sábado, 21 de janeiro de 2012

The Nanny - Capítulo 3 - Anjinho da mamãe.

(Contado pela Kate)

           Você deve ser Brian O’Connell, acertei? – perguntei.

      O garoto parecia me fuzilar com os olhos. Eu sorria simpaticamente, e ele permanecia com sua expressão fechada. Achei que aquele não era o garoto certo, mas uma professora confirmou que era mesmo o Brian. E comecei a pensar que as coisas não seriam tão fáceis assim.

           - Sou Kate Braddock. Mas pode me chame apenas de Kate. – ele continuava mudo. – Você não conversa não? Já sei! Está com vergonha, não é? Ah, não precisa ter vergonha de mim não. Quero ser sua amiga, pode ser? Vamos, diga alguma coisa.
           - Odeio você! – disse ele, com raiva.
           - Como pode me odiar se nem me conhece?
           - Odeio você! – seu tom de voz passou de raiva para fúria. – Odeio você! – gritava sem parar.

      Me levantei rapidamente. Eu queria calar a boca do garoto com a minha mão. Mas havia muitas pessoas olhando o escândalo que ele estava fazendo. E se eu fizesse qualquer coisa, era bem capaz de chamarem a policia.

           - Ok, ok! Não precisa gritar! – tentei acalmá-lo. – Você me odeia, e acabou!

      O Brian se calou. E naquele momento pensei que as coisas iriam ficar bem melhores. Fiz meu papel de babá, e fui pegar sua mochila que estava no banco. Quando me virei, cadê o moleque? Me desesperei, e não sabia se largava a mochila ali e ia atrás dele, ou se a carregava comigo. Optei pela segunda opção. Como é que alguém de pernas tão curtas consegue correr tanto assim? Ele corria em direção ao parque, e na metade do caminho eu já estava ficando ofegante, e com vontade de pegar a primeira pedra que encontrasse no caminho para jogar na cabeça dele. Após passar alguns – torturantes – minutos, finalmente consegui alcançá-lo. Segurei firme em sua mão, e pra não correr o risco dele fugir novamente, chamei um táxi.

           - Me solta! – gritava ele. – Me solta, sua nojenta!

      Você vai ver a nojenta, quando eu escorregar a minha mão na sua bunda! Minha paciência estava chegando ao limite, e eu me controlava pra não o mandar calar a boca! O motorista ficava olhando pra gente pelo espelho do carro, e num momento ele perguntou:

           - É seu filho?
           - Se fosse o meu filho, eu já teria dado umas palmadas no bumbum para ficar quieto. – respondi, enquanto “lutava” com o menino que tentava me morder.

      Uma hora aquele monstrinho conseguiu me morder, e deixou a marca de seus dentes em meu braço. Deu vontade de mordê-lo também, confesso. Acho que cinco minutos depois chegamos ao apartamento. Foram os cinco minutos mais longos da minha vida, e minha vontade era desistir do emprego no mesmo instante. Abri a porta, ele entrou correndo e foi abraçar a mãe que estava sentada no sofá, lendo uma revista. Achei estranho quando ela o repreendeu, e disse para não fazer mais aquilo. Vi uma expressão triste aparecer no rosto do pequeno, que correu pro quarto.

           - Como foi seu primeiro dia como babá?
           - Foi... – péssimo! – Ótimo. – respondi sorrindo, e coloquei a mochila dele no sofá.
           - Ele é um anjinho, não é? Aposto que não deu trabalho algum.
           - Sim, ele é mesmo um anjo. – mentira! - Foi muito simpático comigo, e até viemos brincando durante o percurso.
           - É bom saber que se deram bem. – ela se levantou. – O que é isso em seu braço?
           - Ah, essa mancha roxa? – olhei pra mancha. – Não foi nada. Devo ter esbarrado em algum lugar.
           - Tome mais cuidado da próxima vez.
           - Pode deixar.
           - A Brenda lhe entregou a lista com as tarefas?
           - Sim.
           - Já pode começar a cumprir. – ela pegou sua bolsa. – Estou indo pra empresa encontrar o pai do Brian. Qualquer coisa é só me ligar.
           - Ok.

      Vale mesmo a pena cuidar de um monstrinho, por dois mil e quinhentos? Bem, no momento, tudo está valendo. Se esse moleque pensa que irei desistir fácil, está muito enganado!    

      Fui pro meu quarto e peguei a gigantesca lista. A primeira coisa a se fazer era dar um banho nele, e depois dar seu almoço. Sai dali, e fui até o quarto do Brian. Ele estava sentado no cantinho da parede atrás da porta. Senti um pouco de pena dele. Me sentei ao seu lado.

           - Está tudo bem? – perguntei, e ele ficou mudo. – Olha, está na hora de tomar banho.

–--

           - Volta aqui! – gritava enquanto corria atrás dele.

      O menino estava completamente pelado, e corria pela casa. Ele dava gargalhadas, e se divertia com toda a situação.

           - O que é isso? – pergunta Brenda, chegando a sala.
           - Por favor, você precisa me ajudar a pegá-lo. – disse, parando um pouco para recuperar o fôlego.

      A Brenda conseguiu pegá-lo, e só assim o levei até o banheiro. A banheira já estava cheia. Coloquei até uns brinquedinhos pra ver se conquistava o garoto, mas nada parecia adiantar. Foi só o tempo d’eu colocá-lo dentro da água, pra ele começar mais uma “sessão tortura à Kate”. Começou a jogar água em mim. Tentei desviar, mas era praticamente impossível. Quem entrasse ali naquele momento, imaginaria que eu também estava tomando banho.

      Saímos do banheiro, e eu estava ensopada. O coloquei sentado em cima da cama, enrolado numa toalha azul. Fui até seu closet pra escolher uma roupa. Retornei ao quarto, e somente a toalha se encontrava na cama.

           - Ah não. – disse, largando as roupas em cima da cama. – De novo não.

      A porta do quarto estava fechada, o que significava que ele ainda estava ali dentro. Comecei a procurar, e o encontrei debaixo da cama. O puxei pelos braços, tentando não machucá-lo de forma alguma. Após muito esforço, consegui colocar sua roupa. Penteei seu cabelo, e o levei até a cozinha para almoçar. Vi um bilhete da Brenda em cima do balcão.

           “Kate, tive que sair para fazer algumas compras. Mas o almoço do Brian já está preparado, e se encontra dentro da geladeira. É só você colar por um minuto e meio no microondas e servi-lo. Não esqueça de dar também o suco de uva, e um iogurte de morango. Quando for 15h00 em ponto, coloque-o para dormir, e feche as cortinas para que o quarto fique bem escuro, e deixe apenas o abajur ligado. Acorde-o uma hora e meia depois, e dê seu lanche. Se precisar de alguma coisa, é só me ligar.
Brenda.”

      Que tanta frescura. Mas enfim... Abri a geladeira e encontrei um recipiente de cor azul com uma etiqueta e o nome do Brian. Tirei a tampa, em seguida liguei o microondas e coloquei a comida pra esquentar. Por mais incrível que pareça, ele estava sentado quietinho em sua cadeirinha. Seus olhos estavam um pouco vermelhos, e parecia ter sono. Um minuto e meio depois...

           - Nossa. – fiz cara de nojo ao ver a comida. – É isso aqui que te obrigam a comer?

      Eu não fazia idéia do que era. Tinha um cheiro agradável, mas parecia ser vômito de cachorro. Coloquei o recipiente em cima da mesa, peguei uma colher, e o Brian começou a comer, sem fazer cara de nojo, ou qualquer coisa parecida. Ele parecia gostar daquilo. Mais uma vez a minha curiosidade falou mais alto, e resolvi experimentar. Quando coloquei aquilo em minha boca, uma vontade enorme de colocar para fora apareceu. E como fazer isso, sem que ele achasse ruim ou estranho? Tive que engolir tudo, e pra não sentir mais o gosto horrível, bebi bastante água. Lhe dei seu suco de uva, mas ele não quis o iogurte.

      Deixei a cozinha toda arrumada novamente, e fomos pra sala de televisão. Nos sentamos no sofá, e liguei num canal que estava passando desenho. Não era nem 15h00, e o Brian já estava dormindo. O peguei no colo e levei até seu quarto. Fechei as cortinas, e liguei o abajur. Antes de sair do quarto, olhei aquele rostinho, que parecia mesmo um anjinho quando estava dormindo. Voltei a sala, e aproveitei para ligar pra Laura.

           - E como vai o novo trabalho? – pergunta ela.
           - Achei que seria moleza. – me sentei no sofá. – Mas foi bem mais difícil do que eu pensava.
           - Não vai desistir, não é?
           - Claro que não! O dinheiro é alto demais pra recusar.
           - Afinal, com o quê está trabalhando, hein?
           - Sou babá.

      Ouvi uma gargalhada.

           - Fala sério?
           - Nunca falei tão sério em toda minha vida! – mudei o canal da televisão.
           - Você nunca gostou de crianças.
           - E acho que passarei a gostar menos ainda, depois de ficar um dia com esse daqui. O garoto é muito travesso. Não pára um minuto se quer.
           - Ah, não fale assim. Deve estar exagerando.
           - É porque não é você! Acredita que ele me mordeu?!
           - Daria qualquer coisa pra ver essa cena.
           - Estou com uma mancha roxa no braço. Vou ter que escondê-la com bastante maquiagem. – ela riu. – Mas conseguirei resistir firme.
           - E os patrões são bons?
           - Até agora só vi a patroa.

      Conversamos por algum tempo. Achei que a casa estava quieta demais, e resolvi ir até o quarto do Brian pra saber se estava tudo bem. Abri a porta, e ele continuava dormindo. Apesar de não gostar de crianças, muito menos dessa daqui, acho que acabei me acostumando com o barulho que ele fazia. Agora que a casa está quieta, sinto falta de alguma coisa. Mas espero que ele continue dormindo por muito, mas muito tempo, até eu me recuperar desse “trauma”, e ficar preparada para mais uma “aventura”.

Postado por: Grasiele

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