quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Sparks Fly - Capítulo 30 - I miss you, love.

(Contado pela Savannah)

Por menos que eu quisesse acreditar, eu já estava parada em frente à minha casa, aguardando somente meu retirar a chave do seu bolso e abrir a porta. Ele passou por mim, a abriu e entrou. Respirei fundo, e fiz o mesmo. Era estranho. Mesmo sabendo que aquele era o meu lugar, era estranho. Talvez por ter a certeza de que não encontraria mais àquelas pessoas.

– Eu estava com tantas saudades desse lugar! – disse meu pai, se sentando no sofá.

Eu estava tão acostumada a “morar” na casa dos meninos, que era como se eu estivesse vendo a minha casa pela primeira vez. Olhei para todos os lados, e aos poucos fui me acostumando com a idéia de que daqui pra frente tudo voltará ao normal.

– Não é? – meu pai estalou os dedos. – Savannah?
– Desculpa, estava distraída. – disse.
– Notei. – ele se levantou e veio até mim.
– Vou desfazer as malas.

Peguei minhas coisas, e segui pelo corredor. Entrei no quarto, e as coisas estavam exatamente como eu havia deixado. A cortina meio aberta; a almofada em forma de estrela continuava no chão, próxima à escrivaninha; a caneta azul em cima do diário; meu casaco favorito pendurado na cadeira.

Caminhei em direção ao espelho, e a única coisa que consegui enxergar no reflexo, foi o Tom, com suas mãos nos bolsos e aquele meio sorriso nos lábios. Por um instante ache que ele estava mesmo ali na minha frente, e sorri. Me assustei ao escutar meu pai batendo na porta do quarto, e entrando.

– Está tudo como antes. – disse.
– Não mexi em nada, porque você não gosta. – disse ele.
– Obrigada. – dei um sorriso sem graça.
– Vou descansar um pouco, e mais tarde iremos visitar os Kennedy.
– Ok.

Ele se retirou, e me voltei novamente para o espelho. Olhei pro pingente de skate em meu pescoço, e o toquei.

– Seja bem-vinda à realidade, Savannah. – disse a mim mesma.

Caminhei até a cama, abri a mala e comecei a desarrumar tudo. Se era pra me desligar de LA, que fosse o mais rápido possivel.

LOS ANGELES...
–--
(Contado pela Beca)

DOIS DIAS DEPOIS...
A casa inteira ainda sofria pela inda da Savannah. Ninguém queria que ela fosse, principalmente o Tom. E se ele soubesse do real motivo dessa partida, com certeza teria dado um jeito.

Era uma tarde de segunda-feira. Estava sentada no sofá, abraçadinha ao Georg, “assistindo” um filme – na verdade estávamos nos beijando -, meu celular começou a tocar. Mesmo com raiva, atendi, e era o Lucas. Pra ninguém desconfiar de nada, me levantei e fui até a área da piscina. Mesmo sabendo que ali era mais difícil de escutarem, falei quase sussurrando.

– O que você quer? – perguntei.
Não dá pra pegar a garota no apartamento dela. – respondeu.
– E porque não?
Porque gosto de fazer os meus serviços bem feitos, e alguém pode ver os meus amigos entrando lá.
– Meus amigos? – fiquei surpresa. – Quantas pessoas farão o serviço? – ele riu.
Acha mesmo que sou otário, pra ficar fazendo as coisas, sozinho?
– Lucas, é só uma surra! Só você já basta!
Eu posso ser ignorante, mas não sou covarde pra bater em mulher. Tá querendo que eu dê uma bela lição na vadia, não é? Então fique fora dessa, branquela, porque você cuida do dinheiro, e eu cuido do serviço.

Sempre soube que ele não prestava, mas também não imaginava que poderia ser desse jeito.

– Tá legal. – disse.
Já que não tem saída, vou ter que dar o meu jeito.
– Que jeito? – me sentei numa das espreguiçadeiras.
A pegarei em casa.
– Olha lá o que você vai fazer, hein?

Ele riu, e desligou na minha cara. Sério, comecei a sentir um pouco de medo após ele ter falado daquele jeito. Se essa garota morre, vou me sentir culpada pelo resto da vida! Me levantei, e quando me virei, dei de cara com o Georg.

– Quem é Lucas? – perguntou-me.
– Um amigo. – respondi.
– Sei.
– Não confia em mim? – me aproximei, e lhe dei um selinho. – Venha, vamos terminar de assistir o filme.

–--
(Contado pelo Lucas)

Olhei pro relógio, e marcava 21h15. Pra fazer esse serviço, tive que roubar um carro. Na verdade, eu estava precisando de um, e me aproveitei da situação. Estacionei a máquina luxuosa, do lado oposto ao condomínio onde Megan mora. Como eu não faria nada sozinho, levei o Diego e o Vinicius para me ajudarem. Estávamos esperando o momento em que a garota fosse entrar ou sair do local, mas já estávamos ali parados há mais de duas horas, e nada.

– Mano, essa garota não vai aparecer. – disse Diego.
– Vamos esperar por mais uma hora, se ela não der as caras, a gente parte pro plano B. – disse.
– Nós temos um plano B? – pergunta Vinicius.
– Cale a boca, e fique de olho!

Os minutos iam passando, e começamos a ficar cansados de tanto esperar por alguém que parecia saber da nossa presença. Vinicius não resistiu, e começou a cochilar no banco traseiro. Diego ligou o som do carro, e deixou num volume baixo. Eu não parava de olhar na direção da entrada do condomínio. Apareça logo, vadia.

Quando menos esperávamos, o nosso trabalho surge no inicio da rua, trazendo consigo várias sacolas de compras em mãos. Ela tentava pegar algo na bolsa, mas as mãos estavam tão ocupadas, que ficava meio complicado.

– A nossa encomenda chegou. – disse, e Vinicius despertou.
– Tem certeza que é ela? – pergunta Diego.
– Absoluta. – respondi. – Que os jogos comecem. – dei um sorriso malicioso. – Fiquem atentos, pois ligarei a qualquer hora. – sai do carro.

Esperei um veiculo passar, e atravessei a rua, indo ao encontro dela, como quem não queria nada. Alguém que estava simplesmente passando e a viu “em apuros”.

– Precisa de ajuda? – perguntei, educadamente, e ela se virou.
– Obrigada, preciso sim. – respondeu, sorrindo. – Poderia pegar a minha chave aqui na bolsa?
– Claro. – abri sua bolsa, peguei a chave e abri o portão. – Já que estou aqui, não quer que eu ajude com as sacolas? Podem estar um pouco pesadas.
– Não quero incomodar.
– Imagina, não é incomodo algum. – peguei algumas sacolas. – E além do mais, uma bela moça como você, não incomodaria nunca.

Aposto que os meninos estão festejando o cumprimento da primeira parte do plano. Pra facilitar ainda mais as coisas, deixei o portão encostado. Megan e eu pegamos o elevador, e cerca de dois minutos depois, chegamos ao apartamento. Coloquei as sacolas em cima do sofá.

– Prontinho. – disse, e aproveitei pra olhar em volta. – Belo apartamento.
– Obrigada. – ela se sentou ao lado das compras. – Aceita alguma coisa?
– O que tem a me oferecer? – dei aquele sorriso malicioso novamente.
– O que você quiser.
– Tá falando sério? Porque eu posso pedir algo meio difícil
– Talvez não seja tão difícil assim.

Esse serviço vai ser mais fácil do que imaginei. A garota tá pedindo pra ter uma lição. Me aproximei, enlaçando-a pela cintura e lhe dando um beijo quente, logo em seguida. Em pouquíssimos minutos, estávamos em sua cama. Ela trajando apenas roupas intimas, enquanto eu havia tirado somente a camiseta.

– Preciso fazer uma ligação. – disse, e me levantei. – Sou novo na cidade, e estou morando com um amigo. Ligarei pra avisar que não voltarei hoje.
– Ok. – disse ela. – Só não demore.

Fui até a sala, tirei o celular do bolso e liguei para os meninos.

– O esquema está armado. – sussurrei. – Chamem as meninas, e subam o mais rápido possivel.

Não demorou tanto tempo pra Vinicius e Diogo já estarem ali na porta do apartamento, acompanhados por três garotas. Pra não correr o risco da Megan querer fugir, tranquei a porta e escondi a chave. Naquele instante, ela aparece ali na sala.

– Porque você está... – ela parou. – Quem são eles?
– Está preparada pra festa, vadia? – a encarei.
– Você vai adorar os nossos joguinhos. – disse uma das meninas.

BRASIL...
–--
(contado pela Savannah)

Fazia dois dias que eu havia chegado, e desde então, passei a conferir a caixa de correio pra ver se tinha alguma carta do Tom. Mas nas duas vezes, não encontrei nada. Ele vai me escrever, eu sei disso. No terceiro dia, acordei um pouco tarde. Sabe aqueles dias que a gente só quer ficar na cama e esquecer o resto do mundo? Era assim que eu me sentia.

Meu pai bateu na porta e entrou. Ele caminhou até a janela e abriu a cortina, o Sol imediatamente penetrou o lugar, sem hesitar.

– Vai ficar ai deitada? – perguntou-me.
– Estou cansada. – respondi.
– Não quer nem ler a carta que chegou de Los Angeles?

Eu ouvi direito? Ele disse que chegou uma carta de Los Angeles pra mim? Me levantei rapidamente, ou melhor, pulei da cama.

– Cadê? – perguntei, ansiosa.
– Calma, é só uma carta. – me entregou.
– Não é só uma carta! – estava feliz. – Pode me deixar um pouco sozinha?
– Claro.

Meu coração estava batendo a mil por hora. Me sentei na cama, abri o envelope, e comecei a ler.

Querida Savannah,
Hoje fui até o seu lugar preferido, o jardim. Foi estranho, perturbador. Aquilo me lembra muito você, me faz lembrar absolutamente tudo. Desde o dia em que nos conhecemos, até o instante em que você entrou no carro e partiu. Sinceramente, eu tive medo. Medo de que pudesse doer mais do que eu pudesse agüentar. Posso parecer suficientemente forte por fora, mas por dentro, sou como qualquer outra pessoa, que sente a dor de uma despedida. Foi tão estranho estar ali, sem você, e saber que não iria chegar. Por alguns instantes, fechei os olhos e me lembrei dos nossos abraços, dos beijos que dávamos às escondidas, daquele dia em que ficamos “presos” no estúdio por conta da chuva, e até mesmo pude sentir sua mão delicada escorrendo pelo meu rosto. Foi um pouco difícil, mas consegui me manter ali por algumas horas. Você não faz idéia de como está sendo difícil, e eu também não imaginava que seria assim. Pra falar a verdade, esta é a primeira vez que sinto algo tão sério por alguém.
Estou tentando me controlar, tentando não decepcionar os meus amigos, pois a turnê está praticamente batendo na porta. E por falar nisso, a grande viajem começará no dia 01. Então, não sei se terei tanto tempo livre pra lhe escrever, mas farei o possivel. Também pode ser que as cartas demorem a chegar até você, pois sempre estarei num lugar diferente. Mas não se preocupe, e não pense que me esqueci da promessa. Daqui um ano, estaremos juntos novamente.

Com carinho e saudades, Tom.”

Postado por: Grasiele

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