terça-feira, 22 de maio de 2012

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 15 - Decisões e mudanças

 Narrado por Charlie

Eu e a Maia ficamos mais próximas por várias razões. Mas, a principal delas era que seríamos cunhadas, caso ela se casasse com o Bill e/ou eu me casasse com o Tom. Os meninos entraram em estúdio e as gravações do CD novo do Tokio Hotel começaram. Eu e a Maia passávamos os dias trancafiadas no estúdio, às vezes, compondo algumas músicas, de diversão mesmo. E, em um dia que estávamos em uma outra sala, eu estava tocando a guitarra enquanto a Maia estava sentada ao piano que tinha lá, fazendo alguns experimentos. Ela estava escrevendo a letra de uma música, de brincadeira, e, quando ela terminou um trecho, eu pedi:

– Canta esse trecho, por favor.

– OK.

Eu comecei a contar até quatro, para marcar o tempo e a Maia começou:

"Eu quero sair daqui agora
Quero que me leve embora
Não agüento mais essas garotas idiotas
Hoje, só tem uma coisa que me importa
E somos nós dois...
"

A Maia, para deixar a coisa mais... Zuada, imitou a voz da Britney Spears, que ela não suportava e, quando ela terminou de cantar a palavra "dois", ainda fez um "yeah" parecido com aquele do começo de uma música do Backstreet Boys (Não sei como chama. Só lembro que o clipe é aquele do aeroporto. Acho que é "I want it that way".). Eu ri ainda mais quando a porta da sala se abriu, a Maia se virou para ver quem tinha entrado e, aos poucos, ficou da cor de uma beterraba. O Bill comentou:

– Eu não conhecia esse seu lado... Britney.

– Pois é... - Ela respondeu, na maior cara-de-pau. - À noite, quando você acha que eu estou lá em casa, sozinha... Me visto como uma drag-queen e faço shows com o nome artístico de "Maiane Star".

Eu tentei imaginar a cena da Maia cantando sobre um palco, usando uma peruca enorme, tipo aquelas que o povo usava na época de Maria Antonieta, só que rosa-choque, vestido todo brilhante e maquiagem bastante carregada, tipo a da Christina Aguilera no clipe de "Lady Marmalade". E, por isso, comecei a rir. A Maia me olhou, com expressão de medo e, só não se arrastou sobre o banquinho do piano, se afastando de mim, porque senão, ela caía de bunda no chão.

– Desculpa. Só que eu te imaginei como "Maiane Star". - Esclareci.

– Por favor, me fala que eu fiquei bonita, pelo menos. - Ela pediu.

– Ficou estranha. - Respondi.

– Vocês duas são doidas... - O Bill respondeu. Nós duas olhamos para ele e a Maia disse:

– Estamos namorando há quase um ano. Já era para você saber que eu não sou 100% normal, como você imagina. Ainda mais quando eu estou com as minhas amigas... Lembra da viagem...

– É, pois é. - Ele respondeu, coçando a cabeça. Olhei para a Maia e me lembrei da loucura que cometemos em Amsterdã: Eu, a Maia, a Roxy e a Jade, do nada, conseguimos um som e, ainda, um CD com a trilha de Moulin Rouge. Como estávamos "caindo de bêbadas", óbvio que começamos a fazer um cover de Lady Marmalade, com a coreografia fiel à do clipe e, como estávamos no meio da rua, começou a juntar aquele bando de gente ao nosso redor. Pior é que a idéia foi das três malucas que são minhas amigas. Eu entrei de gaiato nessa história. O que ninguém sabia era que estávamos sóbrias. Estávamos fingindo estar bêbadas, justamente para ninguém nos encher o saco. Engano nosso... Chegamos no hotel e cada um dos meninos teve uma reação diferente. O Georg estava fulo com a Roxy. O Gustav não falou nada com a Jade. Só a ignorou. O Bill passou uma senhora descompostura na Maia e o Tom... É safado até você dizer chega e, para piorar ainda mais a minha situação, ainda fez o seguinte comentário infeliz:

– Você devia ter feito um strip-tease... Eu, pelo menos, ia adorar.

Preciso mesmo dizer que, depois disso, ele apanhou e, como desgraça pouca é bobagem, o filho da mãe ainda teve a cara-de-pau de dizer:

– Bate mais que eu acabei de virar masoquista!

E só de raiva, dei um beliscão nele. O braço ficou roxo e foi bom, porque ele se comportou um pouco nos dias que se seguiram.

– O que vocês estão fazendo, afinal de contas? - O Bill quis saber.

– Escrevendo algumas músicas, só de zueira. - A Maia respondeu, quando ele pôs um banquinho ao lado dela. Ele deu uma olhada nas folhas e, à medida que ia lendo, um sorriso ia aparecendo no rosto dele. A Maia perguntou:

– Sabia que você está me assustando?

– Por quê? - Ele perguntou, sem desviar o olhar para ela.

– Seu sorriso está ficando meio... Insano. - Ela respondeu.

– Desculpa. - Ele falou, dando um sorriso mais normal. - Adorei essa daqui.

Era a música que a gente estava tocando quando ele entrou ali.

– Só que eu acho que ela ficaria melhor se você cantasse no seu tom de voz normal. - Ele disse para a Maia.

– Você entendeu que a gente está escrevendo essa música de zueira?

– Entendi. Só que eu acho que vocês podiam gravá-la. A letra é ótima. Já têm o arranjo?

Nos entreolhamos e concordei com a cabeça. A Maia me fuzilava com o olhar. Eu falei:

– Maia... Vamos tentar, por favor?

Suspirando, ela acabou concordando e, depois da minha contagem, ela começou a cantar e, logo em seguida, eu a acompanhei. Ela só parou de cantar naquele trecho que a gente parou. O Bill nos olhava e ele perguntou:

– E se o ritmo fosse um pouco mais rápido?

Tentamos e, realmente ficou mais legal. Ele nos ajudou a terminar a música e, naquela noite mesmo, aproveitamos que a Maia tinha comprado um teclado e estava tendo aulas, e continuamos a fazer o arranjo. Improvisado, mas, ainda sim, o fizemos. A Jade quis nos ajudar, com a bateria e, fizemos uma proposta, tanto para ela quanto para a Roxy. As duas nos ajudaram com as músicas, os arranjos e tudo mais, e, não demorou para nós gravarmos nosso CD também. A Roxy e a Jade iam voltar para a banda, mesmo com as pimpolhas, e até elas terem, pelo menos três anos, iam ficar com as avós. Porém, a Roxy não ia agüentar ficar longe da Estela e, a Jade dava indícios que não ia conseguir ficar longe da Julia, que, nem bem tinha nascido e já estava causando aquela comoção. Sinceramente? Essas crianças (E a que estavam por vir ainda.) iam ser as mais mimadas da face da Terra! Sério. Com um bando de "tios" e "tias" babando em cima delas... Era o mínimo que podia acontecer. Mas a Jade prometeu que ia ficar na banda até, pelo menos duas semanas antes da Julia nascer e, depois que ela estivesse recuperada, voltaria para a banda.

Em um dia que eu estava conversando com a Maia na varanda do nosso apartamento e olhando o sol se pôr, ela me perguntou:

– Eu estava pensando em uma coisa...

– No quê? - Perguntei, pegando uma quantidade boa de pipocas da bacia na mesinha à nossa frente.

– Como será a nossa vida daqui a uns... Dez anos?

– Por que você está pensando nisso?

– Sei lá. Só... Estava tentando imaginar... Será que a gente ainda vai estar com a banda, se eu ainda vou estar morando aqui na Alemanha... Se eu ainda vou estar namorando o Bill...

– Ou casada com ele, com uma penca de filhos... E, conhecendo o Bill... Vai ser um filho por ano.

– Nossa senhora! - Ela falou e eu comecei a rir.

– Estou falando sério. - Respondi. - Se eu parar para pensar como as nossas vidas vão estar em uma década... Acho que a Roxy vai ter mais dois filhos, a Jade vai ter só a Julia. No máximo, um menininho também. Você e o Bill vão estar casados, com uns cinco filhos e eu e o Tom... Vamos estar noivos, eu correndo atrás dele para poder marcar a data do casamento e ele, só se esquivando.

Ela sorriu e me disse:

– Se eu fosse você... Mudaria essa linha de pensamento. Você que não percebeu, mas, durante a viagem, o Tom não parou de te olhar um minuto sequer. O único problema dele é que...

– Ele é um safado, cachorro, mulherengo que não consegue sossegar "aquilo"? É. É triste, porém, é a verdade.

– Eu diria só que ele é safado e mulherengo, mas... O que você disse, serve também...

Fiquei chateada, de repente. A Maia percebeu e perguntou:

– O que foi, Char?

– Eu amo o Tom. - Respondi, não conseguindo impedir as lágrimas que escorriam pela minha bochecha. - Só que... Sempre que eu o vejo ciscando para cima de alguma garota... Ele não percebe que isso me magoa. Mesmo que a gente esteja namorando, eu sei que ele não está sendo fiel.

A Maia me abraçou, numa tentativa desesperada de me consolar e, de repente, ouvi o meu celular tocando, no meu quarto. Me levantei e fui atender. Enxugando as lágrimas e tentando deixar a minha voz mais estável, ouvi o Tom perguntando do outro lado da linha:

– Eu já te disse que odeio te ver chorando?

– Como... ? - Eu disse, indo até a janela do meu quarto e tentando enxergá-lo em algum lugar. Mas, ele não apareceu.

– Esqueceu que dá para te ver da rua?

Olhei para o outro lado da rua e o vi, acenando para mim, com a mão que segurava o celular. A outra estava nas costas e parecia esconder alguma coisa. Quando ele encostou o telefone na orelha de novo, eu falei:

– Vou abrir para você...

Da sala, ouvi a Maia dizendo que ia na padaria. Eu estava terminando de me arrumar um pouco (Passando lápis de olho e um pouco de blush, para tentar disfarçar minha cara de choro.) quando senti que estava sendo observada e, quando me virei para a porta do banheiro, o Tom estava me olhando, encostado no batente, com uma das mãos ainda nas costas.

– Por que você estava chorando? - Ele quis saber.

– Saudade de casa. - Respondi. - A última vez que eu vi minha mãe e meu irmão foi na época do Natal. Todos os dias, falo com eles, mas não é a mesma coisa.

– Alguma coisa me diz que você não está falando a verdade...

– Então essa coisa está mentindo para você. - Eu disse, tentando disfarçar. Ele me olhou, enquanto eu terminava de passar o blush e minhas bochechas ficavam levemente coradas. Eu perguntei:

– O que foi?

– Você está linda. - Ele me respondeu. Pela primeira vez, não tinha qualquer sinal de malícia na voz dele. Pelo contrário. Consegui perceber que ele estava sendo sincero. Eu sorri, tímida pelo elogio que ele me fez e, depois de tampar o lápis e guardá-lo dentro do mini-gaveteiro que eu tinha, soltei meu cabelo (Que eu sabia que ele preferia assim) e, fui caminhando na direção dele. Quando parei de frente para ele, fiquei na ponta dos pés e dei um selinho demorado nele. Quando nos separamos, perguntei, colocando meus braços ao redor do pescoço dele:

– O que você está escondendo aí atrás?

– E quem te disse que eu estou escondendo alguma coisa?

Tentei pegar o que quer que fosse, só que ele curvou-se para trás e os nossos corpos ficaram ainda mais colados. Então, resolvi provocá-lo:

– Ah, é assim? Então tá... Enquanto você não me contar o que é... Não te beijo.

Eu ia na direção da minha cama, mas, ele segurou a minha mão, me impedindo de continuar andando. Me virei para olhá-lo e, surpresa, percebi que ele estava escondendo uma única rosa vermelha. Peguei a flor e ele me disse:

– Eu sei que você fica brava comigo quando eu dou mole para outras garotas, mas... Eu te amo.

Senti o ar sumindo dos meus pulmões. Ele sabia que eu queria que ele só me dissesse aquelas três palavras quando tivesse certeza absoluta do que realmente sentia por mim e que não estivesse sendo precipitado ou leviano. Fui até ele e o abracei. Senti os dedos dele deslizando pelos meus cabelos e, enquanto ouvia as batidas do coração dele, respondi:

– Eu também te amo, Tom.

Postado por: Grasiele

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivos do Blog