domingo, 22 de janeiro de 2012

The Nanny - Capítulo 15 - Cadê as palavras?


(Contado pela Kate)

      A primeira coisa que fiz ao chegar em casa, foi entrar pro quarto e ligar pra Laura. Eu precisava contar sobre o beijo que o Bill havia me dado. Minhas mãos estavam trêmulas, e cheguei a pensar que não conseguiria nem discar os números certos. Mas por sorte, consegui.

           - Vocês fizeram o quê?! – pergunta ela, incrédula.
           - Na verdade, foi ele quem fez. - disse.
           - E você obviamente correspondeu, não é?
           - Ah... Só um pouquinho.
           - Sei.
           - E depois que aconteceu, fiquei sem reação e fui embora. – me sentei na cama.
           - Deixou o garoto sozinho?
           - Ué, e o que eu poderia fazer?
           - Sei lá... Agarrasse ele, fosse num motelzinho mais próximo...
           - Ah tá. Não sei se você se lembra, mas não me pareço nada contigo!
           - O que é uma pena. Deveria ter aproveitado da situação.
           - Posso até ser um pouco maluca, mas não seria capaz de fazer isso.
           - E o que sentiu?
           - Não sei. – me deitei.
           - Não sabe, ou não quer falar?
           - Eu realmente não sei.
           - Se não quiser ficar com ele, pode ter certeza que estarei aqui pra qualquer coisa. E você sabe muito bem do que estou falando.

      Tive que rir daquele comentário. Como ela é cara de pau!

           - E o que aconteceu entre você e o Tom? – perguntei, e me sentei novamente.
           - Transamos a noite inteira! – ela riu. – E devo confessar que aquele garoto manda bem.
           - Vai trocar de time?
           - Só depois de conseguir você!
           - Ah, então ficará sendo lésbica pro resto da vida! – rimos.
           - Como você é má!
           - Sou apenas realista.
           - Tenho certeza que um dia você ainda vai gemer muito comigo.
           - Vamos parar com essa conversa por aqui, não é?
           - Enfim... Sem contar que transamos também no banco do meu carro.
           - Mentira! – eu estava completamente incrédula.
           - E foi uma delicia!
           - Safada. – ela deu uma gargalhada.
           - Se você não quer satisfazer o meu desejo, então procurarei quem faça.

      Conversamos por vários minutos, até aquilo ser interrompido pelo Brian que bateu na porta do quarto, entrou e se sentou ao meu lado.

           - Tenho que desligar agora. – disse.
           - Quando sentir carência é só me ligar. – ri mais uma vez.  
           - Pode deixar.
           - Beijo na boca!
           - Tchau.

      Desliguei, e coloquei o celular em cima da mesinha de cabeceira.

           - E ai, já almoçou? – pergunto ao Brian.
           - Um-hum. – responde balançando a cabeça.
           - Comeu tudo?
           - Sim.
           - E a sobremesa?
           - Era iogurte de novo. – reclamou. – Não agüento mais aquilo! – cruzou os braços e fez bico.
           - Então tem que falar com sua mãe.
           - Fala por mim?
           - A mãe é sua.
           - Mas ela não vai querer trocar. – descruzou os braços.
           - Ok, ok.
           - Me leva no playground? – se levantou.

      Olhei pro relógio de pulso.

           - Você tem que dormir em cinco minutos. – disse a ele.
           - Não estou com sono.
           - Se a sua mãe brigar comigo...
           - Ela não vai brigar. – me interrompeu.

      Ele insistiu tanto, que acabei aceitando. Pra não correr o risco da senhora C me xingar e barrar a nossa diversão, resolvemos sair escondido. Mas acabou que nem precisou, pois ela estava em seu quarto, discutindo com o senhor C. Pegamos o elevador, e o Brian aprontou mais uma. Apertou todos os botões, e ficávamos parando em todos os andares. O reclamei, e pedi para não repetir mais. O elevador parou no térreo, e quando as portas se abriram, ele saiu correndo pro parque. Eu já não tinha mais aquela preocupação, e fui caminhando normalmente. Me sentei num dos bancos, e fiquei observando ele brincar.

      É tão chato ficar sem fazer nada, que comecei a ficar com sono.

           - Kate! – grita Brian. Olho pra ele. – Vem me pegar?

      Ele estava no alto da casinha, e pronto pra pular. Ah tá, eu confesso que tive vontade de deixá-lo se esborrachar no chão. Mas que tipo de babá eu sou? Devo cuidar dele, e não querer matá-lo. Me levantei e fui até lá.

           - Não pule! – disse. – Você pode se machucar!
           - Só uma vez.
           - Ô garoto, você tá me achando com cara de colchão?
           - Por favor? – fez aquele maldito biquinho.
           - Depois não comece a chorar, se não der certo.

      O garoto se animou. Me posicionei, e por dentro o medo estava quase me consumindo. Se ele caísse e quebrasse alguma coisa, eu teria que sair fugida do condomínio, porque os pais dele tentariam me matar. O Brian contou até três, em seguida pulou. Por fim, tudo deu certo, e ele se animou ainda mais. Queria pular mais uma vez, e neguei. Vai que agora dá errado?

           - Prometo que não peço mais. – disse ele.
           - Não! Já chega! – respondi.
           - Bill! – ele correu para abraçá-lo, como das outras vezes.

      Não tive nem coragem de me virar para vê-lo. Minhas pernas começaram a tremer, e meu coração acelerou. As mãos começaram a soar.

           - Oi, Kate. – diz Bill.

      Foi ai que me virei. Eu não poderia continuar de costas, pois seria muita falta de educação.

           - Oi, Bill. – respondi um pouco sem graça.
           - Eu queria... Te pedir desculpas. – disse ele, colocando as mãos nos bolsos.
           - Não tem que se desculpar. Eu que...
           - Não. – me interrompeu. – Fui um pouco atrevido, e não deveria ter te beijado sem saber se queria ou não.

      O quê eu respondo? Cadê as palavras? Porque elas fugiram logo agora?

           - Já... Já passou. – foi a única coisa que consegui dizer.
           - E depois do que aconteceu, aposto que não vai querer sair comigo de novo, não é?
           - Ah, isso nós podemos resolver. – ele riu.
           - Então posso considerar como um sim?
           - Talvez. – mexi no cabelo.
           - Mas “talvez” não é resposta.
           - Aceita logo! – Brian se intrometeu.
           - Brian! – o repreendi.
           - Tá legal, eu vou sair daqui, e deixar vocês dois conversarem sozinhos. – disse o pequeno. – E estou de olho em você, hein? – disse pro Bill.
           - Fica tranqüilo. – disse Bill, em seguida tirou as mãos dos bolsos. – Não farei nada com ela.

      Brian se retirou, e foi pra um dos brinquedos.

           - Ainda não respondeu se vai aceitar ou não. – disse Bill.
           - Promete que não vai me beijar?
           - Só se você não quiser.

      Ele é meio atrevido, não?

           - Mas não posso prometer nada. – disse ele. – Às vezes tenho impulsos que são quase que incontroláveis. – ele sorriu.
           - Eu sei que você consegue controlar. – retribui o sorriso.  
           - Acho bem difícil, mas vou tentar.

      Ficamos calados por alguns instantes.

           - E se você quer saber, ainda não consegui esquecer aquela noite. – disse ele. – Eu sabia que não seria tão fácil.
           - É um pouco difícil mesmo. – fiquei um pouco sem graça.
           - Então você também não esqueceu?
           - Eu... Eu acho que não. – gaguejei.

      Odeio esse garoto! Ele está conseguindo me deixar cada vez mais sem graça, e isso não é nada legal! Bill se aproximou, e dei um passo pra trás.

           - Tudo bem – disse ele. –, eu não iria fazer nada.
           - Melhor prevenir...
           - Ok. – ele fez uma pausa. – Posso passar lá no apartamento pra te pegar?

      Me pegar? Isso teve um duplo sentido?

           - Quero dizer... – ele gaguejou. – Eu quis dizer... Pegar pra levar a um restaurante.

      Descarado!

           - Tá. – respondi. – Mas ainda não sei que dia ficarei de folga.
           - Inventa qualquer desculpa esfarrapada, e conseguirá uma folga rapidinho.
           - Você vai acabar me levando pro mau caminho, sabia?
           - Se isso fizer você sair comigo sempre, então não será tão ruim assim.

      Tá vendo só? Mais uma vez me deixou sem graça! Aposto que minhas bochechas estão ficando vermelhas. Alguém pode fazê-lo parar com isso?

      Olhei pro relógio, e já era hora de voltar pra casa. O Brian ainda teria que dormir um pouco antes do jantar.

           - Tenho que ir. – disse.
           - Irei cobrar esse encontro, até você conseguir uma folga, nem que seja de uma hora. – sorri.

      Chamei o Brian, pegamos o elevador, e voltamos pro apartamento. 

Postado por: Grasiele

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