(Contado pela Holly)
Tenho certeza de que preocupei o Bill. Só que essa não era a minha intenção. Sei o esforço que ele está fazendo para manter as coisas normalmente. Mas também estou preocupada com o que o David falou. Se ele foi capaz de mandar matar sua ex-noiva, obviamente seria capaz de fazer o mesmo com o Bill.
Quando acordei, o ele mexia nos meus cabelos. Perguntou se agora estava tudo bem, e respondi que sim. Alguns minutos em silêncio, e decidi contar toda a verdade, mesmo sabendo que poderiam vir conseqüências gravíssimas.
- Quer saber o real motivo d’eu estar chorando? – perguntei.
- Claro. – disse ele.
Me sentei na cama de uma forma que ficasse de frente para ele.
- Antes de vir para Nova York, eu estava de casamento marcado com um dos empresários que trabalha na empresa da minha mãe.
- Ia se casar? – pergunta ele, incrédulo.
- Sim, quero dizer... Eu não o amava, e só estava aceitando aquele casamento para agradar algumas pessoas. Mas na hora “H” notei que aquilo era completamente errado, e que eu não iria conseguir ser feliz fazendo algo contra minha vontade. Acabei desistindo de tudo no altar.
- Esperai, deixa-me ver se entendi. Você iria se casar, mas o deixou no altar, na frente de todos, é isso?
- Exatamente. Na manhã seguinte recebi o telefonema do seu empresário, e aceitei na hora. Não comentei sobre o assunto com absolutamente ninguém da minha família. Somente com uma amiga que mora aqui, que por sinal me deu o maior apoio e me convidou para dividirmos um apartamento. Fiquei sumida por alguns dias, até criar coragem para ligar pro meu pai. Duas semanas depois, fui pra uma festa com aquela amiga, e acabei “conhecendo” você.
- Até ai eu entendi. Mas onde o motivo do seu choro entra na história?
- Meu ex-noivo apareceu aqui ontem.
- O quê?
- Depois de discutirmos, ele acabou confessando que foi o autor do crime.
- Esperai, estou confuso. Foi ele quem mandou esfaquearem você?
- Um-hum.
- Mais que... que filho da mãe! Me diga onde encontrar esse miserável, que irei acabar com a vida dele!
- Ainda tem mais.
- Ele te machucou? Diga que ele não encostou um só dedo em você!
- Não. Ele não fez nada. Ainda.
- Como assim?
- Ele... ele ameaçou dizendo que se eu contasse alguma coisa, machucaria você.
- Que desgraçado!
Não consegui segurar as lágrimas, e o Bill me abraçou.
- Não irá acontecer nada comigo, muito menos com você! Mas sabe onde encontrá-lo?
- Não. – respondi assim que ele me soltou.
- Precisamos pegá-lo antes que cometa outro crime.
Sei que contar tudo ao Bill foi a melhor solução. Só ele poderá me ajudar, e eu não conseguiria guardar isso por muito tempo, principalmente sabendo que ele poderia correr algum tipo de risco. Ficamos conversando durante algumas horas para resolver o que faríamos. Por fim acabamos por optar que eu não saísse de casa sem a presença de pelo menos dois seguranças. Ele faria o mesmo, e pediria ao Carlão que reforçasse a segurança da casa, para não corrermos o risco de receber mais uma visita do David.
Alguns dias se passaram, e mesmo sabendo que estava segura, mais uma vez não conseguia sair de casa. A rotina de shows dos meninos voltara ao normal. A Maggie ficou de férias, e viajou para Londres, onde seus pais moram. Eu iria com ela, se não fosse o medo de deixar o Bill “sozinho”.
Numa tarde, em que o Bill estava em casa com os meninos, ensaiando para um show que haveria na noite seguinte, o telefone toca.
- Alô? – atendi.
- A mulher mais linda desse mundo está bem? – pergunta David.
- Como conseguiu esse número?
- Não sei se você percebeu, mas consigo qualquer coisa.
Os meninos que passavam pela sala naquele mesmo instante, pararam, e se sentaram no sofá. Georg ligou a televisão, e todos começaram a assistir um canal que só passava séries.
- Ainda não respondeu se está bem ou não. – disse ele.
- David...
Foi o bastante pro Bill pedir que o volume da TV fosse abaixado, e que eu colocasse no “viva voz”. Pediu também que todos ficassem em silêncio, apenas a minha voz e a do David seria ouvida.
- Estou com saudades, e louco pra ver você. – disse ele.
- Por favor, me deixe em paz!
- Não se faça de difícil, porque eu sei que você não é! Pode tentar enganar o idiota do seu namorado. Mas a mim não engana!
- O que quer?
- Você. A única coisa que me interessa é você. Preciso te ver.
- O quê?
- Amanhã à noite. No restaurante chinês do Central Park.
- Acha mesmo que irei te encontrar?
- Acho. Porque se não for, irei até você.
Pensei mesmo em dizer que não. Mas se eu quisesse acabar com aquilo o mais rápido possivel, teria que ir encontrá-lo. Bill que estava do meu lado fazia sinais negativos pra eu não aceitar.
- Que horas? – perguntei.
- Boa garota. Às oito e meia. E vê se não se atrase. Ah, e se vier alguém junto, já sabe o que acontecerá.
- Ok.
Ele desligou o telefone. E a primeira coisa que fiz foi olhar pro Bill.
- Porque fez isso? Sabe que não deixarei você ir sozinha, não é?
- E por um acaso você tem um plano melhor?
- Holly, o Bill tem razão. – disse Tom. – Esse cara é perigoso.
- Eu sei. Mas não temos um plano.
- Você não vai! – disse Bill. – Não vou deixar que ele te machuque mais uma vez. Só eu sei o que sofri quando estava naquela cama de hospital!
- Bill, nós precisamos de algo para pegá-lo.
- E quer se entregar como uma moeda de troca? – pergunta ele.
- Antes eu do que você.
- Holly, eu não... eu não posso permitir isso. Seria como... como se não me importasse contigo.
- Sei que se importa, mas temos que fazer algo o mais rápido possivel.
- Não. Eu não posso deixar. Não mesmo.
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