sábado, 23 de junho de 2012

Como (não) se apaixonar por Tom Kaulitz - Capítulo 12 - Marcos

Não sei se era o fato de minha cabeça estar a ponto de explodir, e ser pior que a bomba de Hiroshima, ou de eu estar dormindo na cama de Tom que me deixou no mínimo assustada. No mínimo. Eu levantei e percebi que estava com a camiseta dele, com mais um fato, eu estava sem sutiã e calcinha.

Levantei assustada, mas uma dor de cabeça me atingiu em cheio. Me desequilibrei e, por um ato de idiotice, caí no chão. Apenas senti uma mão arrebatar meu braço e me puxar para cima, dei de cara com um Tom de olheiras e risonho.

- Se divertiu muito, hein. – Ele sorriu.

- Me diz uma coisa – Falei assustando-me com minha voz extremamente rouca. Passei a mão pelos cabelos e fechei os olhos para ver se a dor passava. – A gente, por acaso...

- Não. – Ele interrompeu rindo. – Você não faz meu tipo, baixinha.

- Nem você, estúpido. – Larguei-me de seus braços e saí.

Entrei no quarto de Bill, e corri para o banheiro. Me olhei no espelho e constatei que minha cara está péssima. Tomei um banho e me vesti. Quando entrei no quarto, Bill estava apenas de calça em cima da cama escrevendo alguma coisa. Tentei sorrir antes de ele me olhar assustado e levantar-se num pulo, vindo em minha direção.

- Você está bem? – Perguntou me levanto até a cama.

- Hum, - Resmunguei antes de olhá-lo – acho que sim. Me lembre de nunca mais encostar um copo de bebida na boca.

- Uma bailarina bêbada. Essa é nova. – Ele murmurou – Desse jeito, a Dança Acadêmica de Londres não vai te aceitar.

Foi aquela frase. Aquela curta frase que me trouxe uma dor de cabeça intensa e me fez dar um grito tão alto, que Bill se assustou. Tom apareceu de supetão na porta igualmente assustado e, antes de falar qualquer coisa, eu corri escada abaixo em direção ao escritório.

- O que foi Bi? – Bill entrou no escritório assustado enquanto eu ligava o computador às pressas.

- Eu esqueci de dar a resposta ao pedido da diretora do coiso! – Disse apressada enquanto o computador iniciava.

- Coiso? – Tom riu enquanto mastigava algo.

- É, o bicho! – Eu rugi novamente entrando na caixa de e-mail.

- Ah, e isso explica tudo. – Tom riu novamente – Não é por menos que você é idiota.

- Dá um tempo, Don. – Disse ainda mais estressada.

- Don? – Tom caiu na gargalhada.

- Eu quis dizer Tom... Ah, você entendeu, seu estúpido. – Suspirei aliviada quando comecei a digitar alguma resposta.

- Esqueceu de responder à diretora da Academia de Dança? – Bill puxou uma cadeira e sentou-se ao meu lado.

- Sim. – Disse aliviada enviando a resposta.

- Nossa, - Tom riu. – para quem estava numa sala escura com Bill ontem, você está muito...

Não ouvi o restante da frase antes de me congelar por completo. A voz de Tom se ocultou quando ele saiu da sala e, provavelmente, foi para a cozinha. Eu lembrei de tudo e olhei para Bill, que mirava o chão.

- Você... – Eu comecei – cont...

- Não. – Ele falou arrogante, levantando-se e saindo da sala.

Por um segundo senti-me mal, mas seria melhor assim. Eu preferia não ter Bill como nada além de amigo e parente. Claro que o primeiro beijo ninguém esquece. Levantei-me e fui para a cozinha comer alguma coisa, qual não foi minha surpresa ao encontrar Tom jogado num banco bebendo o suco direto na caixa.

- Sabia que tem pessoas que bebem esse suco? – Disse fazendo-o rir e colocar a caixa de lado.

- Se quiser pode beber direto da minha boca. – Ficou me observando enquanto eu abria a geladeira e pegava a geleia.

- Eu realmente prefiro comer um sapo vivo. – Sorri passando a tal geleia no pão.

- Duvido. – Sorriu – Ah, é melhor tomar cuidado com o que fala.

- Ah é? – Mordi um pedaço do pão.

- É, principalmente depois de ontem. – Ele mordeu de leve o lábio inferior.

- Tom, você... Você disse que... – Eu engasguei com a geleia e olhei-o assustada.

- Você não lembra de nada?

- Não.

- Não?

- Não!

- Que pena, - Ele sorriu levantando-se – Foi muito divertido.

Eu lancei um olhar de desprezo e, quando voltei a por o pão na boca, ouvi a voz de Tom soar na porta.

- Principalmente quando tomamos banho juntos.

Fiquei estática. Como assim, a gente tomou banho juntos? Coloquei o pão em cima da bancada e sai da cozinha. Pra variar, Tom estava jogado no sofá vendo TV e quando me viu abriu um sorriso sacana.

- O que você disse? A gente tomou banho juntos? – Perguntei sentando ao seu lado.

- Cala a boca! Eu quero ver o jogo. – Respondeu sem ao menos me olhar.

Peguei o controle da sua mão e desliguei a televisão.

- Quem você pensa que é? – Perguntou, tomando o controle e ligando a TV de novo.

- Não é quem eu sou, é o que eu quero. E eu quero que você me explique o que você quis dizer com “principalmente quando tomamos banho juntos”? – Me levantei e parei frente a televisão.

- Hum, não quero responder. Então, sai da frente.

- Eu não vou sair até você me explicar. – Falei colocando as mãos na cintura.

- Sai da frente! – Ele disse rindo e tentando olhar a TV.

- Não! – Cruzei os braços. – Até você me esclarecer essa história!

- Se você não sair, eu vou te tirar daí. – Ele me olhou sério.

- Se atreva. – Murmurei e, no segundo seguinte Tom segurava meus braços, tentando me empurrar.

Eu também segurei nos dele para me equilibrar, mas me distrair um pouco porque os braços dele eram bem fortes e isso me deixou sem graça ao pegar nele. Tentei me equilibrar novamente e acabei tropeçando no tapete e, quando percebi, estava no chão com Tom em cima de mim. O rosto dele estava, propositalmente, bem próximo e as tranças dele tocavam de leve meu rosto. Vi que ele ia se aproximando mais e mais.

- Tô... – uma voz ecoou, olhei para a escada e Bill estava parado no topo. – ... atrapalhando alguma coisa.

Olhei de soslaio para Tom, e vi que ele sorria maliciosamente, e quando foi abrir a boca para falar algo, eu o empurrei com toda a força e sai correndo para a porta da frente. No momento em que abri a porta e pulei para fora, esbarrei em alguém e senti o impacto da minha cabeça no chão e a dor disso.

- Ai! – Foi o que consegui murmurar.

- Nossa, - Uma voz sedutoramente linda soou. – Me desc... Bi?

- Marcos! – Falei ao olhar a cabeça azul sorridente a minha frente. Como ele era lindo! – Me desculpa, derrubei todas as coisas da sua mochila!

Eu olhei ao redor e comecei a juntar as coisas, até que uma em especial chamou minha atenção. Sapatilhas de balé. Sim, sapatilhas masculinas de balé, então não podia ser de uma possível irmã dele, e pelo jeito que ele olhou pra mim quando as peguei, significava que não podia ser de um possível irmão dele.

- O que é isso? – Perguntei olhando-o e levantando as sapatilhas.

- Nada. – Ele disse rápido, se denunciando com o olhar.

- Como nada? – Levantei-me quando ele arrebatou as sapatilhas da minha mão. – Claro que isso é alguma coisa.

- Eu já ia jogar fora. – Ele levantou-se e limpou as calças. Enfiou o resto das coisas na mochila e pegou o skate.

- Jogar fora? Por quê?

- É que eu desisti da dança. – Disse fitando o chão de pedra.

- Hum, por quê?

- Bom, eu sou um garoto. – Olhei-o incrédula. Sério? Nem tinha percebido. Abri a boca para perguntar o porquê, mas fui interrompida por Marcos, que ria da minha cara. – Desculpa, me expressei mal. – Falou cessando o riso. – É que existe muito preconceito com garotos que dançam, principalmente quando eles dançam balé.

- E daí?

- E daí que eu não aguento mais.

- Não acho que você deva desistir por conta disso, não acho que você deva dar valor ao que essas pessoas falam. Afinal, o preconceito vem da ignorância. – Nossa, fui eu quem falou isso?

- É, você tem razão, desculpa...

- Se você gosta de dançar não desista. – Falei lembrando das palavras de Bill. – Eu quase desisti do meu sonho, mas um amigo me alertou. – Sorri e ele retribuiu o gesto.

- Garota, você tem toda razão. Obrigada. – Agradeceu abrindo um sorriso. Como ele era lindo!

Obrigada? Hum, acho que alguém precisa de umas aulinhas de gramática.

- Me desculpa. – Disse enfiando as coisas na mochila.

- Sem problemas. – Aquilo já estava me deixando sem graça. – Só uma coisa, não precisa se desculpar o tempo todo, ok?

- Desc... É... Ok. – Respondeu sem graça, me fazendo rir. – Posso fazer uma pergunta? – Assenti. – Por que você saiu de casa correndo?

Por um momento eu havia me esquecido do que tinha acontecido. Por um momento minha raiva havia sumido.

- Não sei. – Me olhou como se eu fosse louca. – É sério, poxa! Quer dizer... Eu estava morrendo de raiva do Tom, mas você me fez esquecer. – Corei ao perceber o que eu falei e Marcos apenas riu.

- Então você tá morando mesmo com eles? – Pergunto apontando a casa com a cabeça.

- Sim, mas não por muito tempo.

- Por quê? – Ele caminhou até uma árvore e sentou se sob ela, eu o acompanhei.

- Porque logo eu vou fazer dezoito e vou ter...

- Liberdade? – Me interrompeu sorrindo.

- Eu ia dizer a herança dos meus pais, mas isso também.

- Então... – Ele riu. – Como você sabia que eram sapatilhas de balé?

- Não foi muito difícil adivinhar. – Ele riu – Porque eu... Bom, também danço balé.

- Sério? – Surpreendeu-se.

- Ahm, sim. – Nós rimos. – Fui até chamada para a Academia de Londres.

- Tá brincando, né?

- Não. – Eu ri. – Por quê?

- Talvez porque essa é uma das melhores academias de dança? – Seus olhos brilhavam ao professar aquelas palavras. – É, só por isso.

- Bom, vou fazer um teste, então... – Eu parei e ri dele, pois seus olhos ainda brilhavam. – Não quer fazer par comigo? Seria estranho eu dançar sozinha.

- Claro! – Ele disse de imediato. – Quer dizer... Sim, eu adoraria.

Nós rimos e começamos a conversar sobre balé.

- Mas você não acha que tem muito peito para ser bailarina quase profissional? – Ele comentou. Espera, ele me chamou de peituda? Isso foi um elogio ou uma crítica?

- Bom, eu acho que... – Comecei a falar.

- Biara! – Alguém me chamou e eu já fazia ideia de quem era. – Venha já aqui!

Eu olhei para trás e Tom estava parado a porta encarando Marcos e depois lançando um olhar irritado para mim.

- Iiiiiih, - Eu murmurei olhando para Marcos. – a dona da casa tá chamando. – Marcos riu. – Nós vemos amanhã? Na sua casa, por favor.

- Tá, eu venho te buscar. – Ele riu, pegou as coisas e me abraçou. – Até amanha, então.

- Até. – Sorri e fui para casa. Eu não quero parecer aquelas adolescentes no seu jovial desespero, mas admito que meu coração quase salta para fora quando ele me abraçou.

Passei direto por Tom e entrei na casa. Ele irritou-se e bateu forte a porta ao passar, me fuzilando com o olhar.

- Quem era aquele? – Perguntou metendo-se na minha frente quando fui subir a escada.

- Tá com ciúmes, diva?

- Ciúmes? – Falou num tom debochado. – Isso não faz parte do meu vocabulário.

- Não foi o que pareceu. – Sorri de canto e tentei continuar subindo a escada. É, tentei, já que Tom me segurou pelo braço. – Dá pra me soltar? Não quero falar com você. – Tentei me desvencilhar, mas o fato que ele é bem mais forte que eu.

- Para de ser infantil, eu só quero esclarecer uma coisa. – Falou dessa vez me olhando nos olhos. – Eu fui procurar você porque o Bill pediu e quando vi você com aquele cara... – Fez uma pausa. Aquela situação estava ficando muito estranha.

Eu soltei um suspiro de irritação.

– Eu achei que você estava comprando drogas. – Não aguentei e comecei a rir, soltando uma gargalhada imensa. Abri a boca para protestar, mas ele continuou. – Eu não vou admitir que você use essas coisas enquanto estiver aqui e só mais uma coisa, cuidado para não exagerar na bebida, você perde totalmente o controle. – Sorriu sacana, me soltou e seguiu para o quarto.

E eu? Bom, eu fiquei lá. Parada no meio da escada com cara de idiota, pensando no que ele quis dizer com aquilo e tentando lembrar o que aconteceu naquela noite.

Postado por: Grasiele

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