quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Touched By An Angel - Capítulo 14 - Você... Em minha mente!


Estou aqui sem você, baby
Mas você continua em minha mente solitária
Eu penso em você, baby
E sonho com você o tempo todo
Estou aqui sem você
Mas você continua comigo nos meus sonhos
E esta noite só existe... você e eu

3 Doors Down - Here Without You

...


No fim da tarde, depois que minha reabilitação acabou,  fui procurar Bill pelo hospital; Lena me avisou que ele já tinha ido embora pois tinha alguns assuntos da cirurgia para resolver.



- Ele comentou sobre a cirurgia com você? - Lena perguntou curiosa.



- Não...Por que ele comentaria comigo? Sou apenas uma simples amiga! - Respondi brava e ao mesmo tempo triste.



 Saí do hospital e fui em direção ao estacionamento. Sentei no banco e fiquei pensando: Afinal, o que nós tínhamos? O que existia entre a gente? Atração? Amizade colorida? Desejo? Na minha cabeça isso estava tudo tão confuso. Porque para mim era muito claro o que eu sentia por ele. Agora, os sentimentos dele por mim eram cada dia mais indefinido, parecia que cada vez que a gente se beijava ele se distanciava mais. Estava começando a pensar que Bill sofria de BIPOLARIDADE.


Então, liguei meu carro, segui para minha casa e quando cheguei minha mãe estava na cozinha e veio me abraçar empolgada.





- Convenci seu pai a fazer uma super festa de aniversário no Buffet da Hípica.





- Mãe, não quero nada demais esse ano; nada grandioso. Quero um bolo e alguma coisa só para os familiares, meus amigos e Bill.





- Bill?  - Ela perguntou sorrindo.



- É o garoto que dou aula na no Hospital. - Eu respondi lavando uma maçã na pia.



- Eu sei quem é Bill! Só quero saber por que você o separou dos grupos citados.



- Como assim? – perguntei sem entender a colocação da minha mãe.


- Você disse: "Para familiares, meus amigos e Bill..." Bill não se inclui em amigos?


- Sim! - Eu disse dando de ombros.



- Então por que falou desse jeito? – Minha mãe insistia.





- Mãe, desse jeito como? Ain caramba que saco! Vou para o meu quarto e não estou para ninguém. Só se for muito importante, ou alguém do hospital.





- Ou o Bill!  – Minha mãe disse baixo.



- Mãe, eu ouvi isso, e não teve graça! – Eu disse alto.





Tirei minha roupa, pulei na cama e fiquei pensando. Na verdade entendi o que minha mãe tinha perguntado. Eu o separei de todos os grupos e sabia o porquê disso; no meu íntimo ele era único, não se incluía em nenhum grupo, por que ele estava dentro do meu coração e nem familiares e nem amigos chegavam perto dele ali dentro; eu podia dizer sem sombra de dúvidas que ele permanecia ali...Sozinho!



 ..




Na terça-feira, fui trabalhar e Bill não apareceu no hospital e muito menos ligou. Gustav me convidou para almoçar, mas como já tinha convidado Patrícia e Sabrininha para almoçar comigo, então não aceitei. Tentei evitar falar com ele o resto do dia. Fui para casa e mais tarde para faculdade.




 ...



Na quarta feira de manhã, entrei rapidamente no hospital estava atrasada. Passei pelas salas correndo para procurar por Bill, quando passei pela sala de musicoterapia os meus olhos não acreditaram naquela cena. 



Bill cantava e Eleonora tocava violão na sessão. O que aquela menina “filha de uma ronca e fuça” estava fazendo ali tocando violão e do lado de Bill?


Meu coração acelerou, minha boca ficou seca e meus olhos marejaram. Não era possível o que eu estava vendo. Bill e Eleonora juntos. Fui em passos rápidos para o banheiro e olhei para o espelho, minha vontade era entrar naquela sala e dar um “Fight”  na cara daquela sem vergonha. Mas se ela estava lá é porque Bill tinha dado abertura, tinha dado espaço para ela se aproximar. Meu coração deu uma fisgada. A realidade era nua e crua, eu o tinha perdido!


Fechei os olhos, fiz uma força do outro mundo para não chorar, aquilo doía demais! Aquilo machucava como navalha na minha  pele e na minha carne. Controlei-me, respirei trezentas vezes, saí do banheiro e fui encontrá-los na sala de musicoterapia.



Entrei na sala e Eleonora me acenou toda feliz. Não consegui sorrir. Não consegui transmitir reação facial nenhuma. Apenas sentei perto de Patricia e ali fiquei, observando aquela cena patética.

 

Quando terminou a aula. Ela correu até a minha direção e me abraçou com toda força. Eu não consegui mexer meus braços. Só olhava para Bill, ele conversava com algumas mães, aquelas que se atiravam quase em seu colo.



- Advinha? – A pergunta de Eleonora me trouxe de volta à sala.





- Não sei! – Minha raiva estava aumentando.



- Advinha, Janny? – Ela insistiu.

Advinha que não chegará viva até o fim dessa história? Pensei tentando controlar o meu lado psicopata. Segurei-me para não mandá-la para o inferno, virar as costas e ir embora. Mas apenas disse:



- Você matou um homem e depois foi ao cinema?



- Credo, Janice! Não! Eu sou voluntária aqui também.



Não...Não...Mil vezes Não!  O que aquela garota queria ali? O que ela estava querendo fazer? Ela queria Bill! Tenho certeza que Eleonora queria ficar perto de Bill, por isso ela tinha se tornado voluntária. Que ódio! Eu precisava sair dali urgente e chutar uma porta, esmurrar algo...





- Que legal! - Me limitei a isso e sorri falsamente.





- Não é legal? Quero fazer o bem também, quero ajudar essas crianças, quero ajudar essas pessoas. Isso não é o máximo?



"Que mentira!"
Pensei comigo mesma, quer ficar perto do Bill é isso, e vem usar essas pessoas inocentes como desculpa. Sua nojenta, falsa, ladra de ficantes!



- Tô orgulhosa de você. Não precisou quase matar duas pessoas para estar aqui. Veio de livre espontânea vontade, parabéns. – Eu disse séria.



- Oi, Janice. –Bill se aproximou e disse um Oi “comum”




- Oi, Bill Vamos para nossa aula? Não posso me atrasar hoje pois começo a trabalhar aqui no hospital.




- Pois é, Gustav me contou, começa a trabalhar no setor dele, ele estava todo feliz que iam ficar juntos o dia todo. Está todo empolgado. Fiquei feliz por vocês. – ele disse sem sorrir.





“Por Vocês?”
Fechei os olhos, era tudo o que eu precisava ouvir, Gustav já foi encher a cabeça de Bill com suas falsas esperanças. Eu querendo passar a imagem que não tinha nada com ele e ele cada vez mais me afundando na areia movediça. Por que eu fui levantar da cama aquela quarta? Por quê?

 

- Obrigado, Bill – Eu não tinha muito o que dizer. Já tinha sido atirava na cova dos leões e cada um já estava com uma parte minha, na boca...





- Posso assistir a aula de vocês? – Eleonora perguntou para Bill pegando em seu braço.



- Claro! – Ele disse sorrindo.





Droga! Merda! Ódio! Eu ia inventar uma bela desculpa, mas Bill se adiantou a responder para Eleonora.


Graças à Deus, Eleonora não abiu a boca. Bill estava normal comigo, digo, não estava seco; estava tipo como se nunca tivéssemos nos beijado, tipo como se não tivéssemos quase transado, tipo, eu quase estava tendo um treco! Quando a aula terminou Ellie disse para Bill:



-O que você vai fazer agora? Vamos almoçar lá no Gourmet SP? Vamos Janny?

 

- Não posso, tenho uma reabilitação e depois tenho que ir para o meu novo setor! – Disse olhando para Bill esperando a sua resposta para o convite de Eleonora.




- Vamos nós dois Bill? – Ela perguntou com um sorriso irritante.



-Quer que eu traga algo para você, Janice? Você vai ficar sem almoçar a tarde toda. - Ele se virou para mim e perguntou...Ou seja ele iria almoçar sozinho com Eleonora.





- Não se preocupe comigo! Quem sabe assim eu emagreço e sumo da face da terra. Muita gente ia ficar feliz da vida com isso.




Virei-me com raiva e fui para reabilitação. Com raiva mortal de Eleonora e Bill.





- O que deu nessa louca? - Eleonora perguntou. – Senti Janny tão estranha hoje? Você não achou, Bill?





Bill não respondeu nada. Na verdade, estava perdido em pensamentos nas palavras de Gustav martelando em sua mente. No dia anterior, ele tinha ido até a sua casa e lhe confidenciado que estava apaixonado por Janice e que lhe pediria uma chance. A felicidade do amigo em falar que ela trabalharia do seu lado e assim facilitaria tudo em relação aos dois era enorme.  Bill nada respondeu, mas seu peito apertava de ciúmes. Pensar em Janice o dia inteiro ao lado de Gustav. Isso estava acabando com ele. Só DEUS sabia o que ele estava passando, calado e sozinho...Não sabia o que fazer investir na sua paixão ou não magoar seu melhor amigo.







Dei minha aula de reabilitação e ainda estava guardando os materiais, fui até o rádio e coloquei uma música..lógico “Em um codinome beija flor!“ A nossa música...Toda vez que eu a ouvia era como eu sentisse a sua presença perto de mim, era como se ele cantasse em meu ouvido. Essa música já tinha virado nossa trilha sonora. Desse fracasso...Dessa historia confusa e cheia de pontos de interrogações. O certo era: Não conseguia tirar Bill de sua mente, ela sonhava com ele quase todos dias e tinha sempre que correr para o banho frio...




- Sabe...é impossível ouvir essa música e não lembrar de você! - Assustei-me e fui em direção ao rádio e abaixei a música.



- Não abaixe, deixa tocar! Adoro essa música, toda vez que a escuto tenho a sensação que você esta ao meu lado. - Bill disse sorrindo timidamente. –Eu acordo e durmo ouvindo-a.



Meu coração parou; por que ele fazia isso comigo? Uma hora estava tão próximo e outra tão distante?  Fui até o rádio, aumentei um pouco e deixei a melodia tocar de fundo e continuei juntando meus materiais.


-Trouxe salmão com mostarda para você! - ele disse





- Não precisava. Eu disse que não precisava se preocupar comigo.



- Mas, eu me preocupo. - Ele disse colocando a sacola em cima da mesa. - Coma está quente! Trouxe suco de graviola, sei que você gosta.



- Obrigada, não precisava mesmo se preocupar comigo.



- Já disse que me preocupo. –Ele insistiu



-Por quê? –Eu perguntei quase em um grito e impaciente.



-Por que o quê?



-Por que se preocupa comigo ,Bill? - Perguntei indo em sua direção.



Ele sentiu minha aproximação, suspirou, eu senti sua respiração quente em meu rosto, ela me fez ter calafrios dos pés à cabeça. Nossas bocas estavam a poucos centímetros de distância. Ele se mantinha imóvel, mexeu apenas a boca para explicar:



-Por que você é minha professora...Porque...



-Por que... – eu disse encostando meu nariz de leve no queixo dele.





- Por que gosto de você! – ele disse quase não conseguindo falar receoso pelo meu corpo perto do seu. Eu parei de respirar quando senti sua mão esquerda na minha cintura, depois com a mesma mão acariciou minhas costas, forçando meu corpo para junto do seu. E com a outra mão enfiou os dedos nos meus cabelos trazendo um mecha para perto de seu rosto cheirando-a, depois solto-a, eu estava petrificada e com as pernas trêmulas.

-Gosto de você e...


 - E o que, Bill Kaulitz? Diga...– Eu toquei de leve seu rosto com minhas mãos e disse quase num sussurro abrindo meus lábios para beijar os seus.



- E por que você é minha melhor amiga! A pessoa que eu mais admiro e confio.

 

Que droga foi aquela que eu tinha acabado de ouvir? Melhor amiga? Admiração? Afastei-me dele bruscamente e me apoiei na mesa. Eu preferia ter tomado um tapa dolorido e bem forte na cara, do que ter ouvido aquelas palavras.





- Melhor amiga? Poxa, que legal!  Fico lisonjeada. – Eu disse enxugando uma lágrima que escorria em meu rosto.

 

- Coma antes que esfrie. – ele disse percebendo meu incomodo na sua última frase. - Preciso ir embora agora. Depois a gente se fala. Boa sorte com seu primeiro dia de emprego. Mande lembranças para Gustav.

 

Ele se dirigiu até a porta então eu o chamei:


- Bill?


- Hum?



- Sábado é meu aniversário, vou dar uma pequena festa na minha casa, queria muito que você fosse. Queria que seus pais e Tom fossem também.



-Tudo bem, vou sim e falarei com eles!





Ele se virou e o chamei de novo.



- Bill?



- Oi, Janice? – Ele se virou com uma voz triste..



- Você é também é o meu...meu melhor amigo e não Gustav! Ele é apenas um colega querido. Nada mais que isso...Nada além disso!


Ele me entregou um sorriso doce e feliz, depois saiu da sala.


...


Bill saiu da sala, andou poucos metros, virou o corredor e parou. Não ia aguentar por muito tempo pensar no seu melhor amigo, adorava Gustav, mas essa paixão estava lhe dominando de uma forma assustadora e pela última frase dita por Janice, ela não queria nada com ele.

-Meu Deus...Eu a amo tanto! – Ele disse baixo


...

Droga! Droga! Melhor amiga! Que ele fosse para o quintos do inferno com essa melhor amiga! Que raiva! Eu sentei na mesa e baixei minha cabeça tentanto me acalmar e não ir atrás dele e dizer tudo o que estava entalado em minha garganta.



- Janny? - Levantei a cabeça rapidamente assustada quando ouvi me chamarem.




- Oi, Ellen? Algum problema com a Ingrid?





Ellen era uma mãe muito querida, mãe de Ingrid, uma pequena linda que tinha sofrido um terrível acidente em um brinquedo da escola, mas que graça às aulas de Bill e de reabilitação da fala, ela tinha voltado a vida normal.




- Não, Ingrid está bem, entrou agora na sessão de Musicoterapia com Bill. Ela não perde essa sessão por nada nesse mundo. Ela disse que ainda vai se casar com ele. –Ellen sorriu divertida. – É, não a culpo por ter esses pensamentos. –ela sorriu mais uma vez , fazendo-me sorrir também.  - Vejo que quem não esta bem é você, né? Esses olhos marejados e tristinhos... O que aconteceu?



Não me abri com Ellen, até porque, eu não era de fazer isso facilmente. Nunca fui de chorar no ombro de ninguém, sempre fui a durona, mas ultimamente eu estava tão sensível.
Ellen sentou ao meu lado e começamos a conversar, nada em relação a Bill, de muitas outras coisas, e fui me acalmando naturalmente.

Depois da conversa com Ellen, fui até a recepção, devolvi os materiais para Lena e não tentei nenhuma aproximação com Bill pois aquilo me machucaria ainda mais.
 Fui procurar Gustav que me ensinou tudo o que eu devia fazer sobre minhas novas tarefas; fiquei atenta em demonstrar interesse pelo afazeres e não por ele.


...


No sábado de manhã, dia do meu aniversário, eu estava na piscina quando Marina veio me chamar:



- Janny, telefone para você.



- Quem é?



- É homem e não quis se identificar. Disse que era um amigo. - Marina disse. Saí da piscina e enxuguei minhas mãos para atender o telefone.



- Alô? - Eu disse



- Arruma-se agora que tô passando daqui cinco minutos na sua casa para te pegar!


...



No próximo capítulo:

-Meu Deus... Isso é... Isso é... – Não conseguia completar a frase, minha garganta estava fechada e meus olhos ficaram embaçados com as lágrimas que se formavam dentro deles. - Essa é a coisa mais linda que eu já presenciei em toda minha vida.

...

E sem conseguir mais esconder e fugir... Entreguei-me as lágrimas!

Postado Por: Grasiele

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