(Contado pela Holly)
O Bill obviamente não concordou com a idéia de eu ter que me encontrar com o David. Mas às vezes na vida é preciso fazer alguns sacrifícios, principalmente se for por alguém que amamos. Fiquei conversando com ele por vários minutos até conseguir finalmente convencê-lo. Mas com a condição de que haveria alguns seguranças disfarçados no meio dos clientes, eu teria que usar uma mini câmera com microfone pra gravar toda a conversa, caso o Davi se atrevesse a fazer qualquer tipo de coisa. Isso está até parecendo aqueles seriados investigativos.
O relógio marcava 7h55. Entrei no carro, e o Carlão foi me levar até o restaurante. Confesso que estava morrendo de medo, e minhas mãos suavam tanto, que eu acho que dava pra encher uma garrafa de dois litros a cada cinco minutos. Enfim chegamos, e antes que eu pudesse sair, o Carlão me perguntou:
- Tem certeza que quer mesmo fazer isso? Ainda dá tempo de desistir.
- Se eu não fizer, ele ficará infernizando a minha vida por tempo indeterminado. E além do mais, há alguns seguranças particulares lá dentro, e fora os outros do estabelecimento. Duvido que ele tenha coragem o suficiente para fazer alguma coisa.
- Boa sorte.
- Obrigada.
Abri a porta do carro, e sai. Entrei no restaurante, e já o avistei de longe, com um enorme sorriso no rosto, e acenando pra mim. Fui até lá.
- Você está linda. – disse ele, se levantando.
- Vá direto ao assunto.
- Calma. Primeiro iremos nos sentar, e conversar como duas pessoas civilizadas.
- E desde quando alguém que manda matar a ex é civilizado? – me sentei.
- Já vai começar com esse assunto? Pensei que essa noite fosse de comemoração.
- Que comemoração? Tá maluco?
- Não vamos brigar, não é amor? As pessoas vão começar a reparar.
- Primeiro: não me chame de amor. Segundo: espero mesmo que reparem.
- Ta legal Holly, você já está começando a passar dos limites. Te convidei pra jantar com as melhores das intenções, e você já chega com ignorância?
- Você tendo boas intenções? Inventa outra pra ver se eu acredito.
O garçom se aproxima, e pergunta se já queremos fazer o pedido.
- Por enquanto não. – diz David. – Mas pode nos trazer o melhor vinho da casa?
- Sim senhor. – diz o garçom, em seguida se retira.
- Acho melhor começar a falar o motivo de ter pedido que eu viesse te encontrar. – disse.
- Pensei em tudo que fiz a você, e notei que foi errado.
- O quê? – perguntei incrédula.
Ele só pode estar brincando, não é? O David se dizendo arrependido?
- Não deveria ter pedido alguém pra te matar. – disse ele. – Eu mesmo deveria ter feito o serviço.
- Você é completamente maluco. Ainda bem que não me casei com você.
David se irritou, e bateu com força na mesa. Me assustei, assim como outros clientes, que ficaram olhando.
- Hoje você não conseguirá me irritar. – disse ele. – E quero que saiba que o meu objetivo ainda não foi completado.
- Ou seja, ainda quer me matar.
- Exatamente. Só descansarei, quando isso tudo estiver acabado.
- Pensei que me amasse.
- E eu amo. – o garçom se aproxima e nos serve com o vinho.
- Então porque quer me matar?
- Se não pode ser minha, não será de mais ninguém.
- Eu sabia que você era egoísta, mas não tanto.
- Só estou recuperando algo que é meu.
- E acha que fazendo isso tudo, conseguirá?
- Não. Mas posso tentar.
- Recomendo que procure um médico.
- Quando tudo acabar, procurarei.
- Coloque uma única coisa em sua mente: NUNCA serei sua.
Me levantei para ir embora.
- Aonde pensa que vai? – pergunta David.
- Pra casa. – respondi.
- Não acabamos nossa conversa.
- Não deveríamos nem ter começado.
Ele se levantou, e veio até mim. Segurou meu braço com força, afastou um pouco seu paletó, e deixou a mostra uma arma. Me assustei. Olhei na direção em que o segurança estava, e ele se aproximou.
- Senhor David Castro? – pergunta o segurança.
- Sim? – ele olha para trás.
- O senhor está preso por tentativa de homicídio. – o segurança agora estava com uma arma em punho, apontando na direção do David.
David me soltou, e levantou as mãos, como o segurança havia lhe pedido. Um policial foi chamado, e o algemou. Minhas mãos e pernas estavam tremendo de tanto medo. David me olhava com ódio, e antes de ser levado para uma das viaturas, disse:
- Isso ainda não acabou.
Bill chega rapidamente, e me abraça forte.
- Você está bem? – pergunta ele.
- Estou. – respondi assim que nos afastamos um pouco.
- Ele... fez alguma coisa com você?
- Só segurou um pouco forte no meu braço, mas não foi nada demais.
- Acabou. Finalmente acabou.
- É, e eu continuo viva.
- Ainda bem, porque eu não iria agüentar se algo te acontecesse novamente.
- Deixa de ser bobo e pessimista, e me beija.
Ele sorriu. Foi a melhor coisa que eu poderia receber naquela noite. Um sorriso alegre. O beijo mais apaixonado. E eu, me sentia a mulher mais sortuda por ter um homem tão dedicado ao meu lado. Sem ele as coisas provavelmente seriam diferentes.
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