terça-feira, 15 de maio de 2012

Bonequinha De Luxo - Capítulo 3 - A sessão de fotos

Narrado por Maia

Eu confesso. Estava morrendo de medo dessa sessão de fotos. Mas, quando vi que só o Bill estava ali, o medo se transformou num pavor daqueles, tipo daquelas atrizes e dos atores dos filmes de terror. Tudo bem que eu sabia que o Bill não era um assassino em série, tipo o Jason dos filmes "Sexta-feira 13" (Nem sei se é desse filme mesmo... Não gosto desse gênero e nunca vi um filme do Jason), mas, eu estava com medo porque era um menino e eu estava sozinha com ele. Eu já estava dando meia-volta e indo esperar as outras pessoas chegarem quando ele me viu e veio ao meu encontro. Depois de dar um beijinho em cada lado do meu rosto, ele pegou a minha mão e, me guiando para dentro do galpão, ele me disse, animadíssimo:

– Até agora, o maquiador e o cabeleireiro chegaram. O fotógrafo já me ligou, avisando que está atrasado e as roupas já devem estar quase chegando.

Mais uma vez... Eu tirei conclusões precipitadas, só para variar mesmo. Quando o cabeleireiro me sentou em uma cadeira, ele me perguntou:

– Fofinha... Me responde uma coisa... Você tem vontade de ter franja? Mas, é tipo a da Lily Allen naquele clipe, The Fear, cobrindo a sobrancelha mesmo...

– Ai... - Eu disse. - Sempre quis ter franja, mas, sempre ouvi dizer que dá o maior trabalho manter...

– Não dá não. Eu vou te passar umas dicas e daí, vai ser fácil deixar essa franja um luxo! - Ele respondeu. Só de sacanagem, ele me virou de costas para o espelho. Tirou dois dedos do comprimento e, logo em seguida, o maquiador veio. Enquanto isso, as roupas e o fotógrafo chegavam. Enquanto o maquiador passava blush na minha bochecha, vi o Bill andando de um lado para o outro, falando no celular. Ele estava tentando explicar alguma coisa, pelo que deu para perceber, e não estava conseguindo. Logo, a maquiagem estava pronta, a figurinista me puxou para uma arara e, logo depois de me dar um vestido vermelho-escuro e me enfiar atrás de uma cortina tipo aquelas de provador de lojas de roupas, e, quando eu terminei de colocar o vestido, a figurinista estava segurando um espartilho preto, que parecia um cinto, mesmo. Quando ela começou a fazer as amarrações, eu nem imaginava que ia descobrir como é que as mulheres vitorianas se sentiam. Aquele espartilho apertava tanto... E pior é que eu entendia agora porque as coitadas das mulheres de antigamente desmaiavam... Não era charme, mas, porque era muito difícil respirar com uma coisa daquelas amarrada na cintura.

Quando o Bill me viu, faltou muito pouco para o queixo dele cair. O fotógrafo me deu algumas instruções sobre as poses e, quando o Bill viu que as fotos não estavam saindo do jeito que ele queria, ele parou do meu lado e disse:

– Maia... Pensa em uma coisa triste. Mas é muito... Triste mesmo. Se precisar, se imagina num campo de concentração.

Eu me concentrei logo que ele saiu e, quando o fotógrafo recomeçou a bater as fotos, o Bill ficou surpreso com o resultado. No final, ele acabou participando também. Só que essa parte que ele participou tinha vampiros como tema. Enquanto eu me trocava e colocava outro espartilho, colocaram umas coisas, como um divã vermelho-escuro. Eu estava pronta (O cabeleireiro tinha conseguido fazer uns cachos nas pontas e o meu cabelo estava maravilhoso) e, quando me olhei no espelho, tive medo; O negócio estava tão apertado que meu peito estava quase pulando para fora do espartilho. Fiquei com medo, confesso. O Bill já estava à postos, me esperando. Quando ele viu a minha situação por causa do espartilho, percebi que as mãos dele, que estavam do lado do corpo dele, foram parar na frente, exatamente sobre um lugar bem específico. Eu tive que me segurar para não rir da reação do corpo dele. Eu não o culpo; Eu realmente devia estar... Impossível com aquela roupa bem... Sexy, para não falar outra coisa. O fotógrafo pediu que eu me deitasse sobre o divã e me deu algumas orientações sobre a posição que eu deveria ficar. Logo em seguida, o ouvi dizendo para o Bill:

– Senta atrás da Maia e põe a mão no rosto dela.

Eu tinha certeza que nós dois estávamos igualmente nervosos. Mas, mesmo assim, ele fez o que o fotógrafo pediu. O problema mesmo foi quando o fotógrafo pediu para que o Bill mordesse o meu pescoço (Detalhe que, para deixar tudo mais realista, ele estava usando dentes de vampiro e eu fiquei pensando se tinham encomendado os dentes com alguma empresa de efeitos especiais para filmes ou se foi num dentista mesmo.). O fotógrafo pediu:

– Bill... Faz o seguinte: Pega a Maia pela cintura, levanta ela um pouco e daí você encosta a boca no pescoço dela. Maia, na hora que o Bill te levantar, você tomba a cabeça para trás, um pouco, tá? OK... Já está tudo pronto...

Senti o Bill me levantando um pouco e, como combinado, tombei a cabeça para trás. Na hora que eu fiz isso, eu senti ele se inclinando sobre mim e, não demorou e senti a boca dele sobre a pele do meu pescoço. De repente, senti um arrepio violento percorrer meu corpo e, para tentar me controlar, fechei os olhos. Ouvi o fotógrafo dizendo:

– Maia... Deixa o seu braço direito caído sobre o sofá...

Fiz o que o fotógrafo pediu. Quando a sessão de fotos terminou, senti um alívio por ter tirado o espartilho e colocar minha camiseta e minha calça jeans com o meu all star. Quando eu estava saindo do galpão, ouvi o Bill me chamando e, parando na porta, ele veio correndo até mim. Ele perguntou:

– O que você vai fazer agora?

– Eu... Não sei. O meu chefe da cafeteria me deu folga hoje... E hoje a boate não abre... - Eu respondi. - Por quê?

– Aceita almoçar comigo?

– O quê?
– Eu estou te convidando para almoçar comigo. Aceita?

Eu hesitei por um instante, mas, como sou aquela pessoa que é guiada pelo coração e não pela mente, acabei aceitando, já que uma oportunidade daquelas não aparece duas vezes.

Fomos até um restaurante bem simples, mas que tinha a comida deliciosa. Me lembrou um pouco da comida brasileira. E enquanto estávamos almoçando, nós conversamos e nos conhecemos um pouco melhor.

– Então... Até agora, já sei que você é brasileira, seus pais são ligados com História e, por isso você se chama Maia... - Ele começou a dizer, tentando se lembrar de tudo o que ele tinha descoberto até ali. - Tem dois irmãos, sendo que ele mora em Nova Iorque. Você e sua irmã moram com seus pais. E você trancou a faculdade de jornalismo para vir para a Alemanha...

– E tenho duas cachorras.

– Ah, é... Quais as raças?

– Labradoras. Todas as duas. - Respondi. - São da mesma ninhada. Meu pai comprou uma para mim e outra para minha irmã, só que minha irmã nem olha para a cachorra, então, sou eu quem cuido. E ela acabou me elegendo a dona dela. Quando eu brinco só com essa, a outra tem um ataque de ciúmes e fica carente para cima de mim. Mas as duas se dão bem...

– Como é o nome delas?

– A da minha irmã se chama Ana Maria e a minha se chama Maria Ana. É complicado, principalmente que nós temos uma tia que se chama Ana Maria...

– E essa sua tia não ficou brava quando descobriu que vocês batizaram a cachorra com o nome dela?

– É... Gostar ela não gostou. Mas, já acostumou, então, quando a minha mãe quer falar alguma coisa, chama minha tia de Ana e a cachorra de Ana Maria. É... Se a minha família é doida, por que seria diferente com os bichos?

Ele sorriu e continuamos conversando. Quando nos demos conta, já eram três horas e, quando ele viu que eu queria ir embora, me pediu:

– Posso te levar até a sua casa?

– Ah... Não precisa. De verdade. - Respondi.

– Eu faço questão. Não vou te deixar andando sozinha por aí...

– São três horas da tarde... Se alguém fosse me atacar, ia ser de noite, não acha? Além do mais, eu passo longe de ruas desertas. E isso sem falar que eu tenho spray de pimenta...

– Não me convenceu. - Ele respondeu, pegando a minha bolsa das minhas mãos. - Anda... Vem, vou te levar para sua casa. E nem tenta me dizer que vai desviar do meu caminho demais, porque não vai.

Cruzei os braços e, olhando impaciente para ele, não me mexi um milímetro. Ele me puxou por um dos braços e me arrastou para o carro dele.

Fui mostrando o caminho e, quando ele parou o carro na frente do prédio onde eu morava, eu peguei a minha bolsa, sorrindo, agradeci pela carona e, pouco antes de eu sair do carro, ele me perguntou:

– Quando eu vou poder te ver de novo?

– Não sei... - Respondi. - Você sabe que depende de você e não de mim...

Ele entendeu o que eu quis dizer. Mas, quando eu puxei aquele negócio para abrir a porta, ele puxou o apoio do braço e fechou a porta de novo. Ainda inclinado na minha direção, ele disse:

– Eu quero te ver de novo...

– E não está vendo? - Perguntei, sorrindo. Ele pôs a mão no meu rosto e foi aí que eu vi a distância minúscula entre nós dois. Eu sentia a respiração calma dele vindo na minha direção. Percebendo que aquilo estava ficando realmente perigoso, eu peguei a mão dele e tirei ela do meu rosto. Eu falei:

– Eu... Acho melhor não. Me desculpa, mas, não... Acho uma boa idéia.

Ele ficou me encarando, admirado. Eu disse um "A gente se vê por aí" e saí do carro. Ele continuou me olhando.

Narrado pelo Bill

Desde o primeiro instante, eu estava desconfiado de que a Maia era diferente das outras garotas. E eu não estava falando isso por causa do jeito maluco dela, sempre falante, rindo das próprias palhaçadas, sempre fazendo graça... Todas as garotas que tinham a mesma chance que ela teve de ficar tão perto de mim, sempre aproveitavam. Muitas até tomavam a iniciativa. Isso me assustava um pouco. Mas, quando a Maia me impediu de roubar um beijo dela, eu tive certeza que ela não era como as outras meninas que sempre me cercavam. Pude ver isso quando ela, no lugar de deixar que eu a beijasse, não me deixou continuar. Óbvio que, como sempre, vez ou outra, fico com o pé atrás com ela, porque eu não sei se ela está sendo honesta comigo ou se está interessada em ficar famosa às minhas custas... Eu não sabia o que pensar dela.

Quando cheguei em casa, o Tom percebeu que tinha alguma coisa de errado comigo.

– O que foi? - Ele perguntou, quando eu me joguei em uma das poltronas da sala.

– Eu estou... - Comecei a pensar no melhor jeito de dizer aquilo. - Pensando em várias coisas.

– Em resumo: A Maia.

– É. - Respondi. Às vezes, eu achava ótimo que eu e o Tom conseguíssemos adivinhar os pensamentos um do outro, só pelo olhar. - Eu acho que... Estou gostando dela.

– Só que você não sabe se ela está interessada em você ou na sua fama...

– É.

– Joga verde com ela. Daí, se ela realmente estiver interessada na sua fama... Não deixa que o relacionamento de vocês seja algo além do profissional, por causa das roupas. Senão... Vai fundo! Você está precisando é de tirar o atraso...

– Credo! - Eu xinguei, jogando uma almofada nele. - Não sou que nem você!

– Já que você é tão "santo" assim... Se ela provar que gosta de você mesmo, fica com ela... Eu estou vendo como você está, desde que conheceu essa garota... Ela tem que valer a pena, para fazer meu irmãozinho ficar de quatro por ela...

– Eu espero que sim... - Respondi, ainda pensativo. Apesar de tudo que eu sempre disse, eu sentia que a Maia era diferente, mas, não sabia o quanto...

Postado por: Grasiele

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