domingo, 4 de março de 2012

Ironias do Destino - Capítulo 22 - Será que ficará bem?

(Contado pelo Bill)

Na manhã de sábado, acordei assim que amanheceu, e vi Holly de costas pra mim, chorando baixinho. Dei um beijo em seu ombro...

           - Está bem? – perguntei sussurrando.

      Ela assentiu com a cabeça, e continuou do jeito que estava. Em seguida levantei-me e fui para a cozinha. O Tom também estava de pé. Éramos os únicos acordados. Ele coou o café, preparou suco de laranja fresco, fez torradas, e ainda trouxe o jornal.

           - E como a Holly está? – pergunta Tom.
           - Hoje quando acordei a vi chorando. – respondi.
           - Deve ser duro pra ela ter que enfrentar isso.
           - Pra mim também está sendo. Mas preciso me controlar para não deixá-la pior.
           - Logo, logo vocês poderão tentar novamente. E quem sabe desta vez não dê certo. Já imaginou um Billzinho correndo pela casa?
           - Seria estranho, e ao mesmo tempo muito... muito bom.

      Minutos depois, quando Holly saiu do quarto vestida em seu roupão, estava com os olhos secos, e um pouco vermelhos. Ela sorriu pra mim, como que dizendo que agora estava bem. Logo os outros também acordaram e se juntaram a nós.

      Mais uma vez, na manhã seguinte, acordei novamente antes do Sol nascer, com o som do choro baixo da Holly ao meu lado.

           - Ei! – exclamei, e passei meus braços em torno dela.

      Ela colocou seu rosto sobre meu peito, e eu podia sentir suas lágrimas me molhando através da camiseta.

           - Estou bem. – respondeu ela. – Verdade. Só estou... ah, você sabe como é...

      Eu sabia. Estava tentando me comportar, mas também me ressentia com a dura sensação de perda. Era muito estranho. Como se toda história tivesse sido apenas um sonho, e estivéssemos com uma imensa dificuldade para parar de sonhar.

           - Ela estava chorando de novo. – comentei com o Tom.
           - Tenha calma, isso logo passará. – disse ele.
           - Tenho medo de que demore.
           - Sei que é difícil, mas vocês dois são fortes e têm um ao outro.
        
      Fiquei conversando com o Tom durante algum tempo. E confesso que se ele não existisse para me dar forças pra continuar, com certeza eu já teria largado tudo.

      Mais tarde, nesse mesmo dia, estavam todos reunidos na sala assistindo um filme, inclusive a Holly.

           - Ô Gustav, hoje é o seu dia de fazer compras. – disse Maggie.
           - E daí? – pergunta ele.
           - E daí que os meus absorventes acabaram. – disse ela.
           - Não vou comprar seus absorventes!
           - Mas é o seu dia de fazer compras!
           - Sou homem! E homens não compram esse tipo de coisa!
           - É só inventar que você é travesti!

      Todo mundo riu, menos a Holly.

           - Tudo bem, eu vou em seu lugar. – disse.
           - Valeu. – disse Gustav.

      Chamei a Holly pra ir comigo, mas ela preferiu ficar em casa. Peguei as chaves do carro, e segui para o super mercado. Acabei esquecendo de comprar os absorventes da Maggie. No caminho de volta, passei numa floricultura e comprei um gigantesco buquê de flores do campo que vinha num vaso, na esperança de conseguir alegrá-la. Amarrei o vaso com o cinto de segurança no banco de trás, para que a água não caísse. No mesmo banco, coloquei as sacolas com as compras.

      Cheguei em casa, e estacionei. Holly veio me receber do lado de fora.

           - Tenho uma pequena surpresa pra você. – disse.

      Abri a porta do carro, e quando olhei no banco de trás para pegar as flores, me surpreendi. O buquê se transformara numa mistura de margaridas, amores-perfeitos, rosas brancas e cravos bem vermelhos. As flores estavam todas no assoalho do carro, com o vaso as amassando. O sinto estava solto. Acho que não o prendi direito. Mas como? Pensei.

      Olhei para a entrada da varanda, e a vi com o rosto banhado em lágrimas. Mas desta vez, ela estava chorando de tanto rir. Fui a pessoa mais distraída do mundo. E ela não teria se divertido tanto se eu tivesse feito uma serenata com cantores mexicanos debaixo de sua janela. Não tive jeito senão rir também.

      Holly se aproximou de mim, e passou seus braços em torno do meu pescoço.

           - De qualquer jeito, nunca fui apaixonada por cravos. – disse ela.
           - Era pra ser uma surpresa.
           - O que vale é a intenção. Ma deveria ter prendido o cinto direito.
           - É. – ela me beijou.

      Na manhã seguinte, acordei com o Sol brilhando, e olhei para o relógio; era quase 8h00. Vi Holly dormindo tranquilamente, ressonando profundamente. Beijei seus cabelos, coloquei meu braço em volta de sua cintura e novamente fechei os olhos. Acho que agora sim as coisas voltarão ao normal.
Postado por: Alessandra

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