domingo, 17 de junho de 2012

The Neighbour - Capítulo 40

Luiza

Nem bem abriu a porta e logo fez valer aquela tradição de casamento, me carregando nos braços. E confesso que o meu maior medo era que ele acidentalmente fizesse que nem o Ashton Kutcher naquele filme, “Recém-casados”. Depois que o ajudei, trancando a porta, percebi que não tinha a menor intenção de me soltar. Perguntei:

- Vou ficar aqui o tempo inteiro? 

- Claro que não! - Respondeu, dando um sorriso maroto. - Só vou te soltar quando chegarmos ao quarto. 

E assim que estávamos lá, me pôs sobre a cama, com a maior delicadeza possível, como se eu fosse uma boneca de porcelana frágil. Em seguida, se sentou ao meu lado e, brincando com meus dedos, para variar, perguntou:

- Sabia que ainda não caiu minha ficha?

Sorri fraco. 

- Nem eu. - Respondi. - Se para você já é estranho... Imagina para mim? Eu, que só sonhava em sair do Brasil e não tinha como. E olha onde eu estou! 

Sorriu daquele jeito tímido e fofo que eu amava. Não resisti e, ajoelhando sobre o colchão, depois de descalçar as melissas, me aproximei dele e o beijei, passando os braços em volta do seu pescoço. Obviamente, não demorou muito para que ficasse mais intenso e estivéssemos cada vez mais... Ansiosos. Ele tentou me fazer sentar no seu colo, mas, por causa da quantidade de panos, foi complicadíssimo. Então, perdendo minha paciência, me separei dele e levantei, virando de costas e pedindo: 

- Abre os botões para mim, por favor? Tô ficando histérica com esse vestido. Tá me apertando... 

Ouvi sua risada baixinha e começou a abrir cada um dos botões. Assim que o vestido ficou mais folgado, o tirei e, respirando aliviada. Quando olhei para trás, notei que ele estava simplesmente me comendo, entenda como quiser, com o olhar. Só para provoca-lo, levei as mãos até o fecho do sutiã branco com detalhes de renda preta que fazia 
conjunto com a calcinha. 

- Experimenta abrir esse sutiã para ver o que te acontece... - Disse, me olhando fixamente. Arqueei a sobrancelha e dei um meio sorriso, abrindo a peça. 

- Ops! - Fingi inocência. - Desculpe, mas sou tão curiosa quanto um gato. Quero saber o que está planejando fazer comigo, Bill... 

- Vem cá então que eu te mostro. 

Mordendo o lábio e sorrindo marota, neguei com a cabeça, o olhando fixamente. 

- Só quando estivermos em pé de igualdade. Ou seja... Você estiver usando só as boxers. 

Rapidamente, começou a se despir. De maneira ansiosa começou a desfazer o nó da gravata, a atirando em um canto qualquer. Em seguida, o colete que usava por baixo do paletó teve o mesmo destino. O tempo inteiro me fixava intensamente. O observei abrir cada botão e, quando tirou a camisa, perguntou:

- Satisfeita? 

- Não. Falta a calça. 

Rindo daquele jeito meio descarado igual ao do Tom, se levantou da cama e, me olhando fixamente, abriu o botão e desabotoou a calça, baixando o zíper logo em seguida. Cruzei os braços e ele, me olhando, perguntou:

- E você vai ficar assim?

- Estou pensando no seu caso... - Respondi. - Preciso de mais... Estímulos. 

Ainda dando o sorriso torto e mordendo o lábio inferior, tirou a calça e, depois de dar o mesmo destino das outras peças, sorri de uma maneira que tinha certeza que não era nem um pouco inocente e tirei o sutiã, tomando o cuidado de atirá-lo no meio da pilha que as suas roupas haviam formado em um canto. E ao mesmo tempo em que terminava de me despir, ele também o fazia. Lentamente, me aproximei e automaticamente, envolveu minha cintura com seus braços, me puxando para mais perto e me beijou de um jeito diferente, por incrível que pareça. Apesar dos pesares, me fez lembrar da primeira noite que passamos juntos, do jeito carinhoso, apaixonado, delicado e dedicado que havia me tratado. Acariciou minha cintura enquanto tratava de me guiar até a cama. Uma vez que a encontrou, me fez deitar sobre o colchão e ficou por cima de mim. Não contive um resmungo quando abandonou minha boca. Percebi que riu e, sabe-se lá como, consegui reclamar:

- Isso... Ri mesmo porque você não está na minha situação... 

- Ah é? Quem te disse? - Perguntou com aquela voz rouca que por si só, já fazia AQUELE estrago. Ia responder quando ele, sendo a peste que era, moveu o quadril contra o meu, permitindo que eu sentisse que estava excitado. Começou a beijar meu pescoço daquele jeito irresistivelmente delicioso, não deixando nenhum milímetro de pele passar ileso. Ao mesmo tempo, resmungava coisas como “Gostosa”. Logo, senti seus lábios tocando delicadamente o meu colo, partindo na direção dos seios em seguida. Assim que sua língua morna tocou o mamilo esquerdo, me controlei para não gemer e me concentrei apenas em embrenhar meus dedos nos seus cabelos, os puxando com a firmeza necessária; Nem com muita força, mas também, sem ser fraco demais. Sem que me desse conta, arqueei as costas enquanto ele passava a sugar e morder de leve o bico. Nessa hora, não me contive e cravei minhas unhas no seu ombro. Passados alguns minutos, fez os mesmos estímulos no outro seio por mais algum tempo e, quando eu não estava mais aguentando, começou a beijar minha barriga, indo cada vez mais na direção sul. Começou a deslizar uma das mãos sobre minha coxa, mal encostando as pontas dos dedos na minha pele, o que só fazia me torturar ainda mais. Mas o pior mesmo era quando quase encostava na minha virilha e depois voltava. Se não estivesse tão atenta àquilo que sentia, teria o xingado.

Afastou minhas pernas e cravei minhas unhas no seu ombro assim que a bolinha do seu piercing da língua começou a brincar com meu clitóris. Não bastasse isso, ainda me estimulou com dois dedos. Passados alguns poucos minutos, já não estava mais aguentando e praticamente implorando para que ele não parasse. E ainda bem que foi até o fim. Depois que tive aquela sensação boa que sempre dava o ar da graça nessas horas, não consegui mais me segurar. E só então, ele se endireitou e ficou por cima de mim. Me beijou e, aproveitando a oportunidade, fiz a provocação costumeira: Deixei minha mão que ainda estava pousada sobre seu ombro deslizar pelo seu peito, barriga até chegar onde eu queria. Percebi que ficou um pouco desatento enquanto entendia o que estava acontecendo. Aproveitei para deixar minha mão livre ir se juntar à outra, só que para dar atenção à outra parte do corpo dele, que já tinha interrompido o beijo e ofegava cada vez mais, conforme eu aumentava a velocidade com que o masturbava. Quando estava prestes a não conseguir mais se controlar, me pediu, com aquela voz rouca e baixa que 
sempre me causava arrepios: 

- 
Liebe... Para. 

Estranhei o pedido, mas mesmo assim, obedeci. Fez com que colocasse minhas pernas em torno do seu quadril e, me fixando, encostou sua testa à minha e, enquanto me beijava, o sentia deslizando lentamente para dentro de mim. Naquela hora, não me contive e o abracei. E como resposta, ouvi um “
ich liebe dich” meio ofegante, sexy e rouco bem próximo à minha orelha. Respondi, do mesmo jeito:

- 
Ich liebe dich auch, Bill. Desde o primeiro até o último dia. 

Acariciou meu rosto e logo em seguida, me beijou. Conforme o beijo ia aumentando de intensidade, a velocidade com que ele se movia também. Não demorou muito para que atingíssemos o clímax e ele se largasse ao meu lado, ainda respirando forte. Me puxou para mais perto, me segurando pela cintura e beijando meu pescoço. Não sei quanto tempo ficamos ali, já que não demorei a pegar no sono. Só sei que não queria ter acordado. 

Bill

- Liebe...– Eu a chamava, mas ela só resmungava. - Liebe... Se você não acordar agora, eu juro que te pego de jeito e te enfio na banheira com água gelada. 

- Isso é injusto... Usar e abusar de chantagem... E justo você! - Resmungou, enquanto levantava da cama, ainda zonza de sono. 

- Eu sei. Mas a gente tem que ir. 

- Ó mundo cruel! - Resmungou em português mesmo, me fazendo rir enquanto a observava ir, enrolada no lençol, até o banheiro. Terminei de arrumar pouquíssimas coisas que tinha deixado para fora da mala quando ouvi o celular dela tocando. Avisei e me disse para atender. Não tive nenhuma surpresa ao ver que era meu irmão e, quando atendi, disse, naquela empolgação pela qual eu sabia muito bem o motivo:

- 
Liebe? Você é a melhor amiga do universo! Passei a noite inteira com a Lilian. E sim. Aconteceu. Te serei eternamente grato por ter insistido comigo para correr atrás dela. E acho que meu irmão não merecia outra garota a não ser você. 

Não contive um sorriso ao notar que estava feliz. 

- 
Luiza? Está aí?

- No banho. - Respondi.

- 
Ah... Oi. – Disse. Sua falta de graça era evidente, o que deixava tudo ainda mais engraçado. 

- Quer dizer então que você e a Lilian estão juntos?

- 
É. Graças à Iza. E aí? Como foi a lua-de-mel de vocês?

– Ainda não foi. 

- 
Tá de sacanagem! 

– Não. A gente ainda nem viajou... A Iza está no banho e eu estava terminando de colocar algumas coisas na mala. 

- 
Se não aconteceu... O que vocês ficaram fazendo a noite inteira?

– Ficamos no bufê com seis amigos bêbados, sendo que um deles era meu irmão. 

- 
Ah... Mas a gente não estava impedindo vocês dois de irem para a casa e terem a primeira noite de casados. 

- Tem certeza? Vocês beberam tanto que teve uma hora que achamos que íamos ter de passar nossa noite de núpcias cuidando de vocês. 

- 
Tá. Me desculpe então. 

Rindo, concordei e conversei com ele por mais alguns minutos, até que me dissesse que a Lilian havia acordado e eu ouvisse a Iza me chamando. Desligamos e, assim que entrei no quarto, ela já estava quase totalmente vestida. Perguntou:

- Quem era?

- O Tom. Está satisfeitíssimo por sua causa. 

- Como assim? - Perguntou, curiosa.

- Ele passou a noite com a Lilian. Quando atendi, achou que eu era você e desandou a falar, inclusive que eu não merecia outra garota a não ser você. 

- Ai que fofo. - Disse, sorrindo. - Mas é sério que finalmente rolou? 

- Ele estava muito feliz. Então... É. Rolou. 

- Depois eu ligo para ele. - Disse, vestindo a calça jeans. A observei e, quando ela percebeu isso, deu um sorriso e perguntei:

- Eu estava pensando numa coisa... Onde a gente vai morar?

- Por mim... Tanto faz se aqui ou lá. 

- E... Se a gente mudasse para outro lugar? Vendesse os dois apartamentos e comprasse... Sei lá, uma casa? 

- Tá. Mas com uma condição. 

- Qual? 

- Que seja, no máximo, a cinco quilômetros de distância do nosso cupido. 

Sorri e concordei. 

Assim que estava tudo pronto, fomos até o aeroporto e de lá, para as Maldivas. 

No final do quinto dia, estávamos andando à beira-mar de mãos dadas e observando o sol se pondo. Num dado momento, não me contive e a abracei apertado. Senti seus braços envolvendo minha cintura e encostando a cabeça no meu peito. Depois de alguns minutos, a soltei e, segurando sua mão, a guiei até a água, mas só até onde as ondas chegavam na areia. Ficamos ali, andando lado a lado e conversando sobre várias coisas, inclusive sobre a nossa futura nova casa. 

E assim, aproveitamos cada dia que passamos ali, sendo que em alguns deles nem saíamos direito da cama. 

Quando voltamos, tivemos duas surpresas. A primeira era que meu irmão e a Lilian estavam juntos para valer. E a outra é que um dos vizinhos dele tinha se mudado e, obviamente, comprei a casa, sem a Iza saber, já que queria fazer uma surpresa para ela. Apenas tinha dito que consegui um lugar para nós dois, mas não disse onde era exatamente. Como esperado, ficou ansiosa, me perguntando e insistindo a cada cinco minutos para que eu contasse, mas não cedi. Nem mesmo quando ameaçou não se mudar comigo. Nessa hora, não resisti e a provoquei:

- Me diz uma coisa. Se você não vier comigo... Vai ficar aonde, sendo que este apartamento já foi vendido?

Me olhou surpresa e questionou:

- Como assim já foi vendido?

- A Elise encontrou alguém para comprar. E me pareceu uma boa pessoa. 

- E... Quem é essa pessoa? 

- Uma moça. Um pouco mais nova que a gente. Aliás... É bem parecida com você, inclusive na personalidade. 

- Ah é assim, seu safado? - Perguntou, brincando e me batendo com uma camiseta. - Reparou em tudo na menina, não é? Se bobear, até viu se ela estava usando minissaia. 

- Jeans. Não preta. 

Me encarou, com sobrancelha arqueada e mãos na cintura. Por esse último detalhe, tinha certeza absoluta que aquilo não ia prestar. Mesmo.

- Você reparou até na minissaia da menina? 

Falei? 

- Reparei, porque era curta demais. Indecente mesmo. 

Ainda arqueando a sobrancelha, decidiu mudar de tática e me ignorar. 

- Está com ciúmes?

- Não. Só... Não gosto de descobrir que você olha para as outras meninas de minissaia, por mais que isso faça parte do seu instinto masculino.

- Você não olha para os outros caras? 

- Olho, mas é diferente. 

- Ah é? Me explica então a diferença.

- Eu não fico olhando para os caras e admirando a bunda deles, por exemplo. Mesmo porque, só tem um único que eu faço isso, que é você, meu marido. 

A olhei, assimilando o que tinha dito. 

- O que foi? - Perguntou.

- Quer dizer que você fica admirando minha bunda?

Deu um estalo impaciente com a língua, rindo, e falei, passando meus braços ao redor da sua cintura:

- Mas de duas coisas você pode ter certeza absoluta. A primeira é que eu te amo. E a segunda... Você é quem fica bem de minissaia. 

- Isso... Puxa bastante o saco, vai... 

- Você também não é fácil, hein?

- Mas você me ama justamente por isso, não é?

- E quem é que te disse que eu te amo?

- Você mesmo, há poucos minutos quando me disse que eu podia ter certeza de duas coisas. 

- E não é que você não é tão distraída assim? - A provoquei. 

- Hã? O que foi que você disse? - Perguntou, brincando. - Ok. Assunto sério agora. O que você achou da menina, tirando a aparência? 

- Parece ser uma menina bem... Comportada. Quer dizer, do tipo que não mexe com substâncias ilícitas, não dá festas aos finais de semana... 

- Melhor assim. Imagina se a criatura consegue matar a, agora, ex-última moradora recente por causa daquelas músicas eletrônicas?

- Ia ser complicado... 

Depois de algum tempo, ajudei a terminar de arrumar as suas coisas e, quando estávamos passando pelo hall de entrada, o porteiro conversava com um cara alto, loiro e cheio de piercings e tatuagens. 

- Bill... Vai vender seu apartamento também ou só o da Luiza? - O porteiro perguntou, assim que nos viu. O cara se virou e era assustadoramente parecido comigo. Tanto que podia até dizer que era um trigêmeo perdido meu e do Tom. 

- Os dois, para falar a verdade. Tem alguém interessado? 

- Eu estava, na realidade. - O cara disse. - Estou me mudando para cá por causa da faculdade e ainda não achei um lugar para ficar. 

- Ah sim. Bom, se te interessar mesmo... A gente pode conversar. - Respondi. 

- Claro. Ah! Aqui... Esse é meu telefone, caso queira me dar preferência. - O cara disse, me estendendo um pedaço de folha de caderno. Agradeci enquanto guardava seu número no bolso da calça. O cara nos olhava fixamente e eu sabia que não ia demorar muito para que eles nos reconhecesse. Por isso, agradeci mentalmente por termos sido salvos pelo gongo, literalmente, já que o celular da Iza começou a tocar uma música do Eminem naquela altura. Até hoje achava ótima a escolha do toque dela para identificar o meu irmão. 

Passados alguns minutos e já longe do nosso prédio, a ajudei a sair do carro e, depois de tirar seu óculos de sol e coloca-lo na gola da minha camiseta, tampei seus olhos. Obviamente, ela não gostou, mas me deixou guia-la. Assim que destranquei a porta, perguntou:

- Até quando vou ficar sem ver? 

- Só por mais alguns minutos. - Falei, enquanto a fazia avançar. A levei até a 
área da piscina, que tinha um jardim a circundando, algumas espreguiçadeiras e até uma mesa com um guarda-sol. Pus minhas duas mãos sobre sua cintura e, antes disso, avisei, com a boca próxima ao seu ouvido:

- Espero que esteja preparada... 

Assim que viu a piscina, deu um sorriso contagiante e falei:

- Não se preocupa que a gente não demora a estrear essa piscina... 

Me olhou, com sobrancelha arqueada e, pegando sua mão, continuei mostrando cada cômodo da casa, recomeçando pela 
cozinha, que era em estilo moderno, decorada nas cores marrom e branca. O fogão ficava sobre a bancada e o forno era embutido na parede. Em seguida, fomos para a sala de estar. Tinham dois sofás em formato de L que ficavam próximos à televisão de LCD. A decoração sóbria em branco, prata, verde e marrom, ainda que fosse rústica, tinha um toque moderno. Sobre a mesa de centro, um vaso com flores e velas brancas. Perto da janela, ainda haviam duas poltronas cor de creme e outro sofá cinza. Atrás deste, um bufê* com dois abajures. A sala de jantar, por outro lado, era mais discreta: A mesa era de madeira e as cadeiras eram brancas. Havia um painel e a iluminação era por conta de algumas lâmpadas pequenas no teto e um lustre bem... Diferente. Mostrei cada cômodo e, quando chegamos àquele que seria nosso quarto... 

- Eu jurava que ia encontrar uma decoração... Mais escura. 

As únicas coisas escuras ali eram a televisão e um detalhe da namoradeira aos pés da cama. De resto, tudo ali era branco: A cama, os lençóis, uma cômoda sob a televisão, uma cadeira com um banco debaixo da janela, os criados-mudos, abajures... O lustre parecia uma aranha. 

Assim que terminamos o “
tour” pela casa, perguntei: 

- E então? 

- E então o que? 

- O que você achou? 

- É... Uma casa muito bonita. Mas... Por que estamos aqui? 

Entreguei a chave para ela e disse:

- Por que essa é nossa casa, Sra. Kaulitz. 

Olhou para o molho de chaves nas mãos e, com aquela carinha de desconfiada, disse: 

- E eu sou ruiva natural. Conta outra, Bill... 

- Eu estou falando sério! Comprei essa casa para nós dois. E o Tom mora aqui do lado, conforme você me pediu. 

Olhou ao redor e disse, com aquela expressão marota:

- Troca essa roupa por uma de banho. Daqui a pouco me encontra aqui. 

Meio sem entender, concordei e, assim que a vi descendo as escadas e usando 
um biquínilistrado de rosa escuro, rosa claro, roxo e verde; A calcinha tinha uma espécie de cinto rosa com quadrados nas mesmas cores das listras. Sem falar que usava o seu Wayfarerinseparável. 

- Nossa... - Sibilei, assim que passou por mim.

- Cuidado que em boca fechada... Não entra mosquito, viu? - Perguntou, passando a mão sob meu queixo e dando aquele sorriso torto. 

No final daquela tarde, estávamos na cozinha, nos entupindo de brigadeiro e falando besteira quando, de repente, me ocorreu uma coisa. 

- Você ainda está tomando os contraceptivos? - Perguntei. 

- Por que?

- Só... De curiosidade mesmo. - Respondi, num tom de voz indiferente. 

- Sei... Mas, caso ainda seja só de curiosidade... A cartela já está no final e tem uma pausa. 

- Ah é? Interessante... 

- Não tem nem dois meses que a gente casou e já tá querendo arrumar menino? - Perguntou, naquele tom de brincadeira. 

- E por que não? E nem adianta vir com aquela conversinha de que quer esperar até estar estabilizada e tal. 

Abriu a boca e me encarava com expressão de surpresa. 

- Sabe por que você está falando isso? Não é você que vai engordar um absurdo, não é seu corpo que vai modificar, não é sua barriga que vai crescer, suas costas não vão doer, seus pés não vão ficar inchados e principalmente, você não vai sentir uma dor igualável a quebrar vinte e dois ossos ao mesmo tempo enquanto uma criança sai de você! - Disse tudo isso sem parar para respirar. 

- Você tem razão. Mas... Imagina uma menininha idêntica à mim ou um menininho igual à você correndo pela casa. Não seria bom? 

- Olha... Eu sempre ouvi dizer que era instinto maternal... Não paternal. 

- Isso nos casais comuns. E olha para nós... 

- É. Verdade. - Disse, resignada, sorrindo. - Mas, já que você quer tanto... Não tem por que não ir tentando... 

Preciso dizer que meu sorriso foi o maior possível?

E assim, o tempo foi passando, nós continuamos tentando fazer um filho e, ainda que houvessem algumas discussões, vez ou outra, ainda sim, passávamos mais tempo em paz do que brigando. 

Meu irmão estava namorando a Lilian, para a surpresa de todo mundo e só se falava nos dois. Depois de uma entrevista, a Iza comentou uma coisa que me deixou cismado e assim que tive oportunidade, parei para prestar atenção ao Tom. Durante uma entrevista, sempre que falavam na Lilian e ele ia responder, eu sentia o quanto estava feliz. E olhar para ele era totalmente desnecessário, já que seus olhos brilhavam. Sinal clássico de quem estava apaixonado. E justo ele, que sempre foi avesso à esse tipo de coisa...

E caso esteja se perguntando... A Sofia foi passar uma temporada na Suíça. Descobri que estava namorando o filho de um magnata e estava muito feliz. E a Iza, quando soube, ficou feliz por ela, apesar de tudo. E tal atitude me surpreendeu. Quer dizer, eu esperava outra atitude dela, dadas as circunstâncias, mas quando a ouvir falar “Que bom!” com aquela animação toda... É que tive certeza que não poderia ter escolhido outra mulher para ser minha esposa.

Porém, nada foi tão curioso quanto o dia que fomos até o antigo prédio, para buscar as correspondências. O cara que comprou meu prédio, Wilhlem, estava chegando com umas sacolas de compras de supermercado e falando com um cara que lembrava muito o Tom. Entreouvimos a conversa dos dois e o Wilhlem dizia:

- Você não viu como ela me tratou. Essa garota é o capeta de saia! 

- Você está exagerando. E ela não me pareceu tão má assim.
- Por que você não viu o jeito dessa menina! Escuta o que eu estou te falando! Ela é diabólica. Não vou nem me surpreender se ela for que nem a Megan Fox naquele filme e literalmente comer os caras depois de seduzi-los!

- Cara, não viaja! - O outro disse. Olhei para a Iza, que fazia uma expressão que era um misto de curiosidade e outra coisa que eu não sabia bem o que era. Logo, a Louise, que era a garota que estava morando no apartamento da Iza, apareceu, gritando enquanto pedia para segurarem a porta do elevador. Olhei para a minha esposa e perguntei:

- Só eu que estou tendo essa sensação de déjà vu? 

Sorrindo, a Iza foi andando até eles e disse:

- Só um aviso... Daqui a... Quase dois anos, não se esqueçam de nos convidar para o casamento de vocês. 

Os dois olharam para ela, como se fosse uma alienígena. E foi realmente engraçado ver a expressão de descrença deles. 

Quando chegamos em casa, no final da tarde, percebi que ela estava mais quieta. Perguntei:

- Aconteceu alguma coisa? 

Mordendo o lábio inferior e com um jeito de incerteza, ela se sentou no sofá e me indicando um lugar ao seu lado. Assim que o fiz, me disse:

- Eu... Não sei direito como te falar. 

- Falar o que? Iza, o que houve? 

Depois de um suspiro pesado, voltou a me fixar e disse:

- Eu... Vou ser direta. Já tem um tempo que... Apareceu uma pessoa na minha vida. 

Tentando me controlar, concordei com a cabeça em silêncio. 

- Eu conheço o cara, pelo menos?

Por um mínimo instante, tive a impressão que quis rir. Não sabia que era tão sádica assim. Ainda mais depois de todo esse tempo. 

- Não. E... Para ser sincera... Nem eu conheço. Acho que daqui a uns... Sete meses mais ou menos é que vamos conhecê-lo. Ou conhece-la. Só vai dar para saber daqui a dois meses. 

A olhei, surpreso. 

- Espera aí... Tá querendo dizer que...?

Pegou minha mão e a pôs sobre a própria barriga. Não me contive e a beijei do jeito mais apaixonado. Quando nos separamos, disse, rindo fraco:

- Pelo menos alguma coisa tinha que ser normal nesse relacionamento... 

Ainda sorrindo, a abracei. 

- E quem vai contar para o futuro titio cupido? - Perguntei, fazendo-a rir. 

- Nós dois. Afinal de contas... Fomos ajudados por ele ao mesmo tempo, não é?

Concordei. 

É como dizem... Com um irmão como o Tom, quem é que precisa de cupido? 
FIM
Postado por: Alessandra | Fonte: x

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