terça-feira, 15 de maio de 2012

Bonequinha De Luxo - Capítulo 8 - Correr riscos é sempre bom...

 Narrado por Maia 

– E então? Vai me contar? - Perguntei para o Bill, continuando a andar do lado dele.

– Não sei se eu devo... - Essa foi a resposta que eu tive dele.

– Olha, a menos que você esteja pensando em alguma coisa bem... Nojenta, tipo... Minhocas, o que eu duvido muito, não vou brigar com você. - Respondi, tentando dar o sorriso mais fofo e convincente. Ele sorriu, tanto com o meu comentário, quanto com esse meu sorriso fofo e convincente.

– Não... Não era bem isso o que eu estava pensando. Apesar de você estar certa sobre a parte de brigar comigo. - Ele respondeu.

– Por que eu estou com a sensação que você está sob a influência do Tom? - Perguntei. Ele riu e negou, de novo. Começando a ficar irritada por causa daquele mistério todo, avisei: - Olha, se você não me contar, aí sim vou brigar com você.

– Eu estava só... Pensando se você quer se arriscar um pouco e aceitar um convite meu para irmos jantar numa daquelas cantinas perto do hotel...

– Me arriscar?

– É... Correr riscos é sempre bom... Ainda que de vez em quando... E então? O que você me diz? Vai aceitar o meu convite?

Hesitei por um instante. Mas, como sempre, meu lado impulsivo falou mais alto.

Narrado por Bill

Quando a Maia aceitou o meu convite, me senti eufórico. E, por isso, me arrumei de um jeito que não ia chamar tanta atenção assim; Eu até me achei normal demais: Camiseta branca, calça jeans e tênis. A Maia, por outro lado, que foi diferente: Decidiu usar um vestido de alça branco, de renda. E, mesmo que eu tentasse convencê-la do contrário, estava usando sandália de salto, porém, ela estava linda. Ela tinha prendido a franja com um grampo de flor e a maquiagem dela era tão discreta quanto a que ela usou quando saímos de manhã. Só que ela não usava batom vermelho; Era um cor de boca, normal.

Enquanto esperávamos o garçom trazer o pedido, reparei nas pulseiras que ela estava usando. Perguntei, indicando o braço dela:

– Você comprou na liquidação?

– Não... Na minha cidade tem sempre uma feira de artesanato aos domingos, na principal avenida. E, em um dia que a minha mãe me levou lá, com minha irmã, nós compramos essas pulseiras. Mas, elas já estão velhinhas... Tem tanto tempo...

– Como é essa feira?

– Olha... Só te falo que todo o país conhece a feira. O melhor horário para ir é bem cedo... No sábado, por volta de meia-noite, você consegue ver os artesãos chegando e montando as barraquinhas. O melhor horário para ir é por volta de sete da manhã.

– Por quê?

– Nesse horário dá para ir na feira tranqüilamente. O problema é quando chega perto de dez horas... Enche de pessoas, você mal consegue passar por entre as barracas... Mas a feira é organizada, por incrível que pareça...

– Sério?

Ela concordou com a cabeça, depois de tomar um gole do suco de laranja que ela pediu.

– E o que vende lá?

– Ah... Desde... Coisas para casa, como... Quadros, por exemplo, até... Bijuteria mesmo. E tem a parte de alimentação. Só que eu nunca fui lá. Mas, lembro de que, quando eu e a minha irmã éramos pequenas, minha mãe sofria, porque vendem roupas de bonecas na feira. Então, ela sempre juntava um dinheiro e dividia entre nós duas. E o pior é quando uma queria a roupa que a outra tinha acabado de pegar... Aí faltava só jogar água fria para separar...

Eu ri, tentando imaginar a cena.

– Você tem fotos suas da época que você era criança, não tem?

– É o que mais tem. Tem foto minha com a minha irmã em festas juninas, no colo de Papai Noel, no shopping... Das duas de fralda...

– Festa junina?

– É. Normalmente, durante o mês de junho, é costume nas escolas, terem essas festas. É uma espécie de homenagem à três santos: São Pedro, Santo Antônio e São João. E se quiser saber, é muito mais divertida que o Carnaval. Mas, enfim... O traje dessa festa é a roupa caipira. Então, as meninas usam vestido de chita, que é um pano florido, com cores fortes, e se maquiam, fazendo pintinhas na bochecha, fazendo maria-chiquinhas... E os meninos usam calça e camisa xadrez remendadas. Usam maquiagem também, mas, para fazer bigode falso. Tem alguns que se arriscam e pintam o dente, para parecer que estão banguelas.

Tentei imaginar tudo aquilo que ela estava falando. Se tudo realmente fosse como ela contava... Era uma festa esquisita.

– Mas, em resumo... É uma festa estranha, mas, é divertida.

– Eu estou tentando te imaginar como caipira...

– Ah, vai por mim... É melhor não imaginar... - Ela respondeu, sorrindo sem-graça.

– Por que não?

– Eu nunca fui uma caipira autêntica. Sempre fui uma caipira "bonitinha". - Ela respondeu. Decidi que era melhor não continuar com aquele assunto.

Quando estávamos voltando para o hotel, encontramos um grupo de músicos que estava se apresentando em uma praça. Tinham várias pessoas dançando e, quando percebi que a Maia queria dançar, puxei a mão dela, arrastando-a para dançar comigo, mesmo que eu não soubesse dançar. Ela perguntou, quando percebeu o que eu queria fazer:

– Tem certeza que quer dançar comigo?

– Tenho.

– Eu não sou tão boa dançarina assim...

– Eu também não danço bem...

Por fim, ela acabou cedendo. Tinha horas que eu percebia que, para me fazer rir, ela fazia algumas palhaçadas. E eu, para brincar com ela também, fiz algumas. Quando uma das músicas animadas estava acabando, fiz ela dar um rodopio e, logo depois, puxei ela para mais perto de mim. O que eu não contava era que fôssemos ficar tão próximos um do outro. De repente, começou a chover e, os músicos continuaram a tocar, só que desta vez foi uma música mais lenta. A Maia, brincando comigo, pegou em uma mecha do meu cabelo e disse:

– Era uma vez um moicano...

Eu sorri e, não agüentando mais me segurar, pus a mão sobre o queixo dela e puxei o rosto dela, bem de leve, para mais perto de mim. Quando senti os lábios dela encostando nos meus, senti que não deveria sair de longe dela nunca mais...

Narrado por Maia

Eu estava encharcada por causa da chuva, na ponta dos pés, que estavam doendo por causa da sandália apertada, com um pouco de frio, graças às gotas de água gelada que caíam sobre nós dois e, quando me dei conta, estava com o meu corpo colado ao corpo do Bill. E, de novo, quando menos esperei, ele estava me beijando. Era um beijo inocente e carinhoso, mas, foi o melhor beijo da minha vida, até agora. Quando vi que estávamos nos beijando, percebi que eu estava ainda mais apaixonada por ele...

Postado por: Grasiele

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