terça-feira, 20 de março de 2012

Insanity - Capítulo 2

Tom...


Fui até à sala onde estava o piano e logo encontrei as partituras da nova música em cima do mesmo. Comecei a tocar, tentando decorá-las para o próximo dia, mas logo outra música tomou conta de meus pensamentos. Não uma música qualquer... Mas o som vindo de suas palavras...
Virei-me, a encarando, e lá estava ela com seu sorriso terrivelmente encantador.

–Você estava aqui o tempo todo? - Ela perguntou sorrindo.

Acenei positivamente pra ela, tentando não deixar o momento tenso e fazer com que ela se fosse, mas foi exatamente ao contrario. Kate caminhou até mim, pedindo espaço pra se sentar ao meu lado, e eu deixei que assim fosse.

–Música nova?

–Sim! -Respondi sem olhá-la

–Se incomodaria de... - Ela parou de falar e eu quase decifrei seu rosto envergonhado.

The Ludlows? – Eu completei e ela sorriu... Eu sabia que era errado, mas naquele momento tudo que eu mais queria era poder beijá-la.

– É minha música favorita e eu adoro quando você toca... - Eu sabia que ela gostava, por isso eu tocava, mesmo odiando aquela música. Justamente por que ela me fazia pensar em Kate e isso me matava.

E, então, sem responder, eu comecei a tocar... Aquele som que eu mais ouvi durante esses sete meses e que eu já havia decorado. Essa não era a primeira nem seria a última vez que ela me pedia pra tocar, mas eu não nunca havia feito com tanto gosto quanto neste momento.

Eu a vi fechar os olhos enquanto eu tocava e, por um instante, pude sentir ela encostar sua cabeça em meu ombro. Talvez tenha sido sonho... Ou meus pensamentos foram longe demais. Por mais cruel que isso fosse, eu sabia que voltaria à realidade em segundos, mas naquele momento ela era minha e, mesmo que inocentemente, eu iria aproveitá-lo.

–Quer dançar? – Perguntei relutante.

–Dançar? – Ela me olhou surpresa.

–Sim. – Eu a olhei.

–Eu adoraria dançar com você, Tom. – Respondeu sorrindo

Ela não havia quebrado esse momento, e, se ela não o fez, não seria eu a atrapalhar. Não poderia haver culpa, era apenas uma dança. O que havia de mal em uma dança? Sinceramente, eu espero que nada. Saímos de perto do piano e eu caminhei até o som, colocando novamente James Hornerpara tocar, só que agora o próprio e não meu mero solo ao piano.

Caminhei até ao centro da sala e a olhei como se precisasse de uma permissão sua para unir nossas mãos... O que não demorou muito... Por fim nossas mãos se tocaram e eu bobamente olhei para elas por um tempo até que a voz de Billie ecoou pela casa me tirando do mundo que eu próprio criei. O mundo perfeito onde aquele sorriso que agora enchia meus olhos da visão mais privilegiada do mundo era todo meu e, por mais que isso fosse egoísta, neste mundo Kate era só minha.

–Você está sério. – Ela me despertou.

–Culpa do James. – Brinquei e ela então encostou seu rosto em meu ombro. Eu me curvei novamente, fechando meus olhos.
Não... Não havia nada de mal em uma dança, mas sim no que eu estava fazendo, não só com meu irmão, ou Kate, mas também comigo, e eu estava ciente de que a partir deste momento tudo se tornaria mais difícil.

–Tom? – Ela me olhou com os olhos marejados.

–Sim – Falei me afastando para que a pudesse olhar.

–Eu preciso conversar com você – Ela olhou para meus lábios e eu instintivamente os humedeci.

O clima ficou estranho, ela já não me olhava mais, suas mãos agora envoltas nas minhas suavam e sua respiração era descompassada. Kate estava nervosa e eu não fazia ideia se era culpa minha ou não. E tão cedo eu não iria descobrir. Enquanto a segurava, Bill nos olhava estranhamente perto da porta...

–Oi? –Ele falou sem graça e quase pude sentir o ciúme em sua voz.

Ela rapidamente saiu do meu lado e foi até ele, o abraçando.

–Oi amor? - Ouvir aquilo era terrível.

James Horner, de novo? –Ele fez cara de nojo e ela sorriu.

–É... De novo. - Esse fui eu tentando não ser ignorado.

–Vamos almoçar? Eu comprei nosso almoço. - Bill perguntou quebrando por fim o clima tenso no ar.

–Ainda bem, pensei que a Kate fosse cozinhar. – Falei recebendo um tapa dela como resposta.

Sorrimos e logo fomos caminhando até à sala, aquele com certeza era um momento familiar do qual eu gostava. Kate sempre deixou claro que me queria por perto o tempo todo, e que não existia ela e Bill... Existíamos nós três e assim seriamos uma família... Pelo menos até eu formar a minha...

Postado por: Grasiele

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