domingo, 17 de junho de 2012

The Neighbour - Capítulo 32

Luiza

Desde aquele dia que acabei exagerando na bebida e o Bill teimou que tínhamos transado que vivia me atormentando. Quer dizer, por mais que eu tivesse certeza absoluta que não tinha acontecido nada naquela noite, ainda sim, fazia questão de me provocar, fazendo os piores comentários. Todos, beirando a obscenidade e sem nenhum pudor. Nessas horas, eu não sabia como conseguia me controlar e evitar partir para cima dele.

Depois que o Alex foi embora, fizemos o mesmo, só que um pouco depois e, obviamente, com uma pessoa a menos no elevador, o Bill teve que me cutucar:

– Ué... Cadê o almofadinha? Tinha hora no salão?

Simplesmente o ignorei, abrindo a bolsa e colocando os fones de ouvido, ligando uma playlist das Girls Aloud e quase cantando 
Biology a plenos pulmões. E pela cara dele, sabia que já estava a par do que tinha acontecido entre o Alex e eu. Odiava o fato de que a única pessoa no universo inteiro que conseguia decifrar o que estava acontecendo comigo era justamente o Bill. Sempre ficava à espreita, só observando (Ou seria mais certo dizer “urubuservando”?) e esperando a melhor oportunidade para me cutucar. Obviamente, nem sempre tinha o efeito que queria. Afinal de contas, durante as nossas discussões, ele sempre me chamava de teimosa. E quem era eu para negar? E era justamente por ser teimosa que não daria esse gostinho e aumentar o seu sorriso irritantemente sexy satisfeito.

O pior mesmo foi quando ele teve certeza que eu tinha terminado com o Alex. Foi simplesmente um inferno, já que tinha que aturar vários comentários indecentes e insinuações. Fora as costumeiras provocações. Muitas vezes, eu acabava apelando e o que me irritava era o fato de quem se ferrava era eu. Quer dizer, na hora em que estava mais puta, simples e literalmente era posta contra a parede e roubava aquele beijo que sempre me deixava sem ar, de pernas bambas. E como nem assim eu conseguia me manter calma, obviamente, ele apanhava.

Quando chegamos em Paris, ajudei a organizar a coletiva e, como estava andando muito mais vaidosa desde que conheci os meninos, lá fui eu cismar de usar salto. Resultado: Cinco minutos depois que comecei a arrumar tudo, 
os meus sapatos estavam a um canto escondido. E justo na hora que estava quase acabando, ouvi um murmúrio atrás de mim e algumas risadas disfarçadas. Sem olhar, falei:

– Aposto que, se estivessem no meu lugar, iriam fazer o mesmo em pouquíssimos segundos.

– Cara, para que você pôs o salto então? - O Tom perguntou.

– Me deu vontade. - Respondi, dando de ombros.

– Não quero nem ver a cor das solas dos seus pés depois. - O Bill resmungou.

– Fecha os olhos então. Além do mais... Óbvio que eu vou lavar. E depois, quando chegarmos ao hotel, tomo banho.

Durante a coletiva, fiquei sentada a um cantinho, quase escondida. Mas o tempo inteiro, os quatro olhavam para mim e, vez ou outra, o Tom fazia umas caretas que me faziam rir. E ele sorria também. De repente, vi que ele começou a digitar alguma coisa no celular e em questão de poucos segundos, o meu começou a tocar “Darkside of the sun” naquela altura. Todo mundo olhou para mim, que encolhia cada vez mais na cadeira. E o pior foi que, por causa do nervosismo, não conseguia destravar o teclado e fazer a música parar. Por fim, perdi a paciência e abri a tampinha de onde ficava a bateria e a tirei. O Georg tentava se controlar com o riso, mas estava impossível. Depois daquilo, só me restou fazer cara de paisagem. Assim que acabou e eles se levantaram, fiz o mesmo e fui andando até a mesma direção que os quatro. Assim que estávamos sozinhos, simplesmente cheguei perto do Tom e apertei sua cintura, reclamando:

– Mais uma dessas e juro que você vai desejar ter deixado seu celular dentro do bolso.

Me olhou com aquela cara de “Quero ver você tentar” e andei apressada, mais à frente, enquanto recolocava a bateria no celular. Entretanto, como meu celular era muito fofo comigo, tive que acertar as horas. E, na maior folga do mundo, dei meia-volta e peguei o pulso do Tom, olhando o horário. Acertei a data também e, quase imediatamente, pegou o aparelho da minha mão e começou a fuçar as músicas. Pôs uma em especial que eu ouvia até com bastante frequência. Antes que pudesse me controlar, estava cantando a bendita:

And you can have all off me tonight
(E você pode ter tudo de mim esta noite)
Ain't nobody else gonna make it right
(Ninguém mais vai fazer certo)
You got me like a bullet taking flight
(Você me tem como uma bala voando)
I'll hit you right just like you like
(Eu vou te acertar como você gosta)


And you can have all of me tonight
(E você pode ter tudo de mim esta noite)
Ain't nobody else gonna make it right
(Ninguém mais vai fazer certo)
You got me like a bullet taking flight
(Você me tem como uma bala voando)
I'll hit you right just like you like
(Eu vou te acertar como você gosta)

Logo depois, para minha surpresa, ele começou a cantar junto com o cara:

They call me chief, they like the way I mix it
(Eles me chamam de chefe, eles gostam do jeito que eu misturo isso)
if you can take the heat come and step into my kitchen
(Se você pode pegar o calor, venha e entre na minha cozinha)
tell me how you like it
(Me diga como você gosta)
tell me how you want it
(Me diga como você quer)
I'm prepared to give it to you
(Eu estou preparado para dar à você)
I don't even have to front row
(Eu não estou nem na primeira fila)
give me the order
(Me dá o pedido)
how do you want it served
(Como você quer que te sirva)
if you want the main course
(se você quer o prato principal)
let's get the orders
(Vamos fazer os pedidos)
I'm heading home
(Eu estou indo para a casa)
how many drinks before you're with me baby
(Quantos drinks antes de você ir comigo, baby)
um dois três quatro cinco seis sete.
ey ey ey ey ey ey ey ey ey bonita
ey ey ey ey ey ey ey ey ey I need ya.
(ey ey ey ey ey ey ey ey ey eu preciso de você)

Como sempre, eu andava no ritmo da música, meio dançando. Detalhe que, o corredor não estava vazio. Ainda tinha o Jost atrás de nós, alguns seguranças, fora as pessoas que trabalhavam ali. Já deveria ser a terceira vez que cantávamos a bendita música quando chegamos à sala onde aconteceria o Meet & Greet. Até que o Tom pediu para o dueto durar por mais uma última vez, só que ele queria que eu me soltasse, mesmo que não estivéssemos sozinhos. De início, fiquei meio com o pé atrás, mas aceitei. Assim que a música acabou, percebi que o Bill estava guardando o celular no bolso e a primeira reação foi bater no Tom.

– Ai, caralho! O que eu fiz? - Questionou, massageando o braço. Olhei para ele e fui andando na direção do Bill, que fugiu de mim. Para piorar, veio com aquela provocação besta, de tirar o celular do bolso e segurar o aparelho fora do meu alcance. Cruzei os braços e perguntei:

– Vai mesmo fazer isso?

– Não vai tentar pegar, não é?

Neguei com a cabeça, rindo.

– Divulga isso para ver o que te acontece.

– Deixa comigo que vou já postar no BTK.

– Beleza. Então vai se preparando para o pior. - Respondi, dando uma piscada. Logo, não demorou muito para as fãs chegarem e eu aproveitei para ir comer alguma coisa. Enquanto estava em uma confeitaria ali do lado, percebi que tinha um cara, do outro lado, segurando uma câmera e tirando fotos minhas. Na hora, fiz a única coisa que me passou pela cabeça: Fingi que nem tinha visto nada. Peguei meu celular e digitei uma mensagem, mandando para o celular do Jost. Não deu nem cinco minutos que tinha pago a conta quando vi um segurança deles entrando na confeitaria. Perguntou:

– Ele mexeu com você?

– Não. Só tirou umas fotos. Mas ainda sim está me incomodando. O encontro terminou?

Enquanto andávamos de volta para o hotel, me contou que uma fã, muito da danada (Para não dizer outra coisa), além de fazer questão de abraçar o Tom, ainda passou a mão nele, que quase morreu. Finalmente ia ter minha vingança pelas zuações!

Quando chegamos ao lugar onde o show aconteceria, esperei a oportunidade perfeita aparecer. E quando o vi virado de costas, ainda por cima, de “quina para a lua”, mexendo em alguma coisa no 
case da guitarra, olhei para os lados, disfarçando da pior maneira possível e, assim que estava perto o bastante, não resisti. Se endireitou, chiando:

– Ô porra! Parece que hoje tá todo mundo passando a mão em mim...

– Todo mundo? Quer dizer que eu e a menina do Meet & Greet não somos as únicas? Kaulitz, o que você andou aprontando hoje, hein?

– Ai, nada. - Disse, já emburrando.

– Se servir de consolo... - Falei, me aproximando dele e ficando na ponta dos pés para facilitar minha vida ao dizer as palavras com a boca próxima ao seu ouvido:- O senhor possui uma bela retaguarda que dá muita vontade de apertar. Tipo encher a mão, sabe?

Preciso dizer qual foi 
a cara que ele fez?

– A senhorita também.

Ri depois daquela e quando percebi o que ia fazer, avisei, segurando seu pulso e afastando sua mão do meu quadril:

– Mas nem por isso vamos ficar o resto da vida apertando a bunda um do outro, sim?

– Até mesmo porque... Você já tem quem faça isso para você. Meu irmão... - Nessa hora, eu juro que queria morrer. Devo ter ficado de todas as cores possíveis e impossíveis depois dessa. Bem-feito, Luiza! Agora aprende a pensar antes de falar.

Depois, quando estávamos no camarim, esperando dar o horário de eles irem para o palco, ficamos conversando até que, de repente, o Bill saiu apressado dali depois de ver alguma coisa no celular. Todo mundo estranhou e, quando ele voltou, estava radiante. Até tentamos descobrir o que era, mas só o Tom, como sempre, captou a mensagem. Que raiva que eu tinha dos dois nessas horas. Ainda mais que sabiam que eu era curiosa ao extremo e pareciam ter prazer em judiar de mim daquele jeito.

Naquela noite, eu tinha conseguido uma credencial para ficar naquele espaço onde os seguranças costumam ficar plantados, só para poder fotografá-los. Tinham me arrumado uma câmera profissional e, portanto, foi moleza capturar as imagens. Como sempre, houve aquela hora em que os gêmeos e o Georg se sentavam em um banquinho cada um e tocavam uma música mais calma. Naquele dia, tinha sido uma do último CD e, só para variar, o Bill desandou a falar. Nem estava prestando muita atenção, já que estava tirando uma foto do Tom, que estava olhando para baixo. Até que ouvi:

–... E aproveitando a oportunidade... Quero dedicar essa próxima música para uma pessoa muito especial que está aqui, inclusive.

Ergui o olhar e vi que estava me fixando. Neguei com a cabeça, fingindo que estava interessada em ver se uma foto tinha ficado boa quando fui surpreendida:

I hate my life
(Eu odeio minha vida)
I can't
(Eu não consigo)
Sit still for one more single day
(Ficar sentado por mais um dia)
I've been here waiting for
(Eu estive aqui, esperando por)
Something to live and die for
(Algo para viver e para morrer)
Let's run and hide
(Vamos correr e esconder)
Out of touch, out of time
(Fora de contato, fora do tempo)
Just get lost without a sign
(Só se perder sem um sinal)
As long as you stand by my side
(Contanto que você esteja do meu lado)

Olhei para ele, movendo os lábios e formando a pergunta “O que é isso?” e vendo-o 
sorrircomo se aquilo não fosse nada demais. Esperei até que voltasse a me olhar para deslizar o dedo pelo pescoço, esperando que entendesse a mensagem. E me ignorou. Resmunguei comigo mesma, ainda o olhando:

– Abusado!

Fiquei ali até a hora em que eles saíram do palco. Procurei o Jost e avisei que estava indo para o hotel, sob o pretexto de que estava com dor de cabeça. Sabendo do meu histórico, me liberou sem mais questionamentos e, enquanto estava dentro do táxi, observava cada lugar por onde passávamos. Assim que o carro parou em frente à porta, paguei a corrida e agradeci.

Assim que fechei a porta do quarto, fui andando na direção da cama e me deitei sobre o colchão, encarando o teto, logo em seguida. De repente, ouvi umas batidas leves na porta e, fiquei quieta, fingindo que estava dormindo. Não demorou muito para que meu celular começasse a tremer dentro da minha bolsa. Suspirei e, depois de pegar o aparelho, li:

Vai mesmo ficar enfiada aí, fingindo que está dormindo e fugindo de mim?

Suspirei mais uma vez e desliguei o celular, levantando para trocar de roupa e indo dormir.

Na manhã seguinte, fiz questão de acordar mais cedo que de costume , tendo certeza absoluta de que não ia encontra-lo. Mas, assim que entrei no restaurante, vi que estava sentado ali. Pensei em dar meia-volta, porém, quando fez menção de se levantar, andei até o bufê, indo pegar algumas coisas para comer. Em seguida, me sentei de frente para ele, que disse:

– Achei que ia fugir de novo...

Simplesmente o ignorei. E para conseguir minha atenção, pegou o meu prato. Só o olhei e continuei tomando o suco de maracujá que havia pegado. Em seguida, pus o copo sobre a mesa e respondi:

– Mesmo que você não acredite... Eu voltei para o hotel antes por causa da minha enxaqueca.

– Engraçado que ela só foi aparecer justo na hora que o show terminou...

Respirei fundo, tentando manter a calma e respondi:

– Vamos fazer uma coisa? Você me deixa quieta no meu canto e continua seguindo em frente com sua vida.

– Ah, mas não dá mesmo para acatar seu pedido.

– Então, assim que a turnê acabar, eu apresento minha demissão para a gravadora. - Falei, levantando da mesa e levando o prato e o suco. O deixei com a maior cara de tacho do universo e fingi nem ter notado. Ele que me aguardasse...

Postado por: Alessandra

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