domingo, 4 de março de 2012

Ironias do Destino - Capítulo 21 - De volta para casa

(Contado pelo Bill)
      Os dias passavam, e nada da Holly receber alta.

           - Doutor, quando ela será liberada? – perguntei.
           - O estado dela já está bem melhor. Acho que amanhã mesmo ela poderá ir pra casa.

 Fiquei feliz com aquela noticia. E preocupado, pois ainda não havia falado com a imprensa sobre o cancelamento do show. Holly passou seis dias no hospital. Seis dias de “tortura” para nós dois, mais para ela, já que passou a maior parte do tempo na cama.

      Na manhã de sua alta, chamei o Carlão e pedi que ele preparasse o carro. E assim foi feito. Ela colocou uma roupa confortável, ajeitou os cabelos, e passou um pouco de maquiagem para ficar com cara de saudável. Me surpreendi ao chegar na porta de saída do hospital. A rua estava completamente tomada por jornalistas, fotógrafos, e fãs.

           - Como ficaram sabendo? – pergunta Holly.
           - Não faço idéia. – respondi.
           - E agora? O que faremos?
           - Fique calma. 
           - Eles vão descobrir!
           - Daremos um jeito de sair daqui sem que nos vejam.
           - E pode me dizer como pretende fazer esse “milagre”?

      Nem eu sabia. Ela começou a ficar nervosa, e tentei acalmá-la, pois precisava de repouso, mesmo que estivesse indo pra casa. O Carlão pediu reforços policiais, para que saíssemos com segurança. Não estava preocupado comigo, mas sim com a Holly. Um dos médicos nos deu a idéia de sair pelos fundos. Foi a melhor solução naquele momento. Na rua atrás do hospital não havia ninguém, o que facilitou a nossa saída. Entramos no carro, e fomos tranquilamente pra casa.

           - Eu disse que daríamos um jeito. – disse a ela.

      Chegamos em casa, e o pessoal havia preparado uma pequena comemoração para recebê-la novamente. Mas como estava um pouco cansada, preferiu se deitar pra descansar.

      Mantive os visinhos informados sobre sua recuperação, mas ninguém mais a viu. Holly ficou dentro de casa por uma semana, vendo apenas nós que já convivíamos com ela. Tive que desmarcar mais alguns shows. E dei a desculpa de que minha mãe não estava muito bem. Por sorte, ela confirmou tudo.

      Algumas semanas depois, Holly saiu pela primeira vez para tomar um pouco de sol, no jardim da casa. Ela estava ainda mais linda, forte, atlética. Parecendo inteira novamente. Como ainda se recuperava psicologicamente, resolvi passar numa floricultura, e lhe comprei um buquê com vários tipos de rosas. Cheguei em casa, e ela estava sentada numa cadeira à beira da piscina, apreciando o dia. Escondi o buquê nas minhas costas, e fui falar com ela.

           - Como está se sentindo? – perguntei, e lhe dei um selinho.
           - Bem melhor. – responde ela.
           - Trouxe isso aqui pra você. – lhe mostrei o buquê.
           - São lindas! – disse ela, sorrindo. – Obrigada.
           - Está bem mesmo?
           - Sim. – responde. – Quase normal.
           - Me parece ótima, sabia? – disse. – Bem melhor do que naquela noite.
           - Eu sabia que começaria a falar sobre isso. – ela abaixou um pouco os olhos. – Que noite aquela!
           - Que noite. – repeti. – Quando se sentir pronta para conversarmos sobre o outro assunto, é só me dizer.
           - Acho que não há como se preparar pra falar sobre isso. E quero resolver logo.
           - Tem certeza?
           - Um-hum.
           - Tudo bem.
           - Bom, descobri que estava grávida um dia antes de tudo acontecer. Fiz a Maggie prometer que não diria nada até eu me acostumar com essa noticia, e me preparar pra contar a você. Sei que não agi corretamente, mas... senti tanto medo de que você não reagisse bem. Fiquei ainda mais preocupada naquela manha, quando disse que não saberia o que fazer se descobrisse que eu estava grávida. Eu realmente pretendia te contar, e estava disposta a ouvir qualquer coisa. Mas não naquele momento. E talvez se tivesse dito, as coisas pudessem ser diferentes.
           - Tipo eu não deixar você sair sozinha.
           - Não! Por favor, não quero que se sinta culpado por isso. Aconteceu! E poderia ter acontecido com qualquer pessoa.
           - Mas se eu estivesse ao seu lado, não teria acontecido!
           - Poderia ter sido pior.
           - Holly... você não sabe o quanto sofri ao vê-la naquela situação. Confesso que cheguei a pensar que não fosse resistir.
           - Graças a você, estou bem. Devo-lhe a minha vida.
           - Se tivesse acontecido algo pior, eu... eu acho que não agüentaria.
           - Teria que agüentar! Sua vida não poderia parar por minha causa. Me sinto até um pouco culpada por tê-lo feito cancelar alguns shows.
           - Faria isso, querendo ou não.

      Conversamos durante horas sobre isso. Ela também me falou dos médicos, do investigador que a interrogou, das inúmeras cestas de frutas que recebeu, e do tédio de ter que ficar em casa sem poder sair enquanto se recuperava.

      Agora havia uma proximidade diferente. Como poderia deixar de haver? Eu sabia que ela se sentia grata por eu tê-la acudido. Sabia que ela aceitara o meu esforço em consolá-la, mesmo sem surtir nenhum efeito. Holly sabia que eu me importava realmente com ela, e estava li pra qualquer coisa. Compartilhamos algo naquela noite, sentados no asfalto – um desses breves momentos de claridade que definem todos os demais ao longo da vida – que nenhum de nós jamais esqueceria. Ela era forte. Era corajosa. E com certeza seguiria em frente.

Postado por: Alessandra

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