sábado, 4 de fevereiro de 2012

Sparks Fly - Capítulo 7 - Laughing like junkies.

(Contado pela Savannah)

Após o Tom ter me deixado no quarto, permaneci parada no meio do mesmo, observando cada detalhe. Era incrível ver como a decoração ornava com as cores das paredes. O lugar era tão aconchegante, que dava vontade apenas de cair na cama, e dormir por um longo tempo. Aproveitei que estava sozinha, e saltei em cima da cama. Como era confortável, e grande! Acho que caberiam umas três ou quatro pessoas. Deveria ser praticamente o dobro do tamanho da minha. A colcha macia poderia ser comparada a uma pétala de flor, e o travesseiro deveria ser de plumas de ganso.

Fiquei ali deitada, fitando o teto, e pensando em como a minha vida “mudou” em poucos dias. Me levantei, pra começar a arrumar minhas roupas no closet. Fiquei até meio constrangida, pois o closet era enorme, e as minhas coisas eram poucas, ou seja, sobrou um super espaço. Enquanto terminava de tirar as últimas coisas da mala, peguei a foto do meu pai, e a coloquei em cima da mesinha de cabeceira. Naquele momento, me lembrei que não havia ligado pra ele, desde que cheguei aqui. Provavelmente deve estar morrendo de preocupação, sem saber se estou bem ou não.

Larguei tudo ali, e sai a procura do Tom. Passei pela sala, e o Georg conversava com alguém pelo celular. Pelo jeito, parecia estar falando com a namorada. Não quis incomodá-lo, e caminhei em direção a algum lugar. Mais que droga, essa casa tinha que ser tão grande assim? Tive a leve sensação de estar perdida. Quanto mais eu abria portas, mais ia me perdendo. Uma dessas portas me levou até a piscina.

Tom estava sentado numa espreguiçadeira, e tocava violão. Seus pensamentos pareciam estar longe, muito longe. E como era bonito o jeito que ele tocava. Acabei fechando os olhos, e ficando quietinha só ouvindo a melodia. Aquele som me fazia viajar para lugares encantadores, que eram desconhecidos por mim. Der repente a música parou. Abri os olhos, e o Tom olhava pra mim. Quis cavar um buraco pra me esconder. Minha voz desapareceu por alguns instantes.

– Você... Toca muito bem. – disse.
– Valeu. – respondeu, sorrindo. – Está ai parada, com os olhos fechados há muito tempo?
– Não muito. – me aproximei. – E só pra você saber, eu não estava com os olhos fechados só porque a melodia da música era boa.
– Sei. – ele riu. Me sentei ao seu lado. – O que está achando da casa?
– É muito confortável. Só acho que ainda não me acostumei.
– Tenha calma, que a qualquer momento se acostumará. – ele colocou o violão em pé, ao lado da espreguiçadeira.
– Se eu te contar uma coisa, promete que não vai rir?
– Prometo.
– Eu... Me perdi, enquanto tentava te encontrar.

Foi em vão aquele pedido, porque ele riu.

– Você prometeu que não iria rir! – disse.
– Desculpa. – ele tentava se controlar.
– Pára. – lhe dei um leve tapa no braço. E até eu estava começando a querer rir.
– Foi mal. – seu riso foi parando aos poucos. – É que você... Você é muito engraçada.
– O que há de engraçado em dizer que fiquei perdida?
– É, tem razão. Não tem graça.
– Mas... Vou considera isso como um elogio.

Ficamos calados por alguns segundos, e nos olhávamos. Que vergonha.

– Você toca alguma coisa? – pergunta ele.
– Não. Mas admiro quem sabe tocar.
– Ah, obrigado.
– Convencido.
– Se quiser, qualquer hora posso te ensinar a tocar violão.
– Acho que não levo muito jeito pra isso.
– Não custa nada tentar. – ele me encarava, com um meio sorriso nos lábios. – E... Estava me procurando pra quê mesmo?
– Bem, que queria... Pedir um pequeno favor. – fiquei sem graça. – Sei que você já está fazendo muito por mim, mas é que... Eu realmente preciso te pedir.
– Pode pedir.

–--
(Contado pelo Tom)
– Eu poderia... Usar o telefone?

Não acreditei que ela havia mesmo feito aquela pergunta. Me levantei.

– Deixa eu te explicar uma coisa – segurei em sua mão, e a fiz levantar. -, a partir de hoje você também é moradora desta casa. – começamos a caminhar em direção a entrada. -, então não precisa ficar pedindo pra usar o telefone ou qualquer outro tipo de coisa.
– Mas esta não é a minha casa, e seria falta de educação mexer nas coisas dos outros sem permissão. – parei e fiquei de frente pra ela.
– Não tem que pedir permissão pra nada. – a olhava nos olhos.
– Mas...
– Se é de permissão que você precisa – a interrompi. -, já tem a minha e a de todos. – ela sorri.
– Obrigada.

Entramos em casa, e ela vinha me seguindo por onde eu passava. Em pouquíssimo tempo, chegamos à sala. Apontei para o telefone, e lhe disse que poderia ficar a vontade, enquanto isso eu iria pedir que a empregada preparasse algum lanche. Ela se sentou no sofá, e pegou o telefone sem fio.

– E ai gatinha? – dei um beijo no pescoço da empregada.
– Me respeita, garoto! – ela se virou, pronta pra me dar um tapa no rosto. – Eu tenho idade pra ser sua mãe! – comecei a rir.

Caminhei em direção à mesa, e me sentei.

– Pode preparar dois sanduíches, e suco de laranja bem fresquinho? – perguntei.
– Opa! – diz Georg. – Também quero!
– Então pode preparar bastante, porque o Bill e eu também queremos. – diz Gustav.

Os meninos se sentam à mesa comigo.

– Cadê a Savannah? – pergunta Georg.
– Usando o telefone. – respondi. – E acredita que ela pediu permissão pra fazer isso?
– Tá falando sério? – diz Gustav.
– Vocês precisavam ver a timidez que ela ficou.
– E por acaso sabe pra quem ela está lidando? – pergunta Bill.
– Não sou tão mal educado ao ponto de fazer esse tipo de pergunta a ela.
– É mesmo. – diz Gustav. – Até porque, ela pode estar ligando pro namorado.
– Ou esposo. – completou Georg.
– Não sejam idiotas! – disse. – Se ela tivesse um esposo, estaria usando aliança. E a única aliança que ela tem no dedo, é do casamento com o Bill.

Nossa conversa ia fluindo, até que a empregada colocou alguns pratos em cima da mesa, com os sanduíches. Em seguida veio o suco. Me levantei, e coloquei dois daqueles pratos numa bandeja, juntamente com dois copos de suco, e caminhei em direção à sala.

– Prometo que não demorarei a encontrar um médico pro senhor. – Savannah chorava ao telefone. – Eu também te amo muito, pai. Estou morrendo de saudades.

Me aproximei, coloquei a bandeja em cima da mesinha de centro, e me sentei em outro sofá. A me ver, ela enxugou o rosto, e não demorou muito para que se despedisse do pai.

– Era o seu pai? – perguntei.
– Um-hum. – respondeu.
– Olha... Amanhã tenho o dia livre, podemos sair à procura do médico.
– Isso seria... Muito bom. – sorriu.
– Mas mudando de assunto... Tá com fome?
– Um pouco.
– Preparei sanduíches, e suco de laranja.
– Você preparou? – perguntou, desconfiada.
– Por quê? Não posso ter dotes culinários?
– Claro que pode. Mas havia dito que pediria a empregada.
– Tá legal, foi ela quem preparou. – nós dois rimos.

Depois me sentei ao seu lado, e lanchamos. Liguei a televisão, e passava uma série de comédia. Nós riamos como duas criancinhas idiotas, de coisas que nem eram tão engraçadas assim. A risada dela me fazia rir. Savannah ria tanto, que por vezes descia lágrimas de seus olhos. Curiosos, os meninos apareceram ali na sala, e se juntaram a nós. Agora sim o manicômio estava formado, e ao invés de crianças, agora parecíamos drogados.

– Aonde vai? – perguntei ao Georg.
– Ao banheiro. – respondeu. – Se eu continuar rindo desse jeito, vou acabar fazendo xixi nas calças. – ele subiu as escadas correndo.

Olhei para a Savannah, que estava com suas duas mãos na barriga, e lutava contra seu próprio riso.

– Minha barriga já está doendo. – disse ela. – Por favor, parem de rir.

O Gustav parecia estar tendo um ataque de asma, de tanto rir. O Bill também correu pro banheiro, antes que fizesse xixi ali na sala. A campainha tocou, e a empregada foi atender. Era uma amiga.

– Do quê estão rindo? – pergunta ela, chegando a sala.
– Sei lá. – respondi.
– Ah, me contem! – ela insistiu. – Também quero rir.
– Estamos rindo de nós mesmos. – disse Gustav.
– Parecem drogados. – diz ela. – Oh, meu Deus! Vocês se drogaram?!

Respirei fundo, e consegui parar de rir. Aos poucos a Savannah também parou, em seguida o Gustav.

– Não, nós não estamos drogados. – disse. – E pra falar a verdade, nem sei como chegamos a esse ponto.
– Sei. – diz ela. – E quem é ela? – olhou pra Savannah.
– O nome dela é Savannah. – respondi. – Uma amiga, que veio passar algum tempo aqui.
– Amiga? – ela não acreditou.
– Exatamente. Somos apenas amigos, não é, Savannah?
– Sim, claro! – diz ela. – E você é...?
– Isabella. – estendeu sua mão. – Mas pode me chamar apenas de Bella.

Elas se cumprimentaram, e em alguns minutos já conversavam. Depois o Georg e o Bill retornaram a sala, e ficamos os seis ali falando “bobagens”. Faz algum tempo que não conversávamos ou riamos assim. Acho que algumas coisas estão começando a mudar. 

Postado por: Grasiele

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