domingo, 22 de janeiro de 2012

The Nanny - Capítulo 19 - Tenso

(Contado pela Kate)

      A hora do Brian de ir pro colégio já estava se aproximando, e nada dele sair de dentro do banheiro. Fiquei imaginando mil coisas, tipo ele ter dado uma dor de barriga e estava passando mal. Suas coisas já estavam arrumadas, e se encontravam lá na sala. Comecei a bater na porta, lhe dando pressa.

           - Acabará chegando atrasado! – disse, enquanto batia.
           - Já estou indo! – gritou.
           - Está se sentindo bem?
           - Sim!
           - Não está aprontando nada, não é?
           - Não!
           - Então saia logo daí!

      Fui pra bater novamente, mas a porta foi aberta. Ele saiu de lá com as mãos molhadas, e a cabeça baixa.

           - O que houve? – perguntei.
           - Nada. – respondeu, e enxugou as mãos no short.
           - Não enxugue a mão ai! Vai acabar sujando o uniforme.
           - Tô nem ai.
           - Está mesmo se sentindo bem, não é?
           - Já disse que sim! – falou um pouco bravo.
           - Tudo bem. – quis segurar em sua mão. Mas vai lá saber onde ele as passou? – Vamos.

      Peguei suas coisas e já estávamos até saindo do apartamento, quando o senhor C aparece.

           - Estou indo pra empresa, querem carona? – pergunta ele.
           - Não, obrigada. – respondi. – Iremos andando.
           - Se forem andando, podem chegar atrasados. – disse ele, tirando as chaves do carro do bolso.
           - Ele tem razão. – disse Brian. – E eu quero ir com o papai!

      Como é que eu poderia dizer não ao Brian? Pegamos o elevador e descemos até a garagem. Entramos no carro, e ajeitei o Brian na cadeirinha. Depois me sentei ao seu lado, no banco traseiro. Inicialmente o percurso estava silencioso.

           - Está gostando de trabalhar como babá? – pergunta o senhor C, olhando pelo espelho do carro.
           - Sim. – respondi.
           - E esse garoto está dando muito trabalho?
           - Ainda bem que não.
           - Ele não aprontou nada pra cima de você? – o Brian me olhou. Parecia estar com medo de que eu contasse alguma coisa.
           - Não. Ele é um bom garoto.

      Chegamos ao colégio uns dez minutos depois. Desci do carro, e tirei o Brian.

           - Se não demorar muito, ainda posso te deixar em casa. – disse o senhor C.
           - Obrigada, mas tenho que passar na casa de uma amiga.
           - Tem certeza?
           - Sim, e obrigada pela carona.

      Brian se despediu do pai, que partiu logo sem seguida, então levei o pequeno para dentro do colégio.  Sai dali, e resolvi dar uma passadinha na casa da Laura. Acabei me lembrando que naquele horário ela estaria no trabalho. Como eu não iria fazer nada, dei uma passada por lá.

      Quando entrei na revista, as meninas que trabalhavam comigo logo vieram me cumprimentar. Perguntei se a Laura estava, e sua secretária respondeu que sim. Bati na porta antes de entrar.

           - Olha só quem resolveu aparecer. – disse Laura, com um sorriso enorme, e se levantando.
           - Oi. – fechei a porta, e me sentei no sofá.
           - E ai, como andam as coisas? – pergunta ela, se sentando ao meu lado.
           - Por enquanto estão indo bem. – respondi.
           - E o Bill?
           - Não quero falar sobre ele.
           - Aconteceu alguma coisa?
           - Não. Só não estou a fim de falar dele.
           - Perfeito. – fez uma pausa. – E o nosso jantar?
           - Eu havia me esquecido disso.
           - Ainda bem que estou te lembrando. – sorriu.
           - Pra marcar, primeiro tenho que saber que dia tenho folga.
           - Por mim tudo bem. Me avisa quando isso acontecer.
           - Ok.

      Conversamos por vários minutos. Fui embora quando a Laura me avisou que teria uma reunião, e que não poderia me dar atenção naquele momento. Fui compreensiva, e sai dali.

      Fiquei caminhando pelas ruas, sem um rumo certo. Passava em frente a uma livraria, quando um dos livros estampados na vitrine me chamou a atenção. Parei ali, observei um pouco, em seguida entrei. Acabei comprando um que tinha como título “Como cuidar de crianças ativas”. Aquilo pra mim era como uma “salvação”, a solução dos meus problemas. Porque esse livro não apareceu mais cedo?

      Sai da livraria, e fui até uma lanchonete. Me sentei numa mesa próxima a janela. Pedi um suco de laranja com batatas-fritas. Comecei a ler algumas coisas do livro, e de cara amei. Ele iria me ajudar muito. A garçonete se aproximou e colocou o meu pedido em cima da mesa. Agradeci. Depois disso, a minha atenção ficou inteiramente voltada para o livro. Estava distraída, e não percebia nem quem entrava ou saia.

           - É tão difícil assim cuidar o Brian, que precisou comprar um livro?

      Levantei as vistas.

           - Isso é perseguição? – perguntei.
           - Acho que deveríamos chamar de coincidência. – responde Bill. – Posso me sentar?
           - Claro, senta ai. – ele se sentou.
           - Está sendo difícil cuidar do Brian?
           - Não muito. – fechei o livro e o coloquei sobre a mesa. - Estou começando a me acostumar.
           - Confessa.
           - Tá legal. É um pouco difícil, mas isso só acontece porque nunca fui muito ligada a crianças.
           - Entendo.

      O convidei para me acompanhar no lanche, e ele aceitou sem nem ao menos pensar. Continuamos conversando, até o Tom aparecer.

           - O que faz aqui? – pergunta Bill.
           - Não lhe devo satisfações. – respondeu. – E que eu sabia, você não é o dono dessa lanchonete.
           - Poderia ser um pouco mais educado, e cumprimentar a Kate.
           - Oi. – disse ele, sério.
           - Oi. – respondi, sem graça.
           - Bem, se você não se importa, irei me sentar em outro lugar, o mais afastado possivel. – Tom se retirou.

      Bill o seguiu com o olhar, e permaneceu calado. Também fiquei quieta, e não sabia o que falar. E até acho que não deveria dizer nada.

           - Desculpa por isso. – disse Bill.
           - Ah não, não tem que se desculpar.
           - O Tom às vezes é um idiota imaturo!
           - Estão com problemas?
           - Na noite em que saímos, ele deu uma festa e levou algumas garotas pro nosso apartamento.
           - E estão nesse clima só por causa de uma festinha particular?
           - Não. Teve outro motivo, mas não... Não precisa ser comentado.
           - Tudo bem.

      Ficamos em silêncio mais uma vez. Notei que o Bill dava algumas olhadas na direção em que o irmão estava.

           - Seria bem mais fácil se fosse até lá e resolvesse as coisas. – disse.
           - Não é tão simples assim. – disse ele, se virando pra mim.
           - Pareciam tão unidos. Não podem ficar brigados dessa maneira.
           - Diz isso porque não tem um irmão gêmeo que lhe dá um enorme trabalho quando o assunto é garotas.
           - A briga foi tão feia assim?
           - Só foi discussão.
           - Não é legal ficar nesse clima toda vez que se encontrarem. No seu lugar, eu tentaria resolver logo as coisas.

      Ele deu um meio sorriso tímido. Mais tarde Bill me acompanhou até o colégio do Brian. E assim que o pequeno o viu, foi uma alegria só. No caminho de volta pra casa, Bill colocou Brian em seu pescoço.

           - Acabará colocando o Brian em mau costume, se fizer isso sempre. – disse ao Bill, e ele riu.
           - Uma vez só, não mata ninguém. – respondeu Bill.
           - Pelo visto não conhece mesmo o Brian. – disse. – Ele não se contenta em fazer algo somente uma vez.

      Como fomos andando, demoramos no mínimo vinte minutos. Abri a porta, e o Brian disparou em direção à sua mãe que estava sentada no sofá da sala. Bill segurou minha mão, me impedindo de entrar.

           - Só queria agradecer pelo conselho. – disse ele.
           - Não tem que agradecer. – desvencilhei minha mão. – Tchau.
           - Tchau. – respondeu.

      Entrei em casa, e fechei a porta.

           - Foram de carona com o pai do Brian, não é? – pergunta a senhora C.
           - Se não tivéssemos aceitado, chegaríamos atrasados. – respondi.
           - Saísse de casa pelo menos cinco minutos adiantado.
           - O Brian estava trancado no banheiro, e só saiu de lá após muita insistência.
           - Ele só tem seis anos, e você tem idade o suficiente pra falar com autoridade e fazê-lo sair de qualquer lugar.

      Fiquei calada.

           - Estou te pagando pra cuidar dele, e não fazê-lo chegar atrasado ao colégio. – ela continuou.
           - Isso não irá se repetir.
           - Espero que não, pois não continuarei gastando o meu dinheiro com alguém que não sabe ao menos aumentar seu tom de voz pra falar com uma criança. – ela se levantou, e ia se retirar.

      Tá achando que é fácil cuidar de um moleque, querida? Então porque não experimenta? O filho é seu mesmo!

           - E se quer ir de carro pro colégio, contrate um motorista e pague-o com seu salário. – se retirou.

      Minha vontade era de pegar qualquer objeto e atirá-lo contra ela! Não sabia desse lado mau da senhora C.

Postado por: Grasiele

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