terça-feira, 1 de maio de 2012

Coração de Outono - Capítulo 24 - Uma noite inesquecível.

(Contado por: Aiyra)
Era madrugada daquele mesmo dia, quando ouvi um barulho vindo da janela, algo batendo. Pensei estar ouvindo coisas demais e não dei muita importância. O barulho persistiu e me levantei para verificar o que poderia ser. Sai na varanda e o vi sorrindo, no jardim da frente.
- O que faz aqui? – perguntei. – Sabe que horas são?
- Acho que perdi meu relógio... Por aí... – riu.
Bill não usava relógio, e aquela era a desculpa mais esfarrapada que alguém já inventara somente para me ver. O sono que eu sentia, desapareceu rapidamente. Me encostei na sacada.
- O que você quer, hein? – sorri. Seus olhos refletiram com o luar, como se estivesse pensando.
- Não dá pra falar daqui, posso ir aí?
- Claro. Você entra pela porta e leva um tiro do Pedro, que tal? – ironizei.
- Ele nem precisa saber.
A sensação de que poderíamos ser descobertos a qualquer instante, me fascinou. Foi como um estimulante. Lhe pedi que esperasse um pouco, pois em alguns segundos eu já estaria lá embaixo para atendê-lo. Desci as escadas com o máximo de cuidado, abri a porta e logo voltamos para o quarto.
- Me sinto como um garotinho de cinco anos fazendo algo escondido dos pais – diz Bill, num quase sussurro. Me segurou pela cintura.
- Você é louco. – ri. – Me fala o que você quer. – beijou meus lábios carinhosamente.
- Te dar boa noite. Pessoalmente. – sorriu.
- Saiu de casa em plena madrugada pra me dar boa noite? – fiquei surpresa. – Sabe que já inventaram o celular, não sabe? – nós rimos.
- Não era só pra isso.
- Então...?
- É que... Eu gosto muito de você.
- Já disse que você é louco? – o beijei. - Fique aqui. Quando amanhecer você vai embora bem cedinho, ok?
- Tudo bem.
Eu dormi em seus braços, e quando acordei na manhã seguinte não o encontrei. Havia apenas um bilhete na mesinha de cabeceira.
“Bom dia! Te observei dormindo o restante da noite, e sua respiração
me hipnotiza. Fui embora antes que alguém acordasse,
para não criar problemas.
Esteja pronta para o baile às 8h00.
Um beijo.”
***
Depois de muito pensar, ficar horas e mais horas em frente ao espelho experimentando algumas fantasias, com a ajuda – mais que fundamental – da Anna, acabei escolhendo a fantasia de chapeuzinho vermelho. As outras eram sexy demais ou recatadas ao extremo, e aquela foi com qual me identifiquei um pouco. Achei meio estranho, confesso, por ser delicado demais. Mas parando para pensar, ser delicada uma vez na vida não vai me matar.
Voltei para casa quando faltava menos de três horas para o baile. Tomei um banho quente e relaxante que durou cerca de quinze minutos. Sai do banheiro com os cabelos molhados, com uma camisola e chamei a Clarisse pra me socorrer. Aproveitei seu restinho de tarde de folga, para pedir que me ajudasse a arrumar o cabelo. Eu não fazia ideia de como deixá-lo pronto. Ela pediu que eu me sentasse em frente a penteadeira e logo começou seu trabalho. Uma hora depois meu cabelo estava escovado e cacheado feito a “cachinhos dourados” e meio preso. A maquiagem um tanto mais elaborada, mas nada que me fizesse mudar completamente. E por fim, coloquei a roupa.
Terminei de arrumar os últimos detalhes, desci as escadas e encontrei o Bill me esperando na porta de casa. Estava fantasiado de pirata, e sinceramente o achei mais sexy que o normal. Riu a me ver e também não pude deixar de soltar algumas gargalhadas.
- Se tivesse dito que viria de chapeuzinho vermelho, eu teria caprichado mais na minha fantasia e viria de lobo mal. – brincou.
- Você sabe que o lobo mal come a chapeuzinho, não sabe? – perguntei.
- Essa seria a intenção. – senti uma pontinha de malicia.
- Está insinuando que você queria me comer? Quê isso?! – nós rimos.
O Pedro recomendou que não chegássemos ao amanhecer, pois eu poderia receber uma bela punição por isso. De qualquer forma, eu só estava indo mesmo pra essa festa, porque o Bill me convidou. Do contrário eu não pisaria meus pés para fora de casa. Não é muito a minha cara esse tipo de coisa e várias pessoas num só lugar, muitas vezes é sinônimo de briga.
Me despedi de quem deveria, entrei no carro do Bill e fomos para a festa. Não demoramos muito até chegarmos e encontrarmos algumas pessoas. Tom estava fantasiado de cigano, e não devo deixar de comentar que bonito. O Georg foi de fantasma da ópera, e o Gustav de azeitona.Qual o sentido disso? Outras pessoas criativas também passaram do nosso lado, como o rapaz vestido de rato, com um queijo em mãos. Ou a garota de policial européia sexy – quase nua -, fazendo os meninos praticamente quebrarem seus pescoços para olhá-la.
- Que ridícula! – disse.
- Acho que alguém ai ta com ciúmes. – diz Gustav.
- Volta pro pote, azeitona. – disse. – Fica na sua!
Bastou colocar os pés dentro do salão, para os olhares se voltarem para nós. Bill e eu estávamos de mãos dadas, e as garotas desacompanhadas me fuzilaram com os olhos. Me senti a pessoa mais sortuda do mundo. Morram de inveja, meninas. O ambiente estava muito bem decorado e animado. As músicas eletrônicas faziam com que todos dançassem bastante, ao ponto de só se sentarem para recuperar o fôlego. Havia comes e bebes a vontade para todos.
A parte legal da festa era poder ver as fantasias das outras pessoas e rir dos desastres ambulantes. A parte ruim é que, depois de verem que o Bill estava acompanhado, as meninas de repente decidiram que queriam dançar um pouco com ele. Não achei tão ruim vê-lo se divertindo, mas vê-las tocando-o era no mínimo desconfortável. Ele se comportava, tentando manter uma distância, não encostando seu corpo no delas, e eu ria vendo seu esforço ir por água abaixo.
Uma loira mais atrevida chamou minha atenção e fez meu instinto protetor ser ativado no mesmo instante. Me levantei da mesa e fui até lá. Chegando perto, o tirei dos braços dela e começamos a dançar. Era a minha vez de aproveitá-lo um pouco, afinal, qual seria a graça de vir num baile à fantasia com ele se eu não iria dançar ao menos uma música?
***
Cansada de tanto ficar na pista de dança, fui ao banheiro para lavar as mãos suadas e talvez até molhar um pouco o pescoço. O calor ali dentro parecia ir aumentando a cada música tocada. No caminho, senti alguém segurar e puxar meu braço. O ambiente meio escuro me impedia de ver o rosto da pessoa. Num corredor meio vazio, fui posta contra a parede.
- Sempre acho que você não pode ficar mais linda e acabo me surpreendendo. – diz Jess.
- Como conseguiu entrar? – perguntei, extremamente surpresa.
- Conheço pessoas, que conhecem outras, que conseqüentemente conhecem mais outras, que são próximas do diretor. Não foi tão difícil conseguir um convite.
- Vai ficar me seguindo, é isso? – segurava meus braços. – É melhor desistir, porque eu não vou dormir com você!
- Uma hora ou outra você vai acabar cedendo. – riu. – Mulheres sempre cedem.
- As vadias com quem costuma dormir. – disse. – Não sou uma delas, então não me inclua nisso! – me desvencilhei.
- Está com medo de experimentar e gostar, não é? – sorriu maliciosamente.
- Se isso foi uma piada, não teve a menor graça. – estava séria o bastante para fazer com que aquele sorriso branco desaparecesse do seu rosto. – Olha pra minha cara de quem adora experimentar porcarias. Se enxerga, Jess! – lhe dei um leve empurrão. – Algumas meninas que dormiram com você disseram que sua performance na cama não é uma das melhores, fica ai a dica pra melhorar. – ia me retirar, quando ele segura com força meu punho direito e me faz virar.
- Você se acha a mais esperta de todas, não é? – estava claramente com raiva. – Mas, escreve o que eu tô te falando, você ainda vai gemer muito numa cama comigo.
- Nojento! – quase gritei. – Experimenta encostar um dedo sujo em mim, que eu te faço ter pesadelos pro resto da vida!
- Vou considerar isso como um desafio.
É num momento de raiva, misturado com medo ou aflição que a gente acaba dizendo e fazendo coisas que não deveriam. Quem eu estava pensando que era? Ameaçar ou impor qualquer tipo de desafio ao Jess é a mesma coisa que implorar para ele persistir nos seus objetivos. Mesmo com pouco tempo de convivência, o conheço o suficiente para saber que ele só irá parar quando finalmente conseguir o que tanto deseja. É um tipo de jogo, um estimulo a mais, uma forma de amedrontar seus adversários e mostrar quem é que manda no quê.
- Aiyra? – Bill me chama, começa a se aproximar e Jess me solta. – Te procurei pelo salão inteiro. Está tudo bem?
- Um-hum. – respondi. – Vamos... Voltar pra festa. – começamos a caminhar de volta.
- Quem é aquele cara e porque ele segurava seu braço?
- Ele segurava meu braço? – me fingir de desentendida. – Nem notei. Mas ele é... Um aluno novo, sei lá. Estava perdido.
Não dava pra saber se minha mentira havia convencido, mas pelo menos impediu que ele continuasse a fazer mais perguntas. Depois de ter encontrado o Jess, fiquei completamente desanimada. Permanecer naquela festa não fazia mais sentindo e tudo que eu mais queria era sair dali. Não me sentia mais confortável ou segura para continuar naquele lugar. Pedi ao Bill que me levasse para qualquer outro lugar.
- Está se sentindo mal, é isso? – pergunta Bill, preocupado.
- Não. – disse. – Eu só quero sair daqui. Ficar um pouco sozinha com você.
- Tudo bem. – acariciou meu rosto. – Vou falar com o Tom e já volto.
***
(Contado por: Bill)
Fiquei preocupado com aquela vontade repentina de querer ir embora, e achava extremamente estranho seu sumiço no meio da festa. Não acreditei totalmente no que havia dito, e tinha quase certeza que algo estava errado. Eu não iria perguntar nada para não parecer inconveniente, iria respeitar seu silêncio e esperar até que se sentisse a vontade para me contar.
Rodamos por algumas ruas vazias da cidade. Estava tarde e não tinha nenhum lugar aberto. Perguntei para onde ela gostaria de ir, e me respondeu “qualquer lugar, menos pra casa”. Pensei um pouco, e acabei sugerindo a casa de um amigo. Ele mora sozinho e estava passando uma temporada na casa de familiares em outra cidade. Como somos amigos de longa data, sei que costuma esconder uma cópia da chave dentro de uma pedra falsa em seu jardim.
- Também trazia suas ex pra cá? – pergunta ela, enquanto olhava a decoração e alguns objetos na sala.
- Na verdade, nunca fiz isso com ninguém. – respondi. – Você é a primeira.
- Devo me sentir lisonjeada? – me olhou e sorriu.
- Vou ver se tem algo pra gente beber. – retribui ao sorriso e fui a cozinha.
Encontrei apenas uma jarra de suco, que deveria estar ali desde que ele viajou. Não me arriscaria a oferecer e termos algum tipo de infecção. Retornei a sala para dizer que a geladeira e os armários estavam completamente vazios, e de fato estava.
- Bill, eu não tô com fome e muito menos com cede. – diz ela, e continua olhando os DVDs na estante. – Quero conhecer a casa, me mostra?
- Claro.
De tamanho médio, a casa só impressionava por ser de um morador masculino e se encontrar tão bem decorada, limpa e organizada. Mas isso se devia a empregada que aparecia de dois em dois dias para deixar tudo em ordem. Ainda assim surpreendia qualquer pessoa que entrasse ali. Lhe mostrei os poucos cômodos e ao entramos no quarto, a desejei mais que de costume. De alguma forma aquele lugar se tornara afrodisíaco. A olhei e ela retribui, junto com um meio sorriso.
- O que foi? – perguntei.
- Nada. – olha rapidamente para baixo. – É que... Você ta me olhando diferente.
- E isso é ruim?
- Não.
Nosso diálogo foi curto. Dava pra perceber que nosso interesse era outro, pois nossos olhos falavam por nós. As trocas de olhares eram bem convidativas e oportunas. Foi então que, segurando e olhando um porta-retrato, ela passou a língua sob o lábio superior num movimento da direita para a esquerda e vice-versa, ai não agüentei. Cheguei mais perto dela, peguei o porta-retrato de sua mão e o coloquei de volta a mesinha de cabeceira, aproximei meu rosto do seu e a beijei.
Aiyra retribuiu ao beijo com uma vontade feroz, e eu podia sentir sua língua quente e macia massagear a minha com movimentos circulares. Mordíamos os lábios um do outro, e assim trocávamos várias caricias enquanto nos beijávamos. A essa altura, minha mão passeava por suas nádegas, debaixo do vestido. Meu membro pulsava de tesão e parecia que ia estourar dentro da cueca. Ela envolvia sua mão em meu pescoço e me forçava cada vez mais contra sua boca.
Deixou de ser um beijo inocente e passou a ser um desejo carnal incomensurável. As caricias se tornavam cada vez mais quentes. O calor dos nossos corpos já entrava em harmonia e me sentir dentro dela era quase que uma necessidade.
 Postado por: Alessandra

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivos do Blog