra

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