terça-feira, 22 de maio de 2012

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 20 - "Eu... preciso te contar uma coisa."

Narrado por Maia

Dois meses tinham se passado e eu estava me saindo uma excelente dona-de-casa. Bom, pelo menos era o que todo mundo dizia. E, por mais que reclamasse, o Bill me ajudava. Porque eu o obrigava, senão... A casa estaria uma bagunça. Na hora que eu percebia, ele estava ou sentado no sofá, ou então, fazendo bagunça, tipo... Pegando alguma coisa e não colocando no lugar...

E, num dia de faxina, das bravas, que eu tinha colocado o Bill para lavar a louça (Que ele estava reclamando mais que lavadeira), e eu fui ver se ele estava fazendo o serviço direito. Num tom falsamente irritado, ele me falou:

– Se era para me fazer de escravo, devia ter arrumado uma chibata. Ô sinhá... Judia d'eu não...
– Ele falou, em português e engrossando a voz. Eu comecei a rir. Eu tinha contado, mais ou menos, como era a vida dos escravos no Brasil.

– Se eu usasse uma chibata nesse seu lombinho... Você ia estar perdido! Ainda mais que aí quase não tem carne... O seu osso ia dar uns estalos bons quando a chibata encostasse aí...

Ele se encolheu. Enquanto lavava um dos copos, ele me perguntou:

– Quer que eu faça o almoço hoje?

– Ah... Pode ser. O que você estava pensando em fazer?

– Eu estava pensando naquele prato que sua avó fez... Foi na primeira vez que a gente foi lá.

– Feijão tropeiro?

– É. - Ele respondeu. - Sua avó me deu a receita e eu acho que não deve ser tão complicado.

Não consegui conter o sorriso.

– O que foi?

– Feijão tropeiro não é fácil de fazer... É meio complicado demais. Até a minha avó reclama um pouco toda vez que inventa de fazê-lo...

– Bom... Se não ficar bom... A gente pede uma pizza. - Ele falou, dando de ombros.

– Tudo bem. - Respondi. Terminei de arrumar algumas coisas e, quando ele foi se meter a cozinhar, eu avisei que ia tomar banho. Depois de fechar a porta do banheiro, comecei a tirar a minha roupa e, de repente, vi o meu reflexo no espelho. Eu não tinha percebido, mas, meu corpo estava diferente. As minhas curvas estavam ficando mais definidas, além dos meus seios, que pareciam maiores. Me virei de lado e percebi que a minha barriga estava ligeiramente maior. De repente, me ocorreu uma coisa. Percebendo que eu estava me olhando no espelho por tempo demais, me enfiei debaixo do chuveiro e tomei um banho rápido. Quando saí, usando um vestido de algodão, de alças, com estampas cor-de-rosa, fui até a cozinha, onde eu tinha colocado um calendário e, tirando a folhinha da parede, a virei e vi a data da minha última menstruação. O Bill me olhou, desconfiado e perguntou:

– O que foi?

– Nada... Estava só... Olhando uma coisa. - Respondi.

– Que coisa?

Exatamente na hora que eu ia responder, ouvi o telefone tocando. Suspirei, aliviada e o Bill, que estava perto do telefone, estendeu o braço e tirou o fone do gancho. Ele atendeu e disse:

– Oi! Tudo bem?

Houve a resposta e eu o ajudei, cortando a lingüiça em rodelas. Ele respondeu:

– Ah... Foi tranqüilo.

Pausa.

– Está aqui sim. Quer falar com ela?

Mais uma pausa, só que o Bill me entregou o telefone, sem me dizer quem era. Assim que eu disse "alô", ouvi a voz da Charlie, animada do outro lado da linha. Fui até o meu quarto e, fechando a porta depois que eu passei, falei com a Charlie:

– Eu preciso de um favor seu, Char...

Narrado por Bill

Fazia um mês, mais ou menos, que a Maia andava meio estranha. Pontualmente às onze da noite, ela sentia um sono daquele tipo que você tem que ir dormir imediatamente, senão acaba desmaiando mesmo. Além disso, ela estava com o olfato dez vezes mais aguçado que o normal. Teve um dia que o Tom veio aqui e, como ela estava no banho, não sabia que era ele. O elevador nem tinha chegado no nosso andar e, antes mesmo da Maia chegar na porta, percebeu quem era pelo cheiro dele. Ah! Outra coisa que estava estranha na Maia: As oscilações de humor. Numa hora, ela estava super feliz. No instante seguinte, estava triste ou então, irritada. Eu estava desconfiado de que ela estava grávida, mas, ela teimava em não querer ir no médico e nem me contar o que estava acontecendo. Eu sabia que ela anotava o dia que ela ficava menstruada atrás do calendário. E, assim que ela foi falar com a Charlie, esperei até que ela fechasse a porta do quarto, para ir ver uma coisa. Tinha dois meses desde a última vez que ela tinha ficado "naqueles dias", como ela mesma dizia. Percebendo que ela estava vindo, recoloquei o calendário no lugar e voltei para a frente do fogão. Eu perguntei, como quem não quer nada:

– E aí? O que a Charlie queria?

– Ah... Saber como a gente estava, se a viagem foi tranqüila...

– Você vai sair com ela hoje?

– Vou. Tem um bom tempo que eu não a vejo... - Ela respondeu, colocando os braços ao redor da minha cintura e beijando o meu ombro. Perguntei para ela:

– Será que está bom assim?

Ela espichou o pescoço na direção da panela e falou:

– Está.

Ela pegou uma colher em uma das gavetas e pegou um pouco do feijão tropeiro da panela. Depois de engolir, disse:

– Falta só um pouquinho mais de sal.

Ela pegou uma pitada no saleiro e mexeu os dedos num movimento circular, despejando o sal sobre o feijão. Depois, ela experimentou de novo, como da outra vez, colocando o feijão sobre a palma da mão. Respondeu, pegando outro bocado de feijão e colocando na minha mão:

– Experimenta e me diz o que você acha.

Depois de mastigar e engolir o feijão, eu falei:

– Está muito bom. Igual ao da sua avó...

Ela sorriu e avisou que ia pôr a mesa. Almoçamos e, logo depois, a Maia foi se arrumar para ir encontrar com a Charlie. Aproveitei que ia levá-la até a casa da amiga e, como o Tom ia estar lá, queria conversar com ele.

No final da tarde, quando eu fui buscar a Maia na casa da Charlie, depois de vir da casa da minha mãe, ela contou um pouco do que tinha feito e, logo depois que eu tranquei a porta, ela me falou:

– Eu... Preciso te contar uma coisa.

Enquanto eu tirava o meu casaco e o colocava sobre o sofá, olhei para ela. Bastou que ela colocasse as mãos sobre a barriga para que eu entendesse tudo. Fui correndo até ela e eu não sabia direito o que fazer: Se a abraçava, se a beijava, se ria, se chorava...

– Eu... Estava planejando te levar para jantar fora na quinta-feira, mas... Acho que agora é uma boa oportunidade... - Eu disse.

Ela me olhou, sem entender e eu me ajoelhei na frente dela. Peguei uma caixinha que estava guardando há algumas semanas, desde que eu me decidi arriscar, e perguntei, segurando a mão dela, e a caixinha aberta com a outra:

– Maia... Quer se casar comigo?

A Maia começou a chorar e me fazendo ficar de pé, disse:

– Desculpa... Essas alterações de humor acabam comigo.

Eu sorri, passando a mão sobre o rosto dela e secando as lágrimas, e ela, sorrindo, pôs os braços ao redor do meu pescoço e, antes de me beijar, respondeu:

– Eu aceito, Bill.

Postado por: Grasiele

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