quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Touched By An Angel - Capítulo 19 - Eu sou ciumenta!


Os dias foram passando, Bill e eu  assumimos o nosso namoro. Bom, assumimos em termos,  no hospital tivemos muito cuidado, pois eles não aceitavam muito bem namoro entre funcionários e ainda a coragem faltava-me para contar para Gustav; ele foi tão legal em me arrumar aquela vaga, tinha sido tão bom como amigo, e um dos fatores principais: não queríamos que ele ficasse bravo ou de  “cara” com Bill.


Depois que tivemos aquele sonho, sonho esse que eu tive certeza absoluta que, pelo menos por uma noite, Deus concedeu a bênção de enxergar, a Bill. Nós dois tivemos essa mesma certeza, e esse sonho nos uniu muito mais, algo em Bill mudou, certos medos e dúvidas tinham cessado. Só o nosso ciúme que a cada dia aumentava mais, talvez por nos amarmos demais e intensamente. Ainda não sabíamos controlá-lo muito bem... muito bem,  nada. Eu pelo menos não sabia controlar MESMO!

Um dia estávamos conversando no jardim, como sempre fazíamos quase todos os dias antes de irmos para a nossos afazeres, quando minha primeira cena de ciúmes aconteceu de forma vergonhosa.

Eu estava levantando-me do banco para ir para a reabilitação, quando duas garotas passaram por mim quase me derrubando, se aproximaram de Bill, me ignorando completamente, e o abraçaram carinhosamente.



- Bill, minha irmã teve alta hoje e não poderei mais te ver. – Disse a ruivinha mais saliente. - Vou deixar meu telefone no seu bolso. Por favor, me ligue, vamos beber alguma coisa. - A atrevida enfiou a mão no bolso dele e enfiou o papel, com certeza ali continha o telefone dela.
-Sentirei tanto a sua falta!  –A oferecida concluiu.


Se jogasse água quente nas duas com certeza daria uma bela canja! Que raiva, eu ali era invisível. Afastei-me um pouco e só observei a cena que estava começando a me irritar profundamente. As duas sorriam descaradamente, Bill disse algo que não pude ouvir, com certeza uma piadinha, pois as duas gargalharam alto e uma delas tocou o braço dele ao falar algo, que o fez sorrir também. A minha vontade era de voar no pescoço dessas duas “vagaranhas”.




- Bill! - O chamei fazendo as duas olharem com desprezo para mim . – Vamos nos atrasar para aula. –E disse o olhando,ignorando os risos das garotas.



- To indo, Jen!  - Ele disse ainda sorrindo para as biscates.


- Bom ou você vem agora ou nossa aula fica para outra semana. – eu disse fula da vida, tentando de todas as formas controlar meu ciúme.





As duas mais uma vez me olharam com um risinho ordinário nos lábios. Nossa... só Deus sabe o quanto me controlei para não chegar perto dele e o beijar a boca. Só não fiz isso porque nossos empregos estavam em jogo. Mas a vontade que me consumia era quase “FROM HELL”!




- Bill, To indo e ...



- Não Jen, to indo com você!





Bill se despediu rapidamente das garotas, quando ouviu meus passos se afastando para deixá-lo a mercê das sanguessugas. Eu não o esperei, segui em frente em passos rápidos; cheguei primeiro na sala e sentei-me. Depois de poucos segundos ele entrou, fechou a porta e sentou na minha frente. Dei graças à Deus que a sala estava vazia... porque meu humor já estava atacado. Aquelas duas tinham chutado para a ... ain que raiva daquelas ruivas, cabelo de água de salsicha!




- Vamos aprender algumas pronúncias hoje. – Eu disse olhando-o com raiva. - Quero que você repita comigo a seguinte frase: "Eu sou um filho da puta"!



- Hã? - Bill franziu a testa.



- Repita comigo: "Eu não tenho vergonha na cara"! –Eu aumentei o tom de voz com ele.



- Jen? É sério isso? Tenho que repetir isso mesmo? –Ele disse confuso.



-Lógico que é sério. Repita, vamos? Eu sou um sem vergonha e dou em cima de todas as meninas desse hospital.



Bill ouviu a minha última frase, baixou a cabeça e soltou um risinho que me deixou mais nervosa ainda. Ele tinha matado a charada do motivo do meu “bom Humor”. Eu me aproximei dele e perguntei:



- Bill, o que foi aquilo lá fora?


- Aquilo...Aquilo exatamente o quê? - ele perguntou ainda sorrindo.


- Aquelas duas oferecidas te dando mole, passando a mão em você, como se você fosse um corrimão do metrô, se jogando em cima de você. Por que deixou elas agirem assim com você?


- A Tay e  a Tati?  –Ele perguntou agora sério.



- A Tati? Poxa, que intimidade!  - Eu disse já com o rosto “azul” de ciúmes  - Você já ficou com ela?


- Hummm... –Bill colocou um dedo no queixo e fingiu que pensava.


- A aula acabou aqui, se quiser pede para Tati ou Jay te ensinar português. –Eu esbravejei.


 -É Tay, não Jay! – ele me corrigiu.





Eu estava com o meu estojo de canetas na mão, o olhei e juro que minha vontade foi de tacar na cabeça dele com toda a força do mundo. Só não taquei por que seria muita covardia da minha parte, mas eu quis e desejei muito!  Afastei-me da mesa e comecei a juntar os materiais que estavam na outra mesa.




- Janice, pra quê tudo isso? –Ele disse com uma voz baixa e calma.



Eu  peguei minhas coisas da mesa e já estava me dirigindo a porta para sair da sala quando o ouvi.



- Jen!



Ele sabia que me chamar de Jen, era uma das minhas fraquezas em relação a ele. Meu coração apertou quando ele me chamou e fechei os olhos tentando pegar meu orgulho e sair daquela sala e deixá-lo ali a ver navios.





- Fala! – Eu parei perto da porta.


- O que está acontecendo? - ele perguntou levantando-se da mesa.


- Nada! Só que hoje não teremos mais aula. - Eu disse tentando segurar minhas lágrimas de ódio.



Ele se aproximou de mim, colocando as duas mãos na porta, me prendendo no meio de seus braços. Preciso dizer que eu já estava com as pernas bambas e com meus pêlos todos arrepiadíssimos?



- Por que não teremos mais aula hoje? – ele questionou encostando seu corpo todo no meu.


- Por que sim, oras!


- Está com ciúmes delas? – ele perguntou com a voz baixa, soltando a respiração quente no meu rosto.


- Eu não...Não tenho ciúmes! Ciúme é para os fracos. –Eu responde tentando ser convincente.


- Sei...


- Não é ciúme, é que... é que...



- É que...O que? - Ele perguntou se fazendo de desentendido.


- Não gosto desses olhares que você recebe, não gosto dessas mães que chegam perto de você tocando em você e suspirando de amor, essas garotas atrevidas... Não gosto e não quero você perto delas! Elas te tocam como se você fosse propriedade delas! Você agora é meu! Só meu e não quero que elas te toquem e te olhem dessa forma! –Eu disse realmente brava e sentida.


- Só seu? É... não sabia...Fala de novo que eu sou só seu...fala – ele provocou sorrindo diabolicamente sexy passando a ponta da sua língua quente no lóbulo da minha orelha.



Eu me aproximei mais dele e beijei o seu queixo  e coloquei  minhas mãos por dentro de sua jaqueta. Subi meus lábios até os lábios dele e o beijei. Nossa, como era delicioso beijar aquela boca bem desenhada, carnuda, quente e macia. Nada era mais gostoso!  Aquela língua, aquele hálito de colgate... Minha espinha congelava quando estava nos braços de Bill. Eu poderia passar as 24 horas do dia beijando aquele boca, sem água, sem comida e sem respirar. A boca dele me satisfazia por completo.



- Meu...Só meu! – Eu disse ao finalizar o beijo. – Será que dá para você ser menos charmoso, menos encantador, menos engraçado e menos maravilhoso, por favor?



Voltei a beijá-lo. Só que dessa vez ele tirou as mãos da porta e me abraçou. Não queria que o beijo terminasse, não queria sair dali. Aquele abraço era tão caloroso e reconfortante.Ele terminou o beijo e disse baixo:



- Preciso ir agora,tá? – Ele falou ainda com o rosto grudado ao meu, apenas com nossas bocas separadas.



- Não... Não vá ainda... – Eu me virei  de costas para ele e comecei a esfregar-me nele. –Me beije mais!



- Eita....Golpe sujo e baixo esse que você está usando. – ele disse pegando em minha cintura e se esfregando em mim também. Passou suas mãos pela lateral de meu corpo e segurou meus seios com força, me fazendo gemer baixo. Ele beijou meu pescoço e outro gemido saiu dos meus lábios.



- Promete que vai ficar longe dessas FULANINHAS? – eu perguntei gemendo ainda me esfregando nele descaradamente.



- Pedindo desse jeitinho...sim, eu prometo! - Ele me virou rapidamente, colocou suas duas mãos no meu pescoço e finalizou. – Prometo,sim! Agora preciso mesmo ir. Depois no falamos! Podemos ir embora juntos, ok? - Ele disse carinhoso tentando se afastar do meu corpo.



- Tá! –Eu apenas respondi.



Quando ele estava abrindo a porta, eu enfiei a mão em seu bolso, peguei o telefone da tal da TAY e rasguei em pedacinhos.



- Eu ia fazer isso, já. – ele disse sorrindo.



- Tarde demais, eu já fiz! E que esse seja o último. - Eu finalizei sorrindo. –Por que hoje eu estou rasgando o papel , da próxima vez eu rasgo a cara de quem ousar enfiar a mão no seu bolso.




Ele sorriu tão sedutoramente que naquele momento perdoei todos as mulheres e garotas que cobiçavam ele, afinal era impossível não babar e suspirar por Bill.
Ele foi para a musicoterapia e eu para a reabilitação. Mais tarde, o deixei na casa dele e fui para faculdade.


Cheguei na faculdade, me sentei longe da galera, só Ellie, Phillip e Georg sentaram comigo.

Estávamos conversando quando ouvi Vinicius sorrir e dizer alto em som de deboche:


-  É Mauro, já diz o ditado: "O maior cego é aquele que não quer enxergar as coisas que estão bem na sua cara!".



Ninguém riu da piada de Vinicius, mas todos me olharam sérios. Eu fingi que não foi comigo. Levantei-me e disse para Ellie, Ge e Phill:



- Vamos subir, não quero mais olhar para cara desse babaca.


- Nossa, não quer mais olhar para mim? Simples ..Fique cega como o seu namoradinho!


- Janny, não entra na dele! Esse cara sempre foi um idiota, invejoso... - Ellie olhou para Vinicius com raiva e disse:


- Está com dor de cotovelo porque você nunca deu bola pra ele... Perdeu Playboy!



Agora sim todos riram da cara de Vinicius. Ele corou e fechou os punhos de raiva.



- Quer saber Ellie? Não vou assistir aula hoje vou terminar minha noite de uma forma muito melhor. Nos braços, no colo e na cama da pessoa que eu amo.



Dei um beijo em Ellie e nos meninos, e ao passar na frente de Vinicius meu suco de laranja foi jogado todo em seu rosto. Saí da lanchonete com gritos e gargalhadas todos contra Vinicius. Peguei meu carro e fui onde meu coração me mandava ir.



Anunciaram-me na portaria do condomínio, a cancela foi aberta e entrei. Parei meu carro na frente da casa de Bill. E Simone me recebeu com um abraço gostoso e disse:



- Chegou na hora certa para o jantar!



- Jura? Acabei de comer um sanduíche na lanchonete. Que pena! Eu disse ainda sendo abraçada por ela.



-Mas a sobremesa não vai recusar, né? Mousse de maracujá! –Simone me soltou pegando em minha mão.


- Ain Simone, quer me engordar? - Rimos e entramos na casa.



- Vou chamar Bill, ele deve estar dormindo.



- Posso ir chamá-lo? –Eu a interrompi.



- Pode! –Ela sorriu meio em dúvida.



Subi a escada correndo, alcancei o corredor, e a porta estava meio aberta. Abri devagar e pude vê-lo deitado na cama dormindo, apenas a luz do abajur o iluminava. Cheguei bem perto e o observei como ele era estupidamente lindo. Tudo nele se encaixava em uma perfeição de doer os olhos, agachei perto da cama e beijei sua boca, ele se mexeu, mas não acordou, mais uma vez fui e lhe dei um beijo na boca e sussurrei:



- Acorda, meu anjo...


- Jen? - Ele falou sonolento e quase num sussurro também.


- Oie!  – Disse beijando seu rosto com carinho.



- Estava sonhando com você! - Ele disse ainda sonolento.


- Um sonho bom ou ruim? –Eu perguntei sorrindo e fazendo carinho em seus cabelos negros desalinhados.


- Um sonho ótimo! –Ele sorriu.

-Pervertido?



Bill sorriu e não pude deixar de me emocionar ao vê-lo sorrir tão docemente. Meu DEUS como ele era lindo...Eu já disse isso? Desculpe, mas eu tinha que dizer mais uma vez.
 Não... Não era apenas lindo, carinhoso, engraçado; estar com ele me completava de uma maneira tão mágica. Quando eu estava ao seu lado eu sentia que nada podia me fazer mal. Que éramos os dois contra o mundo.



- Não, não era pervertido! –Ele disse virando-se para mim.


- Que pena!


-E a faculdade como vai? –Ele perguntou. Eu sabia onde ele queria chegar.


-Vai bem!


-E porque a senhorita não está estudando?


- Por que meu coração tava doendo de saudades de um certo alguém!


- Não quero que você perca aula! Você esta perdendo muitas aulas.


- Ok, fala isso pra ele! –Eu disse.

- Pra ele quem?


- Para o meu coração!


- Sem essa Janice, não quero depois que me culpem de algo.


- Você não está feliz que eu estou aqui? – Perguntei séria.


- Tô... Mas, não quero que...


- Tá, vou embora!



Levantei-me e inexplicavelmente ele alcançou meu braço. Juro que às vezes eu tinha certeza que ele fingia que era deficiente visual porque ele fazia umas coisas que me surpreendiam.



- Jen, só não quero que depois você escute coisas, entende?



Ele ainda segurava meu braço, então me puxou para perto dele e me deu um beijo. Deitei-me ao seu lado e ali ficamos nos beijando até ouvirmos uma batida forte na porta.

ERA ELE...Novamente...TOM!



- Vou entrar posso? Estão todos devidamente vestidos?



- Sim, pode entrar Tom!  -Eu disse o olhando e sorrindo.



Tom entrou e me deu um beijo na bochecha e sentou ao lado do irmão na cama.



- Mamãe pediu para dizer que o jantar foi servido.



- Tá, vamos descer!


Bill levantou e foi ao toalhete e Tom e eu, ficamos no quarto.



- Você está gostando dele?-Tom olhou-me e perguntou-me.


- Sim!


- Não o magoe! –Tom era sério.


- Jamais faria isso com alguém tão maravilhoso.



- Vai assumi-lo diante de toda a sociedade?



-Já assumi e com muito orgulho! Só não assumimos no hospital, porque lá temos algumas regras.



Tom me olhou ainda muito sério e disse:


- Não quero que ele sofra!


- Não quero que ninguém sofra, odeio ver pessoas sofrendo seja ele deficiente ou não! Não podemos colocá-lo em uma redoma de vidro. Mágoas e outras coisas ruins vão atingi-los hoje ou amanhã.



- Se depender de mim, nada disso vai atingi-lo. Nada! Prefiro que me atinjam, me magoem que me pisem e me destruam, mas ele, eu quero intacto.



- Tom, fique tranqüilo! -Eu disse batendo em sua perna devagar. Sorri para ele e o irmão de Bill me devolveu um sorriso lindo.


Bill saiu do toalete e o abracei e descemos para o jantar. Não jantei fiquei com Carolina e quando foi servida a sobremesa peguei um pedaço de mousse de maracujá e comecei a dar pequenas colheradas na boca de Bill, isso passou a ser um vício.
 Depois da sobremesa me despedi e Bill me levou até o carro. Nos despedimos com um longo beijo e com muitas palavras de carinho.


Quando cheguei em casa meu pai estava no sofá, o beijei e fui direto para o meu quarto. Sim, eu estava evitando-o! Até por que estava tão feliz que não queria estragar toda aquela felicidade com pessoas preconceituosas.






No outro dia de manhã quando cheguei no hospital, Gustav me pegou já na entrada.





- Janny, você sabe os horários e os nomes dos pacientes que você atende na semana?

- Sim! –Eu respondi guardando a chave do carro na bolsa.

- Pode me passar? Preciso fazer uma planilha. -Gustav explicou.

- Lógico, posso tomar café primeiro?  –Perguntei.

- Janny, é que Samara está pedindo isso urgente.

- Posso te passar enquanto tomo café?

- Tudo bem! –Ele finalizou.



Sentamos em uma mesa da lanchonete  e  comecei a passar a lista. Durante o café, nossa conversa se desviou e Gustav me contou de como a professora Glaucia quis forçar a barra com ele, o agarrando na sala de fisioterapia, a professora tem 52 anos e há 20 não beijava!   Pelo menos foi isso que disse a Gustav quando estava o agarrando em cima dos colchões. Comecei a rir diante daquele fato.



- Nossa, quero rir também. - Paramos de rir quando Bill se aproximou.


- Gus, tava contando um fato engraçado. –Eu disse sorrindo e limpando minhas lágrimas.


- Imagino!  Estou indo para sala de musicoterapia.

- Tudo bem, me da um segundo e já estou indo para lá. – respondi.





Bill nada respondeu , virou as costas e seguiu para a sala. Terminei de fazer a listagem com Gustav e fui para ao encontro dele para a nossa aula.



- Cheguei! – Disse quando entrei na sala.



Bill estava sentado no banquinho, ele parou de tocar e colocou o violão no chão. Fui até ele e dei um beijo em sua boca.

-Comprei um negócio para você. Sua mãe disse que você adora. Abra a boca e prove!


Quando a colher tocou sua boca, ele baixou a cabeça e a cena a seguir me pegou de surpresa.


x.x



Próximo capítulo:


Fui para o banheiro e entrei em uma cabine e chorei. Quando me acalmei, sequei minhas lágrimas, passei um pó no rosto e quando estava saindo, a porta se abriu e assustei-me...

Postado Por: Grasiele

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