sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Resumption - Capítulo 66

 P. O. V. Tom Kaulitz

Sentia-me perdido em mim mesmo, minha vida repassava várias vezes em pequenos flashbacks, acessava partes da minha mente as quais ninguém conseguia encontrar, detalhes que antes pareciam insignificantes passaram a ser importantes... Eu estava tentando me agarrar com todas as forças nas lembranças.
A turnê havia começado, não queria e nem poderia permitir que tudo fosse posto a perder por minha causa... Meu irmão, meus amigos e os fãs precisavam de mim. Joguei-me de cabeça na música, o pesadelo sem controle no qual minha vida havia se transformado parecia amenizar toda vez que subíamos no palco e nos apresentávamos.

Eu via o rosto dela em meio à multidão um milhão de vezes, meu coração pulava alegremente dentro de meu peito, mas eu tinha consciência de que era apenas o efeito da euforia, a alegria contagiante dos fãs era tão forte que me permitia sonhar por alguns instantes.
Após os shows todos seguiam para o hotel, mesmo que várias vezes eu tenha insistido para que fossem se divertir. Eu queria estar mais presente enquanto meu irmão e nossos amigos se divertiam em simples conversas como sempre fazíamos, mas a única maneira que eu encontrava de não ficar parado na dor que me sufocava era compor... Aquele não era um comportamento comum, especialmente para mim, mas era minha única saída.
Quando não estava compondo ou tocando nos shows, analisava tudo, qualquer coisa que me fizesse lembrar Duda e sempre chegava à conclusão de estar fisicamente e mentalmente obcecado por ela... Era estranho, mas eu preferia sentir meu coração queimando ao invés de deixar a dor ir embora, eu tinha medo de esquecê-la.
Os dias passaram sem que eu percebesse, as horas corriam e me via cada vez mais faminto pelo amor dela, sentindo como se pudesse morrer se não a tivesse de volta... Estava caindo na escuridão, chamando por seu nome, mas não havia resposta. Toda vez que encarava meu rosto no espelho ouvia minhas palavras daquele dia surgindo de forma acusadora me fazendo tremer, eu tinha que conviver com a culpa de tê-la perdido, mas sentia que era por pouco tempo.
Eu havia aprendido a conviver com a dor, estava lidando com ela a cada dia que passava e poucas vezes sentia a vontade incontrolável de gritar para o mundo o que estava sentindo... Acho que o fato de meu irmão estar feliz com sua garota influenciava de alguma maneira em minha melhora.
A namorada de Bill é doce, carinhosa, paciente e atenciosa, tudo que meu irmão sempre procurou... Os dois parecem ter nascido um para o outro, talvez eu nunca tenha visto meu irmão tão feliz antes de ter Angel em sua vida, o que me fazia sentir mais aliviado, já que não conseguia manter o meu papel de irmão mais velho e não lhe dava a devida atenção.

A turnê estava chegando ao fim e eu não havia recebido nenhuma notícia de Duda ou alguma informação realmente importante que Andreas pudesse me dar... Andreas é meu amigo de infância, um gênio nerd da computação com ótima memória e bons contatos.

Antes de seguir viajem com a banda, liguei para Andreas contando resumidamente o que havia acontecido e, apesar de ter me zoado muito, não negou meu pedido de ajuda. No mesmo dia seguiu até minha casa, forneci o pouco que tinha de informações e prometeu-me fazer o possível para encontrar Duda... Além de conviver com a culpa, a dor e a angústia, precisei lidar com a ansiedade que, às vezes, chegava a ser maior que os maus sentimentos.

Faltava pouco mais de uma semana para que a turnê acabasse, eu havia acordado com uma boa sensação, um pequeno fio de esperança surgia, no entanto disse à mim mesmo para ser cauteloso, não queria me enganar mais uma vez. Levantei da cama, fiz minha higiene matinal e parei em frente à janela observando a chuva cair, molhando as ruas de Paris como nos últimos dias.
Bill conversava com alguém ao telefone e eu, estando sem fome, sentei-me sobre a cama segurando meu violão e voltei a atenção para minhas composições. Não tenho ideia de quanto tempo havia passado quando meu celular começou a tocar sobre a cabeceira da cama.

–Hallo?

–Hallo, Tom! Andreas falando, cara. –a voz de meu amigo soou animada.

–Alguma novidade? –perguntei sentindo meu coração acelerar.

–Eu estou ótimo, agradeço por ter perguntado. –debochou.

–Desculpa cara, mas eu realmente quero saber o porquê de ter me ligado.

–Ok... –riu. –Tenho boas notícias, mano, encontrei a sua garota.

–Tem certeza? –a dúvida tomava o lugar da alegria aos poucos.

–Claro que sim! Foi difícil pra caramba, você me deve um grande favor, ‘tá sabendo. –resmungou.

–Isso não importa agora. –bufei mexendo-me inquieto. –Onde ela está?

–Numa cidadezinha fim do mundo. –gargalhou. –Não sabia desse seu gosto por garotas do campo.

–Idiota. –xinguei.

–‘Tava brincando! Ela está na casa dos avós, Heiki e Franklin Müller. –pausou. –Acho que os avós dela são mais conhecidos que vocês naquela cidade, foi fácil chegar até eles, o difícil foi o começo da busca.

–Conseguiu algum número de telefone? –perguntei procurando desesperadamente por papel e caneta.

–Mas é claro que sim, anota aí!

–Cara, muito obrigado, de verdade. –agradeci após anotar o número da casa dos avós dela.
–Você não viveria sem mim, eu sei. –riu. –Agora é com você, boa sorte!

–Vou precisar. –murmurei ignorando seu comentário. –Até mais, cara.

–Até. –respondeu desligando a chamada.


A felicidade corria líquida e quente por minhas veias, um grande sorriso tomava meus lábios e a vontade de sair daquele quarto era maior do que minha obstinação em terminar as minhas composições. Guardei tudo em seus devidos lugares, tomei uma ducha rápida e segui para fora do quarto procurando por meu irmão e meus amigos.
Não demorei a encontra-los, estavam no quarto dos G’s.


–Eu não sei mais o que fazer. –ouvi a voz de Bill em um murmúrio, aproximei-me da porta que estava apenas encostada e o vi sentando no sofá.

–Não sei nem o que dizer... –Gustav suspirou. –Também estou preocupado com essa situação.

–Já tentei de tudo, mas o Tom sequer presta atenção nas minhas piadas. –Georg revirou os olhos.

–Pra piorar a situação David comentou essa manhã que Anne não está conseguindo lidar com a Mila. –Gustav murmurou parecendo chateado. –Estou com medo que isso tudo afete o bebê. –tirou os óculos e esfregou os olhos.

–Eu acho que precisamos voltar. –Bill respondeu respirando profundamente e por impulso interrompi aquela “reunião”.

–E eu acho que vocês deveriam parar de resmungar. –deixei que minha voz soasse debochada. –Ninguém vai voltar pra casa faltando menos de duas semanas pra acabar a turnê. –revirei os olhos. –Qual é, estão desistindo por quê?


Meu irmão estava estático, parecia estar se perguntando o porquê de eu estar lá... Eu não o culpei, afinal eu deveria estar com cara de enterro quando me deixou no quarto entretido com minhas composições e depois dei o ar da minha graça como se nada tivesse mudado em minha vida, aquele era o meu “eu” de volta.


–Ok, eu não estou entendendo coisa nenhuma. –Georg falou ajeitando-se ao lado de Bill.

–Muito menos eu. –Gustav murmurou.

–Será que você poderia explicar só uma coisinha pra gente? –meu irmão perguntou tirando um fio do seu cabelo, que estava arrumado em um moicano, do rosto. –QUE DIABOS DE MUDANÇA REPENTINA DE COMPORTAMENTO É ESSA? –falou entre dentes e pausadamente, parecendo conter a vontade de gritar.

–Bem, digamos que eu recebi uma ótima notícia agorinha há pouco. –sorri e me atirei no sofá vazio a frente.

–E assim, só por um acaso, você vai nos contar que notícia mágica foi essa que trouxe o velho Tom idiota de volta? –Georg perguntou inclinando-se para frente, apoiou os cotovelos sobre os joelhos e segurou o rosto com as mãos.

–Aposto 50 euros que sim. –Gustav murmurou.

–Eu dobro a aposta e acho que a resposta é não. –Bill respondeu extremamente confiante.

–Não... Pelo menos não por enquanto. –respondi lançando meu melhor sorriso de deboche.

–Pode passando a grana. –Bill estendeu a mão na direção de Gustav.

–Isso não vale! Eu tenho um filho pra criar, Bill. –resmungou e meu irmão riu de volta.

–Ok, dessa vez passa. –sorriu.


Eu podia sentir os olhos de Bill me analisando e, quando nossos olhares se encontraram, ele sorriu parecendo aliviado por eu estar de volta e feliz de novo.

Mais tarde naquele mesmo dia, quando Bill e eu nos preparávamos para dormir, decidi que era o momento certo para contar ao meu irmão e melhor amigo o porquê de minha alegria... Eu sabia, podia sentir que ele estava ansioso para me fazer milhares de perguntas e estava disposto a respondê-las.


–Então quer dizer que esse tempo todo você agiu por baixo dos panos? –Bill olhou-me mantendo seu rosto sério.

–Foi a única maneira que encontrei de não envolver todos mais ainda nisso tudo... São os meus problemas, eu fiz a burrada, então tinha que tentar resolver de algum jeito. –expliquei.

–Apesar de estar chateado por não ter me contado tenho orgulho de você por não ter ficado “parado”. –riscou aspas no ar. –E estou realmente feliz por você, espero que as coisas se acertem logo... Já está mais do que na hora de vocês resolverem suas vidas. –tagarelou. –Você sabe que terá meu apoio sempre.

–E eu agradeço por isso! –sorri e levantei de minha cama, o abraçando em seguida. –Obrigado por tudo.

–Não precisa me agradecer, somos irmãos e estaremos sempre juntos não importando o que aconteça!


Conversamos por mais algum tempo e depois dormimos, faríamos mais alguns shows e voltaríamos para Berlim na véspera do natal.
Nos dias que se seguiram fiquei imaginando mil e uma maneiras de conversar com os avós de Duda, eu havia feito planos e sabia que teria o apoio de meus amigos, talvez até conseguisse convencer Anne e Camila de colaborar comigo.
Faltavam exatamente sete dias para a ceia de natal e, finalmente, havia encontrado coragem suficiente para fazer aquela ligação que seria minha salvação... Tudo o que eu precisava era ser sincero, ter a compreensão dos avós dela ao meu favor e, antes de mais nada, torcer para que ela não atendesse a chamada.
Peguei o telefone do hotel e disquei rapidamente o número, estava inquieto, impaciente e sentia meu coração descontrolando-se a cada segundo que passava.


–Hallo. –uma voz feminina doce soou, mas não era a de Duda.
–Por gentileza, eu poderia falar com a Senhora Heiki? –pedi usufruindo a boa educação que minha mãe me dera.

–É ela, quem gostaria?

–Tom, Tom Kaulitz. –respondi tentado controlar minha respiração, estava com medo que ela desligasse. –Por favor, não desligue! –pedi após alguns segundos de silêncio.

–Está bem. –suspirou. –Diga-me o que você quer.

–Eu quero me desculpar com sua neta... –respondi soltando o ar aos poucos. –Sei que ela não quer falar comigo, mas eu preciso de apenas uma chance! –senti meu peito queimar. –Nesses três meses eu fiz de tudo para encontra-la e agora que sei onde ela está não desistirei de ter seu perdão sem ao menos tentar. –minha voz saia embargada pelo choro, lágrimas escorriam quentes por minhas bochechas.

–Você realmente a ama, certo, querido?

–Sim, amo tanto que chega a doer. –respondi sinceramente.

–Você terá minha ajuda, pode contar comigo para o que precisar!

Sorri sentindo meu peito ser tomado pelo alívio e agradeci mentalmente por ter alguém olhando por mim lá do céu. Senhora Heiki e eu conversamos durante alguns minutos, contei a ela o que tinha em mente e ela realmente parecia gostar de tudo o que eu sugeria.


–Frank e eu faremos a nossa parte, o resto é com você, está bem?

–Certo muito obrigado!

–Até breve, querido.

–Até.


Desliguei o telefone, segui para o hall do hotel, onde encontrei os caras da banda e seguimos para a passagem de som do show que faríamos aquela noite.

Aquela semana passara voando, a turnê foi encerrada em L’Aquila na Itália e na mesma noite, após o último show, seguimos para o aeroporto de Roma, embarcamos em um jato particular por volta das 2hs30 da manhã e voamos para Berlim. Dormi durante o voo e quando aterrissamos em solo alemão sentia a euforia tomar conta de mim, o relógio marcava oito horas em ponto quando saímos do aeroporto, seguimos todos para a casa de Duda e Camila... Eu não sabia se estava pronto para lidar com as lembranças que aquela casa me traria, mas eu estava disposto a enfrentar qualquer coisa para seguir em frente e ter minha garota de volta.
Pouco mais de quinze minutos depois o segurança estacionava o carro em frente àquela casa e as lembranças me atingiam lentamente, Bill me lançava seu olhar de apoio e sorriu descendo do carro, tendo Angel abraçada a si e, após respirar profundamente, os segui.


–Vai dar tudo certo. –Bill murmurou percebendo minha inquietude.

–É o que eu espero.

–Gustav e eu conversaremos com elas, não se preocupe. –David disse após Georg tocar a campainha. –Talvez não façam nada por você, mas pela Duda fariam qualquer coisa.


Não demorou muito até que a porta fosse aberta, Camila surgiu vestindo um pijama extremamente grande, mas que não escondia a sua gestação que já seguia para o sétimo mês... Minha atual-ex-melhor amiga continuava linda, mas havia grandes mudanças em seu corpo devido à gravidez e parecia mais madura também.
Gustav, ao avistar a namorada, abraçou-a com cuidado beijando-a e, em seguida, acariciou a barriga dela tentado estabelecer contato com o bebê; David entrou na casa e correu para os braços de Anne beijando-a com certo desespero e, após alguns minutos, todos haviam se cumprimentado, bem, eu fui o único rejeitado, mas não me importei.
Sentamo-nos todos na sala e deixei que Gustav e David conversassem com Anne e Camila. Eu me sentia um pouco desconfortável por ser o assunto daquela conversa e não poder falar nada, mas preferi ficar quieto para não provocar nada mais agressivo do que os olhares cortantes que ambas lançavam em minha direção.


–Nós concordamos em ajudar. –Anne disse voltando-se para mim.

–Mas espero que fique bem claro que estaremos colaborando apenas por Duda. –Camila completou emburrada.

Não contive minha felicidade e levantei abraçando-as em seguida, Anne não resistiu e correspondeu ao meu gesto, mas Camila reclamou um pouco.


–Mila, você é a grávida orgulhosa mais linda que eu conheço. –elogiei ainda prendendo-a no abraço.

–Sério? –perguntou parando de me estapear.

–Sim. –sorri e vi pequenas lágrimas escorrerem de seus olhos, estranhei aquela reação, mas concluí que deveria ser algo relacionado a intensidade dos sentimentos na gravidez.

–Imbecil, você está me fazendo chorar. –resmungou me dando um tapa e riu.

–Eu sei que você me ama. –brinquei cutucando sua bochecha e ela revirou os olhos.

–A Duda tinha razão quando dizia que você é convencido, hein. –debochou.

–E o que mais ela falou? Que eu sou bom de...

–Nem mais uma palavra, não quero que meu bebê ouça suas safadezas. –ordenou tapando minha boca e eu ri.


Por incrível que pareça as coisas voltaram ao normal mais rápido do que eu imaginava, Anne e Camila não pareciam mais tão irritadas comigo, às vezes lançavam algumas indiretas, mas nada com que eu não pudesse lidar. Bill levou Angel em casa e disse que iria para casa apenas à noite e pediu que eu separasse os presentes que havíamos comprado na última semana; David e Gustav ficaram fazendo companhia para Camila e Anne, eu e Georg fomos levados para nossas casas pelos seguranças.
No dia seguinte dispensamos os seguranças, Bill buscou Angel por volta das duas horas da tarde depois de ter colocado os presentes em seu porta-malas, eu busquei mamãe em casa, nós não a deixaríamos passar o natal sozinha e ela estava ansiosa para rever Duda. Encontramos os outros em frente ao prédio de Georg e nos dividimos nos carros: em meu Cadillac íamos eu, mamãe e Georg. Anne carregaria consigo em sua X-6 David, Camila e Gustav e, por fim, o casal teria total privacidade na X-5 de Bill.
Saímos de Berlim quando marcavam três horas no relógio, a viagem fora longa e várias vezes precisamos parar para que Camila fosse ao banheiro. O sol já havia abandonado o céu quando chegamos ao centro da pequena cidade, precisei pedir algumas informações, mas, como Andreas havia dito, a família Müller era popular e logo obtive a orientação.


–Esse lugar é lindo. –mamãe comentou observando a paisagem iluminada pela lua cheia.

–E o povo é bem simpático. –Georg murmurou sorridente.


Dirigi por mais alguns quilômetros e avistei a entrada da fazenda cercada por cerejeiras, todas ostentando a beleza de suas folhas e frutas. Diminuí a velocidade e, assim que me aproximei do portão de madeira, uma senhora alta, magra, simples, mas extremamente elegante, deu-nos passagem.
Estacionei o carro, desci fazendo a volta no carro para abrir a porta para mamãe e, em seguida, a senhora veio nos cumprimentar.


–Hallo, muito prazer em conhecê-los. –sorriu e observei seu rosto durante alguns segundos, seus traços me faziam lembrar Duda. –Sou Heiki.

–Prazer em conhecê-la também. –sorri e a abracei. –Muito obrigado por confiar em mim. –agradeci afagando suas costas.

–Não precisa me agradecer, querido. –beijou minha bochecha.


Apresentei todos a ela e, em seguida, um homem alto, forte e magro apresentou-se, aquele era Franklin, marido de Heiki. O casal era muito simpático, a senhora e minha mãe engataram em uma conversa, Camila, Angel e Anne observavam a decoração da casa aconchegante e, enquanto isso, nós, os homens, transportamos todos os presentes para a sala.


–Por pouco não couberam todos os presentes. –David comentou tentando regular sua respiração.

–Acho que nem quando eu era criança vi tanto embrulho. –Georg riu.


Eu estava feliz por ter conseguido chegar até ali, mas a ansiedade de ver minha garota estava me deixando inquieto... Minhas mãos estavam suando, meu coração batia acelerado e o nervosismo insistia em me possuir.

–Heiki vai subir para checar, rapaz, não se preocupe. –o senhor avisou e sorriu batendo em meu ombro transmitindo-me apoio.


A senhora pediu licença à minha mãe e subiu as escadas, e, durante os minutos que ela ficou no andar superior, não tirei meus olhos dos degraus.


–Ela já vem, fique calmo, querido. –Heiki disse-me e seguiu para outro cômodo acompanhada por minha mãe e as garotas.

–Faça a sua parte. –Bill me cutucou.

–Venha cá. –Franklin pediu e acompanhei-o até o piano, que estava afastado da escada, o que não permitiria que ela me visse. –Boa sorte. –desejou juntando-se aos demais.


Fechei meus olhos respirando fundo, repassei mentalmente as notas daquela melodia que compus imaginando tê-la de volta. Todos estavam em silêncio esperando o momento em que Duda apareceria, os passos suaves aproximavam-se lentamente e meu coração batia mais forte à medida que ficavam mais próximos... Os passos pararam de repente e vi meu irmão mover-se rapidamente em direção à escada.
Levantei rapidamente e corri vendo aquela frágil garota desmaiada, a minha garota. Eu queria pegá-la nos braços, mas minha mãe impediu e me levou consigo para a varanda.


–Ela vai ficar bem, meu filho. –mamãe disse me abraçando e a apertei em meus braços, deixando que as lágrimas escapassem de meus olhos.


Após alguns minutos voltamos para a sala e, mais calmo, me sentei no banco em frente ao piano contendo a minha vontade de correr até ela. Fechei meus olhos concentrando-me enxergando Duda exatamente como havia visto minutos atrás, porém a imaginava sorrindo, correndo para os meus braços.

Postado por: Grasiele

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