terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Sparks Fly - Capítulo 58 - Here we go Brazil!

(Contado pelo Tom)

O tempo mudou der repente, e começou a fazer frio. Eu havia acabado de sair do banho, e terminava de colocar as minhas roupas. Olhei em direção a cama, enquanto abotoava minha calça, e os cobertores pareciam estar me chamando. Eu iria ceder ao chamado, se não fosse pela fome.

Desci até a cozinha, e preparei algo para comer. A casa estava silenciosa, e não tinha nem sinal dos meninos. Provavelmente devem estar dormindo. Peguei o prato com o sanduíche e um copo de refrigerante, e fui pra sala. Me sentei no sofá, peguei o controle da televisão e liguei a mesma. Quando estava prestes a dar a primeira mordida no sanduíche, a campainha toca. Chamei pela Rute umas três vezes, e nada. O jeito era me levantar e ir ver quem era.

- Savannah?!

Confesso que fiquei surpreso e feliz ao vê-la ali. Tínhamos combinado de nos encontrar apenas mais tarde num café, mas pelo visto os planos mudaram. Abri um pouco mais a porta, lhe dando espaço para que pudesse entrar. Nos sentamos, e ela parecia querer encontrar um meio de iniciar a conversa.

- O quê?! – eu tinha entendido, só não queria acreditar. – Não! Você não pode voltar pro Brasil. – me levantei.
- Tom...
- Se você voltar, nós vamos nos afastar de novo, e... eu não quero te perder. Eu não posso te perder mais uma vez. – ela se levanta, e vem até mim.
- Você não me perder. – segurou minhas mãos. – Mas eu preciso pegar as minhas coisas que estão na casa do Pablo.
- Nós já assistimos a esses filmes antes, e os “finais” deles não foram bons.
- Eu sei. – acariciou meu rosto. – Mas eu prometo que será por pouco tempo.

Só de pensar na possibilidade de perdê-la novamente, aquilo me fazia sentir um medo extremo que chegava assustar. Um flashback passou por minha mente, e me lembrei de todas as vezes que ficamos separados e alguma coisa ruim aconteceu.

- Eu sinto que... Se ficarmos separados, mesmo que por pouco tempo, a saudade vai acabar me matando. – ela riu. – Não vou conseguir esperar.
- Então venha comigo. – ela sugeriu.
- Tá legal. – disse. – Eu vou te acompanhar até o Brasil.
- Tá falando sério?
- Claro!

O sorriso que brotou em seus lábios foi como um alívio pra mim. Como se tivesse tirado um pesinho das minhas costas. Aquela idéia não poderia ter surgido em outra hora. A banda estava “de férias”, já que o Georg viajou pra lua de mel, e os meninos não param um segundo em casa. O quê que eu quero aqui sem a Savannah?

- Me ajuda a arrumar as malas, e embarcaremos no primeiro vôo de amanhã. – disse.

A fome que eu estava sentindo, havia desaparecido completamente só com a presença dela. Segurei sua mão, e subimos até meu quarto. Peguei uma mala que estava guardada no closet, e a abri sobre a cama. Foram poucas as “viagens” que fizemos para que tudo ficasse devidamente arrumado. E se não fosse pela ajuda da Savannah, aquele mala estaria um desastre.

- Porque os homens não conseguem arrumar uma única mala? – pergunta Savannah, colocando a última peça de roupa no lugar.
- A pergunta correta é: como as mulheres conseguem arrumar várias malas? – nós rimos.
- O mais engraçado é que vocês ainda saem atrasados.
- E vocês que levam a casa inteira e nunca ficam satisfeitas.

Nós rimos.

- Amor, pode pegar o meu perfume que ficou lá no banheiro? – pedi.

Antes de ir, ela tirou o casaco e o colocou sobre a cadeira da escrivaninha. Estava usando um vestido com estampa de flores; delicado e a sua cara, como sempre. Fiquei esperando, e achei que demorava demais pra quem iria pegar apenas um frasco de perfume. Fui atrás, já ia entrar no banheiro, mas parei na porta para observá-la. Savannah prendia o cabelo, e sinceramente, senti meu coração acelerar como na primeira vez que nos beijamos. Mas acho que batia muito, mas muito mais forte.

- Tá fazendo o quê ai? – pergunta ela, me olhando pelo reflexo do espelho.
- Estava vendo o quanto você é linda. – me aproximei, ficando logo atrás dela. – Sabe que... Ainda tento descobrir algo em você que me chamou tanto a atenção, porque eu não faço idéia do que possa ser.

Com uma das mãos, comecei a acariciar seu braço levemente. Com a outra, enlacei sua cintura e a puxei pra mais perto. Encostei meu rosto na curva entre seu ombro e o pescoço, e senti seu perfume. Em seguida, depositei um beijo ali.

- Pára, Tom. – diz ela. – Alguém pode chegar der repente.

Num movimento rápido, mas com certa delicadeza a fiz virar-se pra mim. Meus olhos percorreram todo seu rosto, e foram hipnotizados pelos seus lábios. Fui me aproximando devagar, até nossos lábios se tocarem levemente. Quando iríamos aprofundar o beijo...

- Tom, você sabe...?

Bill aparece der repente ali no banheiro, fazendo com que eu e a Savannah nos assustemos. Ela tenta disfarçar a timidez, mas as maçãs do seu rosto denunciavam; estavam avermelhadas.

- Desculpa. – diz Bill. – Não queria atrapalhar. Eu volto outra hora. – ele se retira.

E ai a Savannah me olha como que dizendo “eu não disse que alguém chegaria der repente?”.

- O que foi? – perguntei.
- Nada. – respondeu, pegando o frasco e saindo logo após.

Fui atrás.

- Você não ficou com vergonha do Bill, ficou?
- Não. – ela fechava a mala. – Quero dizer... É que... Mesmo sendo a coisa mais normal do mundo, às vezes me deixa com vergonha.

Ah, cara! Eu a amo mais que tudo nesse mundo, e ela consegue fazer eu me sentir um bobo quando fala nessa timidez toda. Como é que eu fui deixá-la escapar por tantas vezes? Onde eu estava com a cabeça?

- O Bill interrompeu o nosso beijo e eu acho que a gente deveria concluí-lo, não concorda? – ela riu.
- Ah sim, concordo plenamente.

BRASIL
(Contado pela Savannah)

Nossa viajem não foi tão cansativa quanto estávamos esperando que fosse. Até que nos divertimos um pouquinho no avião. Sem contar as duas horas que meu ombro esquerdo ficou completamente dormente, pois o Tom estava dormindo. Chegamos e imediatamente pegamos um táxi. Dei as instruções ao motorista, que foi simpático, e passou todo o percurso conversando com a gente.

Tirei a chave da bolsa e abri a porta...

- Vai ficar ai parado? – perguntei.
- Tem certeza que posso entrar sem problema algum?
- Deixa de ser bobo e vem logo!

Entramos, e o Tom não soube disfarçar nenhum pouquinho que estava surpreso com a casa.

- Uau! – disse ele, olhando em volta. – Eu não sabia que o Pablo era dono de uma casa tão sofisticada, tão... bonita.
- Bom, o Pablo veio de uma família que tinha boas condições financeiras, mas tudo que ele tem hoje foi graças ao seu esforço próprio.
- Há quanto tempo moram juntos?
- Quase dois anos. – respondi, colocando as chaves em cima da mesinha do telefone. – Eu vim pra cá com quatro ou cinco meses que meu pai faleceu. – Tom suspirou.
- Sabe que... Ainda não consigo acreditar no quanto fui idiota?
- Como assim? Por quê?
- Eu deveria estar ao seu lado! – diz ele. – Seu pai faleceu, e eu não estava lá pra enxugar suas lágrimas. – fez uma pausa. – No momento que você mais precisou, eu não estive presente. Isso me deixa mal.
- Não fique, porque agora você está comigo. – me aproximei dele.
- E não vou deixá-la nunca mais. – nos abraçamos.

Como é bom sentir os braços dele à minha volta. Assim me sinto tão... Protegida. Espero não perder nunca essa sensação. Mas enfim... Enquanto estávamos ali no meio da sala nos abraçando, uma das empregadas que ficou encarregada por cuidar da casa, apareceu.

- Voltou um pouco mais cedo da viajem, senhorita. – diz ela.
- É, voltei porque preciso resolver a minha vida. – respondi.
- E o senhor Pablo?
- Ele ainda tem muitas reuniões de negócios. – Tom pigarreou. – Ah, e este é o meu... – olhei pra ele. – É o meu namorado.

Como já era esperado, ela se assustou com a resposta.

- Mas...
- A história é um pouquinho longa, e você não conseguirá entender muito bem. – disse. – Só estou aqui mesmo, pra pegar todas as minhas coisas.
- Está deixando o patrão?
- Nós não estávamos juntos há muito tempo. E pode ficar tranqüila, pois ele sabe de absolutamente tudo.

Depois de conversarmos um pouco, o Tom e eu subimos até o quarto. Iríamos arrumar todas as minhas coisas, para sairmos daquela casa o mais rápido possivel.

- Bom, assim que terminarmos de arrumar isso, me ajuda a encontrar um hotel? – perguntei.
- Pra quê? – pergunta Tom.
- Tenho que ficar em algum lugar, não é?
- Está pensando em “morar” – riscou as aspas no ar. – num hotel?
- Até eu conseguir um lugar fixo.
- Está doida, não é? – disse ele, rindo. – Não, você só pode estar completamente maluca!
- Ué...
- É óbvio que você vai embora comigo pra Los Angeles, e a gente vai morar junto.

Postado por: Grasiele

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