quarta-feira, 18 de abril de 2012

By Your Side - Capítulo 26 - Eu te disse

De longe, eu conseguia ouvir o barulho da chuva ricocheteando contra o vidro do carro de Tom. Estava naquele estado entre o sono e a realidade, eu podia ouvir as coisas, mas não reagir. A festa tinha acabado e eu estava morrendo de cansaço. Tom me colocou no banco traseiro do carro e eu provavelmente dormi algum tempo.
Eu sabia que tinha chegado a casa quando o carro foi estacionado, mas fiquei calada e de olhos fechados esperando que me arrastassem dali, eu estava realmente cansada. Então senti uma respiração quente em cima do meu rosto, abri lentamente os olhos quando o nariz de Tom roçou pela minha bochecha como um carinho. Meu estômago deu um pulo, mas eu não deixei isso transparecer.
– Eu vou precisar te carregar?! – Ele sussurrou.
Isso me fez deixar escapar um riso, eu voltei a fechar os olhos.
Ele beijou meu pescoço e isso me fez arrepiar com a sensação dos seus lábios na minha pele. Puxou levemente meu corpo pela cintura até que pudesse passar os braços a minha volta, então me colocou em seu colo e me tirou do carro.
– Pesadinha você, Benjamin. – Tom riu.
– Você está me chamando de gorda? – Eu disse com a voz sonolenta.
Eu senti seu corpo se balançar embaixo do meu em uma risada nada silenciosa. Resolvi ignorar quando ele me chamou de gorda. Tom pegou a chave da casa azul cor de mar na minha carteira e abriu a porta. Segundos depois eu fui deixada no sofá, ele se sentou ao meu lado me segurando pela cintura, o que me fez cócegas, pois ele segurava no osso.
Tombei a cabeça no seu ombro e me ergui um pouco para alcançar seu queixo, onde eu mordisquei até fazê-lo rir. Levei uma das minhas mãos ao seu rosto em um ponto afastado da boca e próximo ao ouvido, quando ele ria, bem naquele ponto mostrava o formato do maxilar. Eu sempre reparava no formato do rosto dele.
– Seus pais estão dormindo? – Tom perguntou.
– Não, eles viajaram. – Eu dei de ombros e me levantei um pouco tonta – Vou tomar banho. Você vai ficar aqui?
– Estou me perguntando o que eu vou fazer... Ir embora e te deixar sozinha ou carregar você junto comigo.
– Fique aqui – Eu repeti. – Vou tomar banho, não entre no meu quarto, já volto.
Tom deu de ombros com um sorriso maroto brincando na boca.
Peguei meu pijama e minha toalha de banho, fechei minha porta do quarto. Não me enganaria outra vez em deixar entreaberto alguma coisa que guarde meus segredos. Principalmente porque a porta a chave do banheiro do meu quarto estava quebrada.
Não me deixei ser distraída com o espelho e tomei um banho rápido. Tirei a maquiagem; prendi o cabelo em um rabo de cavalo baixo; meu pijama era uma camisola não muito curta de alcinhas vermelhas. Tinha uma vaca desenhada no meio. Eu coloquei meu sutiã sem saber quanto mais tempo iria ficar acordada, mas antes de dormir eu tiraria. Calcei os chinelos e saí do banheiro.
Peguei os travesseiros e os edredons para arrumar a cama de Tom e a minha na sala. Coloquei tudo nos braços e fui em direção à porta, eu vi a maçaneta se mexendo, abafei um risinho. Adicionando adjetivos aos Tom: além de tudo que eu já havia falado, ele também é curioso. Destranquei a porta sem fazer barulho e quando ele a abriu, eu o aguardava do outro lado.
– Oops.
– Gracinha. – Empurrei os travesseiros para cima dele e fechei a porta do quarto atrás de mim, sem deixar que ele entrasse.
– Por que eu não posso mais entrar? Entrei aqui quando você se mudou.
– Porque não. Vamos dormir na sala. Coloque os travesseiros em cima do sofá.
Descemos as escadas e eu arrumei o sofá para dormirmos, também arrumei a cama de baixo para Tom e se ele quisesse brigar pelo sofá eu mandava-o ir se danar.
– Eu posso pegar uma camisa gigante do meu pai – Eu disse – Alguma que ele não use muito.
– Eu aposto que minhas camisas são maiores do que as do seu pai. – Tom riu.
– Cabem nele, mas meu pai é barrigudo, então as camisas dele também cabem em você. Importa-se?
Tom negou, eu subi as escadas para o quarto dos meus pais e peguei uma grande camiseta no fundo da gaveta do guarda-roupa. Quando cheguei ao corredor, a porta do meu quarto estava aberta e a luz acesa. Ah, droga.
Tom observava o teto do meu quarto.
– Você é realmente fanática! Gargalhou.
– Não tem graça, saia daqui.
– Eu gostei, são bonitas. Por que têm algumas só com o Bill?
– Ciúmes, Kaulitz?
Procurei pelo teto e vi alguns pôsteres onde só tinha o Bill. Outros tinham só o Tom, mas era difícil encontrar pôsteres só com o Georg ou só com o Gustav. Em geral, a maioria tinha os quatro naquela mesma ordem; Tom e Bill no meio e os Gs aos lados. Eu senti que estava corando quando ele apontou para uma foto onde tinha ele nas Ilhas Maldivas, ele estava sem camisa.
Sim, eu colava os pôsteres no teto.
– Ok, chega de descobrir meus segredinhos – Eu puxei Tom para fora do quarto, apaguei a luz e fechei a porta. – Tome, coloque essa camisa. Eu vou fazer chocolate quente para dormir. Quer alguma coisa?
– Tem coca-cola?
– Vou buscar.
Tom foi usar o banheiro e eu fiz tudo na cozinha. Deixei um copo com coca-cola na bancada, fiz meu copo de chocolate quente com marshmallows e torradas. Já tinha quase terminado minhas torradas quando senti braços envolverem minha cintura pelas costas. Eu sabia que era Tom, mas levei um susto mesmo assim, levei meu braço para trás e a torrada caiu no rosto de Tom. Eu ri.
– Foda, Benjamin! – Tom me soltou no mesmo momento para tirar a torrada do rosto e limpá-lo. Ele comeu a torrada depois.
– Culpa sua, que adora me assustar.
– Eu te assusto porque gosto de ver você ficando rosa!
Não fico rosa! – Eu pisquei e senti meu rosto começar a ficar vermelho.
– Você está ficando rosa. – Ele colocou o dedo na minha bochecha – Quer ver?
Tom tirou a camisa branca que usava deixando seu corpo bem, hum, definido à mostra. Eu corei ligeiramente e escondi o rosto na toalha da cozinha.
– Chega! – Eu gritei – Você sabe que eu fico vermelha, não precisa ficar tirando a camiseta e se exibindo, seu egocêntrico, convencido e...
– Do que você está falando? – Tom sorriu e levou a camiseta branca até o rosto onde a torrado tinha atingido, limpando o local – Eu só tirei a blusa para me limpar.
Fiquei alguns segundos em silêncio absorvendo a informação de que joguei na cara que ele tem um corpo bonito sem motivo algum. Então eu comecei a rir, ele me acompanhou.

Deitei-me no sofá depois de uma curta guerra de travesseiro com Tom por conta de quem dormiria ali, como eu tinha previsto. Eu me deitei virada para ele. Tom piscou para mim e ergueu apenas um canto dos lábios.
– O que exatamente você quer provocar em mim? – Eu perguntei.
– Isso provoca você? – Piscou mais algumas vezes. – Não sabia que provocava. Provoca a ponto de te irritar?
– Sim!
Piscou mais algumas vezes, seu sorriso se tornou provocativo também.
– Pare de piscar!
– Mas isso provoca! Deixe-me te irritar em paz.
Eu coloquei a almofada na cara dele, ele gargalhou. Depois que tirou a almofada da sua cara, ele me segurou pelo braço e me puxou com violência para a cama de baixo. Eu caí em cima dele, o impacto em cima do seu corpo me machucou e imagino que tenha o machucado também, pois seu rosto se contorceu de dor.
– Não era minha intenção me machucar... – Ele disse com a voz arrastada, isso me fez rir.
Ele passou os braços em volta das minhas costas e beijou meu rosto. Senti sua mão direita descer as minhas costas, apertou levemente meu quadril. Eu fechei os olhos enquanto sentia a ponta dos seus dedos percorrerem o caminho de volta até meus ombros.
– Mas eu realmente não me importo de me machucar se uma pequena criatura cai em cima de mim.
Puxou-me para um beijo, que começou apenas com os lábios encaixados. Meu piercing parecia ter sido colocado em um lugar certo para se encaixar com o dele e eu adorava a sensação dos seus lábios grossos esquentando os meus, abri um pouco minha boca permitindo que o beijo se aprofundasse. O beijo era habilidoso e eu sabia retribuir da forma que ele havia me ensinado em outros beijos, nossas línguas travavam uma guerra lenta e quente. Tom respirou pelo nariz, o ar quente na minha pele fez cócegas e eu ri, fazendo com que nossos dentes se batessem.
– Já notou que quase todos os nossos beijos terminam assim? – Tom disse tentando ficar sério, mas logo deixou a risada soar.
– Estou pronta para tentar um que dê certo agora.
– Tente não rir, ok? – Ele olhou nos meus olhos, eu esperei que ele fechasse seus olhos e se aproximasse.
Outro beijo se iniciou mais quente que o outro. Tom não se preocupava com seu desempenho durante o beijo, eu sentia que era totalmente natural, já eu, segurava a risada no fundo do estômago e contornava seus lábios enquanto sua língua invadia minha boca – ele não permitia que eu o beijasse. Era sempre ele no comando. Eu estava me saindo bem, tentei relaxar e aproveitar mais o beijo, mas já estava ficando sem ar, apertei seu braço e ele entendeu que já podia se afastar. Mordeu meu lábio inferior antes de terminar o beijo. Eu respirei e deixei a risada escapar.
– Eu vou dormir aqui embaixo mesmo? – Arqueei a sobrancelha.
– Vai sim, dormir comigo.
– Certo... Espere um minuto.
Eu entrei debaixo dos edredons tapando minha cabeça e tirei o sutiã por cima da camisola, enfiei o sutiã debaixo das outras cobertas, Tom me puxou de volta para fora do edredom.
– O que foi isso? – Perguntou.
– Só estava tirando o sutiã para dormir.
Ele ficou em silêncio por alguns minutos para absorver as informações e depois fez uma careta do tipo “podia morrer sem saber disso”. Eu ri.
– Ah droga, por que fez isso?
– Porque me incomoda, ué. Qual problema?
– Nada! Só é estranho saber que você vai dormir semi-nua do meu lado e eu vou ficar aqui parado.
Eu bati em seu braço, incrédula.
– Seu pervertido! Que ridículo, Kaulitz!
Eu ameacei a me levantar, mas ele puxou meu braço e me fez deitar novamente; passou uma das pernas para meu outro lado e encostou seu corpo no meu, ainda apoiado pelo braço para não deixar seu peso me machucando.
– Shh, eu prometo ficar quietinho, mas é uma provocação e tanto da sua parte. Cadê aquele sono todo que você estava?
– Sumiu quando eu te beijei – Eu respondi.
– Ok, então ache o sono novamente porque eu estou morrendo de cansaço.
– Se você sair de cima de mim, talvez.
Eu dei um risinho e ele fez uma careta, selou meus lábios pela última vez e rolou, saindo de cima de mim. Eu cobri meu rosto com o edredom e ele puxou o edredom. Eu sussurrei um “Ei!”
– Eu quero ver você dormindo. – Disse.
– Antes disso você já vai estar dormindo.
– Tudo bem, você fica fofa de olhos fechados.
– Vai me impedir de dormir da forma que eu gosto? – Eu perguntei.
– Vou. Durma, pequena.
Eu fechei os olhos e senti novamente seus lábios nos meus, sorri durante o beijo, batemos os dentes.
– Porr, Benjamin! – Ele tentou ficar sério, mas gargalhou.
(...)
Pressionei mais forte o rosto no travesseiro quando me dei conta de que estava acordada, o perfume do travesseiro era diferente de antes, agora era intoxicante de desodorante masculino. Dei-me novamente conta de que não estava deitada no travesseiro e sim no ombro de Tom.
Ergui um pouco a cabeça para checar se ele estava acordado. Ele estava tão acordado quanto um bicho preguiça deitado preguiçosamente em uma árvore. Os dreadlocks soltos se espalhavam pelo travesseiro – que eu deveria estar deitada, mas parece que ele roubou de mim. Eu pressionei os olhos com força.
A noite anterior foi real, tem como acreditar? Não mesmo, mas ele estava bem ali, do meu lado. Então foi real, mas deixa eu me dar conta disso depois.
Levantei-me lentamente tentando não acordá-lo e consegui, ele realmente estava desmaiado. Puxei as roupas de cama do sofá que por fim eu nem usei, joguei tudo em cima da minha cama no andar de cima e busquei roupas para me vestir. Depois de uma procura bem rápida, coloquei um short jeans, camiseta florida e um par de botas da cor bege tipo militar até um pouco acima do tornozelo. Fiz minha higiene matinal no meu banheiro, penteei o cabelo sem prendê-lo e fiz uma leve maquiagem.
Tom ainda estava adormecido quando eu desci as escadas, me sentei no sofá e o observei esperando que acordasse. Claro que se ficasse muito tempo ali eu iria catar alguma coisa mais interessante para fazer, só que vê-lo em silêncio sem nenhuma careta ou sorriso cínico era satisfatório. Estiquei o braço para puxar uma madeixa de dreads, era engraçado tocá-los.
De repente ele abriu os olhos e disse “bu!”. Eu deixei escapar um grito e corei ligeiramente quando ele começou a rir. Fiz uma careta, seu braço me puxou, mas eu resisti antes que caísse na cama de baixo.
– Que idiota, Kaulitz! – Eu disse.
– Você tomou um susto! – Ele continuou rindo – Pára de fazer caretas, foi muito engraçado.
Ele se levantou em um pulo da cama improvisada e me puxou pela barra do meu short jeans para que eu me erguesse do sofá e que ele pudesse encostar seu corpo ao meu em uma falha tentativa de um abraço. Ele me apertou com mais força, o que me causou cócegas, eu gargalhei e ele continuou me apertando e rindo.
– Ok! Ok! Eu te abraço, seu chato! – Eu disse, então ele me soltou e eu passei os braços pelo seu pescoço, fui erguida do chão por alguns segundos.
– Sabe qual a diferença entre seus xingamentos e os meus para você? – Tom perguntou, eu não respondi e ele continuou: - Você diz “seu chato”, e eu digo “minha chata”.
– Você nunca disse minha chata para mim – Eu fiz uma cara óbvia, ele sorriu de lado.
– Você já sabe que é muito chata porque eu faço questão de te lembrar todo dia, mas agora você é minha e eu vou te lembrar com mais freqüência, tudo bem, minha chata? Minha pequena, minha criatura, minha pintora de rodapé, meu fast-food...
– Fast-food? Esse apelido é novo, Kaulitz. – Eu balancei a cabeça e fui em direção a cozinha, Tom me seguiu.
– É! Deixe-me explicar, fast-food não é o tipo de comida que você se alimenta todos os dias, porque te faz passar mal. Mas se você vê alguém comendo, você sente vontade de comer também, por isso ninguém divide um fast-food.
Eu o encarei e inclinei a cabeça um pouco, quase incrédula.
– Eu sou seu fast-food? – Arqueei a sobrancelha – Significa que você não gosta de mim todo dia, porque eu enjôo, mas se outra pessoa estiver comigo, você também me quer? Isso é um pouco egoísta, e estupidamente estranho.
Tom gargalhou e balançou o dedo indicador para mim.
– Não foi isso que eu quis dizer! Olha, ignore a primeira parte, significa que eu quero você todo dia, tudo bem? E não quero dividir com mais ninguém.
Eu tentei não sorrir, mas não deu certo. Senti que tinha ficado um pouco vermelha e Tom encurtou o espaço entre nós para me abraçar novamente. Eu inclinei o rosto para alcançar sua boca, mas ele negou sorrindo.
– Você não queria me beijar antes de escovar os dentes naquele dia, então agüenta, porque minha escova de dente está lá em casa. – Ele riu.
– Foi há quase três semanas! Ah, não, Kaulitz! – Eu fiz outra careta e ele voltou a rir – Não tem graça!
Ele continuou implicando comigo até enquanto tomava café da manhã, que eu preparei um suco de limão para nós dois e ele disse que queria de laranja. Eu o encarei torto e ele sussurrou “Brincadeirinha!”. Trocou de roupa depois do café e entramos os dois no carro em direção á casa dos outros meninos, que deveriam estar preocupados com Tom, mas o malandro desligou o celular e ignorou totalmente o mundo lá fora.
Chegamos em alguns minutos e ele subiu a escada na minha frente porque o elevador estava demorando para chegar. Tom parou à porta quando a voz de Georg o surpreendeu.
– Onde você estava?
Tom riu e respondeu:
– Essa era normalmente uma pergunta do Bill, mas para a informação de vocês, eu estava na casa da Benjamin.
– Você dormiu lá? – Ouvi a voz de Bill, Tom balançou a cabeça como resposta.
– Como é?! Você transou com a minha prima?
Esse foi obviamente Gustav e todos que estavam na sala riram. Tom gargalhava, pois sabia que eu estava atrás dele, ouvindo aquela besteira, e tentava explicar entre risos o que tinha acontecido. Eu passei por ele e todos na sala se calaram vermelhos com surpresa visível. Levei minhas mãos às minhas orelhas e murmurei para Gustav:
– Não consigo acreditar que eu ouvi isso vindo de você. – Eu revirei os olhos e todos voltaram a rir.
Escondi-me na cozinha e puxei a coca-cola da geladeira, coloquei em um copo limpo que achei em algum lugar no meio daquela bagunça de astros do rock. Fiquei observando os meninos conversando entre gargalhadas pelo buraco da parede. Nem Chelsea as outras duas meninas – Agnes e Anne – estavam ali, parece que hoje seria um dia lento sem elas. Eu passei os pés pela bancada e me sentei ali, devaneando enquanto tomava o refrigerante.
– Sabe o que a gente não faz? – Eu despertei a atenção dos meninos na sala para mim. – Quase não fazemos nada juntos. Quero dizer, desde que eu vim para a Alemanha! Só me sentei nesse sofá algumas vezes para assistir vocês jogarem guitar hero! Digo, por que nós cinco nunca fizemos nada interessante?
Bill foi mais rápido ao responder:
– Porque você sempre odiou Tom.
Eu revirei os olhos.
– E daí? Não sei se é possível, mas eu pediria que vocês ignorassem as fãs por um dia e se divertissem fora dessa batcaverna.
– Quem topa ignorar a Julia? – Georg brincou. Eu fiz uma careta para ele. – Mas sério, eu acho que deveríamos sair um pouco. Há quanto tempo não ficamos bêbados juntos?
– Hã, desde ontem, na festa. – Gustav disse como se fosse óbvio.
– Ah! Isso me lembrou um detalhe – Tom correu para o corredor e ficamos todos em silêncio até ele voltar com seu violão – Me lembrou que eu ainda não toquei a nova música no violão depois que tirei a luva. Bill, você se lembra da letra de Attention?
– Claro. Você já tem as notas da guitarra?
– Claro. – Ele repetiu quase com a mesma voz que Bill tinha dito, eu sorri e vi os Gs revirando os olhos. – Essa primeira parte eu imaginei com o som forte do baixo – Ele olhou para Georg que entendeu o que tinha dito -, vou usar o violão agora, tentem imaginar como se fosse mais ou menos assim. Acompanha a melodia, Bill.
Tom começou a dedilhar o violão e o som soou. Fazia algumas pausas de segundo em segundo e depois de várias vezes repetindo a nota, a música ao som do violão começou a fazer sentido. Bill também começou a cantar em inglês uma letra um pouco tosca e dramática, mas a melodia não a deixava clichê, na verdade, a deixava um tanto irônica.
– I love how you hurt me (Eu amo a forma que você me machuca) Oh no! I’ll never let you go (Ah não! Eu nunca vou deixar você ir) Oh no! I hate that I need you so (Ah não! Eu odeio precisar tanto de você) – Bill cantou as duas frases em um sussurro muito sexy, que impressionou tanto a mim quando aos Gs, e depois sua voz ficou mais forte ao refrão – I’ts not what you said, i’ts the way you say it (Não é o que você diz, é o jeito que você diz) I’ts not what you did, i’ts the way you do it (Não é o que você faz, é a forma que faz isso) Sick and tired of needing your affection, I chose to be lonely (Doente e cansado de precisar da sua afeição, eu escolhi ficar sozinho) Than live without your attetion (Do que viver sem sua atenção)
Eu achei o refrão agressivo, de certa forma. Tom havia inventado aquela música? Quando, exatamente? Ela seria para mim...? Balancei os pés no ritmo da música que o violão transmitia, observei que Tom trocou olhares comigo com um sorriso maroto brincando com seus lábios. É, seria para mim.
Mesmo que a música me desse um tapa na cara, eu não deixava de admirar o sussurro extremamente provocativo que Bill cantava Attention, a nova música.
Então a música foi finalizada com curtos aplausos da parte de Gustav e Georg. Tom virou a cabeça para mim.
– Gostou, Benjamin? – Arqueou a sobrancelha.
– Isso é provocação? – Eu sorri.
Ele colocou o violão de lado e se aproximou de mim com um sorriso cínico. Como eu estava na bancada, foi fácil para ele se aproximar demais e colocar as mãos na curva do meu tronco.
– Não sei, isso te irrita? – Perguntou.
– Se eu responder que sim, você vai cantar cada verso dessa música só para me irritar, não é? – Ele balançou a cabeça afirmando.
– Eu nem sinto mais o que escrevi nessa música, então que se dane o que ela significa. – Tom escorregou a ponta do seu nariz pela minha bochecha e o carinho me fez fechar os olhos.
– Sinceramente, eu não quero ver o meu melhor amigo agarrando a minha prima na minha sala de estar – Gustav murmurou usando os dedos para sinalizar as três coisas que ele não queria fazendo os outros rirem, até mesmo eu e Tom.
Tom se afastou, virando-se para os meninos.
– Viu muito ontem à noite, Gustav? – Disse ele.
– Devia ter calado a boca e deixado eles se beijando, sua boca gigante – Bill comentou, me fazendo corar.
– Assim – Gustav começou rindo -, eu estava passando com Agnes e vi vocês olhando para o vidro, aí eu me aproximei e fiquei surpreso, porque, até que enfim vocês se resolveram. Georg, eu e Bill já conversamos seriamente que vocês se gostavam em segredo, e isso já estava irritando!
– Que?! Vocês ficam de segredinho por trás de mim! – Tom exclamou, eu e os meninos rimos. – Que coisa infantil, vocês.
– Infantil foram vocês dois aí – Georg fez questão de apontar de Tom para mim, novamente, eu fiquei rosada.
– Agora mudando de assunto – Eu falei mais alto – Vamos ou não sair?
Todos concordaram – Bill pegou seu celular e ligou para Chelsea, Gustav ligou para Agnes e Georg convidou Anne para sair. Em minutos, já estávamos todos dentro do carro preto em direção ao parque de diversões mais próximo para um dia informal.
Era um fim de semana, por isso o parque estava lotado. Os meninos combinaram de passar despercebidos e tirar rápidas fotos com as fãs que aparecessem, mas teriam seguranças por perto por precaução. Descemos do carro e pela primeira vez ao lado da banda toda eu não senti flashes na minha direção. Muito pelo contrário, ninguém olhava para a gente – só para o Bill, mas porque ele é estranho mesmo.
Tom se grudou em mim e chegamos mais rápido a uma fila para comprar os tickets de alguns brinquedos. Chelsea e Bill se colocaram ao nosso lado e eu aproveitei para falar com a loira fantasma.
– Você que teve essa idéia? Devo admitir que a creepy bones está saindo debaixo da cama e se mostrando “feliz” – Ela riu.
– Nhan, é só que eu não queria ficar em casa mofando hoje.
– Eu queria! – Ela me encarou furiosa – Todas as articulações do meu corpo doem pela festa de ontem... Falar em ontem à noite, todo mundo viu você-e-o-Tom!
Eu corei novamente.
– Eu não posso me deslocar que todo mundo continua enfiando isso na minha cabeça. Que saco!
– Ah, minha querida, eu preciso concordar com Gustav, finalmente vocês se acertaram.
Eu revirei os olhos.
– Quer saber de uma coisa? Nós nos acertamos mesmo.
Eu me virei o suficiente para ficar de frente com Tom, que prestava atenção na nossa conversa com um sorriso estampado no rosto, eu brinquei com o colarinho da sua blusa gigante e fiquei na ponta dos pés para alcançar seus lábios. O resto, ele fez sozinho. Ele poupou meu esforço, me erguendo centímetros pela cintura e eu pude o beijar esfregando na cara de Chelsea e todos os meninos na fila que eu estava mesmo com Tom. Segundos depois ouvi os seis murmurando um “hmm”, que me fez parar de beijá-lo antes que eu finalizasse o beijo batendo meu rosto com o dele rindo – como eu sempre fazia.
Tom passou o braço pela minha cintura e nos dividimos em casais pelo parque de diversão.
– Quero a montanha russa! – Tom gritou para sua voz sobressair os gritos da montanha russa ao nosso lado.
– Mas eu quero o carrinho bate-bate!
– Eu sou mais alto, então vamos à montanha russa.
– Ah, então é isso? Vou colocar um salto da próxima vez. – Nós rimos, mas ele ainda revidou:
– Então o salto vai precisar ter trinta centímetros, e você não vai se manter em pé por cinco segundos sem a ajuda de alguém.
Fiz uma careta e acabei por aceitar a montanha russa, combinando que depois entraríamos no bate-bate, e sim, eu competiria contra ele. O melhor que vencesse.
Até a fila da montanha russa, ele tirou cinco fotos com grupos de fãs. Eu balancei a cabeça com um sorriso no rosto, tentando por em mente que poderia ser eu pedindo um autógrafo. No brinquedo, a cada curva eu apertava mais Tom contra mim – já disse que morro de medo de quedas? Não de altura, não. De quedas sim. Talvez na manhã seguinte eu acorde rouca pelos meus gritos.
Finalmente saímos de lá e Tom começou a me irritar novamente.
– Cara! Você grita muito! – Ele gargalhou, isso me deixou constrangida – Eu achei que fosse ficar surdo, e você estava quase quebrando minhas costelas, dá para acreditar? Sua medrosa! Sua não, minha medrosa. Minha pequena medrosa!
Voltou a rir e me abraçou quando se deu conta de que eu estava envergonhada. Sentamos-nos em carrinhos diferentes e nessa mesma rodada, Georg e Anne entraram em um carrinho juntos.
Eu comecei meu trajeto tentando desviar da castanha maluca que não sabia dirigir! Anne brigava com Georg pelo volante e nessa guerra eles bateram em mim duas vezes, recebendo terríveis palavrões em português. Era divertido observar os dois castanhos de olhos verdes brigando – e se vendo refletidos nos olhos um do outro. Estava na cara que Georg estava apaixonado pela garota.
– AH! – Eu gritei quando um carro vermelho bateu do meu lado, o impacto me deu um susto. Fuzilei Tom com os olhos, ele gargalhou.
Dei a volta em seu carro e bati nele algumas vezes. Os impactos continuavam me dando medo, eu gritava a cada vez que batia.
– Baixinha! Você não dirige nada! – Ele gritou percorrendo o quadrado espaçoso fugindo do meu carro azul.
– Volta aqui, Kaulitz! Medo de ser massacrado por mim?
Pronto, ele se virou na mesma hora e voltou a bater no meu carro com uma pausa de um segundo para o carro andar.
Rimos à toa e desperdiçamos tempo com nada. Era melhor amá-lo agora do que odiá-lo como antes. Valia muito mais a pena ter certeza de que cada um de seus sorrisos delicados era verdadeiro e estavam ali por minha causa.
Tentei desamassar as roupas quando saí do brinquedo e fui surpreendida por Tom, que enlaçou seus braços envolta da minha cintura e inclinou seu corpo com o meu, passando a ponta do seu nariz pelo meu pescoço. Ele me colocou de pé e me fez girar até que eu parasse de frente com as mãos espalmadas no seu tronco.
Se aproximou e beijou meu rosto, eu passei as mãos por trás do seu pescoço e as escorreguei por uma madeixa de dreads – que estavam muito longos.
– Precisa cortar isso daqui – Eu disse, sem permitir que ele chegasse à boca.
– Vou corta. Hoje não. – Frases curtas, ele realmente não queria perder tempo até me beijar novamente.
– Por que hoje não? – Eu perguntei, segurando o riso.
– Porque hoje eu estou com você... – Tentou novamente se aproximar e eu coloquei a mão na sua cara.
– Você esteve comigo ontem.
– Não estive com você ontem, você ficou uma semana longe de mim e dos meninos. Eu estive com você ontem à noite. – Ele respondeu muito rápido e abaixou minha mão para tentar me beijar de novo. – Posso te beijar agora ou você tem mais algumas respostas?
– Isso não é o tipo de coisa que se pede permissão, Kaulitz. – Eu gargalhei. Ele fez uma careta.
– Cala a boca, Benjamin! – Então eu o deixei que chegasse até minha boca e nos beijamos por algum tempo.
Apontei para a barraquinha de algodão doce, ele me levou até lá e comprou dois, um rosa e um azul. Eu puxei o azul de sua mão – nunca fui fã da cor rosa.
– Como fui me esquecer disso. – Falou para si mesmo quando teve que comer o algodão doce rosa.
Nesse momento, os três meninos e as três meninas se aproximaram. Eles riram pela cena cômica do garoto com o doce rosa e a menina com o doce azul.
– Que lindo você, Tommy. – Georg debochou.
– Cara, larga de viadagem perto da minha prima – Disse Gustav, rindo.
– Com esse apoio emocional de vocês eu vou longe – Tom revirou os olhos, sujo no nariz com algodão doce. – Vou até o psicólogo.
O parque tocava uma música animada, que me fazia querer me movimentar. Notei que Chelsea parecia angustiada e começou a tagarelar em seguida:
– Excluindo vocês dois de vela – Ela se referiu à Georg e Anne que se afastaram rindo -, eu quero ir na montanha russa, mas em casais.
Deu pulinhos, típico de Bill. Eu neguei na mesma hora e Tom começou a falar:
– Essa medrosa aqui não volta lá tão cedo – Tom disse e eu apenas concordei apontando para ele.
– Então vamos à rosa gigante – Agnes sugeriu com sua voz fininha – Eu e Gustav estávamos mesmo querendo ir até lá.
– Pois é, vamos, galera. – Gustav puxou o pessoal, mas eu o parei e apontei para Georg e Anne um pouco mais atrás da linha que Chelsea tinha marcado.
Anne tinha lindos cabelos castanhos e parecia uma modelo desajeitada com os dedos sujos de algodão doce rosa, tentando tirar os fios soltos do rosto que grudavam no algodão doce. Nesse momento, Georg sorria docemente para ela e a ajudava a tirar os fios, se aproximando demais. Calaram-se para prestar atenção nos dois castanhos ali atrás.
Trocamos todos olhares quando Anne abaixou o algodão doce e Georg segurou seu rosto para beijá-la. Foi fofo, ali todos tinham certeza de que era o primeiro beijo deles dois. Ela passou os braços com o algodão doce pelo pescoço de Georg e logo o doce encostou-se ao cabelo do castanho. Ele ficaria furioso – isso fez os dois se separarem rindo do beijo, e ficaram vermelhos quando notaram que todos ali estavam olhando.
– Ok, gente, já podem voltar a tomar conta da vida de vocês. – Georg murmurou envergonhado.
Chegamos à roda gigante, Bill e Chelsea entraram na primeira cabine; Gustav e Agnes na segunda; Georg e Anne na terceira, deixando a quarta para mim e Tom. Dentro da nossa cabine eu conseguia ver as três cabines de frente e vigiar todos os casais.
Estávamos chegando ao topo, Tom cutucou meu ombro e me apontou a cabine do seu gêmeo e da minha melhor amiga – assim que eles alcançaram o topo, os dois se beijaram e desceram lentamente para dar espaço à cabine de Gustav e Agnes.
– Eles se beijam. – Eu disse, logo em seguida os dois se abraçaram e se beijaram ao chegarem ao topo da roda gigante. – Eu te disse.
Tom deu de ombros e apontou para a cabine de Georg e Anne.
– Aposto que Georg não vai beijá-la. – Disse Tom.
– Pelo contrário, eu acho que eles se beijam sim. – Eu apostei.
Quando a cabine chegou ao topo, Anne puxou o rosto do baixista e o beijou, eu levantei as mãos em sucesso.
– Eu disse! Deveria ter apostado dinheiro.
– Também ganhei! – Tom retrucou.
– Que?! Você disse que eles não iriam se beijar, não ganhou, não.
– Eu disse que Georg não iria beijá-la, mas foi ela quem o beijou – Ele sorriu convencido.
Eu revirei os olhos, desistindo de discutir com o convencido ao meu lado. Nossa cabine chegou ao topo...
... E parou. Eu olhei para baixo e vi que a fila estava gigante para entrar em novas cabines. O vento frio começou a incomodar e a distância até o chão também.
Até que senti os dedos quentes de Tom encostarem-se à barra do meu short, conseqüentemente encostando na minha pele. Eu virei meu rosto para ele.
– Agora é nossa vez. Aposto que te beijo primeiro. – Ele disse, encurtando o caminho até minha boca e tomando-a com um beijo.
Nesse momento, o vento frio e a distância até o chão não me incomodavam mais, era só o hálito quente e a temperatura que aquecia a lateral do meu corpo, a forma que me beijava delicadamente no início e com ferocidade quando já começávamos a precisar de ar, o sentimento envolvido naquilo tudo.
Ele era quente, e eu fria. Não é uma boa combinação, mas rende arrepios incríveis.
Tom acabou com o beijo depois que a roda começou a descer lentamente, mas não se afastou tanto. Fiquei até incrédula por ele ter terminado um beijo como aquele para dizer uma das coisas mais estúpidas que ele sempre diz.
– Eu te disse.
Revirei os olhos e encurtei o espaço novamente, usando a chance para beijá-lo eu mesma como nunca fiz, ele nunca me deixou beijá-lo. Fui de encontro com a temperatura aconchegante passando o braço pelo seu pescoço.
Ela se move perto, sussurrando para mim “Eu te disse” – The Maine.

Postado por: Grasiele

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