terça-feira, 15 de maio de 2012

Bonequinha De Luxo - Capítulo 7 - 15 minutos de fama

 Narrado por Maia

No dia que eu ia ser apresentada, junto com a coleção do Bill, acordei e o céu ainda estava escuro. Tentei dormir de novo, mas, a ansiedade era tanta que não consegui. Além do mais, eu era do tipo que, se perdia o sono... Ele não dava as caras, mas nem se eu fizesse macumba das brabas! Então, comecei a me preocupar com a roupa que eu iria usar. Revirei as sacolas, parecia que tinha esvaziado o meu armário em cima da minha cama e, de repente, vi o Bill parado em frente à porta do meu quarto, encostado no batente e de braços cruzados na frente do peito, me observando no meio daquela zona. Ele perguntou, assim que nossos olhares se cruzaram:

– Sabia que, se você não estivesse se mexendo, toda agitada, eu não saberia onde você está?

– Pois é... - Respondi, sorrindo. - Desculpe pelos barulhos... Eu estava sem sono, a ansiedade tomou conta de mim e...

Minha voz morreu. Ele espreguiçou, levantando os braços e, a camiseta que ele estava usando, subiu um bom bocado. Eu consegui ver totalmente a tatuagem de estrela que ele tinha no quadril. Quando percebi que estava olhando aquela tatuagem por tempo demais, comecei a procurar por um vestido tomara-que-caia xadrez vermelho, e, só sosseguei quando consegui encontrá-lo, além de um casaco, com manga 3/4, preto. Estava mais ou menos frio em Milão, então, se eu sentisse calor, podia tirar o casaco. Ele continuou me observando e eu perguntei:

– Que horas nós vamos?

– Onze.

– E que horas você acha que são? - Perguntei, tirando o celular do bolso traseiro do meu short e vendo que horas eram.

– Nove e meia? - Ele arriscou. Fui tentar sair do lugar que eu estava, sem precisar pular, só que não tinha jeito. E o pulo, para completar, acabou sendo o mais ridículo possível. Faltou só eu tomar aquele tombo, mesmo. Mostrei o horário para ele, que saiu correndo, desesperado, para se arrumar. Acabei achando uma roupa que me apeteceu. Fui tomar banho (Desta vez tranquei a porta) e, logo depois, me arrumei.

Narrado pelo Bill

Eu estava terminando de vestir o meu casaco e, de repente, chamei:

– Maia? Você já está pronta?

– Só um minuto! - Ela respondeu, de lá do quarto dela. De repente, ouvi alguém batendo na porta e, quando menos esperei, o Tom entrou na suíte, que nem um furacão. Ele perguntou, se jogando numa poltrona:

– E aí? As noivas já estão prontas?

Ele mal disse isso e a Maia apareceu. Eu não tinha visto como ela estava até ver o Tom, olhando para ela, de queixo caído. Virei o meu rosto, para poder ver a roupa dela e meu queixo também caiu. A Maia estava toda vestida de preto, mas, estava linda; Usava um casaco de veludo sobre um vestido frente-única, meia-calça bem grossa, e um sapato que parecia ser boneca, com um salto enorme e fino. Ela tinha deixado os cabelos soltos, lisos, com a franja arrumada, de um jeito bem caprichado, sem um único fio de cabelo fora do lugar. Além disso, ela estava usando uma corrente de prata envelhecida com um crucifixo na mesma cor da corrente, com várias pedrinhas pretas. A princípio, achei que ela estivesse usando só o batom (Que era um vermelho levemente escuro), mas, depois percebi que ela estava maquiada, só que ela não queria que ficasse uma coisa exagerada.

– Os dois de queixo caído é bom sinal? - Ela perguntou.

– Ah, se já não tivesse alguém de olho em você... Eu te pegava. - O Tom respondeu, me olhando. A minha vontade era de bater nele, mas, daí, o meu interesse na Maia seria óbvio, mais do que já era.

– E você, Bill? O que achou? - Ela me perguntou. Eu já estava bastante nervoso porque, com certeza, todo mundo ia começar a falar que ela era minha namorada, ainda que só tivéssemos feito as fotos. E meu nervosismo aumentou quando vi como ela tinha se arrumado. A Maia era uma menina linda, mas, como eu não tinha visto ela toda arrumada desse jeito, percebi o quanto ela era ainda mais bonita do que eu achava.

– Você está... Ótima. - Respondi. Foi tudo o que eu consegui pensar.

– Obrigada. - Ela respondeu, seca. - Bom... Acho melhor irmos andando.

Eu abri a porta e, quando ela foi chamar o elevador, o Tom me deu um tapa na parte de trás da minha cabeça. Perguntei:

– O que foi?

– Sabia que tem hora que eu não acredito que você seja meu irmão? Podia ter feito um elogio melhor...

– O que você queria? Eu estou nervoso por causa dessa história toda da semana de moda... - Eu reclamei. O elevador chegou exatamente no mesmo instante que nós dois paramos, um de cada lado da Maia. Entramos e o silêncio reinou absoluto até a hora que nós chegamos no lugar onde aconteceriam os desfiles.

Narrado por Maia

Eu confesso que estava ansiosa. Sabia que várias fãs do Bill e do Tom estariam lá, dando plantão na porta do lugar onde tudo ia acontecer, e, quando as meninas viram os dois... Quase fiquei surda de tanto que elas gritavam. O Bill me pegou pela cintura e me fez entrar no salão onde o primeiro dos desfiles ia acontecer. Quando tive chance, perguntei:

– Como é que você agüenta esse escândalo todo durante esses anos todos?

– Já me acostumei. Mas, no início era estranho, não nego... - Ele respondeu, sorrindo. De repente, uma repórter veio falar com a gente. Eu entendia tudo o que ela dizia e, quando nós dois menos esperamos, lá veio a pergunta:

– Ultimamente tem saído bastante rumores de que vocês dois estão namorando...

Eu resolvi ficar quieta, senão sabia que iam acabar dando um jeito de distorcer o que eu disse. O Bill respondeu, calmamente:

– Não são verdade. A relação que eu tenho com a Maia é estritamente profissional.

– E você tem namorada? - A repórter quis saber.

– Não. Estou solteiro, mas, por pouco tempo. - Ele respondeu.

– Ah, então você finalmente achou a garota? - A repórter perguntou.

– Já. - Ele respondeu, sorrindo, todo bobo. Eu, que estava dando uma entrevista para um outro repórter, estava perto dele e senti o olhar dele para cima de mim.

– Pode nos dizer quem é? - A repórter quis saber. Eu não agüentei mais de curiosidade e, aproveitando que o repórter foi embora, virei para trás e fiquei olhando para o Bill.

– Não. Infelizmente não posso. Ela é anônima e, eu não acho que ela ia gostar de ter a vida dela devassada assim, tão de repente. - Ele respondeu, desviando o olhar na minha direção.

– Mas ela é da Alemanha?

– Não. - Ele respondeu. Para conseguir tirá-lo daquela situação, fui até ele e disse:

– Desculpa interromper a entrevista, mas o Tom está te procurando...

– Tudo bem. - A mulher respondeu, sorrindo. Eu saí puxando o Bill dali e, quando achei o Tom, este me disse:

– Já sei quem chamar quando eu tiver que fugir das entrevistas chatas...

– É, né? Só que eu vou cobrar uma taxa extra... - Eu respondi, brincando.

– Se você conseguir me tirar de entrevistas que nem essa... Deixo você fazer o que quiser comigo... - Ele respondeu.

– Você é safado mesmo, hein? - Perguntei, provocando e colocando as mãos sobre a minha cintura. Ele sorriu e, quando passou a língua, de modo distraído, sobre o piercing no lábio dele, falei: - Não adianta... Não funciona comigo.

Óbvio que, depois de ouvir isso,  o queixo dele caiu. De repente, o Bill me pegou pela cintura, me assustando, já que eu tinha visto que ele foi para outro lado, e me disse:

– O desfile vai começar... Você quer ver?

– Que marca? - Perguntei.

– Ah... É de uma estilista daqui... A mulher chama Flora Gianni... Dei uma espiada nas roupas dela...

– Vocês vão ver? - Perguntei para os dois. O Tom deu de ombros e o Bill estava com uma cara de que não estava com paciência. Eu falei, então:

– Não sei quanto à vocês, mas... Eu estou com fome... Não comi nada desde a hora que acordei.

– Como é que você ainda está em pé? - O Bill me perguntou.

– Taí uma excelente pergunta... - Respondi. Quando chegamos até o salão onde estavam servindo uma espécie de brunch, percebi que o Tom já não estava mais do nosso lado. O Bill também e, quando vimos o Tom... Ele estava jogando a maior conversa mole para cima de uma das modelos. Nos sentamos à uma mesa em um canto mais reservado do salão e, logo, duas senhoras vieram conversar conosco. As duas eram irmãs, muito simpáticas e, para azar do Bill, só sabiam falar italiano. Uma delas, que se chamava Maria, me perguntou, quando o Bill foi pegar mais comida para ele:

– Ele é o seu namorado?

– Não... Somos amigos. - Respondi. - Eu fiz algumas fotos para promover a linha de roupas que ele desenhou... Só isso.

– Olha, se você quiser saber a minha opinião - A outra senhora, que se chamava Giovanna, falou. - eu acho que ele não quer ser só seu amigo. O marido da Maria olhava assim para ela, um pouco antes de os dois começarem a namorar. Estão juntos até hoje, quase sessenta anos...

– Nossa! - Respondi. - Meus parabéns pelo casamento duradouro...

– Obrigada. - A Maria respondeu, sorrindo. - Mas, eu concordo com a Giovanna. Vocês dois ficam tão bonitinhos juntos... E ele é um belo rapaz. Se eu fosse você, aproveitava a primeira oportunidade que aparecesse...

– Mas como têm tanta certeza que ele realmente gosta de mim? - Perguntei, testando-as. Eu já tinha percebido que o Bill me dava umas olhadas, vez ou outra.

– Ele te olha daquele jeito apaixonado. E você é uma menina linda! - A Maria respondeu.

– Se ele não namorar com você, é um... Como é que vocês dizem? - A Giovanna disse, tentando lembrar-se de alguma coisa.

– O quê? - Eu e a Maria respondemos, juntas.

– Um... Não é traseirudo... - A Giovanna disse.

– Um bundão? - Me arrisquei.

– Exatamente! Se ele não namorar com você, é um bundão, apesar de quase não ter um traseiro. - A Giovanna reclamou. Eu caí na risada quando ouvi isso. Ela protestou: - Mas eu não estou falando a verdade? Olha ali! Nem dá para notar!

Eu tive que olhar. Pior é que, como sempre, ele se virou exatamente na hora que eu estava olhando para a bunda dele. Quando ele percebeu para onde eu estava olhando, ele deu um sorriso, daqueles mais marotos e eu me encolhi um pouco na cadeira. Xinguei a Giovanna:

– Está vendo o que aconteceu? Fui seguir seu conselho...

– Ah, mas, olhar não tira pedaço... - Ela respondeu. O Bill veio se sentar à mesa, tendo só a Maria entre eu e ele, e perguntou, sorrindo:

– O que vocês tanto fofocam?

– Coisas de mulher. - A Giovanna respondeu, em alemão. - E estávamos dando uns conselhos para a Maia.

– Vocês falam alemão? - Perguntei para a Maria.

– Não. Só a Giovanna. - A Maria respondeu. De repente, a Giovanna acenou para alguém e, quando percebi, dois senhores estavam entrando no salão. Logo, fomos apresentados aos maridos das duas e, quando elas saíram da mesa, eu fiquei encarando as migalhas do bolo que estavam no prato. O Bill me perguntou:

– O que elas te disseram?

– Ah... Acharam que nós dois éramos namorados... - Respondi, ainda encarando as migalhas; Eu estava dando uns cutucões nas migalhas com a ponta do garfo. Qualquer coisa para não olhar para ele. Eu estava com vergonha depois do flagra que ele me deu.

– Ah... - Ele respondeu, enfiando a última garfada de bolo na boca dele. - Quer dar uma volta? Eu não estou agüentando mais ficar aqui dentro...

– Tudo bem. - Respondi, me levantando da cadeira. Fomos andando até um parque que tinha ali perto e, como acontecia muito nos últimos dias, em silêncio absoluto. Como silêncio é uma palavra que não existe no meu vocabulário, então, tratei de acabar com aquela quietude dele, perguntei:

– No Brasil, a gente costuma dizer uma coisa, para quem está tão quieto quanto você...

Funcionou, porque ele me olhou. Porém, não disse nada. Suspirando impaciente, respondi:

– O gato comeu sua língua?

Ele sorriu e perguntei:

– OK... Você fez voto de silêncio ou alguma coisa do gênero?

– Por quê?

– Olha! Você ainda fala! - Eu disse, brincando. - Você reparou que sou só eu quem está falando? Desde que saímos lá do desfile, você não falou nada.

– Eu estava pensando... - Ele respondeu. Eu sentia que deveria ter medo desses pensamentos dele...

Postado por: Grasiele

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