quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Glamourous - Capítulo 21 - Hard Truths!

2:00 PM – Soho Grand Hotel – Quarto 330...

 A cena que se passava no quarto de Tom não podia ser mais deprimente...Carlla estava largada na poltrona ao lado da janela, Georg estava sentado no chão entre suas pernas enquanto a mesma mexia em seu cabelo...Tom estava deitado de atravessado na cama, olhando pro teto quase dormindo...Bill estava sentado no chão encostado na porta do quarto e com a cabeça apoiada em seus joelhos...eu estava deitada no chão no meio do quarto e Gustav estava tentando desvendar o mistério do cubo mágico...viram só que empolgante, e tudo isso em pleno sábado!! Nós já tínhamos pensado em diversas coisas pra fazer, mas não encontramos nada. O silencio era digno de velório, a não ser pelo rangido do cubo mágico, o tédio me consumia, a mim e a todos ali presentes. Eu já estava cochilando quando...


__ TIVE UMA IDEIA!! – Tom gritou tão alto que Gustav tomou um susto que fez o cubo mágico voar e acertar a cabeça de Georg...Bill bateu a cabeça com tudo na porta...Carlla se desequilibrou da cadeira e caiu ao lado de Georg e eu apenas fiquei com o coração disparado pelo susto...Tom olhava tudo confuso.

__ Porra Tom vai assustar sua mãe! – Georg falou irritado esfregando a mão na testa onde o cubo mágico tinha acertado.

__ Mas é que eu tive uma idéia brilhante! – Tom falou se levantando empolgado.

__ É bom ser brilhante mesmo Tom...minha bunda ta doendo graças a sua palhaçada! – Carlla se levantou devagar passando a mão na sua bunda, eu não consegui não rir...olhei para o lado e Bill estava meio tonto, ele devia ter batido a cabeça com força... – Aposto que vocês não vão se arrepender...

Tom sorria de uma forma diferente...me fez ficar com medo...qual seria a idéia brilhante?

******

3:00 PM – New York PaintBall...


__ Nem pensar!! Você ficou louco né Tom? Eu não vou brincar de levar tinta no meio da cara... – eu falei irritada, enquanto Tom e dos demais vestiam aqueles macacões camuflados...

__ Você não sabe se vai levar tinta na cara...pode ser nas costas, barriga, não precisa ser necessariamente na cara... – dei um tapa no braço de Tom e olhei feio pra ele.

__ Vamos lá Annie vai ser divertido! – Carlla falou pegando o revolver de tinta e apontando pro meu rosto. – eu sempre quis brincar disso... – eu revirei os olhos.

__ Me digam qual a graça de ficar tomando tiro de tinta? – perguntei enquanto Gustav me dava um dos macacões...

__ Annie a graça é exatamente essa tomar tiro de tinta...se sujar...a adrenalina...ser feliz! – Carlla falou quase pulando...eles pareciam crianças ao ver o papai Noel... Mas eram 5 contra 1, não tinha jeito tive que aceitar...

__ Ta bom vai...mas saibam que é contra a minha vontade... – falei me dando por vencida.

__ Okay, vamos formar os times...Eu, Georg e Bill seremos o time dos meninos...e Gustav, Carlla e Annie das meninas... – Tom falou sorridente.

__ Por que eu sou do time das meninas? Por acaso eu tenho cara de garota?? Hã?! – Gustav perguntou peitando Tom...era uma cena engraçada...Gustav baixinho e fofinho indo pra cima de Tom, magrelo e alto.

__ Não Gustav, mas você as entende melhor... – Bill entrou no meio de Gustav e Tom...

__ A gente se acerta lá dentro Tom... – Gustav falou com uma voz rouca...fiquei com medo.


Depois da discussão básica de Tom e Gustav entramos na arena de PaintBall e nos preparamos pra tomar tiros de tinta...ainda tentava achar a graça disso tudo. De repente uma sirene alta tocou e Carlla e Gustav saíram correndo de perto de mim, gritando feito loucos..foi ai que entendi que o jogo tinha começado, talvez se não fosse tão lerda não teria levado um tiro de tinta nas costas...senti um impacto forte nas minhas costas, ao me virar Tom estava bem atrás de mim e eu conseguia ver um sorriso por detrás daquele capacete...sai em disparada atrás dele com a arma apontada, mas o veado corria pra burro, em uma determinada hora o tinha bem no alvo, não pensei duas vezes e atirei, mas ele se abaixou, foi ai que o tira pegou bem no meio da barriga de Bill...droga, pensei comigo mesma...Bill me fuzilou com os olhos e Tom? Ele já tinha sumido...Bill veio correndo atrás de mim, eu sai correndo feito uma louca, agora estava começando a ter graça aquilo tudo...eu estava correndo olhando pra trás que nem vi Georg na minha frente, dei uma trombada com ele que fez com que os dois caíssem, um de cada lado, Bill parou bem em minha frente, estendeu a mão para me ajudar, assim que eu me levantei ele atirou bem em minha cabeça. O fim de uma rodada tinha acabado...os meninos tinham ganhado. Nos sentamos no chão para recuperar o fôlego e Tom teve uma brilhante idéia novamente.

__ Gente vocês topam fazer uma doideira? – ele falou empolgado, meu olhar foi reprovador.

__ Que tipo de doideira? – Bill perguntou...aquela altura do campeonato já tínhamos tirado os macacões e capacetes, estávamos com nossas roupas normais. Tom se aproximou um pouco de Bill...e de repente...tacou uma das bexigas de tinta bem na cabeça dele, fazendo com que tinta amarela escorresse por toda a cabeça e rosto de Bill, o mesmo estava paralisado enquanto Tom se acabava de rir...eu estava boba com aquilo, Tom era doido. Do nada Bill começou a sorrir, ele limpou um pouco da tinta que cai em seus olhos, se virou e abaixou no chão, quando ele levantou tacou sem avisar uma bexiga de tinta em Tom o acertando bem no peito, a tinta era vermelha...aquilo tinha sido a deixa. Gustav pegou uma das bexigas e atirou na cabeça de Georg, o mesmo tacou uma bexiga de cor azul em Carlla acertando a barriga...eu fui saindo devagarzinho para que ninguém notasse, não deu muito certo, Carlla tacou uma bexiga verde bem em cima da minha cabeça...era guerra que eles queriam, eles teriam então. Enchi minha bolsa de bexigas de tinta e sai correndo pelo lugar, aquilo era uma loucura, bexigas voavam por toda à parte, eu já estava de todas as cores possíveis...cheguei por trás de Tom bem devagar, ele estava se escondendo de Georg, cutuquei ele e assim que ele se virou taquei uma bexiga de tinta rosa bem no meio da cara dele...e é claro sai correndo. Trombei com Carlla e ela tacou uma bexiga de tinta roxa em minha barriga, assim que ela se irou taquei um bexiga de cor laranja bem na bunda dela.

__ Ai minha bunda sua vaca! – ela gritou. Gustav chegou por trás de Bill e tacou uma bexiga de tinta azul bem nas costas dele. Eu tenho que confessar que nunca tinha me divertido tanto daquele jeito, tinha sido o dia mais divertido da minha vida com certeza.


A situação em que nos encontrávamos era engraçada demais, nossas roupas estavam todas mescladas de varias cores diferentes, não tinha nenhuma parte sem estar suja. Nossos rostos também estavam todos sujos...e os cabelos? bem, Bill estava com o cabelo amarelo e roxo, Tom estava com as tranças vermelhas e verde, Gustav com o cabelo branco, Georg com o cabelo azul, eu estava com o cabelo azul e rosa e Carlla estava com o cabelo laranja...quem nos visse daquele jeito achariam que éramos palhaços...e todos veriam pois tínhamos vindo caminhando, meu Deus seria a vergonha do século. Assim que saímos da arena de PaintBall, os funcionários nos olharam sem entender nada, entregamos os macacões, capacetes e armas...Tom teve a capacidade de tirar sarro ainda.

__ Muito Obrigado pelo serviço e diversão, vocês são muito competentes, vou voltar aqui todos os dias. – a atendente nos olhou com espanto, todos rimos da cara dele e eu puxava Tom pelo braço.


Assim que saímos na rua o mico foi catastrófico, as pessoas nos olhavam assustadas e ate desviavam, outras riam sem parar, umas olhavam com nojo...nojo de que? Tom que era o mais trouxa de todos saia cumprimentando todo mundo na rua, ele olhava sorria, dava bom dia. Uma senhora bem arrumada estava nos olhando com expressão de horror, Tom olhou pra ela, abriu um sorriso e falou um alto “BOM DIA” a mulher não me saiu correndo, não teve jeito todo mundo começou a rir. E eu também tenho que confessar, estava me divertindo demais. Paramos em uma barraca de sorvetes e o dono nos olhou com incredulidade, fizemos nossos pedidos e estávamos esperando, Tom se distanciou um pouco de nós, estava lendo algo no poste. Eu estava conversando empolgada com os outros, falávamos sobre as pessoas que nos olhavam com medo. Um rodinha começou a se formar perto de onde Tom estava lendo algo, e eu já não via mais Tom. Eu e o resto corremos ate lá para ver o que tinha acontecido, e o motivo pelo qual eu não via mais Tom, era porque ele era o motivo de todo o reboliço.



8:10 PM – Hospital Central de New York – Sala de Espera...


Foi difícil tirar a tinta do rosto e do cabelo, mas assim que chegamos ao hospital nós tivemos que tirar. A verdade é que eu não estava nem um pouco preocupada com isso, eu queria sabe de Tom, como ele estava? O que tinha acontecido? Era só isso que me importava. Desde o momento em que Tom tinha desmaiado Bill não tinha pronunciado uma palavra, parecia um morto-vivo...não fazia nada a não ser ficar sentado encarando o canto da sala. Os medico disseram que fariam vários exames, até que enfim...eu sempre disse que Tom tinha de fazer exames, mas ele era teimoso demais.
Duas horas tinham se passado desde que os médicos tinham feitos os exames em Tom...minha barriga gelou ao ver o medico que tinha atendido vir ao nosso encontro, seu rosto não carregava expressão alguma.

__ Por favor, a namorada e o irmão venham comigo! – ele disse calmamente, calmo demais. Eu senti um medo tão grande, um medo que nunca havia sentido. Caminhamos com o medico ate uma salinha pequena e bem iluminada, nos sentamos de frente para o medico que pela primeira vez nos olhou preocupado.

__ E então Doutor? Viram alguma coisa de anormal nos exames? Como ele esta? – perguntei atropelando minhas próprias perguntas. Bill não dizia nada, ele apenas observava.

__ Sim, encontramos uma anormalidade nos exames...e tenho que dizer que as noticias não são boas. – naquele momento senti um frio na espinha terrível...como assim as noticias não eram boas?

__ Por favor Doutor não faça suspense...é uma agonia. – falei com a voz já embargada.

__ Encontramos uma grande anormalidade no sangue do paciente, refizemos os exames e pedimos mais clareza em um aspecto e foi constatado o que tínhamos medo...a razão pelas tonturas, sonolência, cansaço, e falta de apetite de Tom é uma Leucemia Linfocítica Aguda e que já esta em estado avançado...


*******

Vocês já tiveram a sensação de que tudo que você fez sua vida inteira não faz mais o mínimo sentido? A sensação de que tudo foi em vão? Bom era exatamente assim que eu me sentia nesse momento, eu já não gritava mais, mas as lagrimas não tinham deixado de cair por nenhum segundo, às coisas que o medico diziam deixaram de fazer algum sentido pra mim no momento em que eu soube a causa dos desmaios de Tom e ai a culpa começou a me invadir, por que eu não o trouxe a força para fazer os exames? Por que eu simplesmente deixei de lado? Por que eu fui tão estúpida? Bill chorava silenciosamente, mas dava pra ver que era o choro mais sentido e sincero do mundo.

__ Nós já contamos a ele... – aquilo me pegou de surpresa...então Tom já sabia. – a reação dele foi à esperada...ficou furioso e depois chorou e bem a ultima enfermeira que entrou lá disse que ele continuava chorando.

__ Eu preciso vê-lo! – falei em meio a lagrimas. – Por favor Doutor, me deixe vê-lo... – supliquei em meio a lagrimas.

__ Venha comigo... – Bill não fez nada a não ser nos acompanhar com os olhos, me agachei na sua frente, ele me olhou triste.

__ Vai ficar tudo bem... – eu disse segurando sua mão, tinha que passar a maior confiança pra ele. O olhar de Bill desviou do meu e ele apenas balançou a cabeça...beijei sua testa e sai de lá atrás do medico.

Ao chegar em frente à porta do quarto dele tentei ouvir algum choro desesperado, ou gritos de revolta, mas não, não se ouvia nada, parecia estar tudo calmo. O medico fez sinal para que eu entrasse...respirei fundo e girei a maçaneta devagar, entrei sem fazer barulho...foi em vão, assim que coloquei o corpo pra dentro Tom virou a cabeça pra mim...ele não chorava, mas era visível que tinha chorado muito, seus olhos que já eram pequenos por natureza agora estavam menores, o rosto bem vermelho e inchado. Eu tentava ao Maximo conter as lagrimas, era difícil, mas eu seria forte. Tom me olhava tão intensamente que me deixava ate desconsertada. Ele virou o rosto novamente e encarava o teto.

__ Pode chorar Annie...pior do que eu já estou não dá pra ficar. – sua voz grave ecoou pelo quarto silencioso, caminhei lentamente até ele...parei na beirada da cama e observei seu rosto, havia algumas manchas de tinta rosa em seu rosto, não consegui não chorar...tudo estava indo tão bem, por que agora? Por que com ele? Não agüentando me segurar, o abracei, recostei minha cabeça em seu peito, ouvi seu coração disparado...chorava em seus braços como uma criança com medo do escuro...sentia suas mãos afagando meus cabelos. – A vida prega cada peça na gente...eu sempre quis tanto ser como meu pai e vou acabar como ele... – levantei a cabeça e olhei seria para Tom.

__ Para com isso Tom...você não vai acabar como ele...você ainda tem muito tempo pela frente, isso é só mais um obstáculo que você vai ter que vencer... – falei brava, Tom apenas sorriu.

__ Eu já não venci obstáculos demais Annie? Não sei se eu tenho forças pra mais um... – Tom já chorava novamente, segurei seu rosto com força.

__ Escuta uma coisa, eu te amo mais que tudo...eu te amo mais que a mim mesma...e eu vou ser a força que você precisa, eu prometo...que nos seus momentos de fraqueza eu vou estar do seu lado pra te ajudar...mas você tem que me prometer que vai ser forte, que vai lutar com todas as suas forças contra isso...que vai dar tudo de si e que vai fazer qualquer coisa pra ficar bem... – as lagrimas quentes de Tom rolavam, assim como as minhas. – você promete que vai ser minha força quando eu fraquejar? – Tom balançou a cabeça positivamente.

__ Eu to com tanto medo Annie...eu nunca senti tanto medo em toda minha vida... – o abracei novamente, ouvir Tom dizer que estava com medo era novidade pra mim...Tom sempre foi quem passou segurança aos outros e agora ele só precisava que alguém fizesse o mesmo por ele...e eu faria.

__ Não precisa ter medo, eu estou aqui e não vou deixar nada de ruim te acontecer, eu vou estar com você em todos os momentos difíceis porque vai haver vários, mas eu sempre vou estar com você. – falei olhando profundamente nos olhos de Tom.

__ Eu te amo! – Tom disse serio...num ato desesperado lhe beijei, foi o beijo mais difícil da minha vida, mas também o mais reconfortante, era como se cada momento vivido com Tom agora tivesse que ser aproveitado ao Maximo...e assim seria. 

 Postado por: Grasiele

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