sábado, 29 de setembro de 2012

Sempre Sua! - Capítulo 49 - O meu, o seu... O nosso fim!


Bill arregalou os olhos em choque, as palmas das mãos ficaram úmidas, suas pernas ficaram fracas. Seu coração voltou a bater, mas dessa vez, em um ritmo frenético, que parecia imitar a velocidade de seus pensamentos.

Não podia ser.

Devia estar imaginando coisas.
É claro que estava imaginando coisas!
Não podia ser.
Não podia ser Kate.
A mente dele só podia estar lhe pregando peças. Isso sempre acontecia quando ele estava cansado ou estressado. E estava se sentindo de ambas as formas.
Pensava tanto nela, vinte quatro horas por dia, sete dias por semana, que devia estar vendo uma miragem.
Kate, no Brasil, junto com Jumbie.
Sim, uma miragem, louca.
Bill enroscou os dedos em torno da alça de sua bolsa, abrindo e fechando os olhos para clarear a cabeça. Ao abri-los, sentiu o coração parar de novo. Simplesmente não podia ser ela.
– Olá, Kate!
Foi a voz animada de Georg que trouxe Bill para a realidade.
–Georg... Nossa... Que saudade.

Ai, meu Deus. Era ela mesmo.

Ele viu Georg andar até ela e abraçá-la fortemente. Bill respirou devagar, se ajoelhando, pegou o pequeno cão do chão, Jumbie lambeu todo o rosto pálido do vocalista.
–Você não mudou nada – ele sorriu ao sentir a língua molhada do cão. – Continua uma bolinha de pelo.
– Bill - disse Kate com educação contida. - Tudo bem?
Os olhos cor de mel de Bill correram pelo corpo de Kate, delineado num vestido colante, e pararam por um instante na sua boca, antes de encontrar os seus olhos.
– Você está linda como sempre - ele disse parecendo em transe, como se ela não houvesse dito nada.
Kate sentiu um arrepio de emoção correr sua pele ao ouvir aquela voz grave e temperada com um inconfundível sotaque alemão. Ele havia mudado o corte de cabelo, estava um pouco mais magro, se isso fosse possível, mas também continuava lindo.
Seus olhos presos um ao outro.
O coração de Kate também batia de pressa, tentou dizer algo, porém, ficou receosa de que ele pulasse para fora de seu peito, nunca imaginou encontrar Bill, antes dos dezoito meses.
–Você também esta lindo, como sempre. – ela conseguiu dizer algo depois de segundos.
–É melhor a gente subir, acho que estamos atrapalhando a passagem das pessoas. – Georg disse percebendo que os dois estavam fora de órbita. – Vamos subir Kate – o baixista apertou o botão de seu andar - Gustav e Tom ficarão felizes em te ver. Pena que Sofia não veio ao Brasil.
–Falei com a mãe dela quando fui pegar Jumbie, estou morrendo de saudades dela.
–Esteve na Alemanha? – Bill perguntou.
Kate apenas balançou a cabeça em positivo, ainda havia uma bola de angústia presa em sua garganta. Quando a porta do elevador fechou, aquele silêncio monstruoso voltou a reinar.
Um século durou aquela viagem dentro daquele quadrado sufocante, chegariam a Tóquio, e não chegariam ao quinto andar. Os olhares se fuzilando, ela não podia respirar. E respirar era importante. Precisava respirar. Precisava de palavras. Precisava pensar em algo para dizer.
–Eu tentei ligar. – ela disse deixando as palavras correrem de seus lábios e tentando acabar com a sensação estranha entre eles.
–Quando? – Bill perguntou franzindo a testa.
–Em abril.
–Não soube de nada.
– Não importa agora.
Mais silêncio.
–Pra que ligou? - Foi a vez de ele tentar quebrar a tensão.
–Precisava falar com você.
–O que?
A porta se abriu e Georg foi o primeiro a sair e quando se virou para os dois, eles não haviam se mexido, seus olhares estavam fixos. Bill aguardava apreensivo a resposta de Kate.
–Vocês não vêm? - o baixista perguntou olhando para Kate e depois para Bill.
Com um movimento e uma palavra, Bill colocou um fim naquela agonia.
– Não. – ele colocou Jumbie no colo de Georg e apertou o botão, com o número seis, o andar em que ficava a sua suíte.

A porta se fechou e o que aconteceu em seguida, foi rápido demais.
O corpo de Bill, todo o peso dele contra o dela, a boca dele exigente e violenta contra a dela, as mãos de Bill a segurando firme, cada vez mais forte e apertado dentro do elevador. Os dois unidos mais uma vez depois de tanto tempo.

Bill em meus braços... – Era quase inacreditável.

A língua de Bill na sua boca, explorando, buscando e ela sem ar. Quase sufocando. Não importava, pois as grandes mãos dele a seguravam, apertando-a contra ele, sem dar qualquer chance de se afastar.
Era como se duas partes de um todo finalmente voltassem a se unir, fundindo-se, e todo o resto do mundo não existisse. Ela se sentia leve, quente, maravilhosa, viva novamente e incrivelmente feliz.
O beijo dele devorava e a deixava mais zonza, sem saber onde estava.

Fome. Sede. Desejo. Amor.

Bill e Kate colocaram tudo junto num único beijo ardente e enlouquecido de saudade.
–Devemos manter um pouco de sanidade mental por aqui, estamos em um elevador... Público. - ela disse ofegante quando suas bocas se separaram por um segundo.
– Dane-se... Sabe como me senti longe de você? – ele disse focando apenas nos lábios dela.
–Sei... Eu sei por que eu senti exatamente a mesma coisa.
As portas do elevador se abriram, Bill saiu e puxou-a pelo corredor, a porta da suíte foi aberta e trancada em menos de dois segundos.
–Kate... Como eu tive saudade! - Bill a abraçou forte - Muita... Muita... Muita... Quase me matou de saudade e enquanto não matar toda ela, não sairei desse quarto... Dessa cama.
Ela jogou a cabeça para trás e sorriu, deixou-se tragar pelo desespero de Bill, respirou com dificuldade em busca de ar, que lhe chegou com um perfume intoxicante. Ela inalou-o, puxou-o todo para dentro dela para guardar dentro de sua mente, do seu corpo aquilo que lhe fez falta durante todo aquele tempo, o cheiro de Bill.
–Bill... Deus... Senti tanta falta do seu cheiro... Da sua pele... Seus beijos... Seu toque!
Então, suas mãos se moveram um centímetro, acariciando seu pescoço. Os lábios chegaram à orelha e o suave som a atingiu com a força de um furacão. O seu gemido.
– Todo você... Quero você todo, Bill... Inteiro... - Seus dedos trabalharam rápido em suas roupas, libertando-os. Ela parecia emanar ondas de calor. - Tire sua roupa - ela ordenou, com a respiração acelerando-se ainda mais. - Quero você... Bill ... Rápido... Dentro de mim... Venha... Céus... Como senti falta...
Bill compreendeu toda essa loucura, ergueu-a do chão, levou-a para a cama e sem nem um pouco de delicadeza a jogou, fazendo seu corpo quicar no colchão.
Ela sorriu e estendeu os braços para ele.
–Venha, meu amor.
E ele se jogou.

Bill se atirou direto ao abismo.


Ele a penetrou de maneira selvagem. Sem preliminares. Agitando-se dentro dela repetidamente, ouvindo-a se contorcer e gemer em seus braços, sentindo suas unhas em suas costas, depois em suas nádegas e o abraçando com as pernas, intensificando a união dos corpos.
–Bill... Bill...
– Não acredito que estamos juntos e que estamos fazendo amor.
– Você não tem ideia de como eu queria isto, como eu senti falta de sentir sua pele contra a minha. – ela gemeu perto do ouvido de Bill, mordendo-lhe o lóbulo. – Você me transformou nessa pervertida.
Ele levantou a cabeça, e a olhou sorrindo, perdidos um no outro.
–Se isso for um sonho não me acorde. – Bill sorriu malicioso aumentando sua força dentro dela.
Ela gritou em resposta.
Ele sentiu-se triunfante quando o corpo dela se despedaçava em seus braços. Abraçaram-se e beijaram-se com fúria, com desejo, com saudade, com amor.
Ele a segurou com força de modo que ela não conseguia se mexer. Ele investiu mais rápido e mais desesperado, os gritos invadindo a suíte ao invadi-la repetidas vezes até não aguentarem mais e alcançarem juntos o prazer máximo.
Instintivo, essencial, uma sensação de liberdade, uma paz devastadora que há meses não sentia. Ela era realmente sua, pensou ele com uma satisfação. Quando tudo começou a voltar ao normal, ela deitou em seu ombro, fazendo pequenos círculos na sua tatuagem de estrela.
– Você é tão maravilhoso, sabia? - ela disse suavemente.
No mais autêntico estilo convencido, Bill sorriu preguiçoso, depois saboreou os lábios dela com outro beijo. Ele acabara de apreciar a mais fascinante experiência de toda a sua vida, e conseguiu levar aquela mulher consigo. Por isso se sentia maravilhoso, completo e respirando novamente.
– Você é que maravilhosa, meu amor. - Ele murmurou.
Ela olhou acima com os olhos marejados, seus lábios inchado, e tão irresistível, que o levou a beijá-la novamente, longa e lentamente. Podia sentir seu coração acelerado em seu peito.
Ele mordeu seu queixo, e sorriu em seus olhos cor de mel.
–Eu não me importaria de ficar aqui, dentro de você, por um longo, longo tempo. - Seus lábios se curvaram num sorriso gostoso.
–Tudo bem pra mim – ela disse beijando-lhe o ombro nu.
Ela o tinha agora, e isso era suficiente. Nada mais importava além da porta daquela suíte. Seus braços embrulharam ao redor dele, e o abraçou, segurando-o firmemente, não querendo deixar que ele saísse de dentro dela.
– Eu nunca percebi o quanto precisava de você. - O prazer em seus olhos apertou seu coração. Ele abaixou sua cabeça e beijou seus lábios suaves, agora inchados da paixão.
Quando o beijo terminou, seu olhar sustentou o dela, então ele soprou a ela:
– Eu te amo, Kate. – sua voz ficou embargada. - É a única que possui minha alma, meu corpo e meu coração... Foi à primeira, última e única.
Fizeram amor novamente, dessa vez mais lento, tentando assim prolongar o prazer do momento, porém não menos intenso. Em seguida caíram em um sono profundo, abraços e quase saciados.


***

Já eram quase onze horas quando a luz do sol entrava pelas janelas do quarto. Kate permanecia deitada nos braços de Bill, dolorida da paixão da noite passada. Ela virou a cabeça e o olhou, Bill ainda dormia. Relutando para não se mexer e perturbar o primeiro sono decente que eles tiveram em quase um ano, permitiu-se então, saborear o calor daquele corpo que a envolvia.
Como fora duro para ela todo aquele tempo sem Bill.
Tantas noites em claro, tanta solidão, tanta dor em seu coração.
Fechou os olhos, afastou o nó na garganta e o abraçou forte colando seus lábios em seu pescoço, ele murmurou algo e se mexeu, mas ainda não acordou.
–Bill, acorde.
Ele resmungou, xingando Tom.
–Bill? – ela lhe beijou os lábios.
Relutante, ele abriu os olhos. Mas logo voltou a fechá-los, com medo de que tudo aquilo não tivesse passado de um sonho. Depois, que sentiu os braços de Kate ao redor de seu corpo, virou-se e olhou para ela. E percebeu que aquele sorriso doce era mais do que real.
–Pensei que estava sonhando. – ele disse com a voz sonolenta.
–Se for, também estou. - Ela beijou o seu peito nu - Sabe que horas são?
–Não. E também não quero saber. Agora que tenho você em meus braços.
– Não tem mais show essa semana?
–Sim, amanhã no Peru. Partimos hoje à tarde.
–Então, temos um tempo para nós.
–Hum... O que quer dizer com isso? – ela perguntou sem entender, franzindo as sobrancelhas.
–Com isso o que? – perguntou também franzindo as dele.
–Temos tempo para nós? – Bill se apoiou em seu cotovelo. - Você vem com a gente não?
–Com vocês para o Peru? – ela perguntou ainda sem entender.
–Não. – ele se sentou na cama – Comigo para o Peru, depois para o Chile e depois para onde eu quiser.
Foi a vez de Kate levantar e se sentar na cama, trazendo o lençol para junto de seu corpo, cobrindo seus seios.
– Bill... Não sei por onde começar.
– Estranho... Você normalmente é tão boa com as palavras. – ele brincou tentando afastar a tensão que se formou entre eles. – Estou esperando.
–Minha missão ainda não acabou. – ela foi curta e... curta.
–Não, pare... Pare de brincadeira. – Bill ficou sério – Você veio aqui no meu hotel, para ver... Pra que? Para me machucar mais ainda?
–Você me conhece muito bem. Nunca faria isso! – Ela lhe segurou o braço - Acredite, esse encontro foi uma coincidência, não sabia que estava nesse hotel. Fiquei tão surpresa quanto você.
–Por que esta fazendo isso?
–Desculpa, essa é a verdade, vim ao Brasil para um seminário e não sabia que estava no país e nem nesse hotel. Todo esse tempo aprendi a me policiar, não caçar notícias sobre você, seria doloroso demais, a falta de internet nos lugares em que fui ajudou muito com esse meu objetivo.
–Não pode ser. – ele balançou a cabeça - Tudo o que vivemos... Tudo o que sofremos juntos... Não valeu de nada?
–Você sabe que valeu. – ela apertou sua mão no fino braço de Bill.
–Então, termine essa expedição e fique comigo.
Ele estava entrando em pânico.
–Como era antes?
–Sim. – ele disse sem rodeios. – Podemos anunciar nosso namoro se quiser.
– Bill, você sabe que isso não muda nada, até atrapalha, olha Georg e Sofia, como estão bem depois de tanto tempo, não me importo em aparecer na mídia, não é isso que me incomoda e você sabe muito bem disso desde o início.
–Você quer uma vida. – ele disse revirando os olhos.
–Não, quero viver a minha vida. – ela bateu no peito com suas mãos - Quero ajudar, quero ser útil, quero seguir o exemplo de Ryan e fazer diferença no mundo em que vivo.
–Você já fez sua parte.
–Nem comecei ainda, meu anjo! – ela disse sarcástica, percebendo que seria difícil fazê-lo entender.
–Certo, termine a expedição e podemos seguir nossas vidas.
–Bill, não! - ela levantou da cama e se enrolou no lençol.
–Kate, acabamos de fazer amor, estávamos há onze meses sem nos ver e sem nos falar, não podemos ter um tempo para nós, em nome de tudo o que passamos?
–Bill...
–Por favor, eu imploro, pelo menos venha comigo para o Peru, fique comigo esse tempo. – ele segurou a ponta do lençol que ela estava enrolada - Por favor, se for preciso, eu ajoelho em seus pés e peço, depois podemos discutir o que quiser.
Kate o olhou, com a guarda totalmente rendida.
–Venha, não viu nenhum show dessa turnê. – ele puxou o lençol trazendo-a para seus braços, na cama. - Venha!
–Sim. Mas depois do show voltamos...
–Depois... É depois! – Bill a interrompeu sorrindo, certo da vitória.


***


A música fluía, mas agora as palavras saíam carregadas de emoção, como se aquele sentimento viesse do fundo da sua alma. E vinha muito além da sua alma. Contagiado pela própria interpretação, Bill fechou os olhos e a sentiu ali entre todas aquelas pessoas.
Kate o sentiu.
Quando ele soltou ainda mais a voz, aquele refrão se abatera sobre ela. O recinto pareceu esvaziar e apenas os dois permaneceram ali. Mesmo longe, ela sabia que ele podia senti-la. E que cada palavra, cada estrofe era para ela, era deles... A história dos dois.


Você vê a minha alma,
Eu sou um pesadelo
Fora de controle,
Estou caindo na escuridão,
De volta à tristeza
Dentro do mundo do nosso casulo
Você é o sol
E eu sou a lua,

Na sua sombra eu posso brilhar
Na sua sombra eu posso brilhar
Na sua sombra eu posso brilhar
Brilhar

Não deixe ir
Oh, oh não
Você não sabe

Na sua sombra eu posso brilhar...



***


Depois do show, Natalie e Kate aguardavam no camarim, a banda ficou pouco tempo no recinto, em quatro carros todos seguiram para o hotel. Bill e ela praticamente correram para dentro da suíte.
–Venha comigo para o Chile. – ele a abraçou beijando seus cabelos.
–Não. Vamos conversar.
–Não quero conversar quero você no Chile comigo. – sua voz mesmo baixa era autoritária.
–Eu preciso ir!
– Não quero que você vá embora — Ele disse com a voz rouca. — Fique comigo.
Ela engoliu em seco.
– Bill... Não faça isso! - ela suplicou a ele.
– Fique, meu amor! - Bill não jogava limpo.

Bill viu os olhos dela se encherem de lágrimas. Era o que ela queria, pensou desesperado. O lugar de Kate era ao seu lado e se fosse para jogar todas as cartas, todos os trunfos para tê-la, ele jogaria dessa vez não iria perder. Não mesmo.
– Por que faz isso? - Perguntou com os olhos cobertos de lágrimas à procura dos dele.
Bill não respondeu. Respirou profundamente e a beijou, perdendo-se no gosto da boca, na textura e no cheiro dela. Beijou-a até senti-la inteira envolvida e entregue a ele.
– Por que não quero ficar longe. - disse sinceramente.
– Não me peça isso, por favor. – seu pedido foi quase inaudível.
Ele roçou seus lábios nos dela, com os dedos indo para cima e para baixo no bico do seio dela, os corpos colados e clamando um ao outro.
– Olhe para mim. - ele olhou para seus olhos fechados.
Sua cabeça pendia para trás, a boca umedecida pelo beijo dele. Prometeria qualquer coisa para fazê-la ficar. Pensava nela dia e noite. Amava demais, tanto que chegava a doer. Tanto que era quase impossível respirar, jamais passaria por aquele inferno.
Deu um passo para trás. Segurou-a distância dos braços e pediu novamente.
–Olhe pra mim, Kate!
E esperou, segurando o ar enquanto ela abria os olhos, talvez tentando decidir, talvez mantê-lo em suspense. Ele não sabia nem se importava, só queria ouvir e precisava de um “sim".

E teria esse sim, custe o que custasse.

Bill moveu a cabeça, apossou dos lábios de Kate. Seus lábios eram exigentes, poderosos e mexiam com o coração dela. Jogou-a na cama e pressionou contra o colchão enquanto a boca impaciente percorria sua face e as mãos arrancavam a bata que a cobria e depois a calça.
Com pressa e impaciência ficaram nus.
Corpo contra corpo. Pele contra pele.
Tudo foi calor, desejo, glória. Kate colou-se a ele e exigiu mais. Mas muito antes dela exigir, Bill lhe deu entregue e submisso ao amor. Ele segurou sua cintura e a levantou da cama, rolando e a posicionando por cima, enviando-a outra vez as alturas.

Gemidos, sussurros roucos e gritos.

Carícias apaixonadas e desesperadas por mais.

Anseios insaciáveis, uma fome de onze meses.

Quando ele pensou que enlouqueceria, ele voltou a deitá-la na cama e penetrou-a mais forte e mais profundo. Não só o corpo, mas alma, a mente e o coração.
Ela gritou. Ele gritou. Os dois gritaram ao mesmo tempo. E então imperou a loucura.
–Te amo - abraçou-o enquanto pronunciava as palavras. – Não duvide nunca que eu... - ela passou seus lábios famintos nos dele - ... Serei sempre sua... Sempre... Sempre sua.
Ele sorriu deixando as lágrimas escapar. Essas palavras o encheram tal como ele enchia a ela. Enterrou a face no cabelo de Kate e sentiu as unhas dela em suas costas. Experimentou sua própria e aterradora libertação, depois sentiu o frágil corpo tremer, e quando não suportou mais, ela o abraçou e gritou pelo seu nome e o quanto o amaria pelo resto de sua vida.
Na manhã seguinte, antes do sol nascer, ela saiu da cama devagar, sem acordá-lo se vestiu, fez um pequeno embrulho mal feito, deixou-o sobre o travesseiro que havia dormido, pegou sua mala e com passos lentos, deixou o quarto, depois o hotel e por fim, Bill.


***


–Sonhando acordada novamente. – Ryan disse, tirando Kate de seus pensamentos.
–Estou apenas cansada, essa festa da Páscoa foi além das nossas expectativas.
–Sim, as crianças adoraram. – Muito mais que o Natal e o Ano novo.
–Uau! – Kate assoviou – Nem acredito que estamos em 2013! Tudo está passando rápido demais.
Ryan não disse nada, apenas observou os olhos marejados de Kate, ela desviou os olhos, sentou-se num banco de madeira e abraçou as pernas. Ele a imitou e depois de um longo silêncio disse:
– Deve ser muito difícil.
–O que?
–Ficar tanto tempo longe da pessoa que você ama. Ter que escolher entre a razão e o coração.
– Do que esta falando, Ryan Hreljac?
–De Bill. – ele a viu arregalar os olhos. - Tanto tempo longe da pessoa que você ama.
Kate ficou roxa de vergonha. Virou o rosto para tentar acalmar sua respiração.
–Vocês esconderam muito bem, nunca percebi.
–Fomos apenas simples amigos.
–Não, não foram apenas simples amigos. – ele sorriu com leve toque de malícia.
–Fomos.
–Não. – Ryan disse olhando para cima, para a sombra grande que formava ao lado dos dois.
–Oi, Kate! - a voz suave e baixa a fez levantar de repente.
–B-Bill?!
Deus, ela ia desmaiar.
–Pois é, como eu estava dizendo, que tipo de simples amigo viaja tantos quilômetros para encontrar uma simples amiga?
– Bill? - ela repetiu sem acreditar no que via. – Oh, céus... Bill, o que faz aqui em Camarões? - estava pálida e seus olhos parados, fixados nos dele. - Não está um pouco longe da sua realidade?
–Talvez! - ele deu de ombros - Estava passando por ai e resolvi dar uma passadinha. E infelizmente, aqui ninguém me conhece... Sou um desconhecido. Um simples ser humano.
Claro que era mentira absurda, Camarões ficava longe de tudo e para chegar até ali, ele tinha tido muito trabalho e paciência.
– Precisava lhe entregar isso, esqueceu em cima do travesseiro na última vez que nos vimos. – ele tirou um embrulho da bolsa e lhe entregou uma caixa. Ela pegou a caixa, abriu e tirou o bracelete.
–Tem algo mais ai dentro. – ele a informou com um sorriso imenso nos lábios.
Ela baixou os olhos e os fechou, mordeu os lábios que tremeram, sorriu quando seus olhos voltaram a se abrir, olhou para dentro da caixa. Era uma rosa amarela com as pontas laranja, como as do jardim da casa de David.
Foi insuportavelmente impossível seguram as lágrimas.
– Então, a sua solução foi fugir? – ele perguntou colocando as mãos no bolso, como ele fazia sempre quando estava nervoso e queria controlar aquela mania de falar com as mãos.
Kate recuou um passo e baixou a voz:
– Eu não aguentava mais. Eu precisava fugir de você. Ia acabar me convencendo de abandonar meus sonhos e eu não podia fazer isso. Precisava realizá-los.
–Sim, eu convenceria. – ele olhou para o chão e chutou uma pequena pedra. - Agora não mais.
–Não?
–Vi como essas crianças olham para você, como vêem em você uma nova esperança. Como você é essencial para elas, assim como é para mim. – os olhos dele ficaram rasos d’ água – vendo seu trabalho com eles, percebo como tudo isso é importante para você. – ele deixou as lágrimas rolarem – mas ainda quero você, mas não seria justo com essas pessoas. Estou abdicando de você, por elas. - ele soluçou – acho que nunca me perdoaria se a tirasse delas, você é essencial, é vital para cada ser humano que ajuda. A cada criança que salva e eu nunca tive tanto orgulho de alguém, como tenho de você... Seus pais teriam muito orgulho da pessoa humana que se tornou.
Ela correu e se jogou nos braços dele.
Abraçaram-se e choraram. Colocaram para fora tudo o que estava preso há muito tempo, por dois anos. Soluçaram, limparam e deixaram a emoção ser liberada. Ficaram perdidos um nos braços do outro depois que se acalmaram. Apenas abraçados, com seus corpos colados e coração batendo juntos, numa mesma estrofe.

Numa única canção.

Quando conseguiram se separar, ele enxugou o seu rosto molhado e as faces úmidas de Kate, beijando-lhe a ponta do nariz, sussurrando por fim:
– Venha, antes de ir embora quero ajudar um pouco com as suas crianças.
Sim, demorou. Ele sofreu, mas finalmente ele tinha entendido, que da mesma forma que aquelas pessoas olhavam para ela com admiração e esperavam pelos seus atos e gestos, os fãs dele e da banda, também esperavam. Eram duas formas de ajuda, muito diferentes, mas necessárias e desistir não estava nos planos, nem da banda e muito menos dos ALIENS. Os sonhos de ambos não podiam parar ou ser interrompidos, por ninguém... Jamais.

O dia inteiro ficaram juntos, sorrindo, trocando olhares e trabalhando lado a lado, quando faltava pouco para anoitecer, um carro preto, estacionou no acampamento, Bill olhou pra Kate e ela soube era hora dele partir.
– Foi ótimo ajudar. – ele disse lavando as mãos e as enxugando nas próprias calças.
–Pode continuar fazendo isso... Mesmo longe!
–Longe...
– Obrigado por hoje, obrigado por entender - a voz de Kate falhou e respirou fundo antes de continuar - obrigado por tudo.
Ele não disse nada, apenas se aproximou, enfiou suas mãos dentro dos cabelos dela, trouxe para junto de seu corpo, os lábios dele pousaram em sua têmpora, ela sentiu o calor do corpo dele em contato com o seu.
– Amo você, Kate - suas palavras confirmaram o que confessavam seus olhos. - Te amo e sempre te amarei. Sei que tem que ser dessa forma. Mas meu amor sempre pertencerá a você. – seus olhos cor de mel ficaram mais vivos - Amo você e não há nada que o tempo, o mundo, você ou eu possa fazer para sufocar esse sentimento. Eu serei sempre seu, meu amor - fechou os olhos e sussurrou. – Para Sempre.

E a beijou na boca. Beijou até não terem mais fôlego, tomando posse, pegando tudo que pode para armazenar dentro de si, sugando sua respiração pela última vez.

Depois a soltou, virou, andou até o carro e sem olhar para trás, partiu.
A dor dilacerou. O sofrimento a arrastou até um profundo poço de desespero enquanto via o carro levando Bill para longe, cada vez mais distante. Sentiu-se cair em um abismo de que acreditava que não pudesse sair jamais. Sua alma partida em mil pedaços, seu coração arrancado de seu peito e trancafiado por sete chaves. Mas tinha que ser assim...

E assim foi feito!

Postado por: Grasiele

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