quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Glamourous - Capítulo 25 - KNOWING THE SAME PROBLEMS...

8:30 AM – Hospital Central de New York – Quarto 34

Depois de uma semana agitada nas Bahamas o sonho tinha chegado ao fim, e a dura realidade batia a porta. Essa semana nas Bahamas tinha sido maravilhosa...fez eu enxergar tantas coisas que antes eu não enxergava...fez com que meu amor por Tom aumentasse...fez com que eu tivesse a certeza de que é junto dele que quero passar o resto da minha vida. Tínhamos acabado de entrar no quarto em que Tom “viveria”...e até que não era tão ruim. Era bem maior que os outros quartos do hospital, com uma cama que parecia ser mais confortável...até TV de plasma tinha. Duas cômodas brancas, uma em cada lado da cama. Cortinas amarelo bem clarinho...enfim até que dava pra se sentir bem aqui. Tom observava tudo calado...segurava sua mala em silencio, apenas com os olhos se movendo pra cada canto do quarto.

__ Lar Doce Lar! – ele disse sem um pingo de ânimo na voz...tacou sua mala em cima da cama e se sentou na mesma.

__ Ah não é tão ruim assim...nem se parecesse com um quarto de hospital... – me sentei ao seu lado...ele virou o corpo, olhou mais uma vez o quarto e balançou a cabeça positivamente.

__ Mas é claro que não se parece...a não ser pela cama que sobe quando você aperta o botãozinho, o aparelho de oxigênio ali em cima e esse cheiro de desinfetante...mas tirando isso eu nem percebi que estava em um hospital...

__ Sua ironia continua intacta não é? – me levantei e fui olhar o banheiro que tinha ali.

__ AAA NÃO!! – Tom gritou, corri para ver o que era...ele segurava aquelas roupas de hospital. – eu vou ter que usar essa roupa ridícula e com um rasgo atrás?! – não agüentei e comecei a rir...caminhei ate ele, tirei a roupa de suas mãos e taquei em cima da cama...lhe dei um selinho demorado.

 __ Você vai ficar lindo com ela...

__ Ah claro que vou... sabe acho que depois que sair daqui vou lançar uma coleção de roupas de hospital que quando você olha não tem a sensação de “ Hey, eu estou com o pé na cova”...e por que o rasgo atrás? Por que? – ele se questionava incrédulo, lhe dei um abraço bem apertado.

__ Bom eu vou deixar você ai se perguntando do porque do rasgo atrás e vou pegar um café, você quer?

 __ Não posso...na minha listinha de proibições cafeína é o primeiro item e com letra maiúscula. – ri de como Tom era dramático, lhe mandei um beijinho no ar e sai.

*****

 UMA SEMANA DEPOIS...

 Uma semana tinha se passado...uma semana difícil. Tom não tinha se adaptado tão facilmente como pensávamos... ele tinha crises de choro e raiva...gritava no meio da noite e tratava mal a todos os enfermeiros e médicos...era raro encontra-lo de bom humor. Eu e Bill praticamente tínhamos nos mudado pro hospital também, estávamos com Tom todos os dias e não escapávamos dos ataques de mau humor dele. Me lembro que da ultima vez ele chamou Bill de todos os nomes feios possíveis...e bem comigo ele era mais doce...apenas vivia dizendo que não me merecia, que ele não prestava pra mim e que eu deveria ficar com o Bill...sinceramente não estava sendo fácil pra mim, todos os dias ter que ouvir ele se diminuir dessa forma...mas tínhamos que ser fortes e apenas tolerar afinal de contas, quem não ficaria com raiva do mundo na situação em que ele se encontrava. Hoje tinha sido uma exceção, ele tinha acordado de bom humor, brincando com todo mundo, fazendo piadinhas... era assim, tinha dias que ele estava ótimo e dias que parecia um Pit Bull. Talvez o motivo de toda essa alegria fosse o resultado de compatibilidade de medula, os resultados sairiam hoje...é claro que todo esse bom humor poderia se reverter em mau humor dependendo do resultado. Eu estava com um baita frio na barriga... mas pensava positivo. Tom tinha acabado de tomar banho e agora estava comendo, estávamos todos os que tinham feito o exame esperando pelo médico. Não demorou muito e o médico entro no quarto com vários papéis nas mãos. __ E então doutor quais são os resultados? – Tom perguntou tão entusiasmado.

__ Bem, após ver todos os exames e analisarmos, infelizmente não encontramos nenhum doador compatível. – não! Isso não podia estar acontecendo...como assim nenhum doador compatível? E Bill? – Agora o que faremos é inserir seu nome a uma lista de espera por medula, com urgência é claro. – olhei para Tom que não tinha expressão alguma, levei minha mão á sua, mas ele a tirou de mim. Ao olhar para Bill o mesmo chorava silenciosamente...os outros estavam com a mesma expressão de tristeza e pena. – O que não podemos agora é perder as esperanças...

__ Doutor, eu gostaria de ficar sozinho, por favor. – Tom disse com a voz baixa...nos entreolhamos. – por favor, me deixem. – todos saíram devagar, dei um beijo no rosto de Tom que nem se moveu. Como era difícil vê-lo desapontado daquela forma. Sai do quarto e não consegui conter as lagrimas...


NARRADO POR TOM...

Por que comigo? Era a única coisa que eu conseguia me perguntar...por que a vida estava sendo tão cruel comigo? O que eu fiz de tão ruim? Andava pelos corredores do hospital sem rumo...e daí que eu não podia andar por ali? A verdade é que estava pouco me lixando...alguns enfermeiros e médicos me olhavam desconfiados, que olhem! Eu só queria sair daquele quarto...eu queria sair daquele hospital...depois de muito andar, cheguei em frente a uma porta branca, com um letreiro em cima que dizia “ÁREA DE LEUCEMIA INFANTIL”...pensei se deveria entrar, se olhar pra minha imagem doente no espelho já me deprimia, imagina ver crianças inocentes e com a vida inteira pela frente daquela maneira...recuei...mas algo me dizia para entrar, algo como uma intuição...peguei na maçaneta, a girei e entrei. Era um corredor enorme, vazio e branco. Haviam varias portas, deviam ser os quartos, fiquei pasmo como não tinha ninguém ali...de repente ouvi risadas e conversas altas de crianças vindo da ultima sala do corredor, caminhei ate lá...e através de um vidro pude ver uma enorme sala cheia de crianças...todas felizes! Brincavam, se divertiam...sorri ao vê-las tão felizes, todas com gorrinhos, bonés e outras sem nada. Uma sensação estranha tomou conta de mim, eu quis conhecer essas crianças...de novo a intuição me mandava entrar ali e assim o fiz...o engraçado é que ninguém notou, elas estavam tão entretidas com suas brincadeiras que nem notaram minha presença...era o que eu pensava.

__ Quem é você? – ouvi uma voz fininha atrás de mim...me virei e uma garotinha linda, dona dos olhos mais azuis que eu já tinha visto me encarava seria. Agachei em sua frente.

__ Meu nome é Tom e o seu? – ela estava abraçada a um ursinho de pelúcia.

__ Eu me chamo Marta e tenho seis anos e cinco meses. – ri ao ver a forma engraçada que ela falava. – mas você ainda não me disse o que esta fazendo aqui, por acaso é um dos novos médicos?

__ Não, eu sou um paciente também... – ela me olhava curiosa. – acabei de me mudar aqui pro hospital...

__ Eu sei, você esta com a mesma aparência de medo, confusão e tristeza de todos os que chegam aqui... –me surpreendi com tamanha inteligência, aquela garota tinha algo de diferente das outras crianças.

 __ Marta o que você esta fazendo ai? – levantei a cabeça para ver quem falava...me deparei com uma garota linda...tinha grandes cabelos negros, olhos cor de mel e boca aveludada, sua pele era tão branca que era possível ver as veias...não devia ter mais que vinte anos. Me levantei e sorri tímido. – posso saber quem é você?

__ O nome dele é Tom e acabou de se mudar pra cá. – Marta respondeu prontamente.

__ Esse sou eu... – a garota sorriu. Estendi minha mão, ela a apertou.

__ Meu nome é Elisabeth, eu não sei se você sabe, mas essa área é restrita.

__ Bem eu não sabia...er na verdade eu sabia, mas alguma coisa me disse pra entrar aqui e acho que já descobri o porque. – passei a mão nos cabelos de Marta que sorriu.

__ Marta, vá lá brincar com a Maria...eu preciso conversar com esse rapaz. – Marta deu de ombros, me deu um xauzinho e saiu pulando dali. – Venha comigo. – droga! Tomaria bronca. Acompanhei a garota até um quarto no mesmo corredor, um quarto vazio. – a Marta é uma garotinha bem receptiva.

__ Com certeza...eu estava super deprimido e ela me fez sentir bem melhor... – disse me acomodando em cima da cama...Elisabeth se sentou ao meu lado.

__ É ela tem esse poder...mas então quer dizer que você se mudou pra cá faz pouco tempo?

__ Uma semana pra ser mais exato. – respondi fitando o chão. – e você? É médica só das crianças ou atende a outros pacientes também?

__ Na verdade eu não sou médica...sou paciente... – ela olhava para o chão.

__ Hey então não podia me dar bronca, também estava fazendo errado. – cutuquei seu braço, e ela sorriu para mim.

__ Não necessariamente, eu tenho passe livre pra ficar com as crianças...afinal de contas um ano vivendo aqui é...muito tempo.

__ UM ANO? Você já esta aqui há um ano? Como agüenta? – eu estava incrédulo...como alguém podia viver um ano nesse lugar...eu não agüentaria...acho.

__ Bem no inicio foi bem difícil, mas depois eu fui me acostumando, me apegando aos enfermeiros, médicos e as crianças e me adaptei. – ela sorria docemente. – quando eu vim pra cá eu tinha uma vida ótima sabe? Amigos, família, namorado, mas depois todos foram sumindo, arrumavam desculpas de que viriam na semana que vem...e bem nunca mais vieram... aqui virou meu lar agora, as pessoas que estão aqui são minha família. – por um momento senti medo...e se tudo isso acontecesse comigo? E se minha família, amigos e a Annie sumissem? Não agüentassem a barra? Balancei a cabeça pros lados pra espantar esses pensamentos. – Mas então, o que você tem?

__ Leucemia em estado avançado. – falei revirando os olhos.

__ Bem Vindo ao meu mundo. – ela sorria...que sorriso lindo ela tinha.

__ Você não parece ter leucemia...sabe o... – apontei para os cabelos dela...ela sorriu mais uma vez.

__ A gente improvisa como pode... – o silencio pairou no quarto, olhei para o relógio e já era tarde, Annie deveria estar preocupada comigo. Me levantei num pulo.

__ Eu tenho que ir...devem estar me procurando, eu sai sem pedir permissão, enfim devem estar preocupados. Foi um prazer te conhecer.

__ O prazer foi todo meu. – dei um beijo em seu rosto e me virei para ir embora, mas ela me chamou. – Tom...é se você quiser eu posso conseguir um passe livre para que você possa ver as crianças...

__ É claro que eu quero, vai ser uma ótima forma de me distrair...bem a gente se tromba por ai. – dei um tchau e sai correndo pelo corredor vazio.

NARRADOR

É Tom ter algo com o que se distrair é sempre bom. Mas eu não estou falando de brincar com crianças.

Postado por: Grasiele

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