quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Glamourous - Capítulo 23 - Who said it's too late to dream?

  11:30 AM – Central Park...


A primeira coisa que Tom me pediu para fazer assim que saíssemos do hospital era ir ao Central Park, segundo ele aquele lugar lhe trazia paz e tranqüilidade. Estávamos deitados na grama, como sempre fazíamos...hoje não estava tão movimentado como nos outros dias. Minha cabeça repousava sobre o peito de Tom, enquanto ele afagava meus cabelos, estávamos em silencio, apenas observando as crianças correndo e brincando, uma velhinha que dava comida aos pombos e inúmeros casais, uns apaixonados e outros...nem tanto. É engraçado como você nunca repara nas coisas ao seu redor, você passa por elas e nem ao menos se dá ao trabalho de ver como uma velhinha que dá comida aos pombos pode te ensinar tantas coisas...talvez aquela velhinha tentava alimentar os pombos desesperadamente porque não tivesse ninguém para alimentar, para cuidar...talvez fosse sozinha e cuidar de pombos fosse a única maneira de tirar de seu peito uma solidão que lhe atormentava. Aquelas crianças que hoje brincam despreocupadas, amanhã talvez não durmam de tanta preocupação com seus filhos que saíram para a balada e possam voltar caindo de bêbados...ou nem voltar. E depois nós não entendemos o porque dos sermões longos de nossos pais quando chegamos depois do horário combinado...A verdade é que simples coisas podem lhe ensinar lições pro resto da vida, nós só precisamos parar para ver, mas com os olhos da alma...e são nesses momentos de silencio que você para pra refletir sobre sua vida inteira...vivemos a maior parte do tempo com medo de nos arriscar...o “E se...” toma conta de nossos pensamentos nos causando receio de buscar aventuras...hoje eu vendo a pessoa que mais amo em uma situação onde não se sabe se haverá amanhã é que eu consigo enxergar quantos “E se...” eu deixei dominar minhas vontades de ir atrás de coisas novas, quantas coisas eu não deixei de fazer por medo do inesperado... e agora eu convivo com o inesperado todos os dias, a vida é engraçada não é? Ela te prega peças quando você menos espera...quando você menos imagina.

Quando eu conheci Tom ele era um garoto cheio de força, energia, alegria, espontaneidade...agora ele se tornou tão frágil, como uma boneca de porcelana, pode parecer estranho, mas eu tenho ate medo de tocá-lo e lhe causar algum dano...e o mais difícil é aceitar, ah aceitar é a pior parte...aceitar que uma pessoa cheia de vida, sonhos, coragem, força, alegria, de uma hora pra outra fica condenada a uma doença agressiva e dolorosa...é com certeza aceitar é praticamente impossível. E sabe o que você faz pra não desabar? Você se recorda...as lembranças são essenciais para que você não caia de joelhos e se renda...é isso que eu tenho feito todos os dias, minutos, segundos...é olhado pra trás e lembrado de como ele era, de como nós éramos, sim, pois por mais que meus sentimentos por ele continuem os mesmos e talvez mais fortes, o relacionamento muda, nunca mais será o mesmo, mas isso não significa que vou abandoná-lo, isso jamais...ficarei ao lado dele ate o fim de tudo isso...e se minhas forças se esgotarem...eu me relembrarei...


__ Quanta coisa eu desejava fazer... – ouvir a voz de Tom em meio ao silencio me assustou, me levantei de seu peito e apoiada sobre meus cotovelos o olhei nos olhos, mas Tom olhava pro céu... – sabe aquela frase “nunca deixe para amanhã o que se pode fazer hoje”...quem a escreveu é uma pessoa muito sábia...eu devia ter feito tudo o que eu desejava Annie, mas também quem diria que eu ficaria assim...

__ Me diga um de seus sonhos...qualquer um. – Tom me olhou curioso, sorriu pra si mesmo.

__ Meu sonho é conhecer as Bahamas, passar dias naquela praia, sem me preocupar com nada... – seu olhar ficou perdido por alguns instantes, como se tentasse se transportar para o lugar.


Eu não pensei duas vezes no que deveria fazer...se Tom queria ir para as Bahamas ele ia e ninguém impediria. Chega de “E se...”,de incertezas, medos, de agora em diante eu viveria cada dia como se fosse o ultimo e faria com que todos ao meu redor também aproveitassem ao Maximo suas vidas. Em minha mente eu tinha estipulado uma meta, ninguém mais deixaria pra amanhã, o que se pode fazer hoje...

__ Então nós vamos pras Bahamas... – eu me levantei rápida, Tom se sentou e puxou minha mão fazendo com que eu me agachasse em sua frente.

__ Ta doida é? Acha que na situação em que eu me encontro eu posso ir pras Bahamas? – ele ria da minha cara de euforia.

__ A gente vive a vida inteira se controlando sobre o certo e o errado e o que a gente ganha? Se alguma coisa tiver que acontecer, ela vai acontecer de qualquer jeito. Adiantou alguma coisa você se regular tanto? A gente nem sabe se vai acordar no outro dia...eu aprendi uma coisa com isso tudo, a dar valor no agora e esquecer o amanhã...Tom você tem uma semana pra realizar um dos seus sonhos, agora é você quem sabe...se você vai realizar esse sonho agora, ou vai deixar ele pra depois, mas de uma coisa pode ter certeza, eu vou te apoiar em qualquer situação, porque eu te amo! – sem pensar muito Tom me beijou, sentir os lábios dele aos meus de novo era tão bom, sentir que ele continuava o mesmo Tom...o beijo era calmo, não precisávamos de pressa, não agora...a coisa que eu mais queria era ficar ali pra sempre, congelar aquele momento, infelizmente não era possível, aos poucos fomos nos separando como se fosse a coisa mais difícil do mundo, nossas testas permaneceram coladas e os olhares eram intensos...

__ Vai preparando suas malas, a gente embarca amanhã mesmo. – assim que Tom terminou a frase eu pulei em cima dele, o derrubando e ficando por cima. – isso se você não me matar antes...

******
__ Vocês enlouqueceram?! – Bill gritou assim que lhe contamos sobre a viagem. – Tom você não pode viajar pras Bahamas, se fosse pra New Jersey quem sabe? Mas Bahamas?! NUNCA!

__ Bill eu não estou lhe pedindo, eu estou lhe comunicando e fazendo um convite, agora se você quiser ficar tudo bem, mas eu acho que você precisa tomar um solzinho, convenhamos que você esta parecendo um calango branco... – não pude deixar de rir, mas Bill não achou graça alguma, pelo contrario, sua cara era de poucos amigos.

__ Acho que só eu me preocupo com sua saúde... – agora ele tinha me estressado.

__ Você esta muito enganado Bill, eu me preocupo sim com a saúde do seu irmão, sabe por que? Porque eu o amo. – eu encarava Bill de frente, ele ficou cabisbaixo ao ouvir que eu amava Tom. – só estou fazendo isso pela felicidade dele e porque sei que se algo tiver de acontecer, acontecerá em qualquer lugar...agora não venha me dizer que eu não me preocupo com seu irmão...a coisa que eu mais tenho feito é me preocupar com ele todos os dias...

__ Hey... – Tom entrou em minha frente e segurou nos ombros do irmão. – eu nem sei quando eu vou poder ver a estatua da liberdade de novo, caminhar pelo central park...eu nem sei se vou sair dessa...olha pra mim Bill... – Bill levantou a cabeça e lagrimas já rolavam pelo seu rosto fino e branco. - ...a gente perdeu tanto tempo né? Não vamos desperdiçar mais... – Bill abraçou Tom, que também o abraçou forte...Bill repousou a cabeça no ombro de Tom e chorava como uma criança...mais uma vez eu sai para deixá-los curtir seu momento...

12:00 PM – Hotel Atlantis Bahamas...


Impressionante não era a palavra certa para a visão do Hotel Atlantis...acho que a melhor seria MAGNIFICO! Eu estava arrepiada da cabeça aos pés, nunca em toda minha vida tinha visto algo como aquele lugar...assim que passamos pela imensa porta que aparentava uns 20 metros, demos de cara com um aquário gigantesco, a variedade de peixes era incrível. A idéia do hotel era fazer com que o lugar parecesse estar no fundo do mar, como na historia de Atlantis, admito que tinham conseguido. A arquitetura era de um castelo, sem exageros. Haviam peixes e barbatanas entalhados nos pilares. Um grande lustre em forma de bola com escamas bicolor ficava bem no meio do saguão. Dentro do hotel você já ficava impressionado, agora lá fora você ficava estupefato...não sei como, mas eles conseguiram trazer o mar de águas azuis pra dentro do hotel, literalmente. Eu não tinha visto muito do lado de fora, mas o pouco que vi me deixou impressionada. Tom não tinha pronunciado nenhuma palavra, mas em seus olhos podia ver o quanto estava feliz e maravilhado. Carlla, Georg, Gustav e Bill tinham vindo conosco. Após pegarmos as chaves para nossos respectivos quartos, fomos até eles. Por todos os lugares que você andava no hotel, tinham imensos aquários para dar a impressão de fundo de mar. Assim que entramos em nosso quarto eu quase cai pra trás, era impossível explicar com palavras a beleza e elegância do quarto...e a vista? Meu Deus a vista era perfeita, coisa de filme sabe? Fui ate a sacada e fiquei admirando o mar azul a minha frente, ao sentir a brisa fria tocando meu rosto fechei os olhos e agradeci a Deus por um lugar tão especial e lindo. Senti os braços de Tom me envolvendo e sorri.

__ Agora eu entendo o porque de ser seu sonho conhecer esse lugar...é perfeito. – senti os lábios de Tom encostando em meu ombro e dando um pequeno selinho.

__ O mais perfeito é estar aqui com você... – me virei sorrindo. - ...sabe porque esse lugar sempre foi meu sonho? Porque foi aqui que meu pai conheceu minha mãe, foi aqui que os dois se apaixonaram, meu pai sempre dizia que esse lugar era mágico, então eu sempre quis conhecer, se tornou meu sonho...e estar aqui, com você, é mais do que eu poderia sonhar. – dei um selinho demorado em Tom, seguido por alguns estalinhos.

__ Tudo bem, mas o que a gente vai fazer agora? Eu não vim pra esse paraíso pra ficar dentro do quarto...

__ Mas a gente pode fazer o paraíso aqui dentro do quarto... – Tom falou me olhando com malicia e vindo ao encontro de meus lábios, iniciamos um beijo calmo, que foi se intensificando aos poucos, entrelacei meus braços em seu pescoço e Tom os seus em minha cintura. Fomos caminhando sem desgrudar nossos lábios pra dentro do quarto. Caímos em cima da cama, rindo da situação. Tom deslizou sua mão apressada por meu corpo e eu comecei a tirar sua camisa devagar...sua boca sugava meu pescoço com força, me fazendo delirar, iríamos acabar vocês sabem aonde se não tivessem batido na porta. – FILHO DA MÃE! – Tom gritou e eu comecei a gargalhar, me levantei, ajeitei minhas roupas.

__ A gente vai ter que acabar isso mais tarde amor... – falei com voz de deboche, Tom me fuzilou com os olhos. Abri a porta e Carlla estava com um sorriso sacana nos lábios.

__ Muito obrigado pelo elogio Tom... – ele mostrou o “dedo” pra Carlla que fez o mesmo. – Eu vim aqui pra chamar vocês pra dar uma caminhada na praia...

__ Ah eu topo, estava querendo mesmo dar uma volta por ai... – Tom chegou por trás de mim, me abraçando.

__ Não parecia que você queria sair por ai não...mas enfim, agora que a Carlla atrapalhou vamos né.

__ É que a inveja me corroi... – eu não agüentei e cai na risada, Carlla adorava provocar Tom e ele o mesmo. Aquela viagem com certeza seria inesquecível e daria novo animo ao Tom, um animo que ele precisava.

 
Atlantis Hotel Bahamas

2:30 PM – Praia do Hotel Atlantis Bahamas...


A praia das Bahamas sem duvidas era uma das praias mais lindas do mundo, a areia era tão branca que chegava a cegar...o azul do mar era tão claro que era possível ver os peixinhos nadando lá no fundo. Eu caminhava de mãos dadas com Tom, enquanto Carlla e Georg caminhavam atrás de nós, eles estavam tentando se “entender”. Tom comentava sobre tudo que ele achava interessante e eu apenas prestava atenção. Olhei para trás e Carlla e Georg tinham parado e se sentado...paramos também. Nos sentamos em um lugar mais alto, dava pra ver quase toda praia dali, e a brisa do mar era bem maior ali. Havia umas florzinhas ali, Tom pegou uma delas e colocou atrás de minha orelha, eu peguei outra, dei um beijo e lhe entreguei...ficamos nos olhando em silencio por alguns segundos...desviei meu olhar do seu e comecei a mexer nas platinhas que tinham ali.

__ Você vai me amar daqui a 100 anos? – como sempre Tom me assustava com sua voz que surgia do nada no meio do silencio...a pergunta me surpreendeu mais ainda, ele me olhava com feição serena, mas de quem esperava por uma resposta.

__ Que pergunta Tom, é claro que vou te amar... – respondi rindo e voltando a mexer nos matinhos.

__ E você vai me amar quando eu não tiver forças pra falar? – o olhei sem entender o porque daquelas perguntas. – Você vai me amar quando eu estiver extremamente pálido?...Você vai me amar quando eu tiver dificuldade para respirar?...Você vai me amar quando eu ficar frio?...Você vai me amar quando eu tiver ataques de raiva e ta mandar sumir da minha vida?...Você vai me amar quando eu não conseguir olhar em seus olhos?...Você vai me amar quando eu dormir o dia inteiro por causa dos remédios?... – eu não entendia o que ele queria, aquilo estava me machucando de alguma forma...eu comecei a imaginá-lo em todas essas situações... – E você vai me amar quando eu não puder te amar mais? – uma lagrima escorreu por seu rosto...e eu o segurei firme com as duas mãos, olhei dentro dos olhos mais lindos que já tinha visto...

__ Eu vou te amar para todo o sempre, e em qualquer situação.

Postado por: Grasiele

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