quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Glamourous - Capítulo 22 - The Beginning of a New History...

4:30 AM – Hospital Central de New York – Cafeteria...


 O cheiro forte dos produtos de limpeza que as faxineiras passavam no chão branco me fazia recordar o quanto era horrível estar em um hospital, aquele cheiro era como uma lembrança de momentos de dor, momentos dos quais eu preferia esquecer. Do momento em que Carlla recebeu a noticia do estado de Tom ela não me deixou por nenhum segundo...Georg e Gustav tentavam animar Bill, sem sucesso, eles não eram as pessoas mais indicadas para aquilo...Georg chorou muito quando soube...
 Depois de muito tempo fazendo Tom se acalmar ao saber que teria de passar por uma quimioterapia dolorosa e violenta finalmente ele tinha dormido e eu pude chorar, gritar e me amaldiçoar sem que ele visse. No momento eu estava...calma não seria a palavra certa, muito menos conformada, acho que...anestesiada com a noticia, já não chorava, talvez não tivesse mais forças...olhava para os biscoitos de avelã e chocolate que Carlla tinha trazido para mim...pareciam apetitosos, mas não queria comer, na verdade não tinha animo para nada a não ser me lamentar.

__ Annie você precisa se animar...não foi você mesma que disse ao Tom que seria a força dele? Mas se continuar assim não vai conseguir ajudar nem a si mesma... – Carlla tinha razão, mas era difícil pra mim... – eu sei que não é fácil...eu nem sei o que faria se fosse o Georg nessa situação...eu amo ele demais sabe

__ E por que vocês não estão juntos? – perguntei já derramando algumas lagrimas silenciosas. – por que você não diz que o ama?

__ Não é tão simples assim Annie...

__ Posso ser sincera? – Carlla acenou positivamente. – Sabe o que não é simples? Ver a pessoa que você mais ama condenada a um futuro incerto, ver que talvez essa pessoa nem se recupere...isso não é simples Carlla... – talvez estivesse sendo rude demais, mas era pro bem dela. – se você o ama tanto quanto diz diga pra ele...lute por ele... – me levantei, Carlla derramava algumas lagrimas. - ...amanhã pode ser tarde demais. – sai de lá como um furacão, precisava estar ao lado de Tom caso ele acordasse.

 Ao chegar no quarto o silencio pairava...Tom dormia profundamente, era como um anjo. Sua face calma e serena, um pouco inchada de tanto chorar...meu Deus o que ia acontecer? Eram tantas duvidas em minha cabeça...acariciei seu rosto com as pontas dos dedos...por um momento pensei se o destino existia...se ele existisse era cruel...mas talvez tudo tenha um propósito...talvez o destino tenha me colocado na vida de Tom por um motivo...estava cansada de pensar tantas coisas, minha cabeça explodiria a qualquer momento...dei um beijo leve nos lábios um tanto quanto frios de Tom e fui ate a grande poltrona que havia ali, não era muito confortável, mas dei meu jeito...me acomodei e sem nem perceber cai no sono.


7:15 AM – Hospital Central de New York – Quarto de Tom...


 Era difícil dormir com os raios de sol que batiam em meu rosto, resisti um pouco abrir os olhos, mas não teve jeito...fui abrindo-os lentamente...

__ A Bela Adormecida acordou finalmente... – a voz era muito familiar, esfreguei os olhos e Tom estava sentado na cama com uma bandeja de café-da-manhã em sua frente, ele sorriu ao me ver. Me levantei e caminhei ate ele, lhe dei um selinho demorado, pude notar que ele vestia as típicas roupas de hospital e que estava com soro no braço direito.

__ Você acordado tão cedo...isso é novidade pra mim. – lhe acariciei as bochechas, enquanto ele enfiava uma colher de cheia de cereais na boca.

__ É meio difícil dormir com um monte de enfermeira de espetando, abrindo as janelas, te dando remédio na boquinha...voltei a ter três anos de idade. – ri de seu comentário...Tom estava aparentemente bem, fazia piada da sua complicada situação, quem o visse daquela maneira pensaria que ele estava aceitando tudo normalmente, mas será? Talvez aquele era o jeito dele se proteger da própria dor que sentia...talvez aquilo lhe fizesse bem... – mas e você? Dormiu bem?

__ Digamos que é uma poltrona bem confortável... – Tom riu, tomou um gole de seu suco de laranja.

__ Imagino que seja mesmo...mas onde estão os veados que se diziam meus amigos? Ate agora só você veio me ver... – agora Tom falava serio, parecia amargurado quanto a isso.

__ É que eles queriam esperar você se recuperar um pouco...

__ Eu nunca vou me recuperar Annie... – aquela frase me pegou de surpresa, Tom a disse firme e serio. - ...eu apenas vou me adaptar a minha situação...Recuperar-me nunca. – ele abaixou a cabeça e ficou pensativo...o silencio era terrível, aquilo não seria nada fácil, eu podia notar. Eu abri a boca para falar, mas fui interrompida por batidas na porta, Tom levantou a cabeça e olhou fixamente para a porta. – entra...

A porta abriu lentamente, a cabeça de Bill apareceu no vão da porta, sua feição estava mais animada do que a de ontem à noite...Tom nada disse ou fez, apenas observou o irmão entrar no quarto. Eu me afastei da cama enquanto Bill se aproximava da mesma. Os dois se olhavam, mas não pronunciavam nenhuma palavra...talvez estivessem tendo aquela comunicação visual que gêmeos tem. Bill fez algo que me surpreendeu e a Tom também...ele o abraçou...abraçou forte. Tom ficou imóvel, era o primeiro abraço depois de tantos anos...por um momento Tom não fez nada, não moveu um músculo sequer, mas aos poucos ele foi cedendo e já com lagrimas lhe escorrendo pela face retribuiu o abraço mais que verdadeiro...era difícil não se emocionar...sair de lá e deixá-los a sos era o melhor a se fazer, e foi o que eu fiz.

******

Depois de um longo tempo esperando na sala de espera uma enfermeira veio me comunicar que Tom estava me chamando, caminhei ate seu quarto e ao entrar me deparei com o Doutor Austin...ele era o médico que ia cuidar de Tom, um dos melhores oncologistas do país...Bill estava sentado ao lado de Tom.

__ E então, pra que me chamaram? – perguntei me sentando na beirada da cama de Tom, esse que já estava com uma aparência melhor.

__ Bom, como você é a namorada do paciente tem que saber dos procedimentos de agora em diante. – o Doutor começou a explicar. – Muito bem eu vou lhes explicar o que será feito, amanhã você receberá alta, irá para sua casa e colocará sua vida em ordem. Você terá uma semana para descansar, relaxar e fazer o que tem de fazer. Na semana que vem você volta para o hospital e ai é definitivo...

__ Espera Doutor... – Tom se manifestou. – Eu conheço muitas pessoas que tem leucemia e nem por isso moram no hospital, elas vem fazem a quimioterapia e voltam pra suas casas, por que eu tenho que ficar trancafiado aqui dentro.

__ Tom eu costumo ser muito sincero com meus pacientes...seu caso é grave Tom, não é uma simples leucemia, é uma leucemia avançada e agressiva, você precisa de cuidados 24 horas por dia... – Tom parecia não aceitar aquilo. – você fará seções de quimioterapia 2 vezes no mês, radioterapia 1 vez no mês e tomara medicamentos todos os dias.

__ Doutor, eu corro o risco de morrer? – olhei para Tom espantada com a pergunta.

__ Tom todas pessoas que tem essa doença ou qualquer outra tem o risco de morte, mas se você quer saber se o seu risco de morte é maior...sim é maior. – levei a mão à boca com tamanha sinceridade do Doutor, devia ser muito duro para Tom ouvir tudo aquilo...Bill escondia as lagrimas que rolavam. – é por isso que seu tratamento tem que ser tão rigoroso...e sendo sincero novamente a única chance de você se curar é com o transplante de medula, é por isso que amanhã faremos os exames com seus familiares e amigos para ver se alguém é compatível.

__ Doutor o Bill é irmão gêmeo do Tom, ou seja ele deve ser compatível... – me pronunciei...Tom estava cabisbaixo.

__ Nem sempre Annie, eles serem irmãos e gêmeos aumentam as chances, mas não podemos fazer disso uma esperança, não podemos esquecer que são pessoas diferentes. – toda hora ele tirava um pouco da esperança que aparecia. – o importante agora é vocês serem fortes pra superar essa doença e seu tratamento e acima de tudo Tom... – o doutor repousou sua mão esquerda no ombro de Tom, como se lhe passasse calma. - ...lembre-se que você não é o único nessa situação e que tem gente muito pior que você. – Tom prestava atenção no que o medico dizia e pode ate parecer estranho, mas sua feição melhorou um pouco depois do que o doutor disse.

__ Obrigado Doutor. – ele respondeu com um meio sorriso, o doutor acenou e saiu do quarto...ficou um silencio meio desconfortável no quarto, Eu olhava pra Tom, que olhava pra Bill, que olhava pra mim. – Bom chega de caras tristes, amanhã é um novo dia, eu vou pra casa e vou aproveitar essa semana ao Maximo, afinal de contas, semana que vem eu mudo de endereço. – rimos de como Tom brincava com sua situação, mas talvez fosse melhor, às vezes encarar as coisas de forma divertida pode te ajudar a ter mais força e garra para lutar.

 Postado por: Grasiele

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