sábado, 23 de junho de 2012

Como (não) se apaixonar por Tom Kaulitz - Capítulo 16 - Confissões

Ansiosa. Talvez isso defina meu estado de espírito agora. Já eram cinco e meia e Marcos não tinha aparecido. Será que ele tinha fugido? Será que Tom contou a ele? Se ele tiver contado, eu juro que vai ter um Kaulitz a menos nessa casa. Estava quase sufocada por tantos pensamentos, até que ouvi a campainha tocar. Dei um salto do sofá, o que fez Tom me olhar risonho, e corri até a porta.

– Oi. – Ele disse como se não tivesse acontecendo nada. – Desculpa o atraso.

Qué isso, ela nem percebeu. – Tom debochou do sofá, eu lancei um olhar raivoso para ele, que o fez aumentar o sorriso e voltar a ver TV.

– Ignore esse idiota! – Sorri para Marcos, fazendo-o retribuir. Fechei a porta num forte baque e senti a luz do sol bater no meu rosto.

Descemos a rua e entramos, novamente, na salinha acomodada. O velhinho não estava mais lá, mas a senhora rabugenta reinava numa cadeira verde-musgo e, ao nos ver entrar, me lançou um olhar de reprovação. Marcos percebeu e puxou a minha mão, levando-nos para dentro de seu gigante quarto. A porta da varanda estava aberta, permitindo um forte e frio vento invadir o quarto.

- Bom, por onde começamos hoje? – Ele sorriu caminhando até o estéreo.

- Ahm, na verdade... – Tentei chamar a atenção dele. Queria contar-lhe logo de uma vez. Claro que isso poderia acabar com nossa amizade de três dias, mas e daí? Era o que eu sentia que estava em jogo. Fitei o chão esbranquiçado e encerado, levantei o olhar para o grande espelho na parede oposta.

- O que foi, Bi? – Ele esboçou um leve sorriso e caminhou até mim, parando na minha frente.

- É que... Bom, tenho que dizer uma coisa. – Eu não olhei para ele. Senti minhas bochechas corarem e apenas olhava para sua calça jeans desbotada.

- Pode falar. – Ele tocou meu queixo, levantando minha cabeça. Ele sorria calorosamente, o que fez minhas bochechas corarem ainda mais. – O que foi?

- É que... Sabe quando alguém conhece alguém e sente que esse alguém é tipo um alguém especial que esse outro alguém procurava, porque esse alguém nunca achou alguém tão especial quanto o outro alguém que ele achou.

- Que?

- Bom, acho que enrolei um pouco... – Ri, envergonhada e nervosa.

- Pode falar. Somos amigos, não? – Ele sorriu, sentando-se rente ao espelho e eu me sentei ao seu lado. Comecei a tamborilar os dedos nas pernas para espantar o nervosismo.

- Er, sobre isso que eu quero falar. – Enfiei a cabeça entre os joelhos para não ver sua reação. - Acho que tô apaixonada!

- Por quem? – Perguntou duvidoso. – Aaah, pelo Tom?

- Quem? NÃO! – Olhei para ele incrédula e ele me lançou um olhar confuso. – Por você!

- Hein? – Ele fez uma careta engraçada.

- Marcos, eu estou apaixonada por você. – Falei sem pensar.

- Por mim?

- É! – Será que a tinta do cabelo afetou o raciocínio? – Eu sei que nos conhecemos há pouco tempo...

- Biara, eu preciso te falar algo. – Ele me olhou com aflição. – Uma coisa bem importante.

- O que? – Me atrapalhei com as palavras, sem entender o que ele falou. Ainda estava em choque com a minha confissão.

- É que... Bom, não sou o que você pensa... – Ele tentou esboçar um sorriso afetuoso, mas pareceu que ele estava admitindo um crime. – Eu sou gay. – Falou instantaneamente antes que eu pudesse processar as palavras.

- An? Como assim gay? – Perguntei como se não fizesse ideia do que significava. – Gay de felicidade?

- Não! Gay de preferência sexual. – Ele me olhou descrente.

- An?

- Do tipo que eu sou um cara que gosta de outros caras. Entendeu?

- Aaah, é. Entendi. – Falei descrente olhando para a parede, senti as lágrimas postarem na ponta dos meus olhos. Levantei-me num salto. – Eu preciso ir.

- Que? – Ele espantou-se.

Saí do quarto apressada, sem me despedir da mulher, que ainda estava sentada na velha cadeira. Atravessei a rua num passo e, rápido, abri a porta, mas colidi com algo e, instantaneamente, minha cabeça começou a latejar.

- Ai, seu idiota! – Gritei olhando para Tom. Ele tinha batido o queixo na minha testa. – Olha por onde anda!

- Você sai correndo e eu tenho que olhar por onde ando? – Ele riu fechando a porta.

- Vai pro inferno. – Esfreguei a testa, que estava doendo pra caramba. – Tá doendo!

- Vem cá. – Ele sorriu e, quando percebi, me carregava nos braços em direção à cozinha.

- Ei, - Resmunguei me debatendo. – Eu machuquei minha testa, não minhas pernas!

- É, percebi que você bateu no meu queixo, baixinha. – Me posicionou na bancada como uma criança, depois foi até a geladeira pegando uma compressa de gelo.

- Não precisa disso. – Falei, mas ele já estava colocando a compressa na minha testa.

- E aí, está melhorando? – Ele perguntou após um tempo.

- Estaria... – Olhei para ele – se estivesse colocando no lugar certo.

Toquei a mão dele mudando o lugar onde ele pressionava o gelo. Ele sorriu, não de um jeito safado e debochado como sempre, mas de um jeito carinhoso. Eu, involuntariamente, sorri. Então ele riu.

- Que foi? Se apaixonou por mim? – Debochou.

- Claro que não! – Desviei o olhar do seu – É que... Marcos...

- Te deu um fora? – Riu.

- Não, não é isso! – Eu baixei o olhar, meu coração deu uma pequena pontada. – Ele... é gay.

- Sério? – Tom gargalhou por um bom tempo, mas então olhou para minha expressão triste. – Mas, pensa pelo lado positivo... – Sorriu numa tentativa fracassada de me fazer sentir bem. Era mesmo Tom que estava falando comigo?

- Não tem! – Ignorei as palavras dele e pulei da bancada sentando-me num banco ao lado. Ele me seguiu e sentou-se ao meu lado.

- Bom, pelo menos ele não disse que não gostava de você. Isso seria bem pior... – Falou como se já tivesse acontecido com ele.

- Ele não disse que gostava! – Choraminguei cabisbaixa.

- Então vai ver, ele não é gay...

- An? – Levantei a cabeça me enchendo de esperança.

- Vai ver ele só finge para te ver trocar de roupa...

- Se não quer ajudar, não atrapalha! – Bufei indo em direção à porta da cozinha, mas antes de sair me virei para ele com raiva. – E ele não me viu trocar de roupa, seu pervertido!

- Calma, calma! – Ele correu me parando no meio da sala. – Ou então ele só não queria te dar um fora.

- Tom, você é muito estúpido! – Grunhi andando, mas ele me puxou pelo braço e senti algo me envolvendo. Um abraço? – Ahm, o que você está fazendo?

- Te consolando.

- Sério? – Perguntei incrédula.

- Já posso parar? – Ele perguntou rindo.

- Pode.

Ele me soltou, nos olhamos por um segundo e começamos a rir. Ele segurou minha mão e me levou até a cozinha. Sentei-me num banco enquanto ele trazia pratos e copos, com macarrão e refrigerante. Pôs um prato na minha frente e sentou-se ao meu lado.

- Come. – Sorriu voltando-se para o prato e começando a comer.

- Cadê o Bill? – Perguntei antes de tocar no garfo.

- Ele está trancado desde cedo. Acho que não vem. – Falou enquanto comia, brincando com a comida.

- Acho que a culpa é minha por ele não sair.

- É, a culpa é sua sim. – Ele disse ainda brincando com as almôndegas e rindo.

- Para de brincar com a comida! – Cutuquei ele. – O assunto é sério!

- Olha o que eu sei fazer! – Ele falou com a boca cheia, não se importando com o que eu tinha falado. Pegou um fio de macarrão e fez um bigode, sorrindo para mim.

- Tom! Você tá ouvindo o que eu tô dizendo?

- Ah, você tava falando? – Falou tirando o macarrão e limpando o rosto com um guardanapo.

- Como você é idiota! – Resmunguei me levantando. – Vou chamar o Bill para jantar.

- Duvido que consiga. – Riu voltando a comer.

Subi as escadas e me postei frente à porta de Bill. Encostei a cabeça na porta, pensando no que poderia dizer para me desculpar. Toquei na maçaneta, mas antes de abrir a porta ouvi soluços.

- Bill? – Murmurei abrindo a porta.

Postado por: Grasiele

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