terça-feira, 22 de maio de 2012

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 11 - Brother & Sister

Narrado por Maia

Devia ser por volta de nove e meia quando eu acordei, com gritos. Achei que estivesse acontecendo alguma coisa parecida com os ataques terroristas no Afeganistão. O Bill estava com o braço ao redor da minha cintura, ainda dormindo, quando, de repente, ouvi a voz da Charlie no meio da confusão. Bati no braço do Bill de leve, para acordá-lo e, quando ele resmungou, falei:

– Você está ouvindo a confusão que está lá fora?

– Não deve ser nada...

– Bill... E se for um ataque terrorista? Ai, meu Deus! Morrer por causa de explosão de bombas não está nos meus planos! - Eu falei, surtando já.

– Maia... Não é ataque coisa nenhuma... Sossega... - Ele falou.

– Eu vou lá olhar... - Respondi, afastando os lençóis, porém, o Bill me impediu, segurando minha cintura; Ele era magricela, mas, tinha uma força...

– Fica aqui. - Ele respondeu. Olhei para ele e, perguntei, desconfiada:

– Você, que conhece o Tom melhor do que ninguém... Me responde se tem um dedo dele nessa história?

– Um dedo só não... As mãos, os braços, as pernas... A boca e...

– OK. Já entendi. - Respondi, interrompendo-o. Esse era um pequeno detalhe que ele tinha em comum com o Tom que eu não gostava tanto: A perversão. Normalmente, o Bill era um doce. Mas, sempre que tinha chance... Via malícia.
Fiquei encarando o teto por alguns instantes até ouvir outro grito da Charlie. Pensei em voz alta: - Precisa desse escândalo todo?

– Você que não conhece meu irmão...

– Ainda bem! - Respondi. - E graças a Deus que ele tem um pouco de respeito por mim...

Ele sorriu de um jeito malicioso e eu perguntei:

– Espera aí... O que é que o Tom já aprontou cima de mim que eu não estou sabendo?

Ele ficou sem jeito de contar e, logo, ameacei:

– Se você não me falar, juro que eu te faço gritar mais que a Charlie. Só que não vai ser pelas mesmas razões que ela...

Por uma fração de segundo, a expressão dele foi de perversão. Mas, depois, ele admitiu, com cara de culpa:

– Lembra de quando a gente se conheceu que eu fui com ele até a boate que você trabalhava?

– Lembro. Inclusive, lembro de um detalhe que... Preferia ter esquecido.

– Que detalhe?

– Se lembra que, logo depois de se ajoelhar na minha frente e implorar para que eu fizesse as fotos da sua linha de roupas, você me deu o endereço de onde elas seriam feitas?

– Lembro. Anotei em um guardanapo de papel... O que tem?

– Como eu estava sem bolsos naquela hora, inventei de guardar o guardanapo dentro do meu sutiã. Achei que ninguém estava me dando atenção, porém, quando levantei a cabeça... Adivinha quem é que estava me olhando e sorrindo de um jeito malicioso?

– Tom.

– Exatamente. Não fiz isso para provocá-lo, que fique claro. Era o único lugar que eu poderia guardar o papel naquela hora. Se eu fosse colocar na minha bolsa e a gerente descobrisse... Não estava aqui e agora.

– Tudo bem. Além do mais... Eu percebi que sou o único que ganho suas olhadas mais... Safadas.

– É mesmo. E ai de você se ficar convencido por isso. - Falei, dando um cutucão nas costelas dele, que se encolheu um pouco. - Mas... Você não me respondeu se o Tom já falou alguma coisa de mim...

– Ele já falou sim. Foi logo depois que a gente saiu da boate. Ele falou que, se eu já não estivesse interessado em você... Na primeira oportunidade, ele ia... “Atacar”.

– Sabia que tem hora que eu não acredito que vocês dois são gêmeos? - Perguntei, boquiaberta com a revelação que ele tinha acabado de me fazer.

– Sabia, porque tem hora que eu também tenho esse mesmo pensamento. - Ele admitiu.

Mais um grito da Charlie e eu falei:

– Vem cá... Seu irmão não está torturando a Charlie e fazendo a gente pensar que eles estão... Não é?

– Não. - Ele respondeu, rindo. - O Tom é louco pela Charlie. Duvido que ele ia tentar fazer algum mal à ela, por mais puto que estivesse... Que nem ontem...

– É... Ela abusou da paciência dele, dando aquele mole para o Amen. - Falei. - Agora, mudando um pouco de assunto... Se não for pedir demais... Nós vamos para a Índia, ainda hoje, está lembrado?

– E daí?

– Daí que eu tenho que me arrumar. Vai que eu chego em Nova Delhi parecendo uma mendiga? No mínimo, os indianos vão me jogar no fundo do Ganges!

– Exagerada... - Ele falou, no mesmo tom que eu usava quando falava com a minha mãe, em português, estendendo o primeiro "a" e fazendo essa letra mais aguda.

– Bill... - Falei, me virando para ele. - Por gentileza... Será que eu posso ir até o toalete, me arrumar para irmos viajar, do contrário, sairemos daqui só amanhã, no mínimo?

– Me dá um beijo que eu te libero. - Ele pediu. Atendi ao pedido dele e, fui me arrumar. Quando chegamos à recepção, o gerente segurava o Tom pelo cangote e falava algumas coisas em árabe. Pelo tom de voz, o gerente estava fulo a ponto de dar umas chibatadas no Tom, só para este se comportar.

– Algum problema? - O Bill quis saber.

– Sim! - O homem respondeu, bravo. - Este... - Nesta hora, o gerente xingou o Tom. - transformou este hotel em um... - Ele disse mais alguma coisa em árabe e, pelo o que eu entendi, era algo como um bordel ou motel.

O Bill deu aquela olhada para o Tom, que se encolheu mais ainda e perguntou para o gerente se eles poderiam conversar por um tempinho. Ficamos sentados em algumas poltronas na recepção do hotel e, como eu estava do lado do Tom, perguntei:

– O que é que você fez com a Charlie para ela ficar tão... Escandalosa?

– Nada. A culpa não é minha que ela nasceu assim... Dotada de um grito potente...

– É... - Eu respondi. - Então vocês finalmente se entenderam?

– Pode-se dizer que sim. - Ele respondeu, dando uma olhada na direção dela, que conversava com a Roxy e a Jade.

– Fico feliz por vocês... - Respondi, pondo a minha mão sobre o ombro dele. Ele me deu um sorriso e perguntou:

– E você e o Bill? Quando é que vão seguir o caminho do Georg e da Roxy?

– É meio cedo demais para pensar nisso, você não acha?

– Não... Para falar a verdade, o Georg e a Roxy foram bem mais apressados do que você... Tanto que ela está grávida...

– É... Mas os casos são diferentes...

– Eu sei. - Ele respondeu. - Ainda bem que o Bill te achou...

– Na realidade... Fui eu quem achei ele.

Ele sorriu e contou:

– Você precisava ver a animação dele quando me contou que você bateu a porta e ainda deu um banho de café nele... Engraçado que nessa hora, eu tive certeza que, se ele estava daquele jeito por ter tomado uma portada e um banho... É porque a garota realmente valia a pena.

Eu sorri, sem graça.

– E eu sei que ele vai me matar porque eu estou te contando isso, mas... A gente quer que você venha passar o Natal com a gente na Alemanha.

– Ah... Eu vou ter um bocado de trabalho para convencer minha família...

– Se quiser... A gente dá um jeito dos seus pais virem. O Bill me falou que você tem uma irmã...

– Tenho. E, recentemente, descobri que ela está namorando... E, ao que tudo indica... Ela está que nem a Roxy. Tirando a parte do casamento e da gravidez.

Ele riu e, me abraçando, disse:

– Eu gosto muito de você, sabia, né?

– Eu sei. - Falei. - E eu também gosto muito de você.

Era engraçado, porque eu realmente sentia que podia confiar no Tom, como um irmão mesmo...

Postado por: Grasiele

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivos do Blog