terça-feira, 22 de maio de 2012

Bonequinha De Luxo 2 - Capítulo 14 - Novos rumos

 Narrado por Maia

Eu e a Charlie ainda morávamos juntas (Tanto que éramos as únicas que restaram) e, com mais um bebê a caminho, o destino de The Sour Ladies era incerto. E era por isso que nós duas estávamos conversando a respeito do que iríamos fazer com a banda.  A Roxy nos proibiu de acabar e ainda disse que, se fosse preciso, ela e a Jade poderiam ser substituídas. Eu estava sentada em um dos bancos que tínhamos colocado na varanda, tipo aqueles de jardim, enquanto comíamos aquele panelão de brigadeiro. A Charlie disse, depois de um suspiro:

– E aí? Tem alguma idéia?

– Na realidade... Eu estava pensando em uma coisa sim. Desde que aquele fã maluco deu para a Roxy um cd do Epica, que isso não sai da minha cabeça.

– Espera aí. Quer dizer que...

– Eu estou querendo me aventurar nesse gênero? Claro. Com a Roxy e a Jade impossibilitadas de continuar... Por que não podemos nos arriscar, afinal... O que temos a perder?

– Me deixa pensar... Os fãs?

– E, se ao contrário de perder os fãs, a gente ganhar mais? Não parece, mas, se a gente procurar direito... Olha quantas pessoas são fãs de Iron Maiden!

– É, mas Iron Maiden é bem diferente de Epica. A começar pelo fato de que é um homem cantando. E não uma ruiva.

– E o Bruce Dickinson é mais velho e mais feio que a Simone Simons.

– É... Mas, consegue ter a voz tão aguda quanto ela... Imagina quando ele está com uma mulher... Ouvir o Bruce gemendo deve ser hilário...

– Charlie!

– O quê?

– Eu vou ter uma conversa séria com o Tom... Ele é uma péssima influência para você. Olha só no que você está falando... Em como o Bruce Dickinson, um senhor metaleiro de respeito, deve gemer na hora que está com uma mulher!

A Charlie caiu na risada e eu falei:

– Estou falando sério. Você está mais tarada desde que começou a namorar o Tom.

– Ah, e a culpa é minha que ele é gostoso e...

– OK, Charlie! Não quero saber detalhe da vida íntima de vocês dois, por favor! Não quero imaginar vocês dois juntos... Se lá no Egito foi aquele escândalo a ponto de quase chamarem a polícia para vocês dois, imagina aqui na Alemanha, que o povo não é tão conservador quanto lá?

Ela riu e perguntou:

– Posso... Só fazer um último comentário?

Respirei fundo e falei:

– Pode.

– A falta de recheio atrás, compensa o excesso de recheio na frente. Portanto... Nós duas estamos muito bem servidas, já que eles são gêmeos...

Joguei uma almofada na Charlie e ela ainda teve a cara-de-pau de falar:

– E estou falando mentira? Ou vai dizer que aquelas fotos que eu vi do Bill eram montagens?

– Chega desse assunto! - Falei corando tanto que até devia estar parecendo uma beterraba.

– Maia... Admite... - Ela disse, partindo para cima de mim e me torturando, fazendo cócegas. De repente, ouvimos o barulho de chaves e, no instante seguinte, o Tom apareceu e ficou olhando aquela cena. Ele, óbvio, tinha que fazer um comentário:

– Posso me juntar à vocês nessa esfregação?

– Tom, vai tomar banho! - Eu mandei. - E aproveita e carrega a Charlie com você!

– Olha que eu repito a dose do Egito, hein? - Ele falou, dando aquela senhora olhada tarada de sempre, enquanto brincava com o piercing dele.

– Tom! - Eu gritei. Estava começando a passar mal mesmo. Ele, facilmente, pegou a Charlie pela cintura e a tirou de cima de mim. Enquanto a abraçava, ele disse:

– O Bill me pediu para avisar que daqui a uma hora está passando aqui para te buscar e te levar para jantar fora.

– A que se deve o milagre? - Perguntei, estranhando. Normalmente, o "jantar fora" do Bill era sinônimo de vir jantar aqui em casa ou na casa dele.

– Eu que vou saber?

– E não são vocês dois que sempre ficam falando que um consegue saber o que o outro está pensando, só de se olharem?

– É. Mas, diz ele que queria variar um pouco.

– Sair da rota "minha casa - sua casa".

Ele sorriu e eu decidi ir me arrumar.

Narrado por Charlie

Perguntei para o Tom, com a cabeça encostada no peito dele e sumindo entre os braços dele (É... Apesar dos pesares, praticamente trinta centímetros de diferença fazem diferença sim!):

– O que o Bill está aprontando?

– Você sabe guardar segredo? - Ele me perguntou.

– Sei.

– Pois é. Eu também.

– Chato! - Respondi, rindo e batendo no peito dele.

– E aí? Quer ir ver a nossa afilhada? Liguei para o Georg antes de vir para cá e ele falou que era para a gente ir ver a Estela.

– Ah... Tudo bem. - Respondi. - Vou... Só trocar de roupa e já venho, pode ser?

– Quer ajuda? - Ele perguntou, com aquela cara de tarado que eu amava.

– Quero sim, mas... Depois, para tirar a roupa. - Respondi, sussurrando no ouvido dele e, depois, dando uma mordida de leve no lóbulo da orelha. No mesmo instante, senti a "animação" dele por causa desse meu pedido.

Pouco tempo depois, eu estava na casa da Roxy e do Georg, segurando a Estela, que já estava enorme e a cada dia mais linda, e a Roxy nos observava. Ela perguntou:

– E aí? O que você e a Maia decidiram sobre a banda?

– O que a gente não decidiu, você quer dizer, não é?

– Vocês sabem qual é a minha opinião a respeito disso, não é? Por mim, vocês só não podem acabar com o The Sour Ladies.

– Eu sei. Mas... Não vai ser a mesma coisa sem você e a Jade... A Maia também está triste porque vocês duas vão sair.

– Do jeito que vocês duas estão, até parece que a gente vai para um campo de concentração e nunca mais vai voltar...

– E não é? Tirando a parte do campo de concentração.

– É mas, mesmo assim... A banda vai acabar só porque duas das integrantes tiveram filho? Que idéia mais idiota! Se fosse assim, não teria mais banda nenhuma!

– É, eu sei... Ah... Eu queria te perguntar uma coisa, falando em banda. E como você vai fazer quando o Georg tiver de sair em turnê?

– Estávamos discutindo isso ontem. Eu vou ter de ficar em casa, cuidando da Estela. - A Roxy respondeu. - É o único jeito...

– Pior é que nem dava para me oferecer para te fazer companhia, porque, provavelmente, eu e a Maia devemos continuar com a banda e sair em turnê. O jeito é você e a Jade darem as mãos e cuidarem dessa fofura e do bebê dela.

A Estela riu para mim, quando eu a chamei de fofura. Ela tinha os olhos exatamente da cor dos olhos do Georg. Porém, fisicamente, estava parecida com a Roxy. Os cabelos estavam numa cor de acaju e estavam crescendo lisos. O Georg dava graças a Deus por isso. A Estela, de um modo geral, era a coisa mais... Gostosa que eu já vi: Era gorduchinha, cheia de dobras para todos os lados (Pulsos e tornozelos estão incluídos nessa lista) e, quando ela sorria, era o mesmo sorriso torto do Georg. Em resumo: Era uma princesinha mesmo. E isso sem falar que ela estava sendo mimada de um tanto... Também, com os pais e três avós babões, além de seis "tios" e "tias" que paparicavam a Estela praticamente o dia inteiro...

Quando o Tom e o Georg entraram no quarto da Estela, esta ficou inquieta e se inclinou na direção do pai. Ele esticou os braços na direção dela e a pegou no colo. O Tom se sentou do meu lado e, quando viu o Georg brincando com a filha, comentou:

– Quem diria... Georg todo babão por uma garota que é careca, gorducha e com dois dentes...

– Vem não que você também fica babando pela Estela que eu já vi. - Respondi. A Roxy ficava olhando para o Georg e a Estela com um brilho no olhar... Era tão bom ver minha amiga feliz daquele jeito...

Quando o Tom pegou a Estela no colo, enquanto o Georg foi atender ao telefone e a Roxy foi pegar a mamadeira dela, ele ficou brincando com a bebezinha. Ele tampava os próprios olhos, com as mãos, e, quando os destampava, a Estela ficava eufórica. O Tom, ao ver a alegria dela, encheu a bochechinha dela de beijos e, eu escutei ele dizendo:

– Sabia que você é a minha gostosa preferida?

– E eu? - Perguntei, fingindo estar enciumada.

– Pode uma coisa dessa? Tia Charlie com ciúmes de você! - Ele falou, olhando para a Estela, que ria com as brincadeiras dele. - E outra coisa. - Ele se virou para mim. - Você só vai ter uma concorrente se a gente tiver uma filha... Sim, porque com um pai gostoso que nem eu e uma mãe linda que nem você... Vai ser a criança mais linda do mundo!

– Tom... Menos egocentrismo, sim? - Pedi. Ele riu e, quando foi fazer cócegas na Estela, perguntou:

– Que cheiro é esse?

Eu pedi à ele que me desse a Estela e, depois que eu fui olhar a fralda dela, falei:

– Adivinha?

– Ê Estela, caprichou dessa vez, hein? - O Tom falou, apertando a bochecha dela, de leve. A Roxy entrou no quarto e perguntou:

– Vai ter que trocar a fralda dela?

– Vai. - Eu respondi. - Posso...?

A Roxy me olhou, curiosa, mas, mesmo assim, deixou. Ela me ajudou, falando o que eu tinha que fazer e, percebi que o Tom estava me olhando. De repente, o celular dele tocou e, depois de nos deixar sozinhas por uns instantes, a Roxy comentou:

– Sabia que você leva jeito?

– É... Mas, filhos só daqui a alguns anos. - Respondi.

– É... Ainda mais que é o Tom, não é? - Ela perguntou e eu sorri fraco. A Roxy percebeu que tinha alguma coisa de errado e logo quis saber: - Tem alguma coisa acontecendo entre vocês?

–  Não... - Respondi. Era mentira. Desde a hora que ele falou da nossa suposta filha, que fiquei remoendo aquilo. Conhecendo bem o Tom, eu sabia que aquilo seria meio impossível de acontecer. Me lembrei de tudo o que tinha acontecido entre nós dois, desde o momento que nos conhecemos até a hora que ele falou de ter uma filha comigo. Nesse tempo todo, nosso relacionamento era feito um ioiô. Na semana, eram dois dias de paz e cinco dias de guerra, discutindo por alguma coisa. Logo que ele via que eu estava fula da vida, vinha me pedir desculpas e, como sempre, me dava um beijo extremamente irresistível e, como eu estava toda molenga e amava ele de verdade... Não conseguia ficar brava por muito tempo. E pior é que eu estava pressentindo que, na próxima briga que tivéssemos, não ia ter volta, como nas outras vezes...

Postado por: Grasiele

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