(Contado pela Savannah)
Até agora estou sendo persistente em não ir morar com o irmão do Tom. O que meu pai pensaria sobre isso? Seria bem capaz que ele tivesse um ataque cardíaco, e morresse por minha causa.
Após sairmos da capela, Nicolle e eu voltamos direto pra pensão, onde nos trancamos dentro do meu quarto, e começamos a falar sobre minha possivel mudança para a casa dos Kaulitz – o que eu não queria fazer.
– Porque não me avisou sobre ter que morar lá? – perguntei, enquanto tirava o vestido, dentro do banheiro.
– Fiquei tão feliz por ter encontrado um noivo pra você, que acabei me esquecendo. – respondeu.
– Isso não é coisa que se esqueça!
– Eu sei. Mas esqueci.
– Não posso ir morar com ele. – sai do banheiro, vestida com um short jeans e uma blusa branca de malha.
– Porque não?
– Ele também tem namorada. – me sentei ao seu lado, na cama. - O que falaríamos pra ela?
– Essa parte, você deixa pro Bill. – me levantei.
– Acabei de me casar com um estranho, e ainda tenho que ir morar na casa dele?
A dona da pensão bateu na porta, e avisou que havia dois rapazes lá na recepção esperando por mim. A Nicolle também não se agüentou de curiosidade, e foi atrás de mim. Fiquei um pouco surpresa ao ver Tom e o irmão, parados próximos ao balcão.
– O que fazem aqui? – perguntei.
– Viemos conhecer o lugar onde você está hospedada. – responde Tom, olhando em volta. – E preciso ser sincero em dizer que este não é um bom lugar.
– Eu sei. – disse. – Mas vieram apenas pra isso?
– Não. – diz o irmão. – Na verdade... Viemos te buscar.
Me senti num filme sobre alienígenas. E não queria acreditar que eles estavam ali simplesmente para me levarem pra outro lugar.
– Não entendi. – me fiz de boba.
– Pra ser mais direto, você morará conosco a partir de hoje! – disse Tom.
– O quê? – olhei pra Nicolle, que sorria.
– Isso não é um pedido, é uma ordem! – diz Tom, se aproximando. – E nem adianta dizer que não, porque quando colocamos uma coisa em mente, é muito difícil de tirar.
– N-Não... – gaguejei.
– Vá até seu quarto, e traga as suas coisas. – diz o irmão. – O carro já está esperando, e viemos com o propósito de somente sair daqui, se você for junto.
Um sonho maluco! Só poderia ser isso. Estou sonhando, e alguém precisa me beliscar o mais rápido possivel. Como não tive escolha, subi até o quarto, e arrumei as minhas coisas. Retornei à recepção um pouco sem graça por toda aquela situação que eu estava causando aos meninos. Eles já fizeram muito em ter me ajudado com o casamento, e agora farão mais isso por mim. Estou com um pouco de vergonha.
–--
(Contado pelo Tom)
– Está gostando aqui de Los Angeles? – perguntei.
– Sim. – respondeu sorrindo. – Aqui é lindo.
– É a sua primeira vez? – pergunta Bill.
– Um-hum.
Às vezes eu tinha a leve impressão, de que a Savannah tinha mais vergonha de falar com o Bill do que comigo. Meu celular começou a tocar, e como eu dirigia, pedi ao Bill que atendesse. Ele conversou por pouco tempo...
– Quem era?
– Georg e Gustav. – responde ele. – Queriam saber se iríamos demorar muito a chegar em casa.
– Aqueles meninos também moram com vocês? – pergunta ela.
– Sim. – diz Bill. – Nós temos uma banda. Provavelmente já deve ter ouvido falar em Tokio Hotel?
– Ah... S-Sim. Já ouvi falar algumas vezes, mas... Não tive a oportunidade de escutar as músicas.
Pelo modo como demorou um pouco a responder, e como gaguejou, eu sabia que ela havia falando aquilo somente para agradar o Bill. Disfarcei o riso, pra não dar muito na cara que eu tinha percebido.
– Agora que irá morar com a gente, terá várias oportunidades de escutar o nosso som. – disse.
– Espero que sim.
Nossa conversa estava boa, e aos poucos Savannah parecia ir se acostumando com o Bill. Depois de passarmos pouco mais de cinco minutos dentro do carro, finalmente chegamos à rua da nossa casa. Parei ao lado do interfone e em frente ao imenso portão de grades brancas.
– Olá Dylan! – disse.
– Boa noite, senhor Kaulitz. – respondeu.
– Pode abrir o portão pra mim?
– É pra já!
O portão foi aberto, e ao mesmo tempo, uma das janelas traseiras do carro. A Savannah colocou a cabeça pro lado de fora, e ficou observando o lugar.
– De dia dá pra observar melhor. – disse Bill.
Estacionei o carro com cuidado, e desci do carro. O Bill fez o mesmo logo em seguida. Quis ser cavalheiro, e abri a porta para que a Savannah pudesse sair. Ela permaneceu parada, extasiada. Parecia não conseguir dizer uma palavra se quer.
– Perdeu a fala? – Bill brinca.
– E como não perder? – finalmente ela diz algo. – É aqui que vocês moram?
– Sim. – respondemos em uníssono.
– Seja bem-vinda. – disse.
– Quantos dias ou semanas, se leva pra conhecer essa casa? – Bill e eu, rimos.
Começamos a caminhar em direção a entrada da casa, e ela veio nos acompanhando. Entramos, e ela continuou calada. Logo os meninos apareceram, meio que fazendo a festa.
– Finalmente chegaram, hein? – disse Georg.
– É que demos algumas voltas pela cidade. – disse Bill.
– Você veio pra ficar, não é?
– Claro! – respondi, antes que a Savannah pudesse dizer alguma coisa.
– Seja bem-vinda! – disse Gustav.
Tudo parecia estar perfeitamente bem, até a Beth aparecer no topo da escada.
– Como vocês demoraram, viu? – diz ela, em seguida desce.
– Droga, o que eu digo? – Bill sussurra.
– Sei lá. – respondo da mesma maneira.
Ela se aproximou, abraçou o Bill, e depois lhe deu um selinho. Olhei pra Savannah, e sua face estava levemente avermelhada.
–--
(Contado pela Savannah)
Então aquela é a Beth, namorada do... Como é mesmo o nome dele? Bem, isso não vem ao caso. Só sei que ela é bem bonita, elegante, e parece ser uma garota legal.
– Quem é ela? – pergunta Beth.
– Essa é... – o namorado dela tentou dizer.
O olhar do namorado foi diretamente ao Georg, que olhou pro Gustav, que conseqüentemente olhou pro Tom. Ninguém sabia o que responder. E como eles já haviam me ajudado o bastante, resolvi tomar a frente e falar algo.
– Sou prima do Tom.
– Até que enfim alguém respondeu alguma coisa. – ela se aproximou sorrindo, e deu um beijinho em cada lado do meu rosto. – Sou Beth.
– Savannah.
– Um nome diferente, e muito bonito.
– Obrigada.
Os meninos continuavam calados, só olhando nós duas falarmos.
– Porque não me contou que sua prima chegaria? – pergunta ela, ao namorado.
– Quis fazer uma surpresa. – responde ele.
– Sabe que odeio surpresas, não é? Mas isso não importa. – ela sorri. – O importante é saber que não serei mais a única garota desta casa.
– Isso ainda vai dar em merda. – sussurra Georg.
– Cale a boca. – sussurra Gustav.
– Pelo visto – Beth segura minhas mãos. -, seremos boas e grandes amigas.
– Tomara. – disse.
– Depois vocês conversam direito, porque agora irei mostrar o quarto pra prima. – diz Tom.
Subimos as escadas, e caminhamos por um corredor não muito longo. Paramos em frente a uma porta, e o Tom abriu a mesma. Fiquei encantada com a beleza do cômodo. Móveis rústicos e muito bem conservados. Era um quarto espaçoso e bem arejado. Havia uma porta de vidro, que levava a varanda. A vista era incrivelmente linda, para a piscina.
– Este quarto está bom pra você? – pergunta ele.
– Tá ótimo. – respondi, sorrindo educadamente.
– Espero que fique confortável.
– Impossível não ficar. É tudo muito bonito.
Ficamos calados por alguns segundos.
– De onde... De onde tirou a idéia de dizer que somos primos?
– Não sei. – disse.
– Foi muito bom.
– Ainda bem, porque precisávamos de uma boa desculpa pra namorada do... Como é o nome dele?
– Bill.
– Isso! - ele riu.
– Vou... Lhe deixar sozinha, para que possa se acomodar direito.
Ele já estava saindo do quarto, quando segurei em sua mão e o fiz virar-se para mim.
– Obrigada por tudo que está fazendo por mim. – lhe dei um abraço.
Postado por: Grasiele
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