terça-feira, 15 de maio de 2012

Bonequinha De Luxo - Capítulo 9 - Ação e reação

 Narrado por Maia

Eu me sentia nas nuvens, confesso. Mesmo que eu estivesse encharcada da cabeça aos pés e meu penteado tivesse ido para o espaço, eu estava eufórica. Quando eu e o Bill chegamos ao hotel, senti que atraíamos vários olhares, pelo nosso estado. E o Bill, agindo como se não estivéssemos deixando um rastro de água por onde passávamos, sorria e cumprimentava todo mundo. Paramos em frente aos elevadores, do lado de uma senhora loira, usando um casaco de peles preto e segurava um cachorro maltês; tanto a senhora quanto o cachorro tinham um arzinho nojento de superioridade. Ela nos olhou de cima a baixo, com uma cara de nojo, e o Bill, para provocá-la, me disse, naquele tom de quem comenta sobre o tempo:

– Eu estava pensando... Acho que pular pelado na Fontana Di Trevi, no meio da manhã, deve ser ainda mais divertido... O que você acha?

– Quando a gente for a Roma... Podemos tentar isso... - Respondi, entrando na brincadeira.

– E eu posso pedir para o Tom filmar tudo e colocar no Youtube... Garanto que vai ter um bom número de acessos...

A mulher nos olhou, estarrecida. Percebi que ela deu dois passinhos para o lado e, quando o elevador finalmente chegou, ela não quis entrar conosco. Depois que entramos no quarto, meu pé estava doendo tanto que fui correndo até a poltroninha e ia começar a tirar a minha sandália quando o Bill se ajoelhou na minha frente e segurou as minhas mãos. Ele pediu:

– Posso?

Fiquei sem reação por uma fração de segundo. Acabei concordando e ele puxou a tira que fechava a sandália. Quando ele a tirou do meu pé, foi do jeito mais delicado possível, como se eu fosse feita da porcelana mais fina, que só de olhar, quebra. Depois que ele tirou a outra sandália, me perguntou:

– Quanto você calça, de curiosidade?

– 38. - Respondi. - Meu pé é enorme, eu sei... Parece pé de pato...

– Por quê?

– É largo. Ouvi dizer que andar descalço faz o pé ficar largo. E como eu não sei andar nem com meia dentro de casa... E meu pé é feio.

– Não é não. O pé dos hobbits do filme do "Senhor dos Anéis" é pior...

Eu dei um tapa de leve no ombro dele. Eu me levantei da poltrona, peguei as sandálias e estava indo para o meu quarto quando o Bill pegou o meu braço. Ele me puxou e, assim como na hora que estávamos dançando, parei de frente para ele, com meu corpo colado no dele. Só que, como eu estava desprevenida, acabei pisando no pé dele, sem querer. Porém, ele nem deve ter sentido, já que não esboçou qualquer reação. Ele pegou no meu rosto e, por um instante, ficamos olhando para o outro. De repente, ele me beijou. Foi um beijo calmo e carinhoso. A outra mão dele ficou quieta, sobre a minha cintura, apertando a minha pele bem de leve. Porém, eu abri a boca um pouco mais e ele explorou a minha boca um pouco mais, com a língua dele. E o beijo, óbvio, ficou mais intenso e não tão calmo assim. A mão dele que estava na cintura começou a passear. Quando percebi, ele estava com a mão na minha bunda. Eu tive de interromper o beijo e ele, morrendo de vergonha, me pediu desculpa, com a cabeça baixa.

Narrado por Bill

Eu me empolguei com o beijo, mesmo sabendo que não devia. A Maia era uma menina linda e diferente de todas aquelas que eu tinha conhecido e visto, admito. E, mesmo sendo magra, o corpo dela era cheio de curvas e, quando o beijo ficou mais... Intenso, não consegui resistir à tentação. Porém, ela interrompeu o beijo e eu percebi o que estava fazendo. Só me restou pedir desculpas e ela voltou para o quarto dela. Durante esse tempo em que nos conhecemos, a Maia me falou que teve um namorado, durou um bom tempo. O namoro acabou porque o cara, segundo ela me contou, era ciumento demais e a Maia custou para conseguir que o cara a deixasse em paz. Porém, ela não me falou se aconteceu alguma coisa ou não. Ela não contou e eu achei melhor não ficar intrometendo também. Acabei indo tomar banho e dormir.

Narrado por Maia

Eu sei que era idiotice, mas, achei que aquela noite foi a mais perfeita de todas. Mesmo com esse último detalhe... Mas, ele se empolgou e, por isso, perdôo. Porém, não nego que a minha vontade era ter continuado. Aliás... A minha vontade era cruzar o corredor que separava os nossos quartos e ir atrás dele. Mas, no mesmo instante que eu pensei isso, me xinguei, por ter deixado uma hipótese desse tipo ter sido considerada. Mas, que eu estava tentada... Ah, sem sombra de dúvida que eu estava. Ainda mais que, na manhã seguinte mesmo, ele me avisou, durante o café da manhã, que iríamos à uma festa naquela noite. E isso significava que eu tinha que colocar minha cabeça para trabalhar e escolher uma roupa entre aquele monte que eu comprei.

Quando terminei de tomar banho, fui escolher a roupa e, assim que cheguei na recepção do hotel, o Bill estava ao telefone, conversando com alguém, num tom animado. Quando me viu, desligou o telefone. Ele disse, assim que me aproximei:

– Uau...

– Você está bonito também. - Respondi.

– É... Hã... Vamos andando? - Ele perguntou, sem desviar o olhar de cima de mim um segundo sequer. Eu passei na frente de um espelho e dei uma olhada rápida em como eu estava: Tinha prendido o cabelo em um rabo-de-cavalo bagunçado, a franja estava caindo sobre os olhos, que estavam bem marcados com a sombra preta, e tanto a boca quanto as bochechas pareciam não ter maquiagem. Meu vestido era de um ombro só e era da cor azul cobalto. E nos pés... Uma Melissa preta que foi desenhada pela Vivienne Westwood (Three Straps Elevated). Ah! E por cima do vestido, um cinto grosso e preto de couro. Como a noite estava fria, coloquei uma jaqueta, tipo bolero, preta.

Chegamos na festa e eu juro que nunca tinha visto um lugar tão lotado quanto aquele. Com sorte, eu conseguia me mexer um milímetro. Porém, o Bill era conhecido na Itália, então, logo fomos para a parte V.I.P. da boate, onde estava mais vazia. E eu tenho que confessar que preferia estar num show de rock, tipo... Franz Ferdinand, com calça jeans, camiseta e all star, pulando no meio do povo, feliz da vida. Música eletrônica não era um tipo de música que eu gostava, para falar a verdade. Depois de uma hora ouvindo aquele tunch-tunch alto, meu ouvido começou a coçar, por causa do volume da música. O negócio estava tão feio que eu estava me segurando para não coçar o ouvido ali mesmo. Sério.

Porém, o tunch-tunch barulhento era a menor das minhas preocupações. Eu estava tomando uma batida, que levava licor de menta, e, num minuto que eu me distraí, batizaram a minha bebida. Eu estava sossegada no meu canto e, depois que eu esvaziei o copo, num gole só, comecei a dançar. O Bill ficou me olhando, estranhando o meu jeito. Ele veio falar comigo e eu disse, com a voz arrastada:

– Ah, não, gatinho... Vamos dançar! A noite é uma criança!

– Maia... O que tinha na batida? - Ele perguntou me segurando e tentando me olhar.

– Nem sei... Anda... Eu quero dançar! - Respondi.

Sem me soltar, ele pegou o meu copo e tentou sentir o cheiro, para ver se tinha alguma coisa de errada. De repente, ele chamou o Tom e pediu alguma coisa para ele. De repente, eu comecei a sentir uma tontura muito forte e, se o Tom não tivesse me segurado, eu teria desabado no chão.

Acordei um tempo depois e, a primeira coisa que eu vi, foi um teto todo branco, com uma luz diferente daquela da boate. Minha cabeça estava doendo muito e, quando eu me mexi um milímetro, gemi de dor. Numa fração de segundo, o Bill parou do meu lado. Perguntei para ele:

– O que... Aconteceu?

– Batizaram a sua batida. Na hora que eu fui até o bar, perguntar o que eles tinham usado, você apagou. Eu e o Tom tentamos te acordar, mas, quando a gente viu que não estava dando certo, te trouxemos para cá...

– E o que tinha na bebida?

– Algumas coisas em doses exageradas. É melhor nem tentar entender o que eram. Só sei que eu fiquei com tanto medo quando te vi desmaiando...

– Eu estou aqui, viva e conversando com você, não estou? Com dor de cabeça, mas, estou...

– É... Mas... Te ver caindo daquele jeito foi... Assustador.

– Ih, garoto... Vai se acostumando que eu não vou te deixar sozinho por um bom tempo... - Respondi, sorrindo. Ele se inclinou na minha direção e deu um beijo na minha testa. De repente, o Tom apareceu e disse:

– Eu... Odeio interromper essa cena mais... Melosa, mas, a sua mãe está vindo para cá...

Postado por: Grasiele

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